Como dizer adeus em robô escrita por nmsm


Capítulo 2
Sinais de problema: alguma coisa com Love Love Love




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Draco Malfoy e o resto da Sonserina faziam parte do comitê.

Eu precisei parar na soleira da porta para registrar aquela informação e cogitar as possibilidades de sair correndo antes que notem minha presença enquanto o professor, de lá do palco, conversava com os alunos.

Arrisquei recuar um passo e ir para a Grifinória e pedir para Harry me ensinar Quadribol para eu poder fazer os testes, mas o barulho da porta se rangendo fez o professor parar de falar e olhar pra mim, assim como todos naquele anfiteatro.

— McGonagall deve pensar que isso aqui é a Wes End – ele disse, então gritou pra mim: – Alô, desconhecida, bem-vinda a ilha de brinquedos quebrados.

Tudo bem, nessa parte eu me surpreendi.

O professor era meio hippie e estava descalço, com uma calça larga e com vários cachecóis no pescoço. Numa mão ele tinha aquelas luzinhas de Natal e na outra, uma caneca escrita "Ringo" em preto.

O anfiteatro ficou em silêncio esperando eu dizer alguma coisa.

— Ah – belo começo – Sou Hermione, Hermione Granger. A Profª McGonagall me mandou aqui porque…

— Porque você precisa de alguma atividade extracurricular. Ela diz isso pra todos. Lembro da minha época de Hogwarts quando comecei fazer teatro porque precisava de extracurricular, mas acabei reprovando – então ele se virou pra mim gesticulando e disse lentamente, como se eu tivesse algum tipo de deficiência mental: – Rin-go. Da-vid. Sut-clif-fe. Bo-wie. Me. cha-me co-mo qui-ser.

— Bowie? Como o David Bowie? – perguntei.

— Exatamente como ele. O que está fazendo aí ainda? Junte-se ao elenco!

Novamente eu pensei em recuar. Ouvi uma risada debochada de algumas das fileiras e não me surpreendi nem um pouco quando vi que o autor da gracinha era Draco Malfoy. O resto dos sonserinos me olharam irônicos e os outros alunos, assim como o professor, esperavam minha reação de sobrancelhas arqueadas.

— Então… – Alec Foster, sentando numa poltrona afastado dos sonserinos, murmurou. Respirei fundo e sentei atrás dele.

— Ok, isso foi estranho – o professor (ainda não sei como chamá-lo) murmurou. Ele se sentou no canto do palco, com os pés batendo no palanque, os braços cruzados e nos encarando – E o que temos para esse ano?

O anfiteatro ficou em silêncio. Todos se entreolharam e olharam para ele.

— O quê? Vocês não pensaram em nada? – ele balançou a cabeça. Uma garota da Corvinal levantou a mão. Sutcliffe (agora eu sei como chamá-lo) acenou para ela falar.

— Que tal um musical? – ela disse.

Alguns riram, outros protestaram, já uns concordaram e começaram dar idéias. Fiquei quieta. Sutcliffe tentava falar, mas não conseguia, porque todos já estavam dando sua opinião.

— Eu gostei da ideia – Sutcliffe disse alto calando todos.

— Um musical? Sério? – um garoto da Lufa-Lufa perguntou fazendo careta.

— E de fodões do Wes End, passamos para musical da Broadway – Foster disse causando outra série de resmungos, opiniões, mais resmungos e mais opiniões.

— E alguém tem uma alguma outra ideia de história que podemos usar? – Sutcliffe voltou a falar alto. Como se fosse automático, todos olharam para onde eu estava sentada. Malfoy deu risada quando eu me afundei na poltronas. O professor nos entreolhou curioso – Ok, podem dizer o que está acontecendo.

— O quê? – nós dois perguntamos juntos. Afundei mais na cadeira quando Foster olhou para trás.

— Desembucha, Malfoy – Sutcliffe cruzou os braços, na vã tentativa de parecer sério. – O que há de errado com a Srta. Granger?

— O que há de errado? – ele riu debochado – Ficaria mais fácil dizer o que há de correto nela.

 

— Pelas calças de Merlin! – Sutcliffe exclamou – Quando me disseram que grifinórios e sonseinos não se davam bem, eu duvidei. Só por causa desse deslize, vocês dois vão ficar responsáveis pela conclusão do roteiro. Boa sorte.

— Espera aí – eu finalmente resolvi falar. Todo mundo se calou ali para me ouvir – Estou responsável pelo roteiro só porque o Malfoy é um idiota e não sabe se comportar socialmente? 

— É-é – o professor balançou a cabeça – Olhando por esse lado.

— Eu tenho uma pergunta – Foster ergueu a mão. Sutcliffe acenou para ele falar – O que te faz achar que os dois vão conseguir fazer isso sem causar alguma lesão ou morte precoce de algum ente-querido?

— Nada, mas isso vai ser divertido – Sutcliffe admitiu – Veremos no final da peça. Agora todos para o palco! Dois meses longe dos bastidores e aposto que já esqueceram até como se respira direito.

E foi basicamente isso.

Depois Sutcliffe deixou claro que Kim, a garota que falou sobre o musical, faria as histórias – "porque quem inventa, aguenta", palavras dele –, Robert, o lufano que reclamou do musical, ajudaria e Malfoy e eu ficamos de escolher qual história seria feita.

A única vantagem que vi é… não, não vi nenhuma vantagem.

Depois disso eu me enfiei no conforto da biblioteca, onde amaldiçoei Malfoy mentalmente umas três vezes enquanto lia sobre feitiços de ataque.

Na verdade, depois disso eu me tornei ainda mais isolada do mundo e da vida, enfiada na biblioteca. Acho que dessa vez minha vontade era de me amaldiçoar por não saber nem montar numa vassoura.

— Por que quando eu te chamava para as aulas de teatro você não ia? – Lilá, indignada, se sentou na minha frente. Tirei a atenção do livro que estava lendo para olhá-la de sobrancelha arqueada. Ela bufou e cruzou os braços – Não me olhe assim. Saí do comitê esse ano para poder prestar Estudos Trouxas e Herbologia II.

— Oh, sinto muito – falei sarcástica – Eu prestaria Herbologia II numa boa.

— As aulas de teatro não são tão ruins assim – ela disse – O que você vai fazer? Atuar? Figurino? Luzes? Direção? Cenário?

— Roteiro.

— Isso é ruim – ela admitiu.

— E com Draco Malfoy.

— Ah, isso já não é tão ruim assim – ela sorriu maliciosa.

— Argh – balancei a cabeça. Não era ruim, era horrível. Era como um pesadelo e ele era Freddy Krueger. Não posso ter arranjado definição melhor.

— Qual o problema? – Lilá riu olhando para a entrada da biblioteca – Ele é um gato.

Que porcaria de gato, Lilá Brown. Se for comparar Draco Malfoy com algum animal, eu indico serpente, porque é isso que aquele loiro asqueroso é.

Eu bem que queria dizer isso a Lilá que ainda prestava atenção na porta, mas aí é descobri porque minha amiga estava quase babando. Me inclinei na mesa da biblioteca para poder ver o que raios chamava a atenção dela e vi Malfoy entrando na biblioteca com seus fiéis escudeiros logo atrás.

Revirei os olhos e Lilá sorriu mais animada quando vimos o Malfoy se aproximar da nossa mesa. Foster se sentou numa cadeira livre e Mark Carter (sonserino desgraçado que anda com o Malfoy) se sentou na outra. Malfoy ficou em pé. Forcei um sorriso.

— Malfoy.

— Granger.

— Por que perturba minha paz?

— Porque, infelizmente, agora você faz parte do comitê. Olá, Brown – não sei por que, mas quando ele disse isso tive vontade de pular daquela cadeira e enforca-lo até ouvir ele pedir clemência. Não que a clemência fosse poupá-lo.

— Oi, Malfoy – Lilá respondeu tentando parecer séria. Aquilo seria uma coisa que ela não deixaria de contar para Parvati Patil quando a visse. Tenho quase certeza que os olhos se Lilá brilharam.

Fiquei encarando Malfoy de sobrancelha arqueada até ele se dar conta do que queria ali. Jogou uns papeis na mesa e foi falando o título de cada história.

— Você leu algum? – perguntei pegando uma história. Ele mostrou mais uns papeis que estavam na sua mão.

— Vê aí qual que presta e depois chegamos num consenso – ele disse, ignorando minha pergunta.

Olhei para cada pessoa eu estava na mesa, esperando algum sinal de que se levantariam e fariam qualquer coisa que não seja do meu interesse, porque, por um instante, eu achei que teria paz. Mas porque, por motivos que eu desconheço, Merlin ultimamente tem atuado contra mim. E porque, por motivos que vai além da cabeça loira do Malfoy, eu tive vontade de jogar um livro em Lilá Brown que olhava o nada com aquele sorriso traidor dela. Babando no Malfoy? Que raios de amiga é essa? Mata essa praga. Cadê a minha varinha? Que saudades da minha varinha.

E, sim, apesar de Lilá ser minha amiga e ter aquele Monte Kilimanjaro ou qualquer ponto alto conhecido pela humanidade descontrolado pelo Malfoy, cogitei várias vezes a ideia de dar aquele livro na cabeça dela e mandar a garota parar de babar. Céus, a garota não respirava.

Ou talvez eu devesse treinar o crucio no Malfoy logo de uma vez e deixar o caminho livre na biblioteca, talvez porque eu só queria terminar aquele livro ou talvez porque eu odiasse ele de natureza. E que mania era essa de me encarar? Tem alguma coisa escrita na minha testa? Há alguém invisível atrás de mim? Olhei para trás uma três vezes e não vi ninguém. Por que diabos Foster e Carter não se incomodavam com aquela quantidade de livros e conhecimento e chamaram Malfoy para ir embora antes que eu causasse o homicídio? Povo lerdo.

— Malfoy – chamei. Ele respondeu um "hm" ainda me encarando. O que "hm" significava? "Haverá morte"? "Hoje morrerei?" "Hipócrita medíocre"? "Horrível Malfoy"? O que raios significa "hm"???

Eu respirara fundo antes de falar.

— Se importa? – SE IMPORTA DE IR PERTURBAR OUTRA PESSOA?

Ele se acomodou mais na cadeira e eu quase chorei.

— Não – e sorriu daquele jeito sacana que me irrita pegando um dos papéis. Idiota.

Na minha frente, Lilá estava sorrindo meio que hipnotizada. De algum lugar da biblioteca Foster e Carter paqueravam alguma garota e Malfoy lia, muito atencioso, os roteiros de Kim.

Depois de ler umas três histórias, chamei Lilá para ir embora e esta ficou me perturbando pelo resto do dia.

— Você está fazendo drama – ela me disse – Draco é lindo.

Queria dizer que ela era a última pessoa a questionar qualquer tipo de drama, mas me limitei a revirar os olhos enquanto arrancava o uniforme e trocava pelo conforto do meu pijama.

— Lindo? Ele é um verme – falei.

— Está falando isso só por que não gosta dele – AVÁ?! JURA QUE É ISSO MESMO?

— Lilá, você já reparou o tamanho da testa dele?

— Ele tem um ar tão angelical… – ela disse olhando pro nada, ignorando qualquer coisa que eu dissera. – Isso – ela ficou de pé na cama, apontando o dedo pra mim como se eu fosse uma criminosa, mas eu não tinha prestado atenção no que ela me acusara para poder me defender – Então admite que acha ele bonito!

— Quem é bonito? – ISSO! PARVATI SUA LINDA, VEM CÁ, DÁ UM ABRAÇO.

— Sabe o que eu acho? – Lilá continuou dizendo, ignorando Parvati e os feitiços não-verbais que eu estava tentando fazer. Ela se sentou na cama e cruzou as pernas, como uma menina de 5 anos ela piscou várias vezes enquanto dizia – Que você gosta dele e todo esse ódio aí é amor reprimido. Essa coisa de que você não se apaixona pelos caras que saí é só uma forma de esconder seus sentimentos. Que mesmo você tendo vários encontros, você gosta mesmo é do Malfoy. Você nem lembra o nome do cara dessas férias, mas acho que, por ser um robô que não tem sentimentos e nem liga para os sentimentos das pessoas, você faz esse tipo de coisa mesmo.

EU NÃO SOU UM ROBÔ, CARAMBA.

Eu até que tenho sentimentos… ou um peixe tem mais sentimentos que eu.

— Malfoy? Eu gostar do Malfoy? – me sentei na cama – Lilá, isso é um absurdo. E só para constar, eu lembro o nome do meu último encontro.

— Ah é? – ela riu – Então diz o nome dele.

— Al… Fred – gaguejei, merda.

Lilá revirou os olhos.

— Você acabou de inventar.

— Não, Alfred era o porteiro – admiti derrotada. – Mas isso não quer dizer que eu gosto do Malfoy. Parvati, ajuda aqui.

— Isso não quer dizer que ela gosta do Malfoy – Parvati que já estava de pijama, sentada na sua cama, apreciando o espetáculo, concordou. Lilá balançou a cabeça.

— Obrigada – agradeci, mas só de ver a cara de sacana de Lilá percebi que ela não entregaria isso tão rápido. Suspirei – Ok! Eu vou provar pra você que posso me apaixonar. Assim você esquece essa coisa de robô.

— Cuidado para não se apaixonar pelo Malfoy – ela provocou.

— E NÃO VAI SER PELO MALFOY! – adicionei saindo do quarto.

Ok, respira… respira… só respira.

Não me preocupar muito com os cara que saio durante as férias era um dom meu. Descobri, no segundo encontro, que eu só veria aquela pessoa uma vez na vida e não tinha por quês para me importar com certas coisas: sabor preferido de sorvete, telefone, endereço, nome…

E quando as férias terminam e eu não tenho mais motivos para me preocupar com o garoto porque ele está na França e eu na Inglaterra, costumo esquecer o que aconteceu no verão. Harry até que não acha isso certo, primeiro porque, na opinião dele, eu merecia coisa melhor, e segundo porque, na opinião dele também, eu deveria parar com isso.

Mas Harry – nem mesmo eu – consegue entender que só ele e Rony conseguiram me aturar por um determinado período. Mas estamos falando de namoro, beijo, mãos dadas, músicas românticas… Não tenho nada contra, só que tem coisas que simplesmente não foram feitas pra mim, como abacaxi, pepsi, cozinha, música clássica e amor.

Não sou o tipo de garota que tem relacionamentos sérios porque eu consigo ser aturável até umas semanas, mas a verdade é que eu tenho aquela lista de ex-namorados-por-x-dias. E ela é muito longa.

Saí do quarto meio irritada com Lilá e dei de cara com Rony e Harry sentados no chão da sala comunal, jogando seu xadrez bruxo. Me sentei na poltrona perto da lareira, fingindo observar o jogo, mas na verdade eu estava pensando em vários nomes novos para xingar Lilá. Ela que precisa de um namorado! Não eu.

— E aí? – Rony, com os olhos no jogo, murmurou.

— E aí o quê? – perguntei.

Rony e Harry, como meus amigos de longa data, se entreolharam, olharam pra mim, piscaram umas vezes e, finalmente, disseram:

— E aí como vai a vida?

Contei para eles sobre o teatro e que briguei com Lilá. Eles não se entreolharam dessa vez, o que indicava que não haveria nenhum tipo de lição de moral, só que Rony disse algo sobre eu ter paciência com Lilá, mas quando eu disse que ela estava babando no Malfoy, ele murmurou um "Deixa pra lá" e perdeu o rei para Harry.

Xeque Mate.

Rony pediu revanche e aquilo foi a minha desculpa para poder sair da sala comunal. Fui para o anfiteatro com os roteiros, já que queria tentar tocar as músicas de Kim no piano de lá.

Aquele piano do anfiteatro estava me deixando doida desde o dia que vi Sutcliffe tocando "Like a Hippogriff" na aula.

A primeira música ainda não tinha nome, apenas a primeira parte. Eu toquei ela no piano umas três vezes, achando que poderia fazer a segunda parte e o refrão, mas nada saia.

Tudo culpa de quem? Lilá.

Eu não sou um robô— cantei e frangi o cenho – Talvez eu seja mesmo um robô— Suspirei e toquei uma nota diferente – Talvez eu seja má por não sentir… algo?— frangi o cenho novamente, toquei outra nota – Ou talvez eu seja uma trapaceira— continuei – por roubar seu coração— sorri e toquei outra nota – E talvez eu seja uma trapaceira para não me importar com isso. Ou talvez uma má pessoa — adicionei sem tocar nota alguma.

Apoiei a cabeça no piano e, depois de listar os garotos interessantes de Hogwarts, concluí que seria difícil fazer Lilá calar a boca. Principalmente porque agora ela acha que eu gosto do Malfoy.

Mas que coisa! Ela que baba por ele e eu que gosto dele? Onde está o Expresso de Hogwats numa hora dessas para eu jogar Lilá nos trilhos? Loiros. Sempre complicando minha vida.

Tudo bem, eu não sou um robô e Lilá deveria ser internada no St. Mungus, mas, por mais irônico que parecia, eu não conseguia tirar aquela melodia da cabeça.

Nas aulas, enquanto o professor explicava a matéria, eu cantarolava a música e teve vezes que escrevi o que cantei.

O dia foi torturante!

Eu estava contando os minutos para poder ir para a sala da teatro e continuar a música. E somente quando eu cheguei lá, me posicionei no piano, respirei fundo, eu sosseguei.

Oh maybe I'm a crook

(Oh talvez eu seja uma trapaceira)

For stealing your heart away

(por roubar seu coração)

And maybe I'm a crook

(e talvez eu seja uma trapaceira)

For not caring for it

(por não me importar com isso)

Yes, maybe I'm a bad, bad, bad, bad person

(Sim, talvez eu sou má, má, má, má pessoa)

But baby I know

(mas, baby, eu sei)

 

Cause you love, love, love

(Porque você ama, ama, ama)

When you know I can't love

(Quando você sabe que eu não posso amar)

You love, love, love

(você ama, ama, ama)

When you know I can't love

(quando você sabe que eu não posso amar)

You love, love, love

(você ama, ama, ama)

When you know I can't love you

(quando você sabe que eu não posso amar)

 

Ok, diante de todo o drama que fiz o dia todo, não era grande coisa e, acredite, só esses versos, me deram muitos problemas.

O primeiro sinal de problema foi quando escutei um baque de alguma coisa caindo e um palavrão. Peguei minhas coisas rapidamente e praticamente corri para a Grifinóira, imaginado que, ou era Filch e sua gata, ou era só a sua gata. Não sei quais dos dois me deixariam mais ferrada.

O segundo final de problema foi naquela maldita quarta-feira de manhã. Dois dias depois do incidente no anfiteatro. Hogwarts, por motivos que ia além da minha compreensão, estava um caos.

— Como você consegue dizer que ele não está armando alguma? – Ronald se inclinou para sussurrar. Olhei para a mesa da Sonserina e vi Malfoy conversando com Foster, Carter e Parkinson. Ronald e Harry se viraram para olhá-lo

— Qual o problema, Ronald? – perguntei arqueando as sobrancelhas. Quer dizer, não tinha nada de estranho ali. Parkinson como sempre estava grudada no pescoço do Malfoy, Carter contava alguma coisa engraça e Foster ria junto com os três.

Harry se virou pra mim.

— Ahhh… Felicidade estampada no rosto dele significa infelicidade estampada em outro rosto?

— E Donna Singer – Ronald disse.

— Quem? – Harry e eu perguntamos.

— Donna Singer – Rony apontou, disfarçadamente, para uma garota que se sentou na mesa da Sonserina junto com o quarteto. Donna era da Corvinal e normalmente tímida.

— E Alexandra Femmer – vi outra garota se aproximar da mesa da Sonserina e abrir espaço entre Donna e Foster para se sentar. Alexandra era da Lufa-lufa.

— E Charlotte McKinn – falei quando outra garota da Corvinal chegou e se sentou entre Parkinson e Carter. Duvido muito que assim a Parkinson desagradaria do pescoço do Malfoy. Vimos mais umas garotas se amontoarem na mesa da Sonserina, querendo falar com o Malfoy, mas fazendo a felicidade de Foster e Carter (e motivos de resmungos da Parkinson). Até mesmo Lilá foi para a mesa da Sonserina! A Lilá!

— O que é isso? Malfoy está distribuindo dinheiro? – Ronald resmungou quando as garotas formaram fila para falar com Malfoy na mesa da Sonserina.

— Deve ser – Harry falou mordeu o último pedaço da sua torrada.

O sinal da primeira aula tocou e eu arrastei Harry e Rony até a aula de Feitiços.

Nos intervalos das aulas, ainda tinha garotas indo falar com o Malfoy, que correspondia elas com aquele sorriso canalha dele. Como ele esse garoto é filhodaputa!

Eu ainda não sabia por que elas estavam assim com ele.

Quer dizer, elas sempre estão babando e suspirando quando ele passa, mas fazer fila pra ter a atenção da vez? O que está rolando? Colocaram alguma poção de amor ilegal no ar?

E aí veio o terceiro sinal de problema.

Ele veio como um tapa na cara.

Sabia que não deveria ter acordado tarde naquele dia e que era muito estranho Lilá Brown não acordar reclamando às 7 da manhã.

E naquele dia, eu reparara, não era só Lilá e Malfoy que tinham acordado bem de vida, era quase toda população femininas Hogwarts! Não estou brincando. Eu me senti no quarto ano quando foi anunciado que Vitor Krum escolheria seu par.

Mas estamos falando de Draco Malfoy, não de Vitor Krum.

Ronald estava certo: Malfoy estava armando alguma. Mas, diferente do que ele e Harry achavam (e toda Ordem da Fênix), Malfoy não estava planejando algo para Voldemort ou algo gênero. Era pior, pode apostar.

A hora do almoço foi a cena do crime.

— Olá, população de Hogwarts – os alto-falantes soaram fazendo todos prestarem atenção. Nem sabia que Hogwarts tinha isso – Meu amigo aqui, o Draco, está atrás do amor da vida dele – um "cala boca, Foster" foi ouvido de trás – Nossa! Que garoto ingrato! Eu invado a sala da diretoria para…

Um baque.

Foster xingando.

Carter mandando ele ficar quieto.

Alguma coisa caiu e deu eco.

Alguém pega o microfone.

Malfoy.

"Tá, tá, cala a boca, Alec", ele disse, "Aaah, como ele disse… estou procurando uma pessoa, mas ela não é exatamente o amor da minha vida… só é importante", escutei um suspiro, "Ok, vamos lá. Noite passada eu ouvi ela cantar no anfriteatro. Era algo com Love Love Love. Essa música me chamou muito a atenção e eu quero achar a autora. Por favor, se você conhece a letra ou sabe a continuação ou sabe quem foi, me procure. Ou eu, ou Alec ou o Mark… só nos procure. É importante. Estou esperando."

Respirar.

Respira.

Respir

Respi

Resp

Res

Re

R

Ro

Ron

Rony

Só percebi que tinha parado de respirar quando Ronald me chacoalhou pelos ombros, e acho que se ele não tivesse feito isso, eu teria caído dura no meio do corredor.

Quando Harry me perguntou se estava tudo bem com aquele ar paternal-preocupado dele, eu mal respondi, pois estava muito ocupada gritando comigo mesma que OUTRA PESSOA DEVE TER FEITO UMA MÚSICA EXATAMENTE IGUAL A MINHA. E que Malfoy procurava essa fulana, não eu.

— Hermione! – Rony me deu um tapa e eu acordei do meu transe para poder passar a mão no lugar que ardia.

— Ronald! – reclamei.

— Desculpe – ele me soltou.

Harry se abaixou para pegar minha bolsa e me segurou pelo pulso, enquanto Ronald ficava do outro lado.

— Que isso? Um complô?

— Você precisa ir pra enfermaria – Harry disse – Olha sua cara. Nick-quase-sem-cabeça ficaria com inveja dessa palidez.

Merda, mil vezes merda.

— Enfermaria? Não, não. Preciso ver Lilá – falei rapidamente.

— Lilá? Mas o quê...

Nunca saberei o que Harry dissera. Assim que encontrei Lilá no meio de um grupinho de garotas, fui até lá, ignorando Rony e Harry.

— Mione! – ela exclamou toda animada. As outras garotas sorriram pra mim e logo notei que eram um bando de quartanistas da Corvinal. Lilá era a má influência delas.

— Lilá, preciso falar com você – sibilei. Ela continuou conversando com uma garota e pouco me deu atenção. Resmunguei e apertei seu braço – Lilá Brown, é sério! É um caso de vida ou morte.

Meu futuro suicídio está em jogo e minha suposta amiga está falando sobre o cabelo loiro acobreado de uma lufana com um bando de corvinais. Lindo, vida, da próxima vez pode mandar raça pior.

— É sobre o quê? – ela perguntou sem me olhar.

— Draco Malfoy – sussurrei.

Só que, por uma ironia do destino – e bota ironia nisso –, a pronunciação do nome da serpente fez todos, eu digo todos!, todos naquele corredor pararem para nos olhar.

Aquilo pareceu minha desculpa para revirar os olhos, xingar o universo e puxar Lilá para qualquer lugar longe daqueles olhares mortais.

— Eu ouvi bem? – ela perguntou.

— O que está acontecendo com o mundo?! Desde quando Draco Malfoy procura autoras misteriosas de musicas misteriosas e meia população de Hogwarts faz fila para poder falar com ele?!

— Isso aí é ciúme, Hermione Granger? – ela me alfinetara. Revirei os olhos mais uma vez e Lilá suspirou – Onde esteve nos últimos dias? Hogwarts só fala disso! – ela disse como se eu fosse obrigada saber as tendências do que estava in e out. Senti uma vontade de gritar com ela, mas pensei comigo que Lilá não tinha culpa e que da ultima vez que briguei com ela, o resultado não foi dos melhores. – Mas é o que você ouviu mesmo, baby. Nesses dias surgiram boatos de que o Draco estava procurando uma garota que ouviu no anfiteatro. Ele simpatizou com a música ou sei lá... só sei que isso é maravilhoso. É tão romântico! Que coisa, Hermione!, você não presta atenção nas notícias, não? Ei, Mione, você está bem? 

Bem? O que é bem? Defina bem! Eu não sei o que é isso desde... Hoje de manhã! COMO SE RESPIRA?

— Lilá – respiração ofegante, ok, é o melhor que posso fazer. Mas Lilá Brown não estava prensando atenção no que eu estava falando (e isso não é novidade) porque ela estava ocupada demais dando atenção para o loiro desgraçado do Malfoy. Por que, de todas as pessoas em Hogwarts, ele tinha que ouvir minha música? E por que ele tem uma cagada de pombo no lugar do cérebro para procurar uma garota que fez uma música anti-amor? – Isso não é romântico, Malfoy é um maniaco – eu resmunguei.

— Oi, Draco – a traidora disse. "AMIGAS ANTES QUE OS GAROTOS", ela dizia.

— Oi, Liláá – assim mesmo, com um á a mais. Nojento.

Senti Lilá bater no meu ombro. Revirei os olhos.

— Malfoy.

— Granger.

Malfoy se virou para sair, mas Lilá começou gaguejar umas coisas meio sem nexo.

— Ah, não ligue para a Mione – ela disse animadinha – Ela só parece insensível mesmo.

Isso, Lilá loira-desgraçada Brown, faz com que eu pareça insensível perto de um ser duvidosamente burro que procura uma garota que fez uma música estranhamente insensível sobre a ferrada que é o amor. Isso, Lilá Brown! Traidora, vou lembrar desse momento quando chegar a sua vez.

— Tão doce quanto limão – Malfoy, mesmo estampando aquele sorriso que arranca suspiros das garotas no corredor, tinha aquela expressão que queria estar em outro lugar, menos ali com a louca da Lilá e… eu, com dificuldades de respiração e raciocínio.

— Ah, certo – me ouvi dizendo – E como vai sua procura? A música, ah, Love Love Love tem uma sinfonia muito… boa. Acho.

Me dêem um tiro. Só um tiro.

— Sinfonia? – Malfoy frangiu o cenho. Não sei se estava se divertindo com a situação ou se era curiosidade mesmo.

 

Mas aí vi que eu estava realmente ferrada.

Desejei, do fundo do meu coração, que Malfoy fosse mais estupido do que eu supunha para não prestar atenção na informação ali.

— Sinfonia? – repeti – Quem está falando de sinfonia?

— Você.

— Eu?

— É, você disse – ele discutira. Dessa vez parecia interessado na discussão – Disse que a música tinha uma sinfonia muito boa.

Eu ri.

— Te drogaram? Eu não falei de sinfonia, Malfoy.

— É claro que falou – então ele se virou para Lilá: – Não falou?

Argh, não poderia ter pessoa pior para usar contra mim.

— Ah, eu não sei de nada – Lilá admitiu. Quase abracei ela.

— Granger – Malfoy disse já impaciente – Você disse.

— Malfoy – falei – Eu não sei da onde você tirou isso! O que sei de sinfonia?

— Você sabe de alguma coisa.

— E você bebeu.

— Você não negou.

— Nem você.

— O que você sabe? – ele cruzou os braços.

— Ah, meu Merlin, quanto drama – resmunguei cruzando os braços também – Eu não sei de coisa alguma. Descobri agora que Lilá me contou que você estava atrás de uma garota.

— Sei…

— Agora não torra, Malfoy – puxei Lilá para sair dali, mas, antes de virar, vi Malfoy se afastar por atrás fazendo final de "estou de olho em você" e finalmente se virar. Revirei os olhos (estou fazendo muito isso hoje).

Foi o quarto final de problema. Aquilo, com toda certeza, não terminaria bem.


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