Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 16
XV - Haru




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“Por favor, como se vocês não merecessem.

Sábado a noite chegou mais rápido do que eu esperava. Quer dizer, eu estava extremamente ansiosa para descobrir quem era o meu colega de livro, porque ele acabaria com todos os meus problemas.

Que naquele momento eram: luxúria com um certo alguém que seria rapidamente substituído, carência por causa desse mesmo certo alguém que tinha feito eu perder minha melhor amiga e... Mais nada, só isso mesmo.

Ino não dirigia a palavra a mim e nem olhava na minha cara toda vez que entrava e saia do dormitório, não importasse o que eu falasse. Ela tinha todo o direito de me odiar, por isso eu não forçava a barra, alguma hora ela teria que falar comigo, nem se fosse para comentar da roupa horrenda que eu estaria usando.

No sábado, quis sua opinião mais do que tudo, mas ela já tinha saído. Eu merecia aquele tratamento, tinha transado com o seu namorado mais de uma vez, sendo uma delas logo depois que eles tinham terminado. Eu realmente era uma pessoa péssima.

Tentei esquecer Uchiha por um instante e relevar o que ele tinha pedido no dia anterior. Por que raios ele queria que eu saísse com Naruto?

Mas isso não importava, porque eu iria encontrar o meu novo amigo em algumas horas e tinha que parecer apresentável para ele. Tinha que passar a impressão de ser altamente inteligente, como os meus comentários eram.

Então eu coloquei uma saia, uma blusa mais arrumadinha, soltei meu cabelo e até coloquei um pouco de maquiagem. Quase não me reconheci no espelho, o que devia ser uma coisa boa. Pensando que Ino estaria orgulhosa, fui até a maldita estátua que ficava no bairro das fraternidades.

Não entendi porque ele escolheu aquele lugar, mas não ligava, era perto do meu dormitório e eu não precisaria andar muito para chegar.

Quando deu 20h, vocês devem imaginar a minha surpresa quando eu cheguei e encontrei ninguém menos que Sasuke Uchiha sentado na frente da estátua, com o rosto todo machucado e com os livros de medicina nas mãos.

Não pude acreditar. Aquilo não podia ser sério. Eu estava alucinando, era isso. Só podia ser isso. Respirei fundo e encarei a cena por alguns segundos, esperando ela mudar, mas nada aconteceu.

Possessa, parei em sua frente. Ele finalmente ergueu o olhar inchado e deu um sorriso em sua face deformada.

– Você não pode estar falando sério. – ele murmurou, mas eu não achei engraçado.

– Não me diga que isso aqui é só mais um de seus planos idiotas? – acusei, enquanto ele se levantava com dificuldades. Quando ele se aproximou da luz, pude notar melhor seus ferimentos, ele pareceu ter apanhado muito para ficar naquele estado e era recente. Uma parte de mim até chegou a sentir pena dele. – Isso tem a ver com a história da Ino?
– Olha, Haru, esta não é uma boa hora, eu estou esperando alguém. – ele murmurou e eu soltei um pigarro, sem acreditar em sua cara de pau.

– É sério, Uchiha? - perguntei, cruzando os braços.

Ele me encarou com desconfiança, realmente curioso em saber o que eu queria dizer. Não era possível que ele realmente não sabia que era eu e que aquilo tudo foi uma coincidência, eu me recusava a acreditar nisso.

Mas então, pensei: por que ele faria tudo isso? Quer dizer, já tínhamos transado, não era só isso o que ele queria? Ele era esse tipo de cara, assim que tivesse conseguido, teria parado de mandar aquelas mensagens se soubesse mesmo que era eu.

Suspirei.

– Eu quero a verdade. – comecei, impaciente. – Você sabia que era eu nas anotações?

Ele me ergueu o olhar.

– Que? Ah, fala sério. – murmurou e eu dei de ombros, pegando um dos livros de suas mãos e apontando a minha assinatura na última página.

Uchiha ficou me encarando por alguns segundos até bufar e dar de ombros também, ambos conformados com o destino pregando peças. Parecia que tudo se voltava para nós nos encontrando.

Ficamos em um silêncio desconfortável por alguns minutos, ambos em estado de negação, até eu perguntar:

– O que aconteceu com o seu rosto?

Eu não queria demonstrar preocupação, mas tudo era melhor que aquela situação patética. Ele parecia relutante em responder, então insisti:

– Tem a ver com a Ino, não tem?

Então, Uchiha apenas bufou e pareceu deixar de lado qualquer coisa que o impedindo de contar aquele segredo. Ele parecia derrotado, não só fisicamente.

– Tanto faz, agora já era mesmo. – disse, frustrado. E começou a me explicar tudo. Me contou sobre as duas empresas, sobre como só estava com Ino por causa do dinheiro e como tinha apanhado por seus erros.

Por um segundo, eu achei que ele estava mentindo e estava prestes a rir e debochar, mas eu percebi a seriedade em seu tom, a coerência na sua história e bom, nem ele era tão bom em improvisar assim.

Fiquei o encarando o tempo todo em choque, enquanto ele contava os detalhes de como os Yamanaka usavam de dinheiro público para financiar empresas privadas e toda essa corrupção suja.

Então senhores, sim, eu sabia das informações apresentadas no processo. Não participei ativamente de nenhuma investigação junto ao meu colega acusado, mas eu sabia das informações e ocultei da polícia. Não vou me ausentar da culpa em nenhum momento, Uchiha, para de me olhar assim.

Depois que ele terminou seu discurso, admito, foi primeira vez que eu senti verdadeira compaixão por ele. Quer dizer, ele cresceu em um ambiente tóxico de torturas, mentiras, corrupção e família disfuncionais, com a pressão de ser perfeito e herdar o legado do nome Uchiha.

Eu nunca tive nada disso, eu fui fazer medicina simplesmente porque era o que queria fazer, não porque fui forçada a isso. Não tinha milhões de dólares dependendo de mim em um futuro próximo e muito menos contatos influentes e uma imagem para manter.

Encarei ele e o vi pelo que era pela primeira vez: um jovem assustado e perdido, como todos nós éramos. Ele não era nem de longe a pessoa arrogante, orgulhosa e confiante que aparentava ser.

Bom, obviamente eu estava errada, porque ele, na verdade, é tudo isso.

Mas vamos voltar ao que interessa. Os senhores também perguntaram qual era o meu envolvimento com Sasuke Uchiha. Preciso dizer que esse momento foi bem decisivo para qualquer coisa que tenhamos evoluído a ser, por isso estou me mantendo nele.

– Legal. – foi o que eu consegui responder depois de tudo o que ele tinha me explicado. E ele, em vez de ficar irritado, apenas jogou a cabeça pra trás e riu.

– Bem legal, mesmo. – concordou. – Agora você entende porque fiz o que fiz com Ino?

– Sim, porque você é mesquinho. – respondi imediatamente. Aquilo tudo porque ele queria dinheiro e ele nem precisava, porque era rico. Francamente, homens são tão idiotas. Sem ofensas. – Ter uma explicação plausível para as suas ações erradas não as tornam menos erradas, sabe?

– É verdade. – ele falou e eu estranhei. Ele realmente estava concordando comigo? Quer dizer, isso era raro para nós. Realmente chegar em algum acordo sobre qualquer coisa. – Nunca falei que estava certo, só estava explicando a situação porque você perguntou o que aconteceu com o meu rosto.

– Você não parece arrependido. – murmurei.

– Não estou.

Claro que não estava. Idiota.

– Aposto que vai usar seu dinheiro para dar alguma festa idiota na sua fraternidade. Tem como você ser mais patético, Uchiha?

Ele me encarou e chegou mais perto, por algum motivo, a maldita luxúria tomou conta de mim novamente. Me condenei e condenei o universo por fazer aquilo comigo. Quer dizer, eu fui ali para acabar com esses problemas e eles só estavam se intensificando.

Então, por um instante eu pensei: pra que resistir?

Quer dizer, claramente eu tinha uma atração inexplicável por ele e ele por mim. E pra ser sincera, eu já não ligava se fôssemos apenas parceiros de sexo. Quem liga para rótulos afinal. Eu não queria uma namorado mesmo.

– Não que te interesse, mas vou gastar o dinheiro para pagar o resto da faculdade e não precisar depender dos meus pais e da empresa, que pode facilmente falir, como já disse. – ele explicou e eu percebi que eu não me importava.

Porque, francamente, ele tinha feito coisas horríveis e eu ainda estava ali, morrendo de vontade de beijá-lo. No que ele ia gastar o dinheiro dele era a minha última preocupação, ele podia usar tudo para virar cafetão se quisesse, pouco me importava. Então ele podia me dar qualquer explicação, que eu apenas acenaria com a cabeça e continuaria encarando seus lábios, como eu estava fazendo.

– Até que essa é uma causa nobre, vindo de você, Sasuke. – comentei, tentando resistir a proximidade um pouco mais.

– Essa é a primeira vez que você me chama pelo primeiro nome, – ele murmurou. Eu não tinha percebido. Talvez minha repulsa não estivesse no nível máximo naquele momento. – Sakura.

O jeito que ele falou meu nome foi absurdo. Absurdo, senhores. Eu não sou uma garota fácil, tenho que reintegrar isso aqui. Não sou. Então não me julguem por cair no jogo desse babaca.

Mas é que ele falou meu nome enfatizando todas as letras, como se fossem muito importantes dizê-las. Disse em um sussurro urgente, quase como uma súplica. Ele disse meu nome como se realmente se importasse.

– Ah. Foda-se. – falei, antes de me jogar em sua direção e começar a beijá-lo. Ele soltou uns murmúrios doloridos e eu me adaptei ao jeito que o machucasse menos e ele não resistiu.

Ficamos nos pegando por um bom tempo. Tempo o suficiente para as luzes do campus apagarem e ficarmos no escuro total.

– Eu acho... – comecei a falar, entre os beijos. – Que... Deveriamos...

– Cala a boca. – ele disse, ao continuar me beijando.

– Parar... De fingir. – conclui e ele abriu os olhos para me encarar. – Fingir que conseguimos ficar longe um do outro.

– Haru, eu... – vi o olhar urgente no rosto dele, típico de alguém apavorado em assumir qualquer tipo de compromisso.

– Eu sei que você pega geral, eu não me importo, não quero nada sério. – me apressei em deixar claro.

Era verdade. Naquele momento, eu só queria que ele saciasse minhas necessidades, sem perceber que na verdade eu até que me importava com ele. Eu só ia perceber os meus sentimentos reais mais tarde, mas vou contar quando chegarmos nessa parte.

Sob a luz da noite, eu acreditava de verdade que só o queria como estepe para minhas necessidades fisiológicas e ele não parecia negar isso também. Preferíamos ignorar que na verdade gostávamos de nos provocar e conversar. Que realmente gostávamos da companhia um do outro e que nunca conseguíamos passar muito tempo sem nos falar.

– Não vai se apaixonar por mim, então. – ele murmurou com um meio sorriso.

– Nem você por mim. – reintegrei. E fomos juntos para a Taka, onde rolaria muito mais do que o que estava acontecendo ali.”


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Notas finais do capítulo

Oiee, cap novo procês amorecos!
Gostaram?

Beijocas :*



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