Como dizer adeus em robô escrita por nmsm


Capítulo 22
Desfechos


Notas iniciais do capítulo

olaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaar
A música desse cap é Piece of my heart, Janis Joplin/Erma Franklin.
Estamos quase lá!!!! Espero que gostem.
Bjs,
boa leitura s2



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You're out on the streets looking good

(Você está fora, nas ruas, parecendo bem)

And baby deep down in your heart I guess you know that it ain't right

(E baby, bem dentro do seu coração, eu acho que você sabe que isso não é correto)

Never, never, never, never, never, never hear me when I cry at night

(Nunca, nunca, nunca, nunca, nunca me ouve quando eu choro à noite)

Babe, I cry all the time!

(Babe, eu choro o tempo todo!)

And each time I tell myself that I, well I can't stand the pain

(E a cada vez digo a mim mesma que eu, bem, não consigo suportar a dor)

But when you hold me in your arms, I'll sing it once again

(Mas quando você me segurar em seus braços, vou cantar mais uma vez)

 

— Melancólico demais até para você, minha filha – mamãe disse, sentando-se ao meu lado no piano. Dei risada.

 

— Eu gostei – dei de ombros.

 

— Oh, eu também – ela dissera – Que bom que você está tocando. Também não sei por que parou, sempre foi tão talentosa... Amber vai adorar!

 

Vejamos, como eu daria aquela informação a mamãe? Qual o melhor jeito?

 

— Algum pedido?

 

— Você sabe qual eu gosto – ela respondeu. Comecei tocar My Baby Just Cares For Me automaticamente. Sabia de cor. Mamãe sempre pedia para tocá-la, desde que aprendi tocar piano.

 

— Mãe, acho que vou para a casa dos Weasley – falei rápido. Fiquei com medo de não conseguir por para fora e ter que fugir porque não conseguia falar. E também não achava que ela aceitaria aquilo numa boa.

 

— Graças a Deus! – não era bem esse tipo de reação que eu esperava.

 

— Mãe!

 

— Quer dizer – ela pigarreou –, uma pena, filha... Ah, Hermione, vamos ser sinceras, demorou para cair a ficha pra você, né... Fico muito feliz e aliviada por você estar em casa, de verdade. Mas, minha filha, você está querendo enganar quem? Você ama tudo que vem de lá... E eu sei que teve toda essa coisa com o Dumbledore e o Malfoy, que você não aceita muito bem...

 

— Não é bem assim – eu interrompi.

 

— É sim! Cada um lida de um jeito com o luto... graças a Deus você saiu do estado de negação – ela dissera – Eu sou sua mãe, eu sei das coisas. Eu sei que não está sendo fácil... mas você tem que ser honesta de como isso dói, Hermione, para você seguir em frente. Você tem medo de quê, filha?

 

Comecei chorar nessa hora. Mamãe me abraçou.

 

— Não foi só isso, mãe... Draco... e-ele...

 

— Eu sei, meu amor.

 

— Eles me traíram, mãe. Eles sabiam...

 

— Mione, deve ter sido por uma boa causa... São seus amigos, você não vai entender agora, você vai entender só lá no final.

 

— V-você promete, mãe?

 

Ela riu: – Não posso prometer que não haverá surpresas. A vida é imprevisível e nós não podemos viver a vida com medo do que pode acontecer...

 

— Foi boa, mãe – respondi, me recuperando da pequena crise de choro.

 

— Eu sei – ela sorriu. – Não sei se você sabe, mas já tive sua idade – eu dei risada – Se bem que eu nunca tive um namoro difícil assim.

 

— Não estamos namorando – corrigi.

 

— É, bem que você queria.

 

— Mãe, você estava indo muito bem.

 

— Essa música que você vai tocar? – ela perguntou.

 

— Não muda de assunto... – semicerrei os olhos.

 

— Deixa eu ouvir ela – ela continuou falando, se fazendo de desentendida.

 

Mas eu não conseguia falar não para minha mãe.

 

I want you to come on, come on, come on, come on and take it

(Eu quero que você venha, venha, venha, venha e leve-o)

Take it!

(Leve-o!)

Take another little piece of my heart now, baby!

(Leve outro pedacinho do meu coração agora, baby!)

Oh, oh, break it!

(Oh, oh, quebre-o!)

Break another little bit of my heart now, darling, yeah, yeah, yeah

(Quebre outro pedacinho do meu coração agora, querido, sim, sim)

Oh, oh, have a!

(Oh, oh, possua um!)

Have another little piece of my heart now, baby

(Possua outro pedacinho do meu coração agora, baby)

You know you got it if it makes you feel good

(Você sabe que pode, se isso te faz sentir-se bem)

Oh, yes indeed

(Oh, sim, realmente).

 

Eu estava pronta, com meu vestido de dama de honra e tudo mais. Se fosse para partir de vez, seria em grande estilo. Enfiei tudo que achava que precisaria na minha mala. Zabini e eu combinamos de nos encontrar na estação de trem perto de casa assim que eu me despedisse da minha família.

 

Não falei para ele dos meus planos reais. Zabini estava achando que eu voltara do casamento de Amber, mas na verdade eu nem tinha ido. Papai e mamãe foram antes porque inventei uma desculpa esfarrapada e peguei um táxi até a Igreja, onde vi minha família inteira explodindo de felicidade (e a família de Michel, mas quem liga para o noivo?)

 

Não me despedi. Não tive coragem. Não sabia quando voltaria a vê-los.

 

E Amberly... não sabia se conseguiria.

 

Papai e mamãe agora acham que se chamam Wendell e Monica Wilkins, e que não tem filhos. Iriam para Austrália depois do casamento da sobrinha, Amberly Wilkins.

 

Nada de Granger.

 

Eu pretendia ir embora antes de Michel entrar, mas ao sair da Igreja, eu esbarrara com ele, nevoso, de braço dado com a mãe.

 

— Cuide bem dela – eu falei.

 

Michel deu um sorriso; ele sabia onde estava se enfiando.

 

— Eu vou – respondeu.

 

Me despedi com um aceno na cabeça. Michel não tinha ideia e estava tudo bem. Segui para o táxi sem olhar para trás, Amberly chegaria em questão de minutos e eu não queria estar lá quando acontecesse.

 

Só fui chorar no carro, bem longe da igreja, bem longe da minha família, com a taxista perguntando se eu queria que chamasse alguém.

 

Mas, mulher, me diz, eu chamo quem?

 

Aquilo foi, de longe, a coisa mais difícil que tive que fazer por mim e por minha família.

 

[...]

 

Zabini vinha de encontro.

 

Fiquei extremamente aliviada por ver um rosto amigo que não queria me dar uma surra como Gina, mas Pansy apareceu antes que a mulher estacionasse o carro.

 

Ela perguntou, de novo, se estava tudo bem, e eu quase cogitei a ideia de pedir para voltar pra igreja.

 

— Eu vou ficar bem – respondi, mas mais para mim do que para ela. E saí do carro.

 

Pansy e Zabini na verdade estavam um pouco surpresos ao me ver. Os dois esperavam parados enquanto eu me aproximava, ignorando o frio com meu lindo vestido de dama de honra, numa daquelas garoas inglesas que não acrescenta em nada na vida de ninguém; Londres chove por hábito.

 

— O que aconteceu? – Pansy indagou, tirando sua capa e colocando em mim. Usava por baixo uma saia cinza comprida, cheia de babados, e uma blusa roxa 3/4 de gola alta. Ela também vestia luvas e botas de cano alto pretas e segurava um guarda-chuva que cobria ela e Blaise.

 

— Apaguei a memória deles – admiti, quase chorando.

 

Pansy se aproximou com o guarda-chuva, fazendo caber nós três.

 

— Por quê? – ela perguntara de cenho franzido.

 

— Porque eles sabem demais – falei alto – Só por Merlin o que poderia acontecer com eles.

 

— Oh, Mione... – ela fez cara de choro. Zabini me olhou, empático, e passou o braço pelo meu ombro.

 

Blaise usava roupas pretas e pesadas. Por baixo do sobretudo, ele vestia uma blusa de gola alta, como Pamela. Não deixei de notar que o fecho da sua capa era de uma serpente atravessando um crânio, mas não disse nada. Ele também usava luvas de couro e um cachecol verde escuro.

 

Desse jeito, eles até aparentavam serem muito mais velhos que eu.

 

Só então em dera conta; a barriga enorme de Pamela tinha desaparecido e ela não falara nada.

 

Eu parei na frente dela, com as duas mãos na sua barriga retíssima, completamente chocada.

 

— O que é isso? Quanto tempo eu fiquei fora? – perguntei. Pansy e Zabini riram, e os dois passaram a mão pelo meu ombro, me puxando para dentro. – Vocês não vai me falar nada? Vocês não vão me apresentar meu sobrinho?

 

— Vamos, Mione... – Zabini insistira.

 

— Que absurdo! Que tipo de pais vocês são?

 

— Que tipo de amiga você é – Pansy começara – que não estava aqui quando eu dei à luz?

 

Abri a boca para prestar, mas de lá nada saiu. Pansy, infelizmente, estava certa, mas não parecia brava comigo ou com alguém. Eu também não tinha afinidade nenhuma com o filho dos dois, e suspeitava que, a não ser que um milagre tenha acontecido, os dois muito menos com o bebê.

 

— Uma coisa de cada vez, Mione – Zabini respondera.

 

Eu não sabia ao certo onde estava e de quem era aquela casa, mas sabia que estava perto de Harry. O plano era aquele e pareceria que não tinha erros: vamos até Harry, resgatamos Harry por bem ou por mal, levamos Harry em segurança até os Weasley, n’A Toca, e o resto é história.

 

Eu repassei o plano todo com Pansy assim que entramos, sem me dar conta do que se tratava aquela casa.

 

Por fora, ela parecia uma casa normal inglesa, mas por dentro era uma verdadeira fortaleza. E com Comensais da Morte até o teto.

 

— Queremos que você veja uma coisa antes da Ordem vir te buscar – Pansy explicou, me guiando até uma sala.

 

Quando entramos, todos me encararam com um olhar mortal. Eu fiquei parada na soleira da porta sem saber o que fazer, pensando por que diabos não estava armada ainda. Por um instante, achei que me matariam ali mesmo se pudessem, e senti muito muito medo.

 

Os Comensais estavam todos alinhados lado a lado. Havia tanto mulheres quanto homens, e todos eles vestiam roupas pretas como as de Blaise. Eu reconheci alguns rostos, porque estiveram na minha casa dias atrás.

 

— Mas é mesmo um ninho de serpentes, não acha?

 

Quando me virei para ver quem estava falando, dei de cara com Alec Foster, primeiro e único. Ele me deu um abraço forte e eu precisei ficar na ponta dos pés.

 

— Desculpa por aquela noite do ataque – ele dissera no meu ouvido – Você é muito importante para todos nós.

 

— Está tudo bem – falei, sincera. Venho repetindo isso muito ultimamente.

 

Alec me soltara: – É muito bom ter você de volta, Mione.

 

— Alec, podemos? – Pansy cutucara ele. Alec revirou os olhos, me deu um beijo e foi se sentar numa poltrona.

 

— Zabini primeiro – ele disse, cruzando as pernas.

 

— Mas eu...

 

— Apresento-lhe a Gironda – Zabini começou – Ou assim dizendo, a Resistência. Não tivemos tempo para nomes, sabe por que, Hermione? Porque a História vai nos dar um nome.

 

— E também porque ninguém queria ser uma apêndice da Ordem – Alec falou do canto da sala, sarcástico.

 

— É como a Armada Dumbledore – eu falara, passando atrás de Blaise. Os Comensais faziam saudação, mas eu não sabia dizer se para Pansy e Zabini, ou para mim. Só aqueles que eu conhecia sorriam de forma discreta.

 

— Não é como a Armada Dumbledore – Pansy ralhou, atrás de mim. – Antes, os Comensais ficavam às escuras, agora eles andam em bando e ostentam sua Marca Negra, como se fosse motivo de orgulho fazer parte dessa matança – ela revirou os olhos – Uma vez, um Comensal inventou de tatuar a Marca, logo após ter recebido a sua. Ele se juntou com mais dois outros Comensais e fizeram a Marca do pescoço até o peito, sem motivo nenhum. Ele foi morto e o outro também. A terceira se juntou a Resistência.

 

— Por causa dela, decidimos usar golas altas – Zabini explicou – Muitos de nós têm a Marca Negra, porque éramos Comensais até um tempo atrás.

 

— Quer dizer, ainda somos – Alec lembrou – Ainda recebemos ordens e chamados... Mas também a Resistência tem sua própria marca... Temos uma serpente rachando um crânio.

 

— Porque saímos da Sonserina – Pansy explicou.

 

— Exatamente como eles – Zabini adicionou.

 

— Uma Revolução é feita à partir da quebra de símbolos – Pansy concluiu, com um largo sorriso – e nós estamos nos fodendo para a Marca Negra.

 

— Somos uns gênios – Alec dissera levantando a mão.

 

— E vocês não tiveram tempo para um nome, mas pra orquestrar tudo isso?! – eu respondi fazendo um “toca aqui” com ele.

 

— Detalhes – Zabini deu de ombros.

 

— Estamos fazendo isso desde Hogwarts, mas nem todos são daqui – Pansy falara – Rachel e Alejandro, por exemplo, são americanos.

 

Rachel era morena e um pouco mais baixa que eu. Ela tinha uma cicatriz no canto do olho e, quando percebeu que eu estava olhando, deu risada.

 

— É um prazer, Hermione Grangéer— ela esticou a mão, mas sem baixar a guarda.

 

Alejandro, ao lado dela, tinha cabelos cumpridos e cacheados, que caíam no seu rosto. Lábios grossos e um nariz torto; menino bonito demais.

 

Es un placer, Hermaione— ele dissera, com o sotaque arrastado. Eu acenei com a cabeça.

 

— Nikolai e Mikhail vieram de Durmstrang – Zabini adicionou mostrando dois outros bruxos, que fizeram referência, mas não falaram nada. Os dois eram altos, tinham barba e pareciam sérios demais. Blaise voltou falar: – Voldemort é uma figura diferente em cada lugar. Ele está crescendo, Hermione, está ficando mais forte.

 

— E o número de refugiados em Londres só vem aumentando – Pansy falara – Os estragos dele estão mais piores lá do que os daqui.

 

— Então, esse ano todo, vocês...

 

— Nós montamos isso – Pansy respondeu – e com Dumbledore.

 

Okay, por essa eu não esperava. Que tapa gostoso na minha cara; esse tempo todo e eu falando que não voltaria para o Mundo Mágico enquanto outros bruxos pediam refúgio, esse tempo todo e eu linchando Dumbledore enquanto ele fazia de tudo para nos ajudar.

 

— A princípio, não era para ter Dumbledore ou a Ordem, mas depois percebemos que precisávamos deles – Alec explicou, sem se levantar – E eles ajudaram.

 

— Quer dizer, não somos a mesma coisa – Pansy falou –, mas estamos lutando juntos. E acho que é isso que importa, não é?

 

— De quem foi a ideia? – eu perguntei, mas me arrependi assim que a resposta veio.

 

— Advinha...

 

— Não é possível... – murmurei.

 

— Draco teve a ideia e nós fizemos tudo... com Dumbledore, claro – Pansy respondeu – Por que eu sempre esqueço de Dumbledore?

 

— Então Draco vem muito aqui?

 

— Draco não é nem louco de pôr os pés aqui – Zabini falara.

 

— Draco está fazendo outras coisas na Mansão – Pansy acrescentou, e disse para mim: – É que eles não gostam de falar sobre isso.

 

Foi quando os três começaram discutir entre si que eu parei para prestar atenção. Conhecia muitos rostos ali, mas só um me chamou atenção.

 

— Hermione Granger – ele cumprimentou.

 

— Eu te conheço?

 

— Acredito que não, Srta. Granger.

 

— Qual seu nome?

 

— Amin Yaxley, senhora.

 

Eu só pensava em Ruth e Adolf, e no quanto aquele homem parado na minha frente parecia o menino de cinco anos das fotos da casa. Seria possível ou eu estava louca?

 

Draco que tinha tido a ideia, e, até onde eu sabia, Henry estava com Comensais. Draco procuraria Henry para fazer parte da Resistência? Ou Draco sabia da existência de Henry antes mesmo de conhecermos Ruth e Adolf?

 

Pansy aparecera na mesma hora.

 

— No que você está pensando? – ela perguntou e eu a olhei, desesperada. Pansy já tinha sacado – Amin... – ela se virou pra ele, como se dissesse “não sei o que eu faço”. Ele deu de ombros.

 

— Filho de Adolf Yaxley e Ruth Whittaker – respondeu. Eu juro, quase caí para trás.

 

[...]

 

— Não é possível! – eu falara – Como? Quando? Pamela!!!

 

Pansy nos arrastou para a cozinha, o que significava que a conversa séria longa. Alec veio atrás.

 

— Em minha defesa – ela suspirou –, eu que escalei Amin, mas a pedido de Draco.

 

Eu parei e perguntei, séria: – Ruth sabe que você está vivo?

 

— Senhora, eu sei que passou um tempo com a minha mãe e deve ser criado alguma afinidade com ela, mas, preciso ser honesto com você... Isso foi há muito tempo.

 

— NÃO – eu bati o pé – Ela ainda te espera, sabia? O seu quarto tá lá intacto.

 

— Eu sei – ele discutiu. Quer dizer, Henry devia ter quantos anos? Vinte, vinte e um? – Eu estive lá. Eles não mudaram de endereço, eles não mudaram de trabalho. Eles continuaram o mesmos, mas eu não posso chegar lá, depois de anos, falando “oi, eu sou seu filho”! É muito mais complicado do que você imagina, senhora – ele passou a mão pelos cabelos – Além do mais, Ruth não me queria no Mundo Mágico. Eu ia ser criado com trouxas.

 

— É sua família – eu amoleci.

 

— Minha família é os Yaxley – ele respondeu, ríspido.

 

— Aqueles racistas? Seguidores de Voldemort? – explodi.

 

— Hermione, não fale o nome dele assim... – Pansy gemera ao meu lado.

 

— É verdade, Pan – insisti e me voltei para Amin, Henry, o que quer que seja – Eles podem ter te criado como um deles, mas você continua sendo um mestiço.

 

— Você não os conhece – ele rebateu. Em parte, era verdade. Eu não sabia bem o que estava falando.

 

— Eu conheci sua mãe e eu conheci seu pai, e todos os dias eles lamentam a perda que tiveram naquela noite.

 

— Hermione... – dessa vez foi Alec.

 

— Você acha que Adolf não sabia que tinha sido sua própria família que sequestrou o filho naquele noite? – Amin começou falar – Ele bateu na porta dos Yaxley! Ele foi atrás dos meus avôs. Eles disseram que não estavam comigo, mas Adolf sabia. Ele só não queria admitir que ser criado no Mundo Mágico, longe deles, era mil vezes melhor para mim do que ser criado em Bristol.

 

— Meu Merlin, você é um projeto inacabado de Comensal.

  

E a conversa se encerrou aí. 

 

[...]

 

— Isso não estava nos meus planos.

 

— Nem nos meus.

 

— Eu dei o meu melhor, Hermione – Pansy dissera, subindo a escada. Eu, logo atrás dela, depois de me recuperar da crise de choro –, e alguns deles ainda são assim. “Eu faço parte da causa, mas nunca nunca nunca me envolveria com um trouxa” – ela revirou os olhos – Hipócritas.

 

— Não é culpa sua – eu respondi – Além do mais, um passo para trás para dar dois passos para frente.

 

Ela parou e ficou me olhando, surpresa com aquilo. As coisas com Pansy não deviam estar fáceis para ela amolecer com aquilo.

 

— Obrigada, Mione – e voltou subir as escadas, com aquele ar de quem manda e desmanda que só ela tem.

 

— Onde estamos indo? – perguntei quando demos de cara com uma outra sala cheia de portas. Não tinha ideia de como havia espaço para todo aquele baluarte.

 

Zabini nos esperava sentado. Ele se levantou calmamente quando nos viu, e Pansy se apressara em ocupar a poltrona livre.

 

— Você já soube? – ela perguntou, parecendo cansada. Coisas para fazer, coisas difíceis para fazer.

 

— Vamos dar um jeito – ele respondeu, acalmando-a.

 

Isso me fez lembrar de quando ficávamos no Teatro até tarde, nós três. As coisas eram mais fáceis e eu fazia meu drama sem ter a mínima ideia do que estava por vir.

 

Draco procurava a menina da música, que por sinal era eu, e Pansy achava que gostava dele, mas na verdade todo esse tempo foi Zabini. E ainda é Zabini.

 

Zabini e Pansy. Pansy e Zabini.

 

Para ser sincera, invejava o quanto os dois conseguiram ir adiante mesmo com tudo que estava acontecendo. E eles tiveram inúmeros problemas e continuam ali, um com o outro.

 

Se Pansy pular, Blaise pula atrás.

 

Draco e eu não sobrevivemos, porque Draco decidiu que pularia sozinho.

 

Mas eu ainda fazia canções para Draco, ainda pensava em Draco, ainda perguntava por Draco, mesmo falando que foi o fim, acabou.

 

Achei que voltando para o Mundo Mágico, ele me procuraria na mesma hora. Achei errado. E também ninguém dissera nada para mim; o que eu sabia de Draco com Pansy e Zabini ali na minha frente ainda era a mesma coisa que sabia há uns meses atrás, em Hogwarts.

 

Demos adeus e acabou ali.

 

Talvez devesse admitir para mim mesma que era verdade; Draco não era mais o mesmo. Eu muito menos.

 

Tudo bem, estou acabando. Eu precisava desse momento de reflexão – já que não tive o bastante ao longo da história.

 

— Queremos que você conheça alguém, Mione – Zabini dissera, me despertando dos meus devaneios.

 

TÁ BEM, eu tive uma ideia de quem era e estava radiante. Zabini abriu uma das portas, eu enfiei a cabeça lá e... vi Kim.

 

Ela se levantou assim que me viu e correu para me abraçar, dando gritinhos, e nós falamos coisas do tipo “você está maravilhosa!”, “eu morri de saudades de você”, “sim, eu soube”, “não foi o mesmo sem você” e “eu vou te contar só...”.

 

— Mulheres, se controlam – Pansy pediu, tirando uma criança do berço.

 

— É ele? – eu perguntei para Kim, baixinho.

 

— Quem mais seria? – ela rebate, baixinho. Eu revirei os olhos.

 

— Posso? – eu perguntei, me aproximando. Atrás de mim, Blaise deu risada.

 

— É todo seu – ele disse.

 

— Se quiser levar com você... – Pansy brincou, me dando o bebê.

 

— Mione, esse é o Kaden. Kaden, essa é a Mione – Zabini falou baixinho.

 

— Como vocês estão? – eu comecei balançando o bebê.

 

— Não estamos – Pansy deu de ombros. – Somos péssimos pais.

 

— É sério, o que vocês vão fazer?

 

— Você costuma perguntar muito isso, não é, Mione? – Pansy falou, sentando-se em um sofá. Em algum momento, Kim saiu do quarto.

 

— Não sabemos com quem deixá-lo, Mione – Blaise admitiu.

 

— Ninguém? – eu perguntei, mas sem pensar direito. Zabini balançou a cabeça – Seus pais, Pan? – ela riu. Tinha me esquecido desse lado sombrio dos Parkinson – Sua mãe, Zabini?

 

— Minha mãe teve sete maridos e os sete morreram misteriosamente – ele respondeu – Ah, e ela ficou com o dinheiro dos sete, de muito bom grado.

 

— Pelo menos sabemos que não vai faltar conforto – Pansy dissera, sarcástica.

 

— Parece coerente – ele falara.

 

— Nós pensamos em entregá-lo para algum orfanato, mas... acha que eu tenho coragem? – ela disse. – Quase não demos um nome para ele!

 

— E por que não dariam?

 

Ela franziu o cenho: – Não quero dar uma de mãe e aí abandoná-lo.

 

— Você amamenta? – eu balançava o bebê de um lado para o outro, enquanto não chorasse, estava tudo bem

 

— Alguém tem quer fazer, não é? – ela deu de ombros.

 

— É, isso é com certeza não dar uma de mãe – eu respondi, irônica.

 

— Eu não posso deixar a criança sem comida – ela protestou. Bom ponto – E quanto menos eu me apegar, mais fácil vai ser... Inclusive, Blaise amamentaria se pudesse.

 

— Eu amamentaria se pudesse – ele concordou.

 

E eu não duvidava, mas parecia que Pansy era a única coerente dentre os dois.

 

— Kim também se juntou ao clube? – eu mudei de assunto.

 

— Ela chegou faz pouco tempo – Pansy respondeu – Já tem uma ideia de como as coisas funcionam.

 

— Nós tentamos contatar Lavender Brown desde Hogwarts, mas ela se recusou – Zabini falou, do nada. Pansy o olhara feio.

 

— E por onde anda Lilá Brown? – eu perguntei, fingindo que não estava comovida.

 

— Londres, esse tempo todo.

 

Um nó se formou na minha garganta. Todo esse tempo, e Lilá estava em Londres? Por que essas coisas só aconteciam comigo?

 

Quase pedi para Zabini me levar até ela, mas pensei melhor. Lilá nunca quis ser achada mesmo, caso contrário, teria me procurado também.

 

Tentei mudar de assunto de novo, e lembrei de uma coisa que estava para perguntar tinha meses:

 

— Vocês lembram quando os nós do futuro vieram na véspera de Natal? – os dois assentiram. Eu me sentei no sofá, com Kaden no colo – Hermione disse que Pansy não poderia ir embora, que ela tinha que ficar em Hogwarts a todo custo... Vocês sabem por quê?

 

Os dois se entreolharam, como se já esperassem esse tipo de indagação e agora ela veio. Pansy suspirou e cruzou as pernas antes de responder:

 

— Nós pretendíamos fugir – ela contou – Largar tudo e todos. Íamos para onde mesmo...? Bahia, Punta Cana – Pansy falava e Zabini concordava – Estávamos cansados de Hogwarts, cansados de Dumbledore. Era só fazer as malas e pronto! Quem ia nos procurar em Punta Cana? – ela e Zabini trocaram outro olhar e dessa vez parecia que eu e Kaden estávamos sobrando. Pansy continuou: – Quase fomos, mas mudamos de ideia.

 

Pansy contando aquilo era um soco no estômago, eu não conseguia imaginar Pamela e Blaise sem o Mundo Mágico e o Mundo Mágico sem Pamela e Blaise.

 

— Por quê?

 

— Porque eu engravidei – ela deu de ombros.

 

— Não fomos descuidados, Hermione – Zabini dissera – Falamos de ter filhos... longe daqui.

 

— Mas não é desse jeito que funciona – ela falara – Não dá para largar tudo assim, fácil. Você entende?

 

— Vocês precisaram fazer um filho para perceber que estavam doidos?

 

— Situações extremas exigem medidas extremas – Zabini respondeu e nós três rimos.

 

As coisas pareciam que estavam se encaixando, pouco a pouco. Mas porque o Universo é esse picareta mesmo e também porque o que acontece agora não é segredo para ninguém, a realidade bateu na nossa cara com vontade.

 

Agora, estamos chegando na reta final.

 

Um Comensal bate na porta e diz que já está na minha hora. Nós três nos olhamos e nos abraçamos. Achei que tinha me acostumado com essas despedidas e também porque estava com raiva de tudo e de todos, mas não... ainda doía, e doía demais.

 

Pansy me leva até Little Whinging, na Rua dos Alfeneiros N°4, seguindo o plano, a tempo de topar com os Weasley chegando na casa dos Dursley.

 

Daqui para frente, todos sabem o resto da história.

 


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