Acordei em um quarto desconhecido para mim. As paredes eram beges e os móveis eram todos negros. Havia uma lareira em um dos lados e do outro havia uma porta que provavelmente era o banheiro. Sentei-me na cama que era mais que macia e vi Sasuke sentado numa poltrona perto da cama.

— Como você se sente ? — Perguntou ele.

— Como alguém que perdeu as pessoas que mais amava na vida.

— Então você não se sente bem.

— Não.

— Eu fui a sua casa e peguei suas coisas agora você vai morar comigo.

— Onde estou ?

— No meu quarto. Você pode descansar mais um pouco. Eu tenho uns assuntos a tratar. Aqui você está segura.

Sasuke saiu e me deixou sozinha naquele imenso casarão. Eu não consegui mais dormir então fui explorar a casa.

Eu passei o dia explorando aquela enorme mansão. Sasuke tinha muito bom gosto. Tudo era muito bem decorado. Já era noite e eu estava faminta. Não comia nada desde o dia anterior e na cozinha do Sasuke não há nada comestível e tudo lá parece intocado como se nunca tivesse sido usado. E talvez seja isso mesmo. Sasuke não deve precisar de comida para sobreviver. Eu ouvi a porta da frente bater e fui até a sala e me joguei no sofá deitada.

Sasuke chegou por trás e colocou uma sacola na minha frente.

— Faminta ?

Fiz que sim com a cabeça e me sentei. Dentro havia uma simples refeição e como eu estava com muita fome aceitei de bom grado e logo terminei de comer. Joguei as embalagens no lixo e voltei ao sofá. Sasuke estava lá. Sentei ao seu lado, mas a uma certa distância. A noite estava fria e o meu fino casaco não era suficiente para me aquecer. Eu já estava tremendo.

— Com frio ?

Sasuke não esperou a resposta e foi logo acender a lareira que havia em frente aos sofás. Lá fora a neve caía com violência. Após acender a lareira, ele sentou-se ao meu lado. Eu ainda tremia.

— Se você ainda está com frio devia se ficar com o corpo mais perto do meu isso ajudará a aquecer.

— Mas eu pensei que vampiros fossem frios.

— Nesse quesito a minha metade demônio vence. Meu corpo é quente — Ele disse com um sorriso de canto travesso.

Eu estava com tanto frio e me sentindo tão solitária que encostei meu corpo no dele e deitei minha cabeça no seu ombro. No início ele pareceu ficar um pouco desconcertado, mas logo colocou o braço por cima dos meus ombros.

Logo senti o calor que emanava dele. Fiquei olhando o fogo e lembrando da minha família. Era para eu estar em casa com eles essa hora. Lágrimas ameaçaram cair, mas eu rapidamente as enxuguei.

— Você estava pensando na sua família ?

— Sim. A morte deles foi minha culpa.

— Não se culpe. Eu me senti assim durante anos após a morte do meu clã, eu sei como é sentimento.

— Você também perdeu a sua família ?

— Sim. Em um terrível massacre comandado pelo meu próprio irmão. Perdi todos que eu amava aquela noite e o único a escapar fui eu.

— Sinto muito.

— Não precisa. Isso foi há muitas décadas atrás.

Fiquei pensando no que Sasuke disse. Ele também passou pelo mesmo sentimento que eu tenho agora.

Eu tenho que aprender a conviver com essa dor. Agora eu tenho um só objetivo. Eu com certeza vou despertar a minha habilidade e ficar forte para comandar todo o submundo.

E foi com esses pensamentos que eu acabei dormindo em frente à lareira, naquele sofá encostada em Sasuke e sentido-me segura em seus braços.