Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 3
II - Uchiha




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“Pra mim tudo começou com uma aposta. Vejam bem, eu sou um cara que não gosta de perder, então tendo a apostar sobre coisas que eu tenho certeza que vou ganhar. Nesse caso, parecia fácil demais. Eu posso culpar a bebida e a pressão dos amigos, mas a verdade é que estava extremamente confiante em mim mesmo.

– Vocês querem apostar? – desafiei na mesa de bilhar, depois de ter tomado várias na festa de volta às aulas. Eu tinha acabado de entrar no segundo ano da faculdade de administração, eu merecia aproveitar o máximo possível a minha sobrevivência.

– Quero. Eu duvido que você consiga pegar todas as calouras de medicina desse ano. São mais de cem e elas todas são extremamente nerds que não saem por nada. – meu amigo de infância Naruto apontou. – Eu até ajudei uma hoje de manhã a se mudar. Ela tinha mais livros do que o presidente.

Os outros riram, mas eu estava determinado. Não me importava se eram quinhentas ou mil, eu amava um desafio e estudantes de medicina sempre era algo a mais a se conquistar, considerando que normalmente só namoravam caras do mesmo curso ou se ocupavam demais com os estudos e nunca eram vistas.

– O que vocês querem apostar? Eu consigo qualquer uma. – afirmei confiante e todos me encararam com descrença. – Ande, Naruto.

– Você tem um ano, se você perder, você terá que roubar uma das estátuas de uma das sociedades secretas e andar pelado com ela em volta dos mausoléus no norte da UKo. – ele disse e todos gargalharam, Naruto sempre fora bom das ideias, o que não necessariamente acabava sendo bom para mim. Muitas vezes, era ele quem nos salvava das encrencas por causa de seus improvisos engenhosos, mas até então, era ele quem nos colocava nas encrencas para começo de conversa.

– Ok, se eu ganhar, todos vocês terão que me pagar 1 dólar todos os dias até o fim do próximo ano letivo. – propus e todos concordaram, ainda sob o efeito do álcool, sem saber exatamente que teriam que pagar quase quatrocentos dólares cada um.

– Espera, vamos fazer algumas regras. – Kiba interviu, enquanto tomava um gole do seu copo vermelho de plástico. – Mulheres comprometidas - inclusive conosco- estão fora da jogada.

Todos concordaram em uníssono e eu revirei os olhos. Não seria culpa minha se os homens não conseguissem deixar as suas mulheres satisfeitas, seria?

– E para provar que você pegou todas mesmo, precisa anotar o número do sutiã de cada uma. – ele concluiu e todos imitaram o som de um uivo de lobo.

– Como saberemos se ele não está mentindo? – Neji apontou racionalmente e eu bufei.

– Eu não minto, Hyuuga. – apontei, com um toque de desdém na voz.

Se alguém percebeu a tensão entre nós, ninguém se manifestou.

– Temos como saber, temos contato com a lavanderia. É só chantagearmos aquele velho para que ele compartilhe suas informações pervertidas conosco e não as conte para Sasuke. – Naruto explicou e eu revirei os olhos, como se precisasse disso.

– Feito. – selei a aposta e todos gargalhavam enquanto viravam os copos e soltavam exclamações de apoio.

Depois disso, admito que não me lembro exatamente o que aconteceu. Talvez algumas mulheres tivessem entrado na festa e as coisas começaram a ficar mais interessantes, mas é impossível afirmar com certeza.

Só sei que acordei no quintal da fraternidade vizinha, que tinha uma grama extremamente mais pontuda que a nossa. Olhei para os lados zonzo e vi os resquícios da noite anterior, que incluía copos jogados por toda a parte, pessoas de ressaca tentando encontrar o caminho para a casa e uma música tocando baixinho de longe.

Respirei fundo, tentando ignorar o mundo que girava e fui em direção ao prédio da Taka, a nossa fraternidade. Eu passei direto pelo caos que estava a sala e entrei no meu quarto, que sempre ficava intacto depois de noites como aquela, porque eu o mantinha trancado com um sistema eletrônico de senha. Todos me zoaram quando descobriram, mas depois de uma semana fizeram o mesmo.

Eu estava com dor de cabeça de ressaca e nem sabia que horas eram para decidir se eu tomava café da manhã ou almoçava, então me joguei na cama e dormi.

Acordei com uma dor de cabeça ainda maior do que a de que eu tinha quando fui dormir e xinguei o mundo. Eu sabia que tinha que levantar para ir pegar os meus horários e fazer todas aquelas merdas que tínhamos que fazer todo começo de semestre.

Quando eu sai da fraternidade, os calouros já tinham começado a arrumação, era tradição que todos os nossos bixos arrumassem nossa bagunça, era uma espécie de trote e de iniciação. Só alguns deles poderiam fazer parte da Taka e esse era só um dos testes.

Fui em direção ao prédio de administração, quando tombei com uma loira gostosa, que parecia com pressa e tinha cara de caloura. Dei o meu melhor sorriso e segurei a mão dela, quando a ajudei a levantar-se.

– Falha minha. – falei, mesmo claramente sendo dela. – Quer ajuda para se achar?

Afinal, pegar mulher sempre estava a cima de qualquer horário ou aula. A loira ficou me encarando como se tivesse encontrado o paraíso e eu não a culpei. Eu sou um cara bem atraente.

– Sim, se não for te atrapalhar... – ela murmurou e eu sorri, pensando que aquela eu já tinha traçado. Estava de saia curta e blusa justa, além de cabelos loiros e salto alto, ninguém podia me culpar de achar que ela era fácil.

– Pra onde você está indo? – perguntei.

– Para o prédio do norte. Vou cursar essas matérias aqui lá. – ela me entregou seus horários e eu o analisei com cuidado. Ino Yamanaka, cursando moda, morava na acomodação B21, no apartamento 301. Isso seria interessante. Ela não cursava medicina, mas eu não tinha prometido exclusividade.

– Eu te levo. – ofereci e ela acenou timidamente. Comecei a explicar os macetes de cada matéria e o que cada professor iria cobrar nas provas. Ela tinha muitas matérias que eu tive, eu não era ignorante suficiente para não saber que moda tinha muito a ver com administração.

Chegamos no prédio e eu me despedi, falando que podia me encontrar quando quisesse e dei o meu número, porque eu sou do tipo que recebo ligações, não faço. Eu tinha certeza absoluta que demoraria menos de dois dias para que Ino me contatasse, mas a verdade é que eu não ligava muito. Estava concentrado na minha aposta.

Estava voltando de lá, quando meu irmão mais velho Itachi Uchiha gritou meu nome. Vejam bem, eu não tinha intenção nenhuma de me virar e falar com ele, por mil e um motivos, mas talvez o meu ânimo de começo de ano me fez um pouco enlouquecido. Cometi um erro, sim, mas os senhores tem que entender que ele é, afinal, o meu irmão.

– Você está me evitando? – ele me perguntou, quando me aproximei.

– Está tão óbvio assim? – respondi com outra pergunta, sendo o tipo sarcástico que ele odiava.

– Sasuke, aquilo não foi culpa minha, você sabe que...

– O que você quer? – o cortei, porque já tinha ouvido aquela história mil vezes. Ele tentara inúmeras vezes me explicar o porque o meu nome tinha sido retirado do testamento do nosso pai, como se ausentasse de toda a culpa. Eu sabia muito bem que ele que tinha convencido um advogado a falar com o meu pai e dizer que era melhor para a empresa e para a família que a herança não se fragmentasse tanto.


Certo, conte outra.

– Eu preciso de um favor extra oficial. – disse e eu franzi a testa. Que tipo de pessoa falava “extra oficial” para alguém?

– Extra oficial do que? – perguntei só para irritá-lo.

Itachi bufou e revirou os olhos, demonstrando a melhor face da sua irritação, me satisfazendo. Adorava provocar o meu irmão.

– Você sabe. – murmurou e ergui uma sobrancelha, fingindo não saber exatamente do que ele estava falando. – Sasuke, francamente... Você sabe que eu não posso dizer.

– Eu não quero me envolver com isso, você sabe. Para de insistir. – falei por fim. A última coisa que eu queria era me envolver com assuntos de sociedades secretas loucas, ainda mais a do meu irmão, que era que continha mais segredos suspeitos e escândalos.

Já havia um tempo que a Akatsuki estava tentando me recrutar, eles mandaram diversas cartas seladas e várias pessoas encapuzadas para falar comigo, mas eu não tinha interesse nenhum em entrar em um culto gay de um bando de caras insatisfeitos com a vida, mesmo sabendo da enorme influência politica que tinham e que os futuros donos do mundo saiam de lugares assim.

Na verdade, eu não ligava para nada disso, era Itachi quem sempre tivera consciência moral e politica e sempre me dizia que grandes presidentes fizeram parte de sociedades secretas e que era o melhor jeito de entrar no mundo adulto, como se esse fosse o meu maior interesse.

– É só um favor, não estou tentando te recrutar. – ele explicou, impaciente.

– Não. – neguei. E isso aconteceu mesmo, por alguns minutos eu pensei nas consequências, como os senhores tão arduamente duvidam.

– Quanto você quer? – ele perguntou.

Meus senhores, agora faço um apelo para se lembrarem de quando estavam na faculdade. Vejam bem, eu fazia parte de uma fraternidade que era responsável por grandes festas e eventos, além de ter que pagar todas as minhas despesas de ensino, coisa que os meus pais faziam questão que eu fizesse. Sendo um jovem, também precisava arcar com despesas básicas que todo ser humano precisa. Então não me julguem tão violentamente, eu era um cara quebrado. Completamente duro.

– Cinco mil. – respondi imediatamente, recebendo uma expressão de choque do meu irmão mais velho.

– Sasuke, seja razoável! – protestou e eu dei de ombros.

– Isso ou nada feito. – retruquei, porque sabia que ele tinha o dinheiro, ele era um Uchiha como eu, eu sabia muito bem que ele tinha o dinheiro.

Itachi massageou a testa e encarou o chão por alguns segundos, ele devia estar muito desesperado por minha ajuda se estava considerando me pagar cinco mil. Eu seria um homem rico com aquele dinheiro e mais tudo o que os meus companheiros de fraternidade me pagariam no fim do ano que vem.

– Feito. – ele murmurou e eu tentei esconder a minha surpresa, ele nunca fora de desperdiçar dinheiro assim, realmente precisava da minha ajuda.

– O que você quer? – perguntei, dessa vez realmente curioso, mas ele negou com a cabeça.

– Aqui não. Me encontra semana que vem na biblioteca, que eu te falo os detalhes. – Itachi falou de forma ridícula, parecendo algum policial disfarçado de uma série de TV e eu ri da cara dele.

– Não esquece o dinheiro. – exclamei antes dele revirar os olhos e simplesmente sair andando. Meu irmão não lida bem com zombaria.

Eu segui meu rumo, tentando imaginar o que raios ele estava querendo de mim, que não podia proporcionar ele mesmo. Eu não tinha muitas habilidades distintas dele, nós éramos muito parecidos, não somente em aparência, mas porque crescemos juntos e adquirimos as mesmas destrezas.

Tentei não pensar muito nisso, quando entrei na secretaria para pegar os meus horários e todos os detalhes tediosos que precisávamos saber antes de começar as aulas. Encarei a lista de livros com raiva, não que eu odiasse ler, mas livros de administração custavam extremamente caro e todo ano eu esquecia de pegá-los na biblioteca antes que acabassem.

Como sou um cara que aprendo rápido com meus erros, diferente de certas pessoas cujo nome não vou mencionar, eu fui direto para a biblioteca, pronto para enfrentar a fila enorme das pessoas que pensaram a mesma coisa que eu.

Mas diferente delas, eu tinha o meu sobrenome, influência acadêmica e charme para usar ao meu favor.”


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Notas finais do capítulo

Oie gente linda,
Eu não respondi o reviews de vocês, mas irei assim que possível. Esse fim de ano tá corrido, então to conseguindo entrar só pra postar mesmo.
Enfim, gostaram? (:

Beijocas!