Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 7
VI - Uchiha




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565475/chapter/7

“Pelo amor de deus, claro que a polícia não pertence aos Uchiha, se pertencesse, eu não estaria aqui, estaria, gênia?

Caros, o motivo de eu ter sido tão indiferente à Haru naquela tarde é simples, era tudo parte do meu jogo de conquista. Mulheres amam quando homens não ligam para elas, elas não entendem. Eu simplesmente sabia que se fingisse que não conhecia ela, provavelmente ela iria enlouquecer, então foi o que eu fiz.

Eu sabia muito bem que Haru era colega de quarto de Ino, o que facilitou a minha vida mil vezes mais, eu fiquei impressionado em como as coisas estavam ao meu favor. Primeiro Itachi pedia para eu pegar uma mina que eu já estava pegando, depois os livros de Haru estavam todos cheio de anotações, e agora isso.

Ser um Uchiha talvez fosse um passe direto para o céu.

Então, depois que eu ouvi a porta da Taka fechar, fui direto para a sala de jogos e encontrei Naruto sentado na sua poltrona de sempre, treinando damas, ele era obcecado em ganhar de mim, mas obviamente nunca conseguiu e devo dizer que nunca conseguirá.

– Naruto, de onde você conhece aquela mina de cabelos rosas? – perguntei, tentando disfarçar meu tom de urgência.

Ele me encarou com curiosidade e depois com malícia no olhar.

– Eu a ajudei com a mudança. Ela é aquela que eu falei que tinha muitos livros e estuda medicina. – ele respondeu, claramente usando um tom de provocação e erguendo as duas sobrancelhas logo depois.

– O quão próximo você é dela? Em uma escala de poder me ajudar com informações valiosas, até nem saber seu sobrenome.

Naruto deu de ombros.

– Eu a conheço faz pouco tempo, mas acho que somos amigos... Ela é bem legal, tente pelo menos não arrasar com o coração dela. – ele disse e eu revirei os olhos. – Sério, ela é legal.

– A ideia da aposta foi de quem, mesmo? – perguntei e ele riu, mas a verdade era que eu não queria arrasar com o coração de ninguém. Eu nunca fazia as minas se apaixonarem por mim, normalmente eu as comia e depois fazia algo bem estúpido para elas pararem de gostar de mim e tudo acabava bem. Normalmente, muitas delas queriam só uma noite, o que unia o útil ao agradável. Então não via porque com Haru seria diferente. Eu mal sabia que acabaria...

Enfim, passei a acreditar que Naruto me ajudaria com informações para conquistá-la e que seria mais fácil com a sua ajuda. Com isso em mente, fui para a biblioteca, ver os livros que eu tinha anotado.

Ao ver que a maioria dos meus comentários foram ignorados, fiquei me perguntando se ela tinha os visto, já que sempre pegava tantos livros e nem sempre os mesmos. Então, finalmente vi uma resposta: “Obviamente você não sabe o que é liberdade de expressão. Não use termos equivocados se for defender uma ideia, a torna completamente falível.” Francamente, quem fala “falível”?

Ri alguns segundos da resposta, imaginando que tipo de pessoa escrevia em livros didáticos só para responder outro comentário de forma grossa. Talvez Haru fosse diferente do que eu imaginava, já que em minha mente ainda a via como uma mina sozinha e carente que estudava medicina por pressão dos pais e se sentia frustrada com a vida. É irônico, eu sei, vocês sabem agora que isso não pode ser mais longe da verdade, mas até então, eu não sabia.

Escrevi uma resposta que julguei apropriada, esperando causar o efeito desejado de provocação e fechei o livro, colocando-o no mesmo lugar em que tinha o tirado. Depois de completar mais um passo da minha missão de conquista, que estava tão clara na minha mente, fui atrás de mais uma caloura de medicina para traçar. Era uma mais fácil que a outra, devo admitir, não tive problemas com nenhuma, elas todas se achavam incrivelmente sortudas por um cara como eu darem atenção para elas e...

Certo, certo, não vem ao caso. Vou manter-me ao que importa para o processo.

Fui ver Ino novamente só depois das semana de provas, já que eu podia usar os meus estudos como desculpa para não vê-la e ela acreditava fielmente, enquanto eu estava dando festas todo dia na Taka.

Como eu não sabia exatamente o que Itachi queria, eu tinha que me manter genérico, tentando ao máximo não forçar perguntas muito pessoais, mesmo sabendo que ela responderia mesmo assim.

– Então, ela disse que eu parecia uma vadia, o que não deixava de ser verdade, mas quem fala isso não era da outra pessoa? Não somos vândalos, sabe?

Sim, esse era o tipo de coisa que eu tinha que ouvir conversando com ela.

– Vândalos...? – perguntei inutilmente

– Sim, sabe, pessoas que não tem noção. – ela explicou, satisfeita consigo mesma, enquanto eu apenas a encarava com indiferença. – Então, ai, eu respondi que...

– Só um momento... Alô? – fingi atender meu celular e simulei uma longa conversa problemática com a minha suposta mãe, que na verdade estava em Londres e seria incapaz de falar comigo naquele horário.

Depois de alguns minutos, já que fiz questão de enrolar o máximo que podia, eu desliguei e falei:

– Minha mãe é tão problemática, não aguento a minha família.

Joguei verde, esperando que ela começasse a desabafar sobre os pais dela, mas isso não aconteceu, ela simplesmente entendeu a mensagem completamente errado e começou a falar sem parar sobre como queria conhecer os Uchiha, porque certamente éramos -nas palavras dela- “chiques e finos”.

Suspirei, eu teria que ser mais direto do que aquilo, já estava cansado de beijá-la e fingir que realmente me importava com o que ela tinha a dizer. Eu sei que não sou a porra de um príncipe, então era difícil agir como um.

Foi quando estávamos voltando do nosso almoço, que ela finalmente compartilhou uma informação que seria relevante para mim.

– Sasuke... Eu...- ela começou e eu percebi seu rosto corado e seus olhos sem me encarar. – Queria... Hm... Te pedir uma coisa...

– Qualquer coisa, querida. – respondi, cortes e tentei lembrar de vomitar quando entrasse em casa.

Ela estava claramente insegura com qualquer coisa que fosse me pedir e era a primeira vez que eu a via assim. Normalmente ela era segura de si, até mais que o normal.

– Meu pai... É... Ele vai fazer um evento beneficente no primeiro fim de semana do próximo mês e, eu estava pensando se você pode... Quer dizer, se você quer...

– Claro que eu vou com você, Ino. – respondi prontamente. Aquilo era perfeito. Quanto antes eu acabasse com toda aquela farsa melhor e não havia jeito melhor
de saber dos segredos da família de Ino do que a conhecendo pessoalmente.

Fingi um sorriso e dei-lhe um beijo rápido.

– Me mande um email com os detalhes. – falei antes de entrar e vi a cara de felicidade que ela fez, antes de fechar a porta. Eu me sentiria mal por ela, mas estava tão cansado de fingir sorrisos o tempo todo, que tudo o que eu fiz foi bufar e me jogar no sofá da sala.

– Ei. – Naruto me chutou e sorriu, com um copo vermelho em uma mão e uma bolinha de ping pong na outra. – Estamos jogando beer pong lá em cima, quer perder de novo?

Respirei fundo, me segurando para não estrangulá-lo e respondi, calmamente:

– Você nunca ganhou de mim em beer pong, Naruto. Nenhuma vez.

Ele riu alto e eu revirei os olhos, levantando-me e indo me juntar aos outros. Eu esperava que só os caras da Taka estivessem lá, em um jogo inofensivo, no qual ninguém estaria realmente bêbado ou passando mal, mas como toda sexta a tarde, era uma festa que estava rolando e eu sabia que iria até a madrugada.

As festas da nossa fraternidade normalmente tinham temas, convites e nós as usávamos para arrecadação de fundos, mas estava na cara que aquela foi só uma reunião que acabou saindo de proporção.

Eu não ligava, é claro, mas sabia que assim que Shikamaru chegasse, ele ia surtar, já que era ele quem cuidava dos nossos fundos e organizava as coisas. Dei de ombros, cuidaria dele depois.

Olhei em volta para ver se achava alguma das calouras de medicina que eu já tinha estudado bem e me deparei com Haru no fim da mesa do beer pong, ela estava jogando com uma outra menina de cabelos castanhos que eu já tinha visto por ai mas não lembrava do nome, enquanto do outro lado estava Naruto e Suigetsu, um dos outros membros da Taka.

Encarei a cena um pouco confuso, sem saber se Naruto tinha me chamado para jogar com ele porque sabia que Haru estava ali, ou porque estava perdendo monstruosamente.

Me aproximei de forma calculista e me posicionei do lado da mesa, analisando o jogo. Estava claro que Haru e a outra mina estavam ganhando dos dois de lavada, fazendo-os beber toda jogada. Naruto nunca fora bom no jogo, mas eu me surpreendi com Sui, que normalmente era imbatível, quer dizer, menos por mim, é claro.

Depois de algumas jogadas patéticas, comecei a rir e eles finalmente me notaram.

– Ah, finalmente! – Naruto exclamou, aliviado e me puxou para o seu lado. – Haru é muito boa! Você precisa me ajudar. Eu invoco o pacto... O pacto.. É...

Ele já estava um pouco bêbado, então o poupei de continuar a frase, concordando em ajudá-lo. Eu notei Haru me encarando com desdém e não a encarei de volta, o jogo era ser completamente indiferente. Como eu disse antes, indiferença é a chave.

– Naruto acabou de invocar a minha ajuda com o pacto de camaradagem da Taka, sinto muito. – falei, me posicionando do outro lado da mesa, bem em frente à ela. Eu finalmente podia vê-la direito. Ela estava usando os cabelos pintados presos de qualquer jeito pra cima e as mangas de sua blusa estavam arregaçadas, como se estivesse realmente engajada no jogo.

Pensei que nenhuma outra mulher da universidade inteira apareceria em uma festa daquele jeito e me ocorreu talvez que Haru não estivesse muito acostumada com festas e eventos sociais em geral, já que estudava sempre.

Ela me encarou com o que eu só posso chamar de puro escárnio e aumentou o tom de voz para responder:

– Não sabia que ele queria ficar ainda mais bêbado e ainda levar o amigo junto. Se é assim, então tá.

Revirei os olhos, ela era tão insolente para alguém tão pequena, qual era o problema dela? Eu diria que era falta de sexo, mas isso não é relevante para o caso, é?

– Eu não sei você, mas eu nunca perdi. – falei, achando graça e encarei Sui, que já tinha saído do meu lado e estava conversando com uma ruiva que me lembrava minha ex. Depois eu descobri que era ela mesmo.

– Eu também não. – Haru respondeu erguendo as sobrancelhas de forma prepotente. Olhei para a parceira dela e notei o olhar de tédio na face dela, então resolvi fazer uma boa ação que uniria o útil ao agradável, já que Suigetsu tinha vazado e Naruto não estava mais em condições de jogar.

– Então eu contra você, quem perder tem que tomar o dobro. – propus, sabendo que ela deveria ser fraca para bebidas, facilitando minha missão de descobrir mais sobre ela para investir na minha missão pelos textos nos livros.

Vi a face de Haru iluminar-se e ela concordar silenciosamente, enquanto a sua parceira saía de perto satisfeita.

– Primeiro as damas. – disse e ela revirou os olhos.

– Não preciso da sua cortesia, pode começar, Uchiha. – ouvi ela falar com um tom nervoso e dei de ombros, pegando as duas bolinhas. Eu estava completamente sóbrio, então foi fácil acertar com maestria as duas bolinhas dentro o copo da frente. Nós jogávamos com a regra clássica de que se você acerta as duas no mesmo copo, você tem que beber dele e mais de dois.

Haru me encarou com uma sobrancelha erguida e pegou o copo, bebendo a cerveja de dentro rapidamente, como se fosse um shot. Depois, pegou os dois copos de trás, estrategicamente os do meio e os tomou do mesma forma, deixando os três de lado. Percebi, pela posição que ela deixou o restante dos copos, que Haru sabia jogar.

Ela pegou as duas bolinhas e repetiu a mesma coisa que eu, só que invés de acertar o copo da frente, ela acertou um dos últimos, enquanto me encarava com um sorriso convencido.

Bebi três copos e os tirei da mesa, da mesma forma que ela. O jogo continuou assim, eu acertei todas e ela acertou todas até o fim, quando eu ganhei por ter começado. Percebi que Haru estava ainda completamente sóbria, assim como eu e a encarei com triunfo no olhar.

– Acho que você perdeu. Mas não se preocupe, há sempre uma primeira vez para tudo. – provoquei e ela virou as costas pra mim em silêncio. Eu achei que ela ia embora, mas ela tinha ido pegar mais algumas garrafas de cerveja.

– Isso parece o dobro pra você? – ela perguntou, irritada e eu acenei que sim, achando graça. Ela bebeu a cerveja em alguns segundos e ignorou a face de incredulidade que eu fazia. Quem iria previr que uma garota como Haru sabia beber?

– Outra. – disse, assim que terminou e bateu a garrafa na mesa de ponta cabeça para mostrar que não sobrou nada.

– Outra o que? – perguntei, mas ela já estava preparando os copos na mesa. Eu sorri discretamente, Haru estava mais fácil do que eu imaginava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Feliz ano novo, meu povo!! Que 2015 seja ótimo para todos nós :D
Espero de verdade que esse ano seja demais!
Cap novo procês, gostaram?

Beijocas :*

*beer pong: jogo de bebidas cujo objetivo é jogar uma bolinha de ping pong dentro de um dos copos do outro lado da mesa. Tem muitas variações, mas o que importa é ficar bêbado, então né...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Papercuts" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.