‘’Aquele que nunca viu a tristeza, nunca reconhecerá a alegria.’’

Entro em casa. Tínhamos voltado para o Rio de Janeiro. Vou para meu quarto com uma leve dor de cabeça. Me assento em minha cama e começo a chorar olhando tudo a minha volta. Eu ainda não conseguia acreditar em tudo o que havia acontecido.

A Paulinha havia colocado fogo no celeiro para ver o meu mal e ficar com o Lucas, e eu sabia que tinha dedo dele naquela história. Caipira idiota! Meu rosto estava banhado de lágrimas, meus soluços eram um pouco altos.

Com tudo o que houve eu não conseguia tirar ele da minha cabeça, eu o amava muito. Me deito em minha cama, olho para teto e começo a me lembrar de papai me contando tudo o que aconteceu.

***

FLASH BACK

– Tiramos você do celeiro as presas e a levamos para clinica que tem na cidade perto da fazenda. Quando chegamos lá o médico de plantão disse que não tinha recursos para atenda – lá, pois seu caso era grave. Então com a autorização dele viemos para o Rio. Seu Tio veio depois com o Lucas que não saiu do hospital nem por um minuto sequer. Você fico duas semanas e meia desacordado porque você inalou muita fumaça, e isso prejudicou sua respiração e seus pulmões. Com isso você precisou ficar internada um mês. – Meu pai dizia no caminho para casa.

Eu tinha vivido um filme de terro e drama ao mesmo tempo. Mais eu só não queria ver mais fogo em minha vida, e muito menos o Lucas.

***

Me viro de lado na cama e percebo que faltava alguma coisa, alguma coisa muito importante. Minha Amorinha. Onde ela estaria? Será que estava aqui em casa? Ou teria ficado na fazenda.

Saio do meu quarto a procura dela, queria muito vê – lá, pega – lá e á abraçar bem forte. Procuro na sala de estar, ela não estava, depois na cozinha e na área de serviço e não á encontro. Ando devagar até o escritório de papai e bato levemente na porta.

– Pode entrar. – Ele diz lá dentro.

– Com licença.

– Deseja alguma coisa querida?

– Sim. Quero saber onde está á Amora, ela fico na fazenda?

– Se eu não me engano, ela veio sim.

Bato palmas e pergunto:

– Onde ela está?

– Ficou com o Lucas!

– Como assim com o Lucas?

– Ele veio para cá e disse que só vai embora quando você falar com ele. Está hospedado em um hotel e a Amora está com ele.

– A tá. – Digo indo em direção a porta de saída do escritório.

– Querida, se assente aqui. – Papai diz apontando para poltrona.

Volto e me assento na poltrona.

– Porque chama o Lucas para uma conversa. Eu tenho certeza que ele não lhe fez nada, ele seria capaz disso. Ele nutri sentimentos nobre e verdadeiros por você, disso eu tenho certeza. Agora vá, pense e reflita.

Torno a me levantar para sair do escritório de papai, e desta vez consigo. Volto para meus quarto e me assento na cama. O Lucas havia feito tudo aquilo de proposito, ele tinha ficado com a Amora só para depois eu ter que ir busca – lá e assim ter que falar com ele. Aquilo não era justo. Eu não queria mais vê – ló será que era tão difícil assim para ele entender.

Mas por outro lado, se ele tivesse mesmo causado tudo aquilo ajudando a Paulinha, ele não teria ficado no Rio só por minha causa o tempo todo enquanto eu estava internada e agora se recusava a voltar para fazenda, onde era o seu lugar preferido. Eu já não sabia mais o que pensar, meus pensamentos estavam muito tumultuados. Minha cabeça estava doendo muito. Ao mesmo tempo que pensava que aquilo tudo pudesse ser verdade eu também pensava que eu poderia está enganada. Deito – me na cama fecho meus olhos tentando esquecer tudo aquilo.

***

POV Lucas

Eu já não aguentava mais ficar sem saber da Helen, sem ter noticias dela. Sem ouvir a voz dela e de vê lá principalmente. Meus dias e noites eu passava em claro chorando ou lembrando de tudo que vivemos. Porque aquele estupida da Paulinha tinha feito tudo aquilo? Ela havia conseguido acabar com meu relacionamento com Helen... Ouço algumas latidas. Era Amora tentando chamar minha atenção.

A pego no colo, ela deveria está com fome e com sede. Á levo para área de serviço onde lhe sirvo um pouco de ração e água. E ela come rapidinho, parecia faminta. Fico a observando e me lembro da Helen, do dia que ela me mostrou a Bichinha pela primeira vez. Ela era encantadora igual á dona. Ela acaba de comer e me lança um olhar de piedade eu a pego no colo novamente e voltamos para sala de estar. Me assento com ela no sofá. E ali ficamos por um bom e longo tempo.

Cansado de ficar ali, coloco a Amora no sofá e me levanto. Vou andando de vagar até meu quarto, pego uma muda roupa leve e uma toalha e sigo em direção ao banheiro. Entro no banheiro e depois de me despir, abro o chuveiro. Deixo á água cair sobre meu corpo queria esquecer tudo aquilo que estava acontecendo. Queria que todo aquele pesadelo acabasse e que o nosso filme romântico continuasse e tivesse um final feliz. Escuto o telefone tocar, e o deixo não estava com disposição para atender ninguém naquele momento. Mas o telefone continua tocando com insistência. Me enrolo na toalha as pressas e saio do banheiro, correndo em direção ao telefone. Consigo atende – ló em seu último toque.

– Alô. – Digo.

– Te espero na minha casa amanhã pela manhã. Traga á Amora.

A ligação cai, eu melhor ela desliga. Mas só de pensar que ela queria a minha presença na casa dela já me deixava melhor. Me jogo no sofá ainda molhado e abro um sorriso leve, mas nada confiante. Eu não confiava nas palavra dela, nas palavras que ela havia dito no telefone. Ela estava com ódio de mim. Ela não me queria mais, e eu teria que entender tudo aquilo. Mas era muito difícil se esquecer de alguém que amava tão intensamente.