Papercuts escrita por Gaia


Capítulo 11
X - Uchiha




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“Cara, ninguém pediu para você descrever um beijo como se fosse uma cena épica de um livro romântico. Mulheres...

Eu também estava bêbado e muitas vezes achando que eu estava alucinando enquanto beijava Haru, e, assim como ela, me arrependi logo depois que nos separamos. Encarei seus olhos verdes, arregalados, assustados, arrependidos e me aproximei para tentar algum tipo de redenção.

Mas é claro que ela tinha que vomitar nos meus sapatos.

– Haru! – exclamei, enojado e ela simplesmente me encarou grogue. Se eu estivesse menos bêbado, talvez tivesse me importado com o cheiro, mas eu estava em um estado em que quase não o sentia.

Procurei o acompanhante patético de Haru pela multidão e o encontrei pegando uma mina que nem era tão gostosa. Puxei-o pela camisa para longe dela, recebendo um olhar que supostamente era para ser ameaçador e informei:

– Pegue Haru, vamos embora.

Depois de ver que ele estava cuidando direito dela, fui atrás de Ino, que estava deitada imóvel em um sofá no andar de cima. Peguei-a no colo e levei-a para o carro, com Sai e Haru atrás de mim.

Ela ainda estava consciente, mas evitava me encarar nos olhos. Acho que nós dois estávamos arrependidos demais para ousar se olhar e lembrar do ocorrido. Naquela hora, eu não estava pensando na aposta, ou no meu plano de conquistá-la com as anotações dos livros, eu só estava pensando que eu tinha beijado uma mina que eu odiava, arriscando todo o progresso que eu tinha feito com Ino. E também que ela tinha vomitado nos meus sapatos.

Fomos para casa em um silêncio quase insuportável. Haru parecia prestes a cair e eu tentava ao máximo não fitá-la nos olhos, enquanto Ino dormia no meu colo.

Quando finalmente chegamos na Taka, eu levei Ino para a minha cama e deixei-a lá, enquanto descia e falava para o motorista onde ele tinha que deixar Haru e Sai. Eu vi que ela tentou protestar alguma coisa, mas não estava em condições de falar nada com sentido, então simplesmente a ignorei.

Apesar de eu parecer um cara completamente sem noção e insensível, eu nunca deixaria uma mina bêbada com um cara sozinha atrás de uma limusine, sem saber para onde iriam, então foi só quando tive certeza que Haru estava em sua cama e Sai estava bem longe dela que voltei para a fraternidade.

Ino dormia pacificamente na minha cama, eu a encarei por um tempo, antes de me jogar ao seu lado. Esse momento foi o único que eu senti um pouco de ressentimento de estar traindo ela com todas as meninas da medicina e agora com sua melhor amiga. Enquanto ela dormia, sem falar nada e completamente pacífica, era quase possível gostar dela.

Respirei fundo e tentei dormir, mas sempre que estava perto de cair no sono, a imagem dos olhos verdes de Haru vinham na minha mente e eu me condenava mentalmente por tê-la beijado. Eu estava bêbado, sim, mas não tanto assim. Era certo que aquilo certamente ajudaria com a minha aposta, mas também colocaria todo o progresso com Ino em perigo. Por um instante, eu me senti mal por estar usando Haru para a minha aposta. Ela era diferente das outras mulheres com quem eu tinha transado, não era tão carente e necessitada e sabia muito bem quem eu era, não era facilmente enganada.

Mas ainda assim, ela retribuiu o meu beijo. Talvez ela estivesse começando a gostar de mim e eu não podia deixar isso acontecer. Eu tinha concordado com a aposta com as condições de não magoar nenhuma dessas minas, eu deixaria bem claro que só queria uma noite com elas e depois faria alguma coisa estúpida para elas me odiarem. Era assim que estava indo até então... Até Haru. É claro que ninguém sabia disso, os idiotas achavam que eu era um sem coração, o que eu preferia que acontecesse mesmo.

Não conseguia me concentrar o suficiente para tirar essas coisas da minha cabeça, então resolvi escrever tudo o que eu tinha coletado no evento beneficente sobre os Yamanaka. Creio que os senhores estejam com a posse do meu caderno, por isso não preciso ser redundante e contá-los exatamente o que eu descobri. Eu achei que já eram informações suficientes, que Itachi estaria mais que satisfeito com as minhas descobertas, mas depois descobriria que não. Sabemos agora que ele queria coisas bem mais específicas.

Passei a noite pensando nisso. Mais de tarde, quando Ino acordou, ela estava se sentindo mal, então a ajudei com as minhas receitas contra ressaca, eu era expert nisso.

– O que exatamente aconteceu ontem a noite? – ela perguntou.

– Você bebeu demais. – afirmei o óbvio.

– E Haru e Sai, eles estão bem?

Acenei que sim com a cabeça, mesmo não sabendo com certeza o significado daquela pergunta. Se ela queria dizer “bem” como estado físico ou “bem” como “eles ainda estão juntos”.

– Eu tenho aula daqui a pouco, você quer que eu te deixe no alojamento? – perguntei e ela concordou. Após deixá-la no 301, eu fui encontrar Itachi para acabar logo com aquilo. Até então, eu acreditava com certeza que tudo o que eu tinha coletado era o suficiente.

Quando nos encontramos na biblioteca novamente, eu entreguei o caderno para ele e, após dar uma breve olhada, ele me devolveu.

– Não é o suficiente. – disse simplesmente e eu o encarei com incredulidade.

– Tem até o tipo sanguíneo do cara ai! – respondi com descrença.

– Não é o suficiente. – Itachi repetiu com firmeza e eu revirei os olhos.

– Escuta, se você quer algo específico, apenas peça. Não tem como eu adivinhar.

Itachi suspirou, considerando a opção por um minuto, mas apressou-se em retrucar:

– Não quero te envolver mais nisso.

Bufei, ele já estava me envolvendo naquilo e eu estar aqui é a maior prova disso.

– Itachi, eu já estou envolvido, essas coisas que estão nesse caderno provam isso. Eu não sou burro, sei que o pai de Ino está envolvido de algum jeito com a empresa e...

– Sasuke, não. Você não sabe de nada. – ele insistiu, enquanto a minha paciência se esgotava. Normalmente eu acharia os esforços do meu irmão em me proteger admiráveis, mas eu sabia que alguma coisa estava errada.

– Eu não posso continuar fazendo isso sem saber exatamente o que você quer. – falei de novo, mas ele negou com a cabeça. – E eu não aguento mais namorar Ino.

Itachi me encarou por alguns segundos, como se estivesse prestes a reconsiderar, mas sua hesitação durou apenas alguns segundos.

– Não. Você está no caminho certo.

Revirei os olhos e me levantei. Eu não sabia o que exatamente ele queria, mas seu olhar me deu uma sugestão. Os olhos de Itachi demonstravam ansiedade, hesitação, pressão... Eu conhecia o meu irmão, ele estava desesperado.

Eu voltei para a Taka e resolvi estudar o caderno. O que os Yamanaka tinham a ver com a empresa Uchiha e como exatamente o meu irmão se envolveu com o assunto?

Com a ajuda da internet, descobri que o pai de Ino estivera envolvido em vários escândalos políticos e há alguns anos fora tirado do cargo depois de desviar dinheiro público. Agora, estava tentando se reeleger, mas pelo que eu tinha percebido no evento beneficente, não tinha muito apoio.

Então, tudo se encaixou. Desviar dinheiro tinha tudo a ver com a minha família, ficou óbvio pra mim para onde esse dinheiro público estava indo antes dele ser demitido. De fato, o sr. Yamanaka ficou particularmente interessado em mim e mencionou que meu pai estava distante. Talvez ele não quisesse mais se envolver? Será que o Yamanaka estava precisando da empresa para financiá-los com a campanha?

Sabendo que eram só suposições, eu percebi que para saber o resto da história eu precisaria continuar com a minha farsa. Bufei irritado e joguei o caderno longe. Ele caiu do lado de um dos livros que eu usava para me comunicar com Haru.

Peguei-o e li sua última mensagem, que dizia: “Aparentemente eu contribui para que idiotas como você se questionassem o que há de errado com a frase e refletissem sobre ela sozinhos. Isso é o máximo que eu posso fazer por sua pobre alma.

Revirei os olhos, Haru era extremamente teimosa, o que atrapalhava diretamente na minha abordagem. O intuito de tudo aquilo era seduzi-la com o meu conhecimento, mas agora só estávamos brigando de forma patética e ela nem sabia que era eu. Resolvi mudar minha tática.

Escrevi: “Errado. O máximo que você podia fazer por mim é algo que eu sei que você nunca faria.”

Eu sabia que Haru não suportaria um desafio e assim que ela respondesse “o que?”, eu responderia que precisava conhecê-la para que ela me explicasse ao vivo e então tudo se desencadearia nela caindo de quatro por mim e eu finalmente ganharia a minha aposta.

Além de Haru, só faltavam algumas alunas e eu não estava tendo problemas com isso. A única inconveniência era ter que me explicar para a Ino, mas eu estava convencido de que ela sabia a verdade, mas gostava de mentir para si mesma sobre o assunto.

Quando eu desci para a sala naquela tarde, Naruto e Shikamaru estavam esparramados no sofá, jogando videogame.

– Shikamaru, aqui o livro. – joguei para ele, que já estava familiarizado com a minha estratégia e sempre o colocava no mesmo lugar da biblioteca, onde sabia que Haru o pegaria.

– Ainda não traçou a Haru? – perguntou e eu neguei com a cabeça.

– Ela é mais teimosa do que eu imaginava. – respondi e Naruto revirou os olhos.

– Eu falei para você não magoar a Haru, ela é minha amiga!

– Eu não vou fazer isso, Naruto, relaxa. – retruquei, já não sabendo se era verdade ou não.

– Pelo que eu vejo, ela não é do tipo que é magoada. – Shikamaru interviu e eu acenei com a cabeça, me juntando a eles no jogo, o que resultou em alguns protestos silenciosos de Naruto, que odiava perder de mim, mas sempre perdia de qualquer forma.

Depois de alguns xingamentos e algumas partidas do jogo, Shikamaru finalmente desligou o videogame e nos encarou.

– Eu estou planejando a próxima festa. – disse e as nossas faces se iluminaram. Fazia tempo que a Taka não tinha uma festa propriamente dita, com planejamento, tema e, o mais importante, lucro, então ficamos felizes ao ouvir a notícia.

Eu e Naruto batemos os punhos com entusiasmo e ele perguntou para Shikamaru:

– O que você tem em mente?

Shikamaru deu seu famoso meio sorriso e nos encarou com sua expressão de excitação.

– Vou chamar os outros caras e explico. – falou. – Cadê o Suigetsu? Ele não aparece faz um tempo.

– Depois que ele ficou com a ex do Sasuke naquela festa, não voltou mais. Acho que eles estão saindo. – Naruto explicou e eu o encarei, como eu não sabia daquilo?

– Por que eu só sei disso agora? – perguntei, incrédulo.

– Você está muito ocupado com a sua aposta idiota para conversar com a gente, esqueceu? – ele respondeu e eu percebi um tom de ressentimento em sua voz. Era verdade, fazia tempo que eu não saia com os caras, mas a aposta não tinha nada a ver com aquilo.

– Sui e Karin, hã? – imaginei. – Até que eles combinam.

Naruto afirmou que sim com a cabeça, mas Shikamaru fez um careta.

– Aquela mulher é louca. Sem ofensas.

– Tudo bem, eu também acho. – concordei e eles riram.

Então, Shikamaru foi atrás dos outros membros da fraternidade para convocar uma reunião e eu e Naruto ficamos jogando videogame, ou melhor, eu fiquei destruindo ele no jogo.

Eu mal sabia que a festa que estava apenas sendo planejada seria exatamente quando tudo começaria a dar errado. Eu e Haru a nomeamos hoje de “pior erro das nossas vidas”, mas vou deixá-la explicar melhor, prefiro me manter a parte dessa questão.


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Notas finais do capítulo

Oiiie, cap novo procês, amorecos.
Gostaram? S2

beijão :*