Os passos de Sasuke percorriam a vila, ele olhava as pessoas a sua volta, tentava de alguma forma absorver tudo aquilo, não que fizesse diferença para ele, mas ficaria fresco em sua mente de alguma forma, e tornaria aquilo menos difícil de ser aturar.

— Sakura está em casa? — Ele chamou abrindo a porta e tirando o calçado.

— Sim, claro que eu estou. — Ela colocava Sarada no chão depois de ter arrumado a garotinha. — Tive que vir dar banho na Sarada, ela estava toda suja de sorvete, onde você a levou?

Sasuke coçou a cabeça lembrando de ter encontrado Naruto e Boruto na sorveteria, da filha ter quase se afundado no sorvete. A pequena Sarada coçava o nariz enquanto olhava para o pai ainda meio confusa do que realmente estava acontecendo ali.

— Nós precisamos conversar. — Ele olhou pra Sarada. — Só nós dois Sakura.

— Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou repousando a mão sobre a cabeça da filha.

— Eu acho melhor conversarmos só nós dois. — Ele olhou pra Sarada que cruzou os braços fazendo um sinal negativo com a cabeça. — Tudo bem.

Sasuke apontou para o sofá onde Sakura deveria se sentar, a mulher pegou a filha no colo, ocupou o lugar e ficou em pé, apenas olhando para a esposa, por mais que ele não quisesse fazer aquilo, quisesse ir embora, era mais seguro, sua esposa não era uma mulher fraca, então contar a ela era algo que ele poderia e iria fazer, mas claro, havia os dizeres de Naruto, ele não deveria envolvê-la naquilo, ela ficaria mais segura se não soubesse de nada, mas também não o perdoaria. Sasuke tinha tomado uma decisão.

— Eu vou precisar me afastar da vila um pouco. — Ele respirou fundo e Sakura levou as mãos a testa, por mas que quisesse questionar o marido, ela não fez, não de início. — Vocês ficarão seguras aqui na vila, sob a proteção do Nanadaime.

— Você não está falando sério. — Sakura ergueu a cabeça apertando o punho com tanta força que poderia transformar qualquer objeto ali apertado em puro pó. — Você não vai nos deixar de novo.

— Sakura ...

— Não Sasuke! — Ela falou um pouco alto demais, colocando em seguida a filha no chão. — Não fala nada, suba, pegue suas coisas e vá.

— Papai ... — Sarada olhou para o homem, respirou fundo e correu rumo a ele, abraçando suas pernas.

— É apenas uma missão, eu vou voltar logo. — Sarada olhou para o pai e depois Sakura olhou também. — Filha busque aquele colar pra mim, quero levá-lo comigo.

O silêncio se formou entre os dois, eles escutavam os passos de Sarada se afastando e subindo pela escada para buscar o colar do pai, ele estava lá em cima, ela sabia muito bem. Quando ele não pode mais ouvir os passos da filha ele olhou pra esposa.

— Eu vou ser bem franco com você. — Sasuke enfiou as mãos no bolso, não queria que aquilo se estendesse por muito. — Kaguya ainda pode estar lá fora, Naruto pediu para que eu fosse atrás dela, investigar isso.

— O baka ficou doido?! — Sakura falou enquanto uma veia saltava-lhe na cabeça. — Te mandar sozinho?

— Eu não vou sozinho. — Sasuke suspirou olhando pra ela. — Hundu e Kidia vão estar comigo.

Sakura arqueou a sobrancelha, ela se lembrava do que ele tinha falado, sobre serem um casal de amigos, mas ainda eram amigos que ela não conhecia. A rosada abaixou a cabeça, apoiando os braços sobre as pernas, ela queria confiar nele, no meu Sasuke, mas estava ficando difícil.

— Sakura ...

Quando a rosada ergueu a cabeça pode sentir os dedos de Sasuke em sua testa e um mínimo sorriso se formar no canto esquerdo de seus lábios, aquele toque, ela sabia o que significava e como importante era, um sinal de afeto e ligação de Itachi com Sasuke, e agora com ela.

— Confie em mim. — Ele se abaixou para ficar na altura dela, ou um pouco menor. — Eu vou voltar logo.

— Com a outono? — Ela perguntou. — Você quase nunca está aqui quando as folhas da árvore de cerejeira começam a cair.

— Deve demorar mais um pouco. — Ele disse se levantando e puxando ela consigo, dando-lhe um abraço. — Nunca gostei de ver uma cerejeira perder suas folhas. — Ele sussurrou ao pé do ouvido da esposa.

— Quanto tempo Sasuke?

— Possivelmente muito, mas não se preocupe. — Ele fez uma pausa olhando nos olhos esverdeados dela. — Eu ficarei bem, mas só estarei bem de verdade se vocês duas, você sabe ... — Ele corou um pouco.

— Sei. — Ela soltou um curto riso. — Se estivermos bem.

Sasuke deu um beijo nos lábios de Sakura, ele começava a ouvir os passos de Sarada pela escada, enfim ela estava voltando. A garotinha voltou com o colar nas mãos, Sasuke abaixou-se para que ela colocasse o colar no seu pescoço, depois ele a pegou no colo, Sarada tocou o rosto dele, como se não quisesse esquecer seu rosto.

— Vai demorar a voltar? — Ela perguntou.

— Estarei de volta assim que você for uma grande ninja. — Ele disse com sorrido de canto.

— Então será logo. — Ela abraçou ele e Sasuke olhou pra Sakura.

Elas estavam na porta da vila, ele sabia que ia as encontrar ali quando voltasse, que elas estariam sempre a espera dele, se queria que tudo estivesse no lugar para que elas estivessem seguras, para que as mulheres da sua vida estivessem bem, ele tinha que fazer aquilo, não que eu gostasse de fazer aquilo, mas era preciso, ele sabia disso.

Os passos de Sasuke eram calmos, ele continuava olhando pra frente, se afastava da vila, também do campo de visão de Sakura e sua filha. Ele pensava em como não veria sua garotinha crescer, já que possivelmente ele ficaria longe por um bom tempo, não poderia mandar notícias nem anda, no máximo para Naruto e pedir que ele repassasse a esposa.

— Sasukinho! — A voz aguda de Kídia entrou nos ouvidos de Sasuke, ele já estava bem longe da vila. — Que bom que nos chamou! — Ela pulou no pescoço dele.

— Por favor, se afaste. — Ele pediu sério. — Agora! — Ele falou mais autoritário.

— Vamos ser só nós três mesmo? — Hundu arrumou a sua espada na bainha do lado esquerdo, já que ele era canhoto.

— E eu deixaria você sozinha com ele? — Uma silhueta feminina saiu de trás da uma das árvores, ela tinha cabelos vermelhos e óculos no rosto. — Eu prometi que cuidaria dele.

— Karin chegou. — Sasuke anunciou. — Já podemos ir!

Sasuke foi na frente, atrás dele, quase ao lado, veio Hundu, ele que tinha as mãos entrelaçadas atrás da nuca, do outro lado de Sasuke estava Kídia, seus cabelos dessa vez da cor roxa, ela tentava se aproximar de Sasuke, mas ele sempre esquivava um pouco dela, eles tinham começado aquela jornada e tinham que terminá-la, não que o time fosse um exemplo de bons moços, não eram.

— Eu te prometi que cuidaria dele. — Karin sorriu de lado, ainda ficando pra trás. — Eu costumo cumprir minhas promessas, Sakura.

Karin sorriu de lado apressando o passo, ela tinha feito uma promessa a rosada, isso porque Sakura tinha feito Sasuke feliz de uma certa forma, além de que der a ele, o que ela não pudera dar, uma filha, de quem Karin sempre teve a curiosidade de conhecer mas nunca fizera, também não poderia.

— Pois é isso que os amigos fazem, Testuda. — A ruiva riu apressando o passo.

— Desde quando falar sozinha é do seu feitio, Karin? — A voz de Kídia alcançou Karin que apressou o passo para alcançá-los. — Cadê seu amor Suigetsu?

— Cala a boca. — Ela falou olhando torno pra mulher. — Pra onde vamos?

Sasuke olhou pros companheiros, primeiro as damas a sua direita, depois Hundu a sua esquerda, ele tinha em mente algumas coisas, onde sua jornada iria começar, por mais que ele dissesse que começariam dali, ele tinha outros planos, muitos outros na verdade.

— Nós vamos começar muito longe? — Kídia reclamou, Hundu olhou pra companheira, já Karin revirou os olhos com aquilo.

— Você é uma ninja ou um saco de batata? — Karin perguntou de forma retória, Kídia deu um olhar mortal

— Você sabe que eu né? — Ela ergueu os dedos mostrando o seu maior trunfo, pelo menos sinalizando. — Meu genjutsu pode fritar teu cérebro.

— Senhoritas por favor, deixem o Uchiha continuar. — Hundu pediu um pouco impaciente. — Vai Sasuke.

Sasuke olhou pros dois lados de novo, só deixando os companheiros mais curiosos com o que viria seguir, isso sem que eles parassem de andar um segundo se quer. Ele gostava aquele tom de curiosidade dos companheiros, era engraçado até, mas naquela missão não tinha espaço pra gracinha de forma, nenhuma, mas havia uma forma interessante de começar aquele relato.

— Vocês conhecem a lenda de Kaguya? — Ele perguntou, aquele seria o pontapé inicial para a expedição que poderia mudar o mundo ninja e a única coisa que se passava na cabeça de Sasuke era se Sarada e Sakura ficariam bem.