Quando Sakura acordou de manhã ele não estava mais lá, mas dessa vez não havia bilhetes, só Sarada chorando baixo, ela se levantou, andou até o quarto da filha e aí sim, lá estava um bilhete, era dele, Sakura não fez cerimônias em rasgar, mas conseguira ler o que tinha lá escrito, eram poucas palavras, mas eram dele. “ Me espere na janela, e cuide de nossa Sarada “, agora lá estava ela de novo, sozinha, sem Sasuke, se fosse para viver assim ela preferia que ele nem mesmo voltasse, preferia pensar que ele não mais respirava ou vivia.

— Somos só nós duas novamente, eu e você minha cara, só nós. — Ela voltou a chupeta pros lábios de Sarada e olhou para a janela lá fora, o barulho do vento batia nas árvores e jogava as folhas pra frente.

O tempo passou, na maioria Sakura estava lá sozinha, somente ela e Sarada, não que os amigos também não viessem sempre vê-las, pelo contrário, eles estavam sempre ali, juntos, por perto, principalmente numa tarde como aquela no parque, Inojin já corria entre as crianças maiores, enquanto Sarada, oito meses mais nova, olhava para cena do colo da mãe.

— Ele cresceu tão rápido. — Sakura observava o afilhado correndo e agora caindo na areia do parque, antes que Ino pudesse ir até lá ele se levantou.

— E como, daqui a pouco essa mocinha já vai estar lá, correndo também, ela já tem o que? Cinco meses? — Ino tocou as bochechas rosadas de Sarada que fez uma pequena careta e as duas riram.

— Inojin já vai fazer um ano, como o tempo mesmo. — Sakura sorriu olhando a filha que se mexia em seu colo, logo iria pegar no sono, pelo jeito que se aninhava.

— INOJIN! Tira isso da boca! — Ino gritou para seu filho, queria que Shikadai e ChouChou também estivesse ali para brincar com seu filho, porém Shikamaru e Chouji estavam ocupados, assim como suas esposas. — Alguma notícia do Sasuke?

Sakura olhou sua filha que já tinha pegado no sono, depois olhou para o afilhado que corria de volta para a mãe com a roupa toda suja de terra, ela riu da criança e depois olhou para a amiga, balançando a cabeça negativamente.

— Não vamos pensar nisso, ele vai voltar quando quiser, eu nunca mandei no Sasuke, só espero que ele saiba que tudo estará diferente quando chegar. — Ela se levantou com cuidado, isso para que a filha não acordasse, Sarada levava muito tempo para dormir depois e aquilo deixava Sakura cansada. — Te vejo na festa.

— Não esqueça meu presente, dinda. — Inojin falou alto e as duas riram enquanto Sakura se afastava.

Sarada tinha adormecido muito antes da festa chegar ao meio, acordá-la para o banho foi um dos erros de Sakura, ela ainda era muito pequena, não entenderia essas coisas, na hora certa, sim, na hora certa ela curtiria todas as festas que teria direito para ir, conheceria pessoas, principalmente rapazes, seria uma moça feliz, era assim que Sakura esperava que sua filha levasse a vida.

— Veja por seus próprios olhos Sasuke, elas estão bem, muito bem. — A voz feminina perto da orelha do Uchiha quase a fez queimar, porém Sasuke não moveu-se um centímetro. — Vamos agora, estamos perdendo tempo.

— Podemos esperar mais um pouco, tenho certeza. — Ele encarou a mulher de cabelos negros como os dele, mas de olhos tão azuis como o céu mais limpo, no escuro pareciam se só seus olhos se destacavam. — Você sabe.

— Ele não vai gostar de saber da nossa demora. — Ela segurou o queixo de Sasuke puxando-o pra perto, tão perto que seus lábios quase se tocaram.

— Ele não manda em mim. — A voz de Sasuke saiu calma, como sempre, começando a se afastar dela.

— Ele sabe disso. — Ela o puxou mais pra perto e envolveu seus lábios nos dele, apesar de tentar resistir ele não pode, por um momento não quis, quando se separaram, ele parecia um pouco estático. — Olhe-as mais uma vez, temos que ir.

Ele olhou Sakura pela última vez, ela parecia segura, assim como sua filha, em um segundo ele estava lá, só parado as observando, querendo estar ao lado delas entrando na casa, no segundo seguinte não estava mais, havia só as sombras, antes de entrar em casa Sakura olhou em volta, tinha a estranha sensação de estar sendo observada.

— Hora de dormirmos, querida. — Ela comentou fechando a porta trás de si.

Segundos, minutos, horas, dias, semanas, quinzenas, meses, bimestres, trimestres, semestres, tudo se passou, e nada de Sasuke Uchiha dar uma só notícia, então Sakura tomou uma decisão, ele estava morto.

— Sarada espero que não esteja bagunçando seu quarto. — A garotinha tinha quase um ano completo, Sakura a deixara sozinha no quarto enquanto atendia a porta, era algumas coisas que ela tinha comprado.

— Não mamãe, arrumei tudo. — O quarto estava realmente impecável, Sarada estava em pé, perto da cama, mas algo chamou a atenção de Sakura, a garota estava usando os óculos de Karin.

— Onde você achou isso? — A rosada questionou a criança, Sarada por sua vez ajeitou os óculos no rosto novamente, eles caíam.

— Estavam em cima da mesa mamãe. — Ela apontou para a mesma, perto da janela, a rosada encarou o móvel, só então percebeu que tinha algo lá, um bilhete.

A letra, aquela, ela conhecia, ela admirava, não só a letra, mas a pessoa de quem ela sabia que a mesma pertencia, seu coração gelou ao ver aquilo, só podia ser uma piada de mal gosto, Sasuke estava morto, ele deveria estar, não tinha outra saída.

“ Eu não poderei voltar por mais um tempo, mas você fez uma promessa a alguns anos para uma pessoa, acho que já estava na hora de começar a cumprir não é? Não recuse um presente de uma amiga.

PS: Nossa menina cresceu, o sorriso dela é seu “

Sakura embolou o bilhete com as suas mãos e respirou fundo guardando em um de seus bolsos, pegou Sarada no colo, não tinha como ela cumprir a promessa que tinha feito a Karin, não havia nenhuma forma, isso porque ela tinha prometido a ela que cuidaria dele, de Sasuke, mas estava difícil fazer aquilo com ele longe, não dava para cuidar de coisas que estavam fora de seu alcance ou controle, mas sobre o presente, ela aceitaria, ainda mais por Sarada ter gostado dele, mas ela não era amiga de Karin, nunca fora.

— Tem certeza de que é isso mesmo que quer fazer Sakura-chan? — A mão de Naruto tocou o ombro da rosada, ela balançou a cabeça positivamente, era aquilo mesmo.

— É muita coragem sua estar fazendo algo assim. — Tsunade colocou a mão sobre o ombro de Sakura e a Haruno a olhou.

— Obrigada Naruto, Tsunade-sama, sim, é algo que eu quero e preciso fazer, Sasuke Uchiha não faz mais parte da minha vida. — Ela jogou uma rosa branca sobre a lápide com o nome de Sasuke.

— Você sabe que não é bem assim Sakura. — A voz de Naruto fez com que ela e Tsunade o olhassem, por mais que ela quisesse esquecer o marido não conseguiria, o loiro estava coberto de razão.

— Ino está nos esperando para o piquenique, vamos. — A Haruno deu as costas a ambos, Tsunade e Naruto se olharam por um tempo, depois partiram atrás dela.

Aquele canto do parque estava lindo, Sarada não era uma criança muito animada, que costumava estar sempre se divertindo, Sakura sabia disso muito bem, a filha corria atrás de uma borboleta rosa como os cabelos da mulher que a olhava, quando ela pousou um pouco mais alto que devia a garotinha começou a pular, Hanabi estava pronta para ir ajudá-la, mas Sakura pediu que ficasse, já que Inojin parou de olhar o que Shikadai fazia para ir ajudá-la.

— Você espantou minha borboleta! – As bochechas de Sarada coraram, mas não de vergonha, ela cruzou os bracinhos, Inojin ficou apenas a olhando.

— Desculpa, vou conseguir outra borboleta pra você. — Ele comentou, mas ela já tinha dado as costas a ele.

De volta aos adultos e a algumas crianças.

— Isso é tão problemático, quero ir pra casa, mãe! — Shikadai pediu e todos riram de sua fala, Shikamaru bagunçou os cabelos escuros de sua prole.

— Ele se parece tanto com você, até no dito de ser problemático. — Naruto comentou e algumas pessoas riram, Shikamaru coçou a cabeça.

— Isso porque seu filho só come lámen, sério? Ele só tem um ano. — Todos tiveram que rir juntos daquilo, mas logo pararam com a aproximação de alguém.

Konohamaru vinha correndo, quebrando o ar de brincadeira que tinha em toda aquela conversa, quando parou, um pouco sem fôlego deu um curto tchau para todos aqueles que estavam sentados ali.

— Hokage-sama requisita a presença de Sakura e Naruto. Desculpa, ele não queria mesmo interromper, mas é importante. — Konohamaru virou-se para a rosada, ela sorriu fraco como se entendesse, pegou sua Sarada no colo.

— Querida você vai com a tia Ino, tudo bem? — Sarada balançou a cabeça positivamente tocando a testa da mãe com o indicador, ela estava cada vez mais parecida com Sasuke, isso sem muito conviver com ele.

Os três chegaram a sala do Hokage não muito depois, o sol já se punha, não era hora deles serem chamados, mas lá estavam agora, Kakashi não estava sozinho, ele e Iruka conversavam algumas coisas até a chegada do trio.

— Vieram rápido, Konohamaru pode se retirar. — O rapaz não gostou nada do pedido do hokage, mas ele não podia fazer nada a não ser obedecer.

— Aconteceu alguma coisa? — O loiro questionou, Kakashi por sua vez fechou as pastas a sua frente, mas abriu uma em especial.

— Essa marca, nós estamos atrás deles agora, explodiram um templo em outra aldeia, pediram a nossa ajuda. — Kakashi mostrou a marca, enquanto Naruto a olhava Sakura refletia sobre já tê-la visto em sua casa.

— O que fazer ao encontrá-los? — Ela questionou, Kakashi respirou fundo, fechou a pasta e a olhou.

— Prisão, minha cara. — Ele disse, ela não acreditou. — Precisarei convocá-los para uma missão em breve, quero que levem Hanabi Hyuuga com vocês. — Ele completou assinando algo na pasta. — Podem ir, falaremos em breve.

Os dois deixaram a sala, Naruto tentou falar com a rosada sobre o que estava acontecendo ali, sobre aquilo, mas ela não quis falar, se dirigiu a casa de Ino, o mais rápido que pode, quando chegou lá encontrou um silêncio absoluto, a loira estava de plantão, Sai observava Inojin dormir no sofá.

— Espero que a Sarada não tenha dado trabalho. — Ela comentou com um sorriso olhando o afilhado dormir. — Vim buscá-la.

Saiu tirou o olhar do filho passando para Sakura, ele respirou fundo e pegou o pequeno para levar para a cama.

— Sasuke já passou aqui e a levou. — Ele comentou caminhando rumo às escadas para o andar de cima.

— E você deixou um doido varrido levar a minha filha? — Ela o questionou, queria voar no pescoço de Sai.

— Não é um doido varrido, é o Sasuke e boa noite. — Ele subiu as escadas e Sakura passou a mão pelos cabelos os jogando para trás.

Suas pernas tremiam, ela sozinha na rua caminhava rumo a sua casa, as luzes estavam acesas, ela jurou ter ouvido risadas, ele estava com mais alguém além de Sarada? Não podia! Quem seria? Ela iria descobrir. A cena poderia ser fofa se ela não estivesse querendo matá-lo, mas ele estava com Sarada nos braços, seu cabelo tinha crescido um bocado, a garotinha dormia.

— Quem estava aqui com você além da Sarada? — Ela questionou olhando o marido, ele sorriu de lado, gostava de vê-la com raiva, ficava mais bela.

— Também é bom te ver depois de alguns meses, Sakura. — Ele balançou de leve a garota que ameaçava acordar. — Ela cresceu muito.

— Me da minha filha. — Ela tentou tomar a menina dos braços dele, mas o mesmo segurou Sarada firmemente, e também Sakura, puxando-a pra perto. — E quem estava aqui com vocês? — Ela iria questioná-lo por uma última vez.

— Eu ... — Ele fez uma pausa olhando por cima do ombro dela a silhueta masculina que se escondia na sombra do corredor. — Não posso te contar agora. — Completou.

— Eu te odeio Sasuke Uchiha. — Ela disse.

— Eu te amo Sakura Haruno. — Ele respondeu.