A guilda estava calma. Não calma no estilo Fairy Tail, aquela bagunça toda já não existe há algum tempo. Desde que certa loira decidiu partir em um longo treinamento com alguns membros da Sabertooth nada mais era como antes, principalmente para Natsu Dragneel.

Ele limitava-se a fazer poucos trabalhos, apenas o suficiente para sobreviver, e o restante do tempo ficava sentado em uma mesa qualquer observando a porta atentamente.

Esperando por ela.

Quatro anos desde que viu aquele sorriso pela última vez, parecia uma eternidade.

Chegava a perguntar a si mesmo se ela realmente voltaria, sentia-se o cara mais estúpido do mundo por só perceber que a amava depois dela ter partido. Quase todo o dia lembrava-se de quando ela decidiu que não era forte o suficiente para estar com eles, mesmo ele tendo implorado para que ela ficasse, mesmo tendo dito que não podia ficar longe dela, a única coisa que conseguiu foi um até logo ao estilo Gray, frio como gelo.

Seus pensamentos foram estilhaçados quando três figuras imponentes se puseram à frente da Fairy Tail, uma delas sendo uma linda maga celestial que povoava seus sonhos quase todas as noites, sonhos do tipo que jamais imaginou ter com ela e que só de pensar na possibilidade de realizá-los se sentia mais quente que o normal.

Ele achava que fosse impossível, mas Lucy estava ainda mais perfeita do que no dia em que partiu. Os cabelos loiros agora batiam na cintura com uma franja parcialmente deixada de lado, as botas pretas terminavam acima do joelho, como de costume a saia era curtíssima e a blusa decotada extremamente colada ao corpo.

Correu quase como um louco para envolvê-la em um abraço apertado como jamais havia feito antes. Foi só então que percebeu que estava chorando.

- Tadaima Natsu.

- Okaeri... Luce – para ele aquele momento poderia durar para sempre, nada mais importava. Lucy tinha voltado finalmente.

- Luucy – Happy gritou se metendo no meio dos dois com lágrimas nos olhos – O Natsu tem sido tão mau comigo.

- Ora Happy não fique assim – disse acariciando a cabeça do gatinho azul – Agora eu estou aqui.

O murmúrio foi geral. Em apenas alguns segundos ela ficou rodeada de pessoas lhe fazendo perguntas de todo o tipo. Desde seu treinamento até sua vida amorosa, o que deixou certo rosado meio irritado, mas esse não foi o ato mais peculiar da tarde, a atenção de toda a guilda foi voltada para um pequeno menino que não devia ter mais que três anos entrando correndo e se agarrando na perna dela chorando.

- Eu caí e machuquei o meu joelho m...

- Hellz – Sting que até então estava calado se pronunciou – Não entre correndo desse jeito.

- Mas pai, está doendo muito.

- Aah não ligue para esse bobo do seu pai – Lucy o pegou no colo – Que tal se eu fizer um curativo nesse machucado?

Ele sorriu e balançou a cabeça em concordância.

- Você fica mimando demais esse encrenqueiro, Lucy – cruzou os braços – Por isso que é impossível controlar esse moleque.

- Cala a boca Sting, você não sabe de nada – mostrou a língua – A mãe dele não liga.

- Por que será né? – se fez de pensativo – Talvez porque ela é uma maga celestial que adora arrumar encrenca comigo.

- Bah, pessoal vou levar esse estabanado pra fazer um curativo na minha casa e aproveitar pra descansar um pouco, nos vemos amanhã.

Quando estava de saída ela parou subitamente.

- Você vai até lá depois Natsu?

- Sim – respondeu automaticamente.

- Nossa, a Lucy teve um filho com Sting? – alguém perguntou depois que a loira e os dragões gêmeos saíram.

- Quem diria hein – outro respondeu – Eu sempre pensei que ela fosse ficar com o Natsu.

- Pelo jeito estão vivendo um romance ardente – um terceiro se juntou a conversa.

- Oe – Erza chamou irritada – Chega de falar da vida dos outros.

Enquanto os três se afastavam arrepiados de medo ela voltou seu olhar para o Dragon Slayer que parecia desolado.

- Sinto muito Natsu – tocou o ombro dele com delicadeza.

- Não Erza, eu é que sinto muito.

Depois de sair da guilda e passar horas caminhando sem rumo e pensando em tudo o que tinha acontecido ele se viu parado na frente do apartamento de Lucy. Era irônico que seus pés o levassem até lá mesmo contra sua vontade, como a janela estava aberta não hesitou em pular por ela como sempre fazia anos atrás.

-Certos hábitos nunca mudam não é? – ela encostou-se à pia olhando para ele.

- Cadê o Sting e o seu... Garoto? – ignorou a pergunta retórica de Lucy.

- O Hellz é pura energia, fez os dois levarem ele para passear – voltou a mexer algo na panela com a colher de pau – De qualquer maneira eles partem para Crocus amanhã de manhã, devem aproveitar para procurar um hotel para dormirem hoje.

Natsu franziu o cenho.

- Eles não vão ficar aqui?

- Três bagunceiros na minha casa? Nem pensar!

- Mas você não vai sentir falta do garoto?

- Vou, mas tenho que me acostumar já que somos de guildas diferentes.

- Uau – ele cruzou os braços na frente do peito e se encostou na mesa atrás dela – Nunca pensei que você seria tão desprendida com seu filho.

Lucy se virou com a expressão confusa.

- Sabe, o deixar morar em outra cidade.

- Espera aí, você acha que o Hellz é meu filho?

- Sim, eu e toda a guilda – deu de ombros como se fosse óbvio e arqueou uma sobrancelha ao ver a loira se encurvando de tanto rir.

- Há três anos e meio Sting e Yukino se casaram – revelou tentando conter o riso – Hellz é filhos deles.

- Mas o garoto ia te chamar de mãe – afirmou.

- Claro que não, ele ia me chamar de mestra. Desde que Sting fez uma brincadeira me chamando assim na frente dele, virou costume do pestinha.

- Mas então, você e o Sting... Não? – seu olhar era quase suplicante.

- Nem em sonhos Natsu – se virou novamente para cuidar da comida no fogo.

Sentiu um arrepio percorrer o corpo quando os braços de Natsu envolveram sua cintura, ela podia sentir a respiração quente dele assim como o coração acelerado que batia em suas costas.

- Eu pensei que você tivesse me deixado.

Lucy se virou com suavidade, ainda tendo Natsu agarrado ao seu corpo.

- Eu vi – ela sorriu – Você chorando por mim – os olhos dele estavam tão concentrados nela que Lucy jurava que poderia se perder facilmente naquela escuridão tão penetrante.

- Senti sua falta... demais.

Ela pousou a mão no peito dele e deslizou até tocar a nuca de Natsu puxando-o para si, mas antes de tocar seus lábios sabia que tinha algo que tinha dizer a ele, algo de antes mesmo de seu treinamento, antes dos jogos mágicos, antes de praticamente tudo o que eles haviam passado juntos.

- Eu te amo Natsu.