Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 5
IV - Uchiha




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“Inocente talvez, alheia não.

O impacto que Haru causou em mim naquela fila foi grande, porque eu percebi na hora que ela seria um desafio. E um Uchiha sempre ama desafios. Quando voltei para Taka naquele dia, já estava pensando em diversas formas de conquistá-la. Então me dei conta de uma que seria simplesmente infalível e ainda uniria o útil e o agradável.

Mas antes, Ino me ligou no dia seguinte, como eu suspeitava e é óbvio que eu marquei de vê-la no fim-de-semana, ela era gostosa e carente, o tipo perfeito. Vejam bem, eu ia encontrar Itachi só na semana depois daquela, então minha relação com Ino até então não tinha nada a ver com ele.

Deixe-me esclarecer melhor. No sábado, nós saímos, transamos e combinamos de repetir a dose qualquer dia desses, mas novamente, eu não dei o meu número. Foi só uma semana depois que eu fui para o encontro com Itachi na biblioteca, já com o meu plano de conquistar Haru em mente.

Itachi parecia ansioso, sentado em um canto isolado da biblioteca, perto de uma janela alta, que iluminava seu rosto.

– Trouxe meu dinheiro? – foi a primeira coisa que eu perguntei, porque novamente, era só por isso que eu estava me envolvendo.

Ele revirou os olhos, mas tirou de uma maleta um saco de pano e eu conferi.

– Metade agora, metade depois. – ele falou, depois de ver minha face de irritação.

Concordei e me sentei, esperando algum pedido absurdo que estaria completamente fora do meu alcance e que eu tivesse ganhado dois mil e quinhentos de graça.

– Quero que você se envolva intimamente com Ino Yamanaka. – ele disse sem delongas e eu tive que colocar as mãos cruzadas na frente da minha boca para não rir. – Os detalhes você não precisa saber. Só preciso que se envolva com ela e me reporte algumas coisas que eu pedir ao longo do tempo, certo?

Acenei devagar, tentando não zombar da situação patética em que ele se colocava.

– Por quanto tempo? – consegui seriedade o suficiente para perguntar.

– O quanto precisar. Preciso de um nível alto de intimidade, que ela se sinta a vontade para contar coisas da família. – Itachi esclareceu e eu acenei, aquilo seria mais fácil que qualquer coisa que eu já tinha feito na vida, no nosso primeiro encontro ela já quase contara a vida toda.


– Isso é meio complicado. – fingi. – Você sabe que eu não sou um homem de uma mulher só. – isso era verdade, mas isso nunca me impedira de ter relacionamentos antes. Aliás, foi por isso que a minha ex louca terminou comigo, eu simplesmente não conseguia ter só ela.

– Passe a ser. – Itachi retrucou definitivo.

– Quero um pouco a mais, então. – falei, fingindo dificuldade. Era tão fácil tirar dinheiro de meu irmão que chegava a ser inacreditável.

– Sasuke, pelo amor de...

– Mais ou nada feito.

Itachi bufou e me entregou mais quinhentos reais, me fazendo sorrir com triunfo.

– Te vejo por ai, irmão. – falei, me levantando. – Eu te mantenho informado das fofocas da família dela.

Ele revirou os olhos e se despediu, odiando aquilo mais que qualquer pessoa no mundo. Eu não sabia porque ele precisava de minha ajuda e nem porque era tão importante vigiar alguém com Ino, mas eu simplesmente não ligava. Estava lucrando com aquilo e isso era tudo que importava.

Então me concentrei em minha aposta, porque tudo o que importa para um homem é a sua imagem e dignidade.

Fui falar com um dos bibliotecários que era membro da Taka e me ajudaria com qualquer coisa, porque era isso que defendia a fraternidade.

– Shikamaru. – chamei e ele virou-se para me encarar. Deu um sorriso discreto e me cumprimentou.

– Fala, nóia. – a maioria dos caras da Taka me chamava assim porque o meu olho ficava absurdamente vermelho quando fumávamos maconha, muito mais que o normal.

– Preciso que você vasculhe nos arquivos, veja todos os livros que Sakura Haruno pegou frequentemente e devolveu. – pedi e ele foi, sem questionar. Era isso que eu gostava em Shikamaru, ele era um cara prático.

Depois de alguns minutos, ele me entregou um papel com as informações que eu pedi.

– Essa menina é um saco, sempre atrasa com os livros. – ele resmungou, antes de voltar aos seus afazeres.

Eu coloquei os livros na mesa e os abri em páginas que esperava que ela visse da próxima vez que os pegasse. Garotas como Haru gostavam de caras inteligentes, então eu seria o nerd anônimo, mas extremamente charmoso, que deixaria notas nos livros, corrigindo-o. Duas coisas podiam acontecer: ela ficar brava por eu estar destruindo propriedade escolar ou ela começar a responder e se apaixonar perdidamente por mim.


Dos dois jeitos eu ganhava, já que no primeiro ela me notaria e provavelmente responderia de forma irritada à lápis e no segundo, bom, o segundo é autoexplicativo.

O que eu não esperava, era que os livros já estivessem cheio de notas. Várias delas, com a mesma letra, de alguém que riscava frases e desenhava flechas para depois escrever a correção. Eu simplesmente sabia com toda a certeza do meu instinto infalível que eram de Haru.

Primeiro porque era uma letra feminina, segundo que só havia três nomes das pessoas que pegavam aqueles livros e terceiro que só ela tinha a arrogância suficiente para corrigir livros didáticos.

Sorri, aquilo facilitava ainda mais a minha vida. Comecei a responder todas as notas com comentários sarcásticos e inteligentes, que a faria me achar um gênio. Em um segmento do livro de história onde estava escrito que o anarquismo só era possível após um comunismo, ela escreveu: “é por causa de livros como esse que a educação americana não avança.”, como se fosse de alguma utilidade. Eu escrevi embaixo: “é por causa de comentários como esse que as pessoas acham que liberdade de expressão é ruim”.

Haru iria cair de quatro por mim e eu ainda iria me divertir no processo. Aquela aposta estava sendo fácil demais. Em uma semana eu já tinha pegado três, se eu continuasse nesse ritmo, acabaria com todas muito mais rápido que o esperado. Eram aproximadamente 154 alunas de medicina que tinham passado aquele ano, o que era um número extremamente baixo, já que a faculdade estava reduzindo bastante e aumentando a exigência.

Reduzindo as lésbicas e as comprometidas, sobravam mais ou menos umas 67 para eu traçar. Se eu continuasse com a minha frequência de 9 por mês, eu precisaria de aproximadamente 7 meses para completar a minha meta.

Sorri com a minha conclusão mental, eles não deviam ter desafiado um aluno de administração, sempre temos um plano.

Mas a minha felicidade durou pouco demais, eu fui pego por um dos guardinhas sem vida enquanto estava fumando maconha no pátio. Esses caras sempre ficavam comendo em um canto ou até fumando conosco, mas de vez em quando eles tinham que mostrar serviço. Dessa vez, eles pareciam decididos, porque eu tentei suborná-los de todas as maneiras possíveis.

Para um Uchiha, pegar uma suspensão por um motivo idiota como esse era no mínimo humilhante. Pelo menos eu consegui me livrar da cadeia, o que seria ainda pior.

– Sasuke, você é mais inteligente que isso... – ouvi de Itachi, que me esperava na porta da Taka. Dei de ombros e tentei contorná-lo, mas ele já estava segurando o meu braço.

– Eu não me importo. – falei entredentes, mas sabia que isso só pioraria a situação.

– Claro que não, você não se importa com o nome da nossa empresa que demorou décadas para ser consolidado e com o futuro de milhões de dólares que estão nas suas mãos. – ralhou e eu bufei, porque ele estava certo. Eu simplesmente não ligava nem um pouco.

– O que raios isso tem a ver com a minha suspensão? – perguntei, já sem paciência, mas sabendo a resposta.

– Tudo que você faz reflete na empresa, Sasuke! Você é o futuro rosto da companhia! – ele estava quase berrando e eu me perguntei se seria exatamente a mesma coisa que o meu pai diria. Meu irmão não era assim antes de se formar, então era um pouco assustador vê-lo se transformando no meu pai. Me perguntei se isso aconteceria comigo e decidi que não. Não deixaria minha alma ser sugada pela empresa Uchiha.

Revirei os olhos e bufei:

– Agora já foi, supera. E na próxima vez que meu pai quiser dizer alguma coisa pra mim, mande ele vir ele mesmo.

Itachi parecia pronto para me bater, mas eu entrei na fraternidade antes que isso acontecesse.

– E ai? – Naruto me cumprimentou quando eu entrei e eu só acenei com a cabeça, às vezes não aguentava a energia dele e aquele dia era definitivamente um dia que eu não precisava de seus sermões.

Vi Hinata, a namorada dele, sentada no sofá e acenei para ela, recebendo um sorriso tímido de volta. Eu entendia que ela era gostosa, mas aquela mina era tão esquisita, nunca entendi porque Naruto gostava dela. Eles já estavam juntos faz um tempo, então não era uma coisa passageira como eu achava que seria.

– Você não tem aula agora? – ele perguntou e eu dei de ombros, não querendo entrar no assunto e preferindo que ele pensasse que eu só estava matando aula como sempre fazia.

Quis subir as escadas e me trocar para ir à caça das calouras de medicina, mas Naruto me impediu.

– Você está levando esse lance de aposta muito a sério, tem uns boatos de que você está cobrando por noite. – ele me disse e eu gargalhei.

– Talvez eu comece a cobrar. – ponderei e ele me encarou com sua expressão séria que só reservava para ocasiões especiais.

– Não é como se você já não tivesse feito coisas piores do que correr pelado e roubar uma estátua. Por que está levando tão a sério? – Naruto apelou e eu continuei o encarando com indiferença.

– Se uma reputação ruim é toda a consequência que terei por ganhar dinheiro e transar, eu não me importo. Não é como se os Uchiha fossem um poço de sinceridade, de qualquer forma. – respondi e ele se calou.

– Só tente não prejudicar a imagem da Taka, porque você sabe que precisamos da aprovação do Conselho para...

– Naruto, a Taka só começou por causa do meu nome. Se a minha reputação vai fazer alguma coisa para a fraternidade, é melhorá-la. – interrompi, me irritando. A fraternidade só tinha sido criada por causa dos meus financiamentos e da minha reputação e ele estava me pedindo para não prejudicar a imagem que eu mesmo criei?

Ele pareceu ofendido, mas eu não ligava. Francamente, o que era aquela leva de pessoas querendo cuidar da minha vida? Ele ia falar alguma coisa, mas eu simplesmente ignorei e entrei no meu quarto, pegando alguns outros livros de medicina e lendo as anotações de Haru. Por algum motivo, elas me acalmavam.

Recebi uma mensagem de Ino e lembrei da minha missão de descobrir sobre a sua vida. De repente, não me parecia tão mais divertida assim, mas eu pensei no tanto que eu ganharia e peguei o celular.

“Vamos nos ver, gatinho?”

Gatinho? Francamente...

Ino era exatamente como eu tinha previsto, carente e superficial, o tipo de mulher que só serve para uma noite de diversão e depois nunca mais. E agora eu tinha que aguentá-la e fingir que me importava, além de tentar não vomitar toda vez que ela me dava apelidos como esse.

Respondi um “sim” a contra gosto e encarei os livros de medicina. Até aquilo soava mais divertido do que a noite que eu teria.”


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Notas finais do capítulo

Oi gente lindaa! Boas noticias, estou oficialmente de fériaassssssss, isso significa mais tempo pra postar e pra responder vcs, hahaha
Enfim, tai cap novo, espero que gostem S2

Beijão :*