Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 18
XVII - Haru




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“Você sempre foi ótimo em manipular os fatos ao seu favor, não é mesmo?

Não caiam nessa balela que ele está falando, ele não estava se apaixonando por mim e certamente não tinha esses pensamentos nobres enquanto estava comigo. Mas é verdade que eu não sabia de nada até ele me contar, o que foi depois de tudo. Então de fato eu sou inocente.

Como eu sempre disse.

Mas enfim, sair com Sasuke escondido de Ino era mais difícil do que eu pensava e eu realmente estava começando a me sentir muito mal, então resolvi conversar com ela. Mesmo depois de semanas, ela ainda estava me ignorando, mas pelo menos agora estava voltando para o dormitório e dormindo lá, o que já era um avanço.

Um dia, impedi Ino de sair pela porta e falei:

– Você vai ter que falar comigo alguma hora.

– Não vou não. – ela retrucou rapidamente e tentou me afastar.

– Ino, me desculpa, ok? Eu sei que o que eu fiz foi errado e eu nem sei como compensar, mas Sasuke nunca...

Eu parei de falar no momento que Ino me encarou de volta. Seus olhos pareciam exalar fogo e eu vi todo o rancor que ela estava guardando na expressão que ela soltou.

– Me desculpa. – repeti. Eu não costumava fazer isso, não gostava de me desculpar e nem de admitir meus erros para outras pessoas, a não ser quando sabia que estava completamente errada. E eu estava. Sabia disso.

Ino se manteve em silêncio e sua expressão mudou de repente. O fogo se transformou em água e lágrimas começaram a sair de seus olhos. Sem acreditar, sai de sua frente, mas ela não passou pela porta.

– Eu sei... Eu sempre soube que ele me traia, mas... – ela soluçava e eu não acreditei que ela estava realmente chorando naquele momento. – Eu achei que eu era especial, foi culpa minha, eu não soube cuidar dele direito, eu...


– Ino! Pelo amor de deus! Não! – exclamei, enquanto ela começava a soluçar descontroladamente. – Ele é um idiota! Você não fez nada de errado, ele só estava com você por causa de seus objetivos mesquinhos, foi uma farsa desde o começo, não tem nada a ver com você saber cuidar dele ou não. Por que as mulheres sempre fazem isso? Se culpam?

– Mas... Eu achei... Achei que era de verdade. Pela primeira vez, eu achei que alguém realmente gostava de mim. – Ino agora estava sentada, com as mãos no rosto.

– Eu gosto de você, Ino. Sua família gosta de você. Sasuke Uchiha é um babaca que desperdiçou a chance de ficar com alguém maravilhosa. – insisti, sentando-me do seu lado. – Você devia estar brava comigo e com ele e não consigo mesma.

Ino me encarou por trás das lágrimas e segurou a minha mão.

– Haru, eu não estou brava com você. Eu entendo porque alguém transaria com o Sasuke, ele é muito gostoso. – ela disse de uma forma tão séria, que me fez rir. – Só estava chateada porque ele me trocou por você.


A puxei para um abraço, que felizmente ela não recusou.

– Eu também não entendo. – respondi, sincera. – De qualquer jeito, o que eu fiz foi errado, você é minha melhor amiga. E por isso... Preciso te falar uma coisa... Nós ainda estamos nos vendo.

A encarei pronta para outro ataque de nervos, mas ela apenas riu.

– Vocês realmente combinam, sabe? – ela disse, para a minha surpresa. – Ele falava bastante de você, enquanto estávamos juntos. Em como você era irritante e como não entendia como você conseguia ser tão desleixada.

– Que babaca. – soltei, por impulso. Mas a verdade era que aquilo me surpreendeu de verdade, não imaginava que Ino achasse que nós combinávamos e que ele falasse tanto de mim.

Ino riu.

– Ele não é tão ruim, Haru. Eu gostava dele de verdade. – ela afirmou cabisbaixa.

– Isso é porque ele estava fingindo ser uma coisa que ele não é. – informei, ainda sem saber que ele estava fazendo exatamente o mesmo comigo.

Ino não parecia convencida, mas eu sabia que aquilo seria um processo longo. O importante é que ela estava falando comigo de novo. Eu tinha sentido falta da minha amiga e era bom saber que ela não estava ressentida comigo.

– Agora que estamos nos falando de novo, preciso contar tantas coisas! - ela mudou de humor rapidamente e sentou na minha frente, com um sorriso. Talvez ela superasse aquilo mais rápido do que eu esperava.

Ficamos a tarde toda colocando o papo em dia, sem mencionar nenhuma vez a sua empresa e o que Sasuke tinha feito. Ino talvez não soubesse o real motivo dele estar investigando a sua vida e acho que parte dela estava em negação, mas eu preferia não descobrir.


Tínhamos acabado de voltar a nos falar, não ia estragar tudo mencionando essas coisas. Mas eu fiquei curiosa para entender como ela lidava com tudo isso, como Ino tinha crescido em um ambiente assim, como era estar envolvida sempre nesse mundo? De qualquer forma, eu nunca descobri. Se Ino sabia de tudo, eu não sei e nunca conversamos sobre o assunto.

Ser perdoada e contar para ela que Sasuke e eu estávamos saindo tirou um enorme peso das minhas costas e tudo parecia estar certo por um momento. Eu estava conseguindo conciliar meus estudos com os meus desejos e amigos.

Eu estava realmente apreciando a minha vida, quando fui para Taka para mais uma das festas de fraternidades idiotas que eles davam às vezes. Estar com Sasuke me dava certas benefícios, como entrar e beber de graça. O que acabava fazendo com que eu deixasse meus princípios de lado por alguns momentos.


– Você usou esse vestido na última festa. – foi a primeira coisa que ele disse quando me viu.

– Eu não tenho muitos vestidos. E não me importo. – retruquei, enquanto entrávamos na casa.

Apesar de odiar admitir, tenho que dizer que as festas da Taka eram ótimas. Sempre tinham algum tema legal e era tudo de muito bom gosto, eles realmente sabiam arrecadar dinheiro com estilo. Fora que sempre tinham jogos no andar de cima para me entreter, quando as músicas ficavam chatas.

Eu estava no meio de um jogo de beer pong com o Sasuke –no qual eu estava ganhando, por sinal-, quando senti uma mão no meu ombro. Me virei com a alegria de bêbada, pronta para cumprimentar algum amigo, quando me deparei com ninguém menos que Rock Lee.

Acho que devo ter ficado alguns segundos apenas encarando o rosto do sobrancelhudo, porque ele repetia meu nome algumas vezes e eu só acordei quando Sasuke perguntou:

– Nunca te vi por aqui, quem é você?

– Rock Lee! – ele respondeu, parecendo mais esquisito que nunca.

Quis dizer mentalmente para Uchiha que esse esquisito tinha se passado pelo cara dos livros e que me amava, mas eu não sou telepata, então só fiquei parada o encarando que nem idiota.

– Você tem ingresso? – Sasuke perguntou, sendo arrogante como sempre e eu o empurrei com o cotovelo, quando vi o sorrisinho em seu rosto. Ele claramente estava achando graça da esquisitice de Lee.

– Eu conheço ele. – eu finalmente quebrei meu silêncio.

– Como você está, Haru? Você sumiu depois do nosso encontro. – Lee me disse, parecendo desesperado.

Se antes Sasuke estava tentando esconder sua satisfação, agora ele parecia completamente satisfeito com a minha situação e me encarava com diversão. Sua expressão dizia: “você saiu com esse cara?”, o que fazia com que eu quisesse socá-lo.

Lee era um cara legal, sério, mas ele realmente era esquisito. E eu não tinha culpa de ter sumido, quer dizer, el se declarou pra mim da segunda vez que nos encontramos.

– Estou bem. Sabe como é... Medicina, né? – respondi, tentando ser simpática. O álcool estava começando a afetar a minha cabeça e tudo o que queria fazer era rir e falar que achava muito estranho ele ter se declarado pra mim, mas ainda não estava bêbada suficiente.

Lee me encarou com uma expressão de súplica, como se quisesse respostas e quisesse entender o que tinha acontecido, mas tudo o que eu via era o cara desesperado que falou que me amava, sem nem me conhecer direito. Me senti mal por ele por alguns segundos, ele devia ser extremamente sozinho. Talvez tudo o que ele precisasse fosse um bom amigo.

– Lee, quer jogar beer pong? – perguntei, finalmente.

Sasuke me encarou com incredulidade e eu dei de ombros.

– Eu preciso de um competidor a altura. – zombei e entreguei a bolinha para Lee, que parecia extremamente feliz com o meu convite.

Joguei com ele por exatamente duas partidas, nas quais eu acertei todos os copos e ele nenhum. Resultando em um Lee muito bêbado e uma sobriedade enorme da minha parte.

– Eu... Eu falei que gostava... Quer dizer... Que te amava! E você! E você nunca mais... Nunca mais... – ele tentava formular uma frase concreta, enquanto eu recolhia os copos. Sasuke já não estava ao alcance, então não precisei me preocupar em não parecer ridícula.

– Lee, escuta. – tentei, mas ele continuava falando coisas nada a ver e dizendo que me amava.

– Você é a única... Que...A única que...

– Lee. Olha só, eu gosto de você, você é legal, mas não dessa forma, eu... – entreguei um copo d’água, enquanto o fazia sentar em uma poltrona em um canto mais calmo da casa.

Ele dava uns soluços engraçados e continuava se explicando e declarando. Eu devia saber que tentar convencer uma pessoa bêbada não levaria a nada, mas eu continuava tentando mesmo assim.

Enquanto tentava acalmá-lo, vi Hinata e Naruto discutindo sobre alguma coisa, vi Ino beijando um cara que parecia extremamente com Sai. Talvez fosse ele mesmo. E mais outras pessoas conhecidas, se pegando, bebendo e dançando.

Eu queria me divertir também, era a minha única folga depois de muito tempo, era injusto ter que passá-la tentando dar um fora em alguém que nem estava me entendendo.

Quando finalmente perdi a paciência, gritei:

– Lee! Eu não te amo, ok?! Desculpa!

Ele pareceu desolado, me encarou com uma expressão indecifrável e baixou a cabeça.

– Tudo bem! Isso só quer dizer que eu preciso tentar mais! Eu vou conquistar o seu coração! Você vai ver! – exclamou com determinação, sua sobriedade começando a aparecer.

Respirei fundo, como diria aquela pobre alma que ele nunca, em um milhão de anos, teria uma chance?

Mas eu não precisei. Porque enquanto Lee discursava sem parar, vi Sasuke chegando perto e parando ao meu lado.

– Esse cara tá te incomodando? – perguntou e eu apenas respirei fundo, sem saber o que dizer. Não queria fazer com que Lee apanhasse dos membros da Taka ou fosse expulso da festa, nem nada. Eu conhecia Uchiha, sabia que ele era o tipo de cara que fazia essas coisas.

– Ela é o amor da minha vida! – Lee continuava divagando.

– Que pena, cara, porque ela está comigo. – Sasuke disse, me surpreendendo ao pegar minha mão. Fiquei alguns segundos apenas o encarando, quando ele completou: - É minha namorada, então fica esperto.


Lee finalmente pareceu se acalmar e pareceu acabado, ao em vez de insistente, ele estava... Espera, namorada?


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Notas finais do capítulo

Oie amorecos, cap novo pra vocês!
Gostaram?

beijocas :*



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