Como dizer adeus em robô escrita por nmsm


Capítulo 20
Cinco passos de


Notas iniciais do capítulo

ENTÃO, postei esse cap esses dias, mas relendo ele, descobri que tinha mais coisas para falar. Por isso cá estou eu de novo. Peço desculpas para quem leu da primeira vez, mas prometo que dessa vez veio melhor E primeira e última vez que faço isso. O desfecho ainda é o mesmo, só adicionei um diálogo ali. É isto.

Boa leitura, meus amores.
Não me matem.
Cometem,
bjs.



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Como dizer adeus em robô.

1997

De Hermione para Hermione.

 

1. Vai doer.

Estou adiantando. Alguém tinha que falar.

De qualquer forma, é isso. Você vai ficar bem, eu prometo.

 

— Isso tudo é ridículo – Pansy resmungara. – Varrer a maldita sujeira para debaixo do tapete. Ridículo!

 

— Sim, Pamela, política do pão e circo e tudo mais… Agora pare de se mexer! Eu vou te machucar.

 

— Eu não me importo. McGonagall não se importa. Dumbledore não se importa. Ninguém se importa. Parece que agora está tudo bem. Hogwarts sempre vai ajudar aqueles que precisam… como se eles não tivessem nos criado para o campo de batalha desde pequenos!

 

— Pansy, eu que vou te estrangular se você não calar sua maldita boca. Estou quase acabando…

 

— Francamente, Hermione, como concorda com isso?

 

— Fui excomungada – simplesmente respondi, como se não fosse nada. Pamela me olhou irritada, e eu suspirei... tinha que pegar leve com ela. – Estou esperando notícias de Harry. Não posso fazer nada até lá... É frustrante.

 

Ela então ficara quieta, finalmente.

 

Os últimos dias também não foram nada fáceis para Pansy – se bem que não tinha sido fácil para ninguém desde o ataque. Ela tinha decidido continuar muito grávida, por algum motivo. Mas também não dissera nada a Zabini, o que, pra mim, era por demais estranho, visto que eles sempre foram muito amigos apesar dos pesares e ele tinha uma participação ativa no processo todo.

 

— Estou cansada daqui, mas não quero ir embora – ela dissera de repente. Tirei a atenção do vestido por um instante para olha-la e parecia que Pansy ia desmoronar ali mesmo. E em mim.

 

As coisas entre nós duas aconteceram muito rápido, mas fluíra bem. Era como se estivéssemos fazendo esse tipo de coisa o resto da vida e de repente eu não me lembrava mais de episódios da minha vida em que Pansy não estava ou poderia não estar mais.

 

Mas ela me fazia sentir falta de como as coisas eram com Lilá e, surpresa, com Gina, que se afastara aos poucos por conta de Harry + uma série de motivos compreensíveis. Parecia uma traição com as duas e até mesmo com Parvati, que estava ali o tempo todo.

 

Fora que Pansy me inseriu de um jeito muito louco na sua dupla vida e na dos outros sonserinos. Eles eram tão de Hogwarts e do Mundo Mágico quanto eu, não porque nasceram em famílias de puro sangue, mas por que precisavam desse refúgio e ainda eram os alvos principais da guerra.

 

Peões.

 

Era de se esperar que toda tensão pairasse sob Hogwarts nos dias que antecederam o ataque. Hogwarts, verdade, estava um inferno, mas ninguém conseguia pensar em outro lugar naquele momento. As coisas lá fora estavam piores e não tendiam a melhorar.

 

2. Fique com as amigas.

Você precisa delas e elas de você. Se ajudem.

 

— O que você vai fazer quanto a... – apontei para sua barriga. OKAY, talvez não fosse a melhor hora...

 

— Boa pergunta – ela respondeu, fazendo bico – Se eu parar para pensar, consigo ouvir perfeitamente os berros do meu pai.

 

— Ah, Pan...

 

— Que isso!, eu vou ficar bem – ela dá uma risada, e quando eu não respondo, ela diz: – Okay, sabemos que eu não vou, mas... quero ficar nesse mundo em que eu imagino que tá tudo bem e eu e Zabini estamos bem.

 

— Não vai falar para ele, não?

 

— Como falar para ele se ainda nem caiu a ficha pra mim, Granger?

 

— Você não devia passar por isso sozinha.

 

Ela deu de ombros:

 

— É o que nós fazemos – e então disse, o que, eu juro, até hoje me causa embrulhos no estômago. Onde, afinal de contas, eu fui me meter? – Vá se acostumando. E, além do mais, não estou sozinha... Tenho você.

 

Sutcliffe de repente entrara no camarim com Draco e Alec. Meu estômago se revirou, mas eu tentei ignorar, voltando toda minha atenção para o vestido que Pansy usaria na peça.

 

— Olá, como estamos?

 

— Isso é ridículo – ela disse de novo, cruzando os braços.

 

— O quê? Você tá linda, caralho – Alec respondeu, mexendo no vestido. Eu lhe dera um tapa.

 

— Não estou falando disso – ela protestara.

 

Draco que respondeu: – Não é hora, Pamela.

 

— Você também? Você sabe que eles vão querer nossas cabeças, não sabe? – ela resmungou – Dumbledore fala como se tivéssemos escolhas e você compra o discurso… Nossos pais vão presos e nós vamos para onde, hein? E sabe o que ele faz? Ele some! Ele faz a gente achar que não é nada, com aulas normais, peças de teatro… pelo amor de Merlin! Sutcliffe, você também não acha isso errado?

 

Sutcliffe apenas ergueu as mãos em rendição: – Eu apenas sigo ordens.

 

Pansy revirou os olhos.

 

— Eu exijo falar com Dumbledore.

 

O professor riu: – Se você encontrá-lo, avise que eu também preciso trocar uma palavrinha.

 

Zabini aparecera na porta com sua prancheta (ele estava amando aquilo): – Sutcliffe, precisamos de você na iluminação.

 

Ele se virou para mim e Pansy: – Com sua licença.

 

Pansy revirou os olhos (de novo!).

 

— Hermione, você terminou?

 

Kim tinha conseguido aquele vestido uns dias antes de ir embora; ele era preto, meio medieval e cheio de aplicações e costuras góticas. Pansy ficou incrivelmente linda, não era de se esperar, mas, por conta da barriga (que, com a nossa inocência, achamos que poderia aparecer e crescer a qualquer momento), precisou de ajustes. E quem faria? Claro eu. 

 

— Já – respondi cortando a linha.

 

— Tudo bem, obrigada.

 

Pansy nem me deu tempo de ver como ficara meu incrível trabalho, e saiu da sala aos gritos por Sutcliffe. Eu bufei derrotada; estava cansada e com preguiça de ir atrás de Pansy. Alec começou rir, mas logo se calou quando Malfoy lhe lançou um olhar irritado.

 

3. Calma.

Você sabe o que está fazendo.

 

Alec saiu do camarim no mesmo instante, e eu, sem vontade alguma de trocar farpas com Draco e fingir que estamos resolvendo alguma coisa, fui logo atrás. Mas, na porta, Draco me segurou pelo braço, me fazendo ficar.

 

Eu o olhei séria, que merda era aquela? Draco não falava comigo tinha meses. 

 

— Precisamos conversar – ele dissera.

 

— Por que será que eu tenho a impressão de que já passamos por isso tantas vezes que só foi o que aconteceu nos últimos anos? – eu falei, irônica.

 

— Não sobre nós – ah... – Sobre Pansy.

 

— Ah, claro... Pode, por favor? – eu falava do meu braço, e então ele soltara, meio envergonhado. – Diga.

 

— Ela está grávida e você não disse nada?

 

Eu arqueei a sobrancelha. Muita informação de uma vez só. Como ele sabia?

 

— Como você sabe disso?

 

— Ela contou.

 

— Contou para você e não contou para ele ainda? Desgraçada.

 

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

 

— É o Zabini, ele merece saber.

 

— Ah, vai por mim, se tem uma coisa que é melhor agora é Zabini não saber.

 

— Por quê? – e eu arregalei os olhos: – Não é dele? – e aí: – É seu???

 

— Claro que não! Pansy e eu... Não dá para imaginar Pansy e eu.

 

Eu abri a boca para lembrá-lo que ele e Pansy já tinham acontecido muitas vezes antes, mas ele me calara.

 

— Hermione, não é para isso que eu vim, francamente.

 

Que pessoa desagradável.

 

— Porra, acha que eu não disse nada para ela? Além disso, ela tem muitas coisas para se preocupar agora, e seria muito bom se você colaborasse.

 

— Ela não pode ter esse filho.

 

— QUEM DISSE que isso é problema seu?

 

— É claro que é! É Blaise e Pansy, cacete. Eles dois ainda são duas crianças – ele discutiu – E eu não sei se percebeu, mas essa NÃO é uma boa hora para brincar de ser mamãe e papai.

 

— É, nós dois sabemos disso mais que ninguém.

 

— Puta que pariu, Hermione – ele passou as mãos pelos cabelos loiros, nervoso.

 

— Dá um tempo para ela, Draco – falei, tentando ficar e deixá-lo mais calmo. – Ela vai dar um jeito. Tá tudo muito louco ultimamente... É muita coisa para pensar e não é muito fácil tomar esse tipo de decisão... Pare de pressionar ela.

 

— Hermione, você não entende. Não é a primeira vez que isso acontece.

 

Okay, essa parte da história foi realmente insana. Foi quando eu me dei conta e precisei de um instante para digerir a informação. E como se não bastasse, eu me toquei também de que sabia daquilo tinha um tempo, só não tinha percebido, porque Hermione bem que disse daquela vez e eu que não dei moral:

 

Você vai descobrir que não sabe tanto quanto gostaria. Pansy é uma caixinha de surpresas, amor. E ela está, sei lá... muito grávida de novo.

 

— Espera, eu não me preparei para isso – eu respondi, me sentando no sofá do camarim.

 

— Eu estou falando sério – ele disse, sem paciência, pondo as mãos nos bolsos da calça.

 

— E eu também! Por que eu não sabia disso?

 

— Por que você devia saber? – Draco retrucara. Quase fiquei ofendida.

 

— Foi por isso que vocês terminaram? – perguntei, como se fosse óbvio. Na verdade, perguntei sem pensar. Quando percebi o que tinha feito, Draco já estava falando.

 

— Não – ele respondeu. Eu arqueei a sobrancelha, duvidando. Ele massageou as têmporas – Quer dizer, sim... Talvez...

 

— Draco...

 

— Não foi por isso, tá bom? – Malfoy disse, sentando-se no sofá – Mas Pansy e eu não daríamos certo de qualquer jeito.

 

— E você acha que é a mesma coisa com Zabini?

 

— Qual é, por que Pansy iria querer ficar grávida logo agora? – ele arqueou a sobrancelha.

 

— Eu devia saber? – fiz bico. Na verdade, não tinha parado para pensar nisso.

 

— Onde você tá com a cabeça, Hermione? – ele revirou os olhos, e eu só tentava ter uma conversa saudável. – Ela tá assim por causa dele.

 

— Caralho, tem muita coisa acontecendo aqui.

 

— Estou é perdendo meu tempo aqui. Você não vai ajudar em nada.

 

— Você é meio idiota, né? – falei. Ele abriu a boca para retrucar, mas eu fui mais rápida – Se fosse comigo, ia tá fazendo esse escândalo também?

 

— É diferente.

 

— Não, não é – cruzei os braços.

 

— E você deixaria isso acontecer?

 

— Puta merda, que que eu tava pensando quando namorei você? – eu teria conseguido ter aquela conversa saudável se a conversa não fosse com Draco Malfoy, pessoa que veio ao mundo somente para despertar o meu pior.

 

— Sério, agora? – ele me olhara sarcástico.

 

— Eu juro que se eu pudesse, voltaria no tempo – falei, semicerrando os olhos.

 

— Eu juro que se eu pudesse, eu... – ele se levantara.

 

— Vai se foder, Draco – xinguei – Tem noção do eu está pedindo para Pansy fazer?

 

— Você que perdeu a noção. Olha o que você tá apoiando – mas, muito mais calmo, ele dissera: – E se quer saber, eu ficaria com você... mas só me diz, você consegue imaginar como faríamos isso?

 

Eu dei de ombros, me recuando perder o argumento pra Draco, admitir que ele estava certo, mas que eu só entrara na discussão para discordar dele:

 

— Daríamos um jeito – eu simplesmente falei. – Hermione disse que eles vão resolver. Se não quer me escutar, escute ela...

 

Que, teoricamente, era eu dali uns anos.

 

— Eu me recuso.

 

— Ah, vá pro inferno então – respondi e Draco me olhara irritado.

 

Ele me chacoalhara pelos ombros: – Fale com ela.

 

— Eu não posso, Draco. Não cabe a mim, entende? – respondi tirando suas mãos de mim, com calma.

 

— Você não vai fazer nada, então?

 

— Eu não posso! Eu só posso estar lá para ela, homem, entende isso – respondi. Draco parecia decepcionado, ou irritado. Era difícil dizer.

 

— Okay, você está certa – Até me assustei com o que acabara de ouvir.

 

— Estou? – nem sabia mais qual era a sensação... é boa, é sim.

 

— Você está certa – ele voltara dizer – mas eu vou fazer exatamente o contrário.

 

— Vai prender ela num quarto e só tirar ela de lá quando estiver convencida? – perguntei, irônica.

 

— Por que você tem essa imagem minha?

 

— Porque foi a imagem que você quis que ficasse. Além do mais, esperava o quê, amor?

 

— Nossa, Hermione, isso foi profundo demais... – ele dissera se virando para ir embora.

 

— Idiota... – murmurei, e então lembrei: – Espera, sua roupa – falei me levantando.

 

Ele parara na soleira da porta, sem entender. Eu suspirei.

 

— Para a apresentação de hoje...

 

A roupa de Draco era preta e bonita. Eu que tinha arrumado uns dias antes. Fiz até ajustes e estava orgulhosa de mim por arruma-lá a tempo da estreia.

 

— Ah – Draco passou a mão no cabelo, de novo. – Eu não vou apresentar hoje à noite... Tenho que fazer uma coisa. Já falei com Sutcliffe... Mark vai me substituir... O que é uma pena, porque eu daria um bom Ripper... Ninguém te avisou?

 

— Oh... Não – eu juro, eu não queria ter parecido tão decepcionada. Meu ombro caiu e foi muito involuntário, tanto é que Draco percebeu e me olhou daquele jeito que olhava antes, quando percebia que tinha feito ou falado coisa que não devia. Olhar de desculpas, vou me redimir.

 

— Desc...

 

— Tá tudo bem – respondi colocando a roupa de volta na arara.

 

— Nos vemos à noite? – ele perguntou, ainda da porta.

 

— Por quê? – franzi o cenho.

 

— Por que não?

 

— Porque terminamos...? – respondi, mas sem ter certeza. Quer dizer, quantas vezes pareceu que tudo ia ficar bem e não ficou? Quantas vezes falamos de terminar-voltar, e continuamos na mesma?

 

— Eu quero me despedir.

 

— Despedir? Você por acaso vai embora? – perguntei, rindo de nervoso.

 

— Francamente, Hermione – ele resmungou, impaciente.

 

Então percebi o que estava acontecendo, e o olhei irritada:

 

— Por que não disse antes? – reclamei, levantando os braços.

 

— Quer dizer, achei que boa parte das nossas brigas se resumiam a isso...

 

— Ridículo – revirei os olhos. Ele ficou lá parado, esperando uma resposta. E eu quase dissera não, porque não tinha imaginado que seria logo.

 

Eu suspirara.

 

— Nos vemos à noite.

 

— Nos vemos à noite – e ele se virou para ir embora.

 

[...]

 

4. Deixe ir.

Tudo tem seu tempo.

Até para voltar.

 

— Tentador pular – falei. Draco, debruçado no parapeito, se virara para mim com um sorriso debochado. Anfitrião da noite – Então, vamos logo terminar isso.

 

Ele frangiu o cenho: – Por que a pressa? Tem compromisso? 

 

— Não abusa, Malfoy – respondi.

 

— Já percebeu? Somos tão parecidos. Você e eu. Eu e você. Nós – ele começara falar.

 

— Exceto pelo senso de honra, decência e moralidade, é claro – rebati, com a estranha sensação de já ter tido essa conversa. Na minha cabeça.

 

— Você virá para meu lado. Eu sei disso – ele soltou, sem grandes cerimonias, e a naturalidade daquilo quase me assustou.

 

— Parece ter certeza.

 

— Uma palavra, amor: curiosidade – Draco respondera. Eu arqueei a sobrancelha. Okay, não esperava por essa. Ele sorriu e continuou – Deseja a liberdade, deseja fazer o que quer porque quer. Agir sob um impulso egoísta. Você quer ver como é. Um dia, não conseguirá resistir

 

Eu fiquei quieta, só absorvendo a informação. Por dentro, conseguia me ouvir gritando NÃO, NÃO, VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTE ERRADO. Mas agora, aqui, até consigo dizer que era a mais pura verdade. Ver como é.

 

 Draco me olhara, esperando. E então eu soltei:

 

— Por que sua magia não funciona?

 

— A minha magia funciona – ele respondera, quase ofendido. 

 

— Oh, é mesmo? – falei e ele me olhara sarcástico. 

 

— Por que minha magia não funciona, Hermione? – extremamente ofendido.

 

— Porque você e eu somos parecidos – respondi, com um sorriso sarcástico. — E chegará o dia em que terá a chance de mostrar... Fazer a coisa certa.

 

— Adoro esses momentos. Adoro acenar para eles quando passam.

 

— Você vai ter a chance de fazer a coisa certa E, ao fazer, descobrirá uma coisa.

 

— E o quê, meu amor? 

 

Eu sorri: – Que é uma boa pessoa.

 

— As evidências são contrárias.

 

— Não, eu tenho fé em você. Quer saber por quê?

 

— Porque você é estúpida – ele revirou os olhos. Ignorei. Incrivelmente, nada ofensivo que vinha de Malfoy me abalava mais. Era de se esperar. Pansy bem que avisou e estava certa: Draco vai mudar e não vai ser para melhor.

 

— Curiosidade – falei. Draco revirara os olhos. – Você vai querer a chance de ser admirado, e a recompensa que vem depois... Draco, você quer tanto isso. Você quer ver como é. Um dia, não conseguirá resistir.

 

​Então, ele não disse mais nada, e eu quase achei que terminaríamos ali, daquele jeito, mas ele respirou fundo, quase convencido. E, acredite, se tem uma coisa que nós dois sabemos é que, Draco até pode ser bom com argumentos, persuasivo do jeito que é, mas eu sou mais, muito mais.

 

Estava quase indo embora, quando ele dissera, se aproximando.

 

—  Sua mala já está pronta?

 

— Sim.

 

— Você... vai voltar para casa?

 

— Provavelmente não.

 

— E seus pais?

 

— Não quero envolvê-los.

 

— Dê notícias, alguma coisa assim – nós nos sentamos no chão, encostados na parede.

 

— E o que eu digo? – eu perguntara, irônica. – "Pai, mãe... estou deixando vocês por um bem maior"? "Não me esperem acordados".

 

Draco me olhara sarcástico.

 

— Estou tentando fazer isso do jeito mais normal possível.

 

— Hmmm, eu acho que está fazendo errado... – respondi, tentando não encará-lo. Não tinha estrelas naquela noite, o céu, ironicamente, era de chuva. O universo daria uma dessa comigo.

 

— Qual é, Hermione... – ele dissera. Eu só balancei a cabeça, quase, quase chorando na frente dele. Então Draco me tomou pelos braços. Sem muito esforço, ele me colocou em seu colo e eu o olhei, sarcástica, mas também muito aliviada por ele também tentar fazer alguma coisa entre nós parecer normal. Mas como funcionavam essas despedidas? Nem Lilá me prepara para isso.

 

Inclusive foi ela que teve a audácia de NÃO se despedir, pois de certa forma parecia muito mais fácil.

 

— Hermione Granger, parece que você tem sentimentos...– ele dissera, brincando.

 

— Eu sei, inacreditável, não? – respondi, irônica. Não ia, não ia chorar. Dei risada. Fraca, nervosa. Eu ia conseguir, não parecia muito difícil... – Você primeiro? – tentando nos recompor. O pior estava por vir.

 

Draco me fitou. Estava rindo até aquela hora, mas parecia realmente triste.

 

Então, acontece.

 

Despedidas são assim mesmo.

 

Mas quando ele fala, eu não aguento. As lágrimas vêm. Dificilmente a gente consegue fazer alguma coisa para evitá-las, quando coisas assim acontecem.

 

— Você foi, sem dúvidas, a melhor coisa que me aconteceu. Talvez eu seja um idiota por afastar você ao invés de ter contado a verdade desde o começo. Talvez seja por isso que eu não pude admitir que te amava, porque, por algum motivo, eu não podia aceitar que talvez, só talvez, você podia me amar também.

 

— Draco...

 

— Quem poderia imaginar que chegaríamos aqui, ahn?

 

Ele me ajeitara no seu colo, me abraçando por trás. Droga, eu achei mesmo que conseguiria. Nem uma despedida saudável conseguíamos ter. Draco passava a mão no meu cabelo enquanto lembrava das vezes que ele falava que eu o amava, e eu insistia que ele estava louco, tinha sido acertado por balaços. E aí eu tinha parado de chorar, por Merlin, e nós dois, mais calmos, conseguimos ter a conversa digna que queríamos.

 

— Onde nós estamos? – perguntei logo de cara.

 

— Na Torre de Astronomia.

 

— Onde – repeti – nós estamos?

 

— Eu não sei.

 

— O que vamos fazer?

 

— Eu acho que nós não podemos fazer nada – Draco respondeu – Você vai estar com o Potter e o Weasley e vai ter que dar tudo que tem.

 

— E você? Vai fazer o quê?

 

— Eu? – ele dera um sorriso de lado – Eu vou para casa. Não se preocupe comigo.

 

Eu balancei a cabeça. O que diabos eu faria, Draco Malfoy?

 

— Nós vamos ter que esperar para ver – ele dissera, numa falha tentativa de acalmar nós dois – Não quero perder você, Hermione.

 

Eu balancei a cabeça: – Não vai.

 

Ficamos quietos. Parecia que Draco não tinha mais nada para falar. Então aquele era nosso adeus de verdade, e estava doendo em língua de robô.

 

— Eu sempre vou te amar – falei sem olhá-lo.

 

E ele respondeu, o que me causara certo alívio: – Eu sempre vou te amar também.

 

Eu diria que amar Draco Malfoy foi o mesmo que atirar no peito dele e pedir desculpas sorrindo, para depois dizer "já já o sangue estanca". Não tínhamos ideia do que causamos um ao outro, e ainda queríamos mais. Queríamos caminhar na corda bamba, de olhos vendados.

 

Eu me viro para vê-lo deixar a Torre de Astronomia, meu coração está aos pedaços. Achei que ia começar com a choradeira, mas Draco dá meia volta. Ele vem andando na minha direção e eu sou tomada pelos braços daquele loiro num beijo que nós dois guardamos para aquele momento. Um beijo demorado, um beijo cheio de promessas. Eu poderia congelar aquele momento, triste e melancólico. E de novo eu tenho vontade de gritar e socar ele, por estar me deixando. Mas de que importava? Apesar de tudo que passamos, ainda me lembraria de Draco daquele jeito...

 

Nos afastamos aos poucos, até que eu tomara deixara a Torre de Astronomia. E Draco.

 

5. Não olhe para trás.

De forma alguma.

 

—-

 

[Ripper] Está fugindo

 

[Arabella] Eu não estou fugindo. Eu estou indo encontrar meu amor no meio do caminho… antes que o destino nos obrigue a nos encontrar em outra vida.

 

[Ripper] Está delirando.

 

[Arabella] Não, eu estou amando.

 

[Ripper] Mesma coisa!

 

[Arabella] Vem comigo.

 

[Ripper] De forma alguma.

 

[Arabella] Você não quer saber? Você não quer mesmo saber o que tem além dos muros?

 

[Ripper] O seu lugar é aqui. No submundo.

 

[Arabella] O meu lugar… é onde eu quero estar. Pode apostar que não é aqui.

 

[Ripper] Está dando as costas para seu povo! Para quem te ama! E pelo quê? Por uma aventura! Por uma paixão. E com um deles, Arabella!

 

[Arabella] Eu me apaixonei por mim mesma, Ripper. E eu quero alguém para compartilhar isso comigo.

 

—-

 

Foi muito rápido.

 

As cortinas se fecharam e Pansy, quase chorando de emoção, veio me abraçar na coxia. Atrás dela, Mark. Depois Zabini e Alec. Estávamos todos abraçados quando os gritos começaram e as cortinas caíram.

 

Lá estava ela. Linda e louca, com Amico e Greyback de prontidão, do mesmo jeito que eu a via nos meus piores pesadelos. Bellatrix Lestrange em Hogwarts.

 

Fiquei ali parada, sem conseguir reagir. Pansy precisou me puxar para fora do teatro ou um feitiço nos acertaria.

 

— Ela nos viu? – Pansy perguntara para Zabini.

 

— É claro que viu! Estamos ferrados.

 

— Precisamos ir – Alec chamou.

 

Os quatro pararam. Gritos, gritos, pessoas correndo para lá e para cá. Pansy então nos empurrara para a primeira salinha que vira.

 

— Pamela, colabore – Mark falara.

 

— Eu não vou sem o Draco.

 

— Draco deve tá com eles. Acorda pra vida! – ele respondeu.

 

— Ele disse que iria com a gente. Foi o combinado – ela cruza os braços. Os três meninos se olham e é nessa hora que eles percebem que estou ali, ainda em estado beta. Na real, com tudo que vem acontecendo desde o começo do ano, não fico surpresa por não vê-los surpresos.

 

— Você tem lugar para ir? – Alec perguntou.

 

— Quê? – quê?

 

— Vocês não tem um plano? Você não pode ficar aqui em Hogwarts – ele disse, irritado.

 

— Alec, pega leve – Zabini se intromete.

 

— Pega leve?! Tem ideia do que pode acontecer com a gente agora que nos viram com um deles?

 

— Tenho, porra, mas não fale assim com ela. Hermione é uma de nós — ele puxara Alec, que passou a mão na cabeça e não disse mais nada. Na hora, deixei passar o uma de nós, mas eles percebem o que acabaram de soltar pra mim.

 

Antes que alguém dissesse alguma coisa, a porta se escancarara. Todos pegamos nossas varinhas, mas quem entrou na sala foram Rony e Luna, com o Mapa do Maroto na mão (que Ronald fez questão de guardar no mesmo instante).

 

— Que porra é essa? Achei que estivéssemos do mesmo lado – ele entrou gritando. – Por que trouxeram ela pra cá, hein? SABIA que não deveríamos ter confiad...

 

— Rony, calma... – comecei falar, mas ele me puxou. Pansy lhe lançara um olhar mortal.

 

— Cheirou pó de flú, Weasley? Eu não faria mal à Hermione – e se aproximara dele para falar: – mas também não pensaria duas vezes em te atacar, então... toma cuidado.

 

Rony abriu a boca para responder, mas eu me coloquei entre os dois.

 

— Chega, chega, precisamos ir... – eu falara empurrando Ronald.

 

— Não acabou, Parkinson...

 

— Pode vir, Weasley! – ele respondera.

 

Passei pela porta no chão sem coragem de deixá-los para trás. Na soleira, eu parei e olhei Pamela, me perguntando quando nos veríamos de novo. Se nós veríamos de novo. Nenhum deles disse nada, mas também não precisava. Eu não conseguiria me despedir deles, de qualquer jeito. Lilá realmente não me preparara para despedidas.

 

Alec acenou com a cabeça e eu fui atrás de Luna e Rony.


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