“Eu não sei porque eu fiz o que eu fiz, então não adianta me perguntar. Eu sou um homem, por favor. Vi uma mulher de calcinha e sutiã e quis pegá-la, é isso. Foram simplesmente e puramente os meus instintos masculinos tomando controle. Eu não tinha nenhum sentimento por ela, se é isso que estão pensando.

Mais uma vez, lembrei tarde demais sobre a minha aposta e a oportunidade perdida e bufei do outro lado da porta do dormitório. O que raios eu estava fazendo? Assim eu nunca ganharia minha aposta.

Fui para a Taka pensando em todas as minas que eu tinha pego enquanto estava com a Ino –várias- e depois nas que eu peguei depois de ficar com a Haru –zero-.

Eu não sei porque, mas parecia que o desafio de pegar Haru se sobressaia ao meu desejo de pegar todas as outras calouras. Meus cálculos do começo do ano estavam se provando errado por causa dela e aquilo estava me deixando louco.

– Fala, cara. – Naruto me cumprimentou do sofá, ele parecia ocupado fazendo algum trabalho, o que era bem raro para ele.

– E ai? – perguntei, sentando-me ao seu lado e pegando o controle do video game.

– Ah não, Sasuke! Estou estudando, você vai me desconcentrar. – ele protestou e eu revirei os olhos.

– Desde quando você estuda? Eu coloco no mudo.

Ele bufou, mas não falou mais nada. Ficamos em silêncio por um tempo, quando Hinata entrou na sala com um pote de cookies. Francamente, tem algo mais clichê do que levar cookies para o namorado estudioso?

– Boa tarde, Sasuke! – ela disse sorrindo e eu a cumprimentei com a cabeça. Hinata sentou-se do outro lado do Naruto. – Vamos dar uma pausa, você deve estar morrendo de fome.

Ele acenou que sim e começou a comer os doces que ela tinha trazido.

– Sasuke, é verdade que você terminou com a sua namorada? – ele perguntou pra mim de repente e eu acenei que sim com a cabeça. – Ué, mas por quê? Ela parecia gente boa.

– Ela não é. – respondi seco.

– Vocês estão falando de Ino Yamanaka? – Hinata perguntou com o seu tom inocente. Tudo na voz dela pode parecer um mantra.

Naruto respondeu que sim, enquanto eu indaguei:

– Sim, o que tem ela?

– Eu soube que alguns familiares dela vieram visitar o campus e tiveram problemas com alguns alunos. Pelo que eu entendi, eles estão atrás de alguém. – ela explicou. Era óbvio quem eles estavam procurando. Imediatamente pensei que o pai de Ino tinha descoberto que eu estava investigando sua família e mandou caras para descobrir o que eu queria. Como não me ocorreu que Ino deixaria escapar? Eu tinha sido imprudente.

– Sasuke, eles querem quebrar sua cara porque você terminou com ela. – Naruto brincou e riu, sem saber a gravidade do que estava falando. Hinata deve ter notado a minha expressão, porque disse:

– Talvez seja outra coisa, não tem como sabermos com certeza, né?

Mas eu já estava pensando em mil possibilidades de como eu evitaria apanhar dos prováveis seguranças contratados do pai da Ino. Eles iam me torturar até eu contar a verdade, eu sabia como esse tipo de coisa funcionava. Uma empresa grande como aquela não podia se dar ao luxo de ter nenhuma informação confidencial vazada. Eles devem ter checado as câmeras de segurança e me visto revirando o escritório do sr. Yamanaka.

Se eu não morresse, eles iam me destruir.

Pensei rápido, só uma coisa podia me ajudar naquele momento. E era quem tinha me colocado naquela situação em primeiro lugar.

– Itachi? – perguntei, assim que o meu irmão atendeu o celular. Eu já estava trancado no meu quarto, com a desculpa de que eu precisava dormir para Naruto e sua namorada.

– Fala, Sasuke. – ele me respondeu.

– Uns caras da empresa Yamanaka estão atrás de mim e eu não vou hesitar em contar a história toda, então trate de dar um jeito disso. Eu não me importo como, mas dê um jeito nisso.

Senhores, eu conheço bem as práticas de empresas como essa, então não me culpem por estar desesperado naquele momento.

– Como eles descobriram? – Itachi perguntou com seu tom calmo que me irritava na maioria das vezes.

– Eu não sei. – menti. Eu não tinha contado o motivo da minha investigação para a Ino, só da existência dela, mas tinha certeza que foi por ela que eles descobriram. – Mas isso não importa, faça alguma coisa de útil com a sua sociedade secreta idiota.

– Fica em casa, eu resolvo isso. – ele respondeu, mas eu não estava convencido. A Taka seria o primeiro lugar que eles viriam procurar, e se não me achassem, iam machucar Naruto, que apesar de fingir, é incapaz de se defender sozinho.

Não podia ignorar tudo o que o idiota já tinha feito por mim, não podia deixá-lo apanhar por mim, então tentei pensar onde ele ficaria a salvo. E é claro que seria com a pessoa que parecia estar em todos os momentos da minha vida: Haru.

Os homens da Yamanaka não ousariam machucar uma amiga da Ino, mesmo elas estando brigadas. Se Naruto ficasse o dia todo com ela, nada aconteceria com ele, eu tinha certeza. Pensando nisso, tentei descobrir um jeito de pedir esse favor pra ela de forma sútil e sem parecer um completo idiota desesperado.

– Haru? – falei, assim que ela atendeu. Notei o tom incomum da minha voz, mas preferi ignorar.

– O que foi, agora? - ela perguntou, impaciente. Eu não tinha tempo para provocações ou brincadeiras.

– Você precisa passar o resto do dia com Naruto. – pedi, sem delongas.

– E você precisa de um corte de cabelo. – retrucou e eu bufei.

– É sério. Chame-o para fazer alguma coisa, qualquer coisa. É importante.

– Eu não sei porque você acha que...

– Por favor. – interrompi. A minha súplica surgiu o efeito desejado em Haru, ela não estava acostumada comigo falando “por favor”. Na verdade, nem eu estava acostumado com essas palavras saindo da minha boca. – Não é por mim, é por ele.

Ouvi apenas a sua respiração por alguns segundos, quando ela simplesmente disse:

– Tá bom.

Sem perguntar o motivo ou insistir em recusar, ela desligou, me surpreendendo. Haru era tão diferente de Ino, ela entendia as situações de uma forma que era admirável. Quer dizer, isso não anulava o fato dela ainda ser desleixada, louca e completamente irritante.

Em alguns minutos, ouvi Naruto recebendo uma ligação e suspirei aliviado quando ele saiu pela porta com Hinata. Agora só me restava confiar em Itachi para tirar esses homens do meu pé, o que era bem improvável.

Eu estava prestes a trancar a porta de casa depois de checar de que nenhum dos membros da Taka estavam em casa, quando dois caras invadiram. Eles eram grandes, gordos e com cara de mal.

Acreditem, pra eu falar que eles tinham cara de mal, é porque tinham mesmo. Imediatamente, eu sai correndo para o andar de cima, pensando em me trancar no meu quarto, o único que tinha alguma segurança. Eles correram atrás de mim no mesmo instante, mas eu tinha a vantagem.

Quando eu entrei no meu quarto e tranquei a porta, pensei na hora em como sairia pela janela, mas o meu quarto era no segundo andar e não tinha nada que eu pudesse usar como amortecedor de queda. Respirei fundo, eu sempre tive a tendência de ser extremamente racional nessas situações, então pensei nas minhas possibilidades de defesa.

Eu estava sem sorte. Não tinha nada no meu quarto que seria efetivo contra aqueles brutamontes e eu não conseguiria fugir. Minhas opções restantes eram falar tudo o que eu sabia sem resistir, barganhar com dinheiro ou apanhar e ficar quieto.

Se eu contasse, a empresa ia se prejudicar e eu iria acabar tendo que sair da faculdade, então pensei em quanto dinheiro eu tinha que poderia gastar no momento.

Quando eles finalmente arrombaram a minha porta e me encararam com desdém, eu falei imediatamente:

– Eu pago o dobro para vocês me deixarem em paz.

Um dos homens riu e me encarou com desprezo.

– Filhinhos de papai, o meu tipo favorito. – o outro disse, enquanto se aproximava.

– Triplo! – exclamei, mas eles já não estavam mais me ouvindo. Me pegaram pelos braços e me amarraram antes de me jogarem no porta mala de um carro. Sim, foi bem clichê assim.

Então, senhores, peço que levem em consideração as práticas da empresa Yamanaka nesse processo. Não tiro a minha culpa em tudo, mas a corrupção é bilateral e não devíamos ser os únicos acusados aqui.

Depois de algum tempo preso, chegamos em um tipo de depósito e eu me vi em um filme, enquanto eles me colocavam em uma cadeira e acediam uma luz forte no meu rosto. Me pergunto se esses caras imitam os filmes, ou se é assim mesmo em todos os lugares.

– O que você estava fazendo? Investigando a empresa Yamanaka?

– Ora, você acabou de dizer. Eu estava investigando a empresa Yamanaka. – respondi, levando um soco na cara logo depois.

Cuspi sangue, enquanto o outro apareceu na minha frente.

– Estou sem paciência, Uchiha. Quais eram suas intenções? – ele perguntou, enquanto apertava com força os meus dedos.

– Vocês estão se repetindo. Acabei de dizer. Minha intenção era investigar a empresa Yamanaka. – murmurei, sabendo da minha punição.

Depois de apanhar mais um pouco, o outro berrou:

– Comece a falar, pirralho, ou vamos ficar a tarde inteira aqui!

Vejam bem, eu poderia falar tudo, como tinha dito a Itachi que faria, já que eu não podia me importar menos com a política da empresa. Mas a verdade era que falar que os Uchiha não confiava neles só desencadearia coisas ruins para mim, eu provavelmente teria que sair da faculdade e minha mãe ia querer se matar ao saber que não teria um cargo alto na sociedade.

Tudo por minha culpa.

Eu não poderia ser cortado da família e de todos os nossos benefícios. Senhores, não me encarem assim, eu vejo o egoísmo na minha fala, mas me digam se agiriam diferente.

– Eu não tenho nada a dizer. – cuspi mais sangue.

Eles me bateram em vão por mais algum tempo e eu achei que não fosse resistir. Quando finalmente vários homens mascarados e com uma capa ridícula com nuvens vermelhas chegaram ao meu resgate. A Akatsuki demorou mais do que eu esperava, e eu encarava Itachi mascarado com raiva o tempo todo que ele estava me desamarrando.

Assim que vi os dois homens no chão, me permiti sucumbir e desmaiei nos braços do meu irmão. Mesmo sabendo que eu não tinha contado nada, sabia que tudo tinha ido para o espaço. Eles sabiam que estávamos investigando-os e mais cedo ou mais tarde tudo iria virar público.

O dinheiro lavado, a corrupção dos Uchiha, a compra de votos. Tudo.”