Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 6
V - Haru




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“Do outro lado do telefone, estava uma Ino feliz e entusiasmada, diferente da víbora que estava a capturando. Eu, na minha inocência e completa ignorância no quesito de saber com quem ela estava saindo, estava feliz por ela e ajudando-a a escolher uma roupa adequada. Não que eu soubesse, ela era quem fazia moda, mas acho que ela gostava quando eu a elogiava.

– Eu prefiro o outro. – falei, escolhendo o vestido mais simples e menos vulgar que ela tinha. Ino, apesar de estudar moda, tinha um jeito muito duvidoso de se vestir, o que seria completamente tranquilo, se ela não fosse sair com um perfeito cavalheiro, como ela tinha o descrito.

– Eu acho que esse valoriza mais o meu corpo. – claro, se valorizar significava mostrar tudo, aquele era o melhor mesmo, mas eu não falei isso.

Depois do que pareceram horas escolhendo o look perfeito, ela finalmente ficou satisfeita com o resultado e eu pude ir para biblioteca pegar uns livros que eu precisava.

– Sem chances, Haruno. Você está atrasada em cinco livros, não vou deixar você levar mais três. – o bibliotecário disse e eu bufei. Ele tinha cara de drogado e usava um rabo de cavalo desgrenhado, como se dormisse daquele jeito todas as noites. Eu vi o nome do seu crachá e implorei:

– Shikamaru, por favor.

– Nem vem. Devolve os livros primeiro e posso te dar os créditos para pegar esses. – ele respondeu inflexível e eu revirei os olhos, honestamente, ele não entendia o que era estudar medicina?

– Ok, vou lê-los aqui mesmo. – ralhei e peguei a pilha das mãos dele, que apenas deu de ombros e foi embora. Era o mesmo que deixara aquele moreno entrar no outro dia, então eu não me importava de ser grossa com ele.

Eu abri os livros nas páginas que eu precisava estudar e me surpreendi com vários rabiscos embaixo das minhas anotações. A letra era curvada para direita e se mantinha extremamente em linhas retas, como se seguissem linhas de um caderno. O que raios era aquilo? Notei, então, que era um tentativa falha de responder às minhas anotações.

Todas pareciam extremamente amadoras e uma forma patética de se mostrar, então simplesmente ignorei e continuei lendo os textos. Até um dos comentários chamar a minha atenção. “É por causa de comentários como esse que as pessoas acham que liberdade de expressão é ruim”, diziam as letras, embaixo do meu comentário que dizia que a educação americana não ia pra frente por causa de uma explicação equivocada sobre o anarquismo.

Revirei os olhos e procurei no fim do livro quem tinha o pegado depois de mim. Haviam três nomes: Rock Lee, Hinata Hyuuga e Sakura Haruno.

Ninguém estava registrado depois de mim. Ou a pessoa tinha lido o livro na biblioteca, que nem eu estava fazendo, ou encontrou um jeito clandestino de levar o livro. De qualquer forma, como eu estava sobrecarregada com os meus estudos, era bom me distrair com alguma coisa assim, eu iria investigar quem eram essas pessoas.

Respondi o comentário de forma curta e um tanto rude e fechei o livro, pensando em levá-lo para casa mesmo não tendo créditos. Eu precisava mesmo levá-lo porque usaria em um das minhas aulas da semana.

Pensei em formas de colocá-lo na minha bolsa e levá-lo, sem ser vista, mas Shikamaru sabia que eu estava lendo e que eu já tinha implorado, então resolvi não arriscar. Coloquei o livro de volta em um lugar um tanto escondido, para que só eu pudesse acha-lo depois e sai da biblioteca, não antes de soltar um olhar assassino para o bibliotecário.

Voltei para o meu quarto e encontrei Ino deitada na sua cama com um caderno de desenho e me surpreendi.

– Você já voltou do seu encontro? – perguntei sem entender, e ela me encarou ainda mais surpresa.

– Haru, eu sai faz cinco horas. – ela disse. Eu devia ficar surpresa, mas não fiquei, estava acostumada a perder a hora enquanto estava estudando, era assim que eu deixava de me alimentar ou de dormir. – Já é bem tarde...

– Ah... Bom, como foi?

Mas eu não precisava de respostas, eu via na cara de Ino que ela estava completamente caidinha pelo cara. Certo, a minha colega de quarto tinha arranjado um namorado em duas semanas e tudo o que eu tinha conseguido eram olheiras. Não que eu estivesse procurando por um amor, mas a verdade era que eu gostaria de me sentir normal alguma vez na vida.

– Ai, Haru... – ela suspirou. – Ele é um príncipe, um perfeito cavalheiro, compreensivo...

– E bonito?

– Simplesmente maravilhoso. Olha, vou mostrar uma foto. Eu deixo você me invejar. – Ino disse e eu revirei os olhos, pegando o celular das mãos perfeitamente cuidadas dela.

A foto que apareceu era convenientemente a do cara moreno que tinha furado a fila e pegado os livros para mim. O destino era uma coisa estranha. Porque aqui estava Ino descrevendo o cara como um príncipe encantado e tudo o que ele tinha feito era ser um perfeito idiota comigo.

– Hm. – murmurei, sem saber o que dizer.

– Vai dizer que ele não é simplesmente maravilhoso? – ela perguntou, com uma expressão de orgulho e eu acenei com a cabeça roboticamente. Não porque eu concordava, mas porque não sabia mais como reagir. Eu não queria simplesmente começar a falar mal do novo namorado da minha colega de quarto que eu nem conhecia direito.

– Qual é o nome dele? – perguntei, para poder evitá-lo no futuro.

– Sasuke Uchiha. – Ino respondeu como se estivesse recitando um sonho e eu não pude deixar de ficar feliz por ela. Talvez o tipo dela fossem caras patéticos e antiéticos como ele, fazer o que?

Espera... Uchiha? Eu conhecia esse nome... Tinha certeza que já tinha ouvido ele em algum outro lugar. Tentei focar e lembrar de onde exatamente era, enquanto ela divagava sobre como Sasuke era simplesmente perfeito.

– Uchiha! – exclamei, depois de alguns minutos. – São os donos daquela grande empresa de investimentos, certo? Eles se envolveram com a compra daquela usina que acabou desocupando vários...

– Sim! Eles são muito ricos! – Ino exclamou, entusiasmada e eu apenas a encarei, tentando não julgá-la. – Quando eu soube, não acreditei. O cara é perfeito e além de tudo, é rico. Devo ser a mulher mais sortuda do mundo.

Mais sortuda ou mais superficial?

– Fico feliz por você. – eu disse, sinceramente, porque dinheiro parecia ser uma coisa que ela realmente se importava, então quem era eu para julgá-la? Os Uchihas estavam envolvidos com diversos escândalos políticos e vários esquemas corruptos que envolviam bilhões de dólares, mas, novamente, quem era eu para julgar, certo?

Certo?

Senhores, devo reafirmar que isso era tudo o que eu sabia sobre a existência da família Uchiha e que eram apenas boatos e nada mais que simples pesquisas artificiais. De forma alguma eu tinha alguma conexão com eles e nem queria ter, estava extremamente longe de querer qualquer relação se quer.

Nos dias que se seguiram, eu decidi me distrair procurando os nomes que estavam nos livros de medicina, que cada vez mais se acumulavam na minha estante. Talvez eu estava mesmo sendo desleixada com os prazos, mas era ridículo eles darem duas semanas para cada livro. Tinham algumas matérias que eu só tinha aulas a cada quinzena.

Fui a procura de Rock Lee primeiro e me perguntei quem raios tinha o nome de “pedra” e o usava mesmo assim. Como os únicos amigos que eu tinha eram Ino e Naruto, já que meus colegas de medicina eram tão paranoicos quanto eu, foram para eles que eu perguntei primeiro.

– Ele é um cara muito estranho que estuda Artes do Corpo, seja lá o que isso for. – Ino me respondeu prontamente. Eu sabia que ela já era extremamente popular, mas ter essas coisas memorizadas era simplesmente assustador. – Por que?

– Eu acho que ele está respondendo as anotações que eu deixo em meus livros. – respondi.

– Que zoado. – ela disse, depois de rir. – Mas eles não são os seus livros, Haru, são da biblioteca, você não devia ficar escrevendo neles, pode levar uma multa ou sei lá o que.

Dei de ombros, eu realmente não ligava em receber quantas multas eles poderiam me dar, era simplesmente impossível provar que era eu quem anotava nos livros. Quer dizer, não impossível... Mas ninguém teria todo esse trabalho. Não é como se fossem livros populares de qualquer forma.

Eu esperava uma resposta diferente de Naruto, mas tudo o que ele disse foi:

– O esquisitão de Artes do Corpo?

Suspirei, então talvez Rock Lee fosse o cara que estivesse anotando de volta nos meus livros, porque eu suspeitava fortemente que aquela letra era masculina. Mesmo assim, resolvi tirar todas as opções do caminho.

– E Hinata Hyuuga, sabe quem é? – perguntei e vi uma expressão de surpresa em seu rosto.

– Ela é a minha namorada. Por que? O esquisito sobrancelhudo fez alguma coisa com ela? – ele perguntou preocupado, e eu sorri, negando com a cabeça.

– Não, não... Ela é uma das poucas pessoas que pega os mesmo livros que eu e eu estava curiosa, só isso. – esclareci, tentando não parecer completamente maluca, mas obviamente sendo.

Naruto pareceu aliviado e soltou um sorriso aberto que por alguma razão me fez sentir que o mundo era um mundo melhor.

– Bom, ela é muito inteligente. – ele murmurou, parecendo orgulhoso e eu sorri. Estávamos sentados na sala de jogos de sua fraternidade, uma tal de Taka. Eu nem perguntei o que o nome significava porque tinha certeza que era alguma coisa bem estúpida, típica de garotos babões que acabaram de sair do colegial e estavam prontos pra encher a cara e pegar várias meninas.

Como era de tarde, não estava tendo nenhuma festa e tudo parecia estar relativamente calmo, então a mesa de bilhar estava inutilizada e todos os copos vermelhos estavam guardados, tornando o ambiente muito descaracterizado para uma fraternidade.

– Ôu, fica por aqui hoje. Temos uma festa. – Naruto disse a certo ponto e eu neguei, dizendo que aquele momento era o máximo que eu teria de interação social pelos próximos meses provavelmente, o que fez ele rir da minha desgraça. Infelizmente era verdade.

– Ei, idiota, você esqueceu de novo de entregar a papelada para a diretora, se ela... – fomos interrompidos por ninguém menos que o fura fila, agora conhecido por Sasuke Uchiha, namorado de Ino.

– Você! – exclamei de forma patética, completamente involuntariamente. – Quer dizer...

– Boa tarde. – foi tudo o que ele me disse, e voltou o olhar para Naruto, continuando o que estava falando.

Fiquei o encarado com incredulidade. Como ele me ignorava desse jeito se ele sabia exatamente quem eu era? Será que Ino não tinha falado de mim para ele? Ele podia no mínimo agradecer por eu não tê-la contado de suas atitudes imbecis.

Sasuke saiu com a mesma rapidez que entrou, me deixando perplexa. Na visão de Ino, ele era um príncipe, na minha, um idiota, e agora... Parecia simplesmente estranho.

– Isso foi... Interessante. – murmurei para Naruto, que apenas deu de ombros.

– Não liga para o Sasuke, ele anda estressado porque foi suspenso. – ele respondeu e por algum motivo desconhecido pelos deuses fiquei intrigada. Eu não sabia exatamente porque, mas de repente eu queria saber da vida dele e tudo sobre sua suspensão, talvez estivesse preocupada com Ino, mas eu sabia que não a conhecia bem o suficiente para isso.

– Suspenso? – perguntei, tentando manter a casualidade, mas obviamente soou invasivo e estranho.

– É, ele foi pego fumando maconha. – Naruto me respondeu e eu me condenei por se quer perguntar. Que babaca. Primeiro por fumar maconha e segundo por ser pego, que coisa idiota. Eu nunca seria pega fumando, mas é claro que, até então, eu nunca me drogaria, porque eu tenho um cérebro e por acaso sei usá-lo.

– Ele não foi preso? – perguntei e ele negou com a cabeça. É claro que Sasuke não tinha sido preso, ele era um Uchiha afinal, acho que até a polícia pertencia a ele. Mas admito que fiquei intrigada, até agora eu não sei dizer porque, senhores, mas o namorado de Ino fura fila e maconheiro me intrigava.”


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Notas finais do capítulo

Oi gente linda, FELIZ NATAL, espero que tenham passado um ótimo natal com a família/amigos de vocês e aproveitado bastante!
Eu vou viajar para o ano novo, então já aproveito e desejo FELIZ ANO NOVO S2
Espero que 2015 seja cheio de coisas ótimas para todos!!
Assim que eu voltar eu posto o próximo cap.
Gostaram desse?

Beijocas, até 2015!



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