Nothing Left to Lose (HIATUS) escrita por The Stolen Girl


Capítulo 4
Agindo por impulso


Notas iniciais do capítulo

Ooi gente! Eu estava viajando, e só tive tempo pra postar agora, desculpem a demora. Espero que gostem *-*



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Depois de rever Nicolas, sorriso sedutor nos lábios e na companhia de uma bela loira, eu implorei a Chas para irmos embora. No caminho, por mais patético que seja, chorei litros. O rímel agora era parte integrante do meu rosto e meus olhos devem estar inchados e vermelhos. Chas, ainda bem, não disse uma palavra sequer. Nenhuma pergunta. Decidi gostar um pouco mais dele nesse momento.

Eu estava inebriada de paixão. Não enxergava nada a minha frente a não ser ele. Era a primeira vez que saíamos em público. Eu não poderia estar mais iludida, pois pensava que íamos dar um passo a mais em nosso relacionamento. Uma lanchonete simples, com pessoas simples. Exceto ele, que nada tinha de simplicidade. Pude perceber os olhares sob ele. Senti ciúmes do que não era nem nunca foi meu um dia. Enquanto aguardávamos nossos lanches, nem conversamos, porque assim que a garçonete virou as costas, Nick me beijou. Dali seguimos pro apartamento dele e dormimos juntos. Quer dizer, dormir não é bem a palavra. Nesse dia fumei meu primeiro cigarro, maldito hábito que até hoje luto pra abandonar de vez. Naquele dia, eu me perdi completamente nos braços do homem, que eu pensava, era o homem da minha vida.

Lembrar disso só me fez desmoronar, soluçar até a garganta doer. Me deitei desconfortavelmente no banco do trailer de Chas e meio que tive um ataque. Meu corpo sacudia, tendo espasmos e tremedeiras, seguidos de quase gritos, que lutavam para sair de dentro de mim. Em meio a isso tudo, eu disse, quase num murmúrio:

–Chas, eu preciso de um cigarro. – cigarro que ele obviamente não tinha, mas parou pra comprar.

Fumei até chegar ao meu apartamento, num estado meio inconsciente. No automático subi os lances de escada, sendo apoiada por Chas de tempos em tempos, e agradeci por não termos um porteiro. Eu estava deprimente. Tentei abrir a porta de minha casa, em vão. Minhas mãos tremiam e a chave não encaixava. Chas a pegou, abriu a porta e me fez entrar. Segui até a cama aos tropeções, chorei ainda mais enquanto Chas fazia sabe-se lá o que na minha cozinha. Ele poderia incendiar o prédio que eu não perceberia. Quando estava quase dormindo, ouço um tilintar ao meu lado no criado mudo. É Chas pousando ali um copo com água. Em seguida, ele tira delicadamente meus anéis de meus dedos e minhas botas. Pega a manta aos pés da cama e me cobre. Antes que ele a solte completamente, eu agarro seu pulso e o puxo com a força que me resta. Ele cambaleia surpreso e cai na cama, sentado.

–Não vai embora. – digo, num fio de voz. “Por que estou dizendo isso?; Eu quero que ele fique?; O que estou fazendo?”. Minha cabeça faz perguntas que eu não posso responder. Apenas faço.

Ele tira o pulso num ato leve e faz menção de se levantar, mas eu começo a chorar convulsivamente de novo e ele fica. Vai até o outro lado da cama, se senta e afaga meus cabelos desgrenhados. Eu, num ato quase involuntário, chego mais para ponta da minha apertada cama de solteiro, viro-me pra ele e faço, com um pouco de custo, que ele se deite. Então eu adormeço assim, sentindo o calor do peito de Chas. Antes de cair no mundo dos sonhos, consigo sussurrar:

–Obrigada. ­­­­­­

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Acordo com a cabeça doendo. A luz que vem da janela machuca meus olhos. Estou suada. Na verdade, meu rosto está quase que pregado em algo. Tecido. Abro os olhos aos poucos e quase caio da cama. Quem está ali ao meu lado não é um travesseiro ou um cobertor, mas Chas. E meu rosto estava pregado em sua camisa. Sinto minhas bochechas corarem. Ele está dormindo, ainda bem. Chas fica ainda mais bonito adormecido, com os lábios entreabertos. Me pego analisando cada traço, cada peculiaridade daquele rosto que me consolou horas atrás.

Lembro-me do encontro com Nick, da chegada ao meu apartamento, de minha voz pedindo pra que Chas não fosse embora.

Nick. Nicolas.

Sinto que lágrimas estão em meus olhos, então as contenho. Não posso chorar mais. Tomo um banho demorado, visto roupas limpas e preparo um café. Ainda não anoiteceu. Enquanto lavo as louças, escuto o barulho de Chas se levantando.

“O que é que eu vou dizer a ele?”.

Antes de falar comigo, ele vai ao banheiro. E antes que eu consiga dizer algo, ele já está abrindo a porta para ir embora. Eu o paro, apoiando a mão em seu ombro, e ele me olha. Engulo seco e digo:

–Obrigada.

Ele sorri e diz apenas:

–Você já tinha agradecido.

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Mais uma vez, dentro de um período de menos de uma hora, aqui estou eu pensando em como eu tive a coragem de praticamente implorar para que Chas ficasse comigo ontem. E o que mais me incomodava é que ele ficou. Você estava péssima Charlie, ele tem um coração e simplesmente não quis deixar uma garota naquele estado sozinha,dizia uma vozinha dentro da minha cabeça. E eu queria mesmo confiar nela.

Apesar do que aconteceu, e da minha repentina ocupação pensando nos acontecimentos de ontem, minha mente sempre voltava a uma pessoa: Nicolas. Ele entrando na lanchonete com outra garota. É claro que eu tinha a certeza de que ele não ficaria sozinho nem por um dia, mas vê-lo é algo totalmente diferente. Eu definitivamente não estava preparada. Achei que ele havia sumido da cidade, ou pelo menos da minha vida. Pois é, ele me viu. Olhou-me nos olhos. Eu me surpreendo até agora com o fato de não ter desabado ali mesmo, na mesa da lanchonete. Acho que se estivesse sozinha isso teria acontecido.

O telefone tocando me despertou de meus devaneios, mas ele havia tocado na sala do Dr. Júlio. Ele entrando em casa com aquela mulher me voltou na cabeça e imediatamente quis ir embora. Aquilo não melhorou em nada minha imagem sobre ele. Imagem a qual já era bastante ruim.

Enquanto esperava meu horário de almoço, comecei o esboço de um desenho. Planejava desenhar alguma paisagem, personagem de algum livro, mas não. De repente, me peguei desenhando profundos olhos penetrantes. Mais repentinamente ainda, perguntei a mim mesma de quem seriam aqueles olhos. Seu formato e tamanho caberiam muito bem a um ou a outro. De que cor eu coloriria eles? Um desconcertante azul escuro ou um belo preto enigmático? Infelizmente, lá no fundo eu sabia. Azul, escuro, mais precisamente, ainda continuava sendo a minha cor.

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Chas não me ligou, muito menos veio ao meu apartamento. Provavelmente ele acha que uma garota que o conheceu outro dia e que desmonta no banco de seu carro sem explicações não é alguém muito confiável para ajudá-lo. Eu nada poderia fazer a respeito. Se ele quisesse continuar sozinho eu simplesmente ia fingir que não sei de nada. Não ajudaria, mas também não atrapalharia.

Meu celular se iluminou na cama com alguma notificação. Uma mensagem de texto, pude ver de longe. Decido abri-la depois, com a certeza de que é da operadora e sigo paro o banho. Estou prestes a vestir meu pijama quando tocam a campainha. Me enrolo na toalha para receber, provavelmente, algum vizinho. Mas quem está na minha porta é Chas. Ao me dar conta de que estou praticamente nua, na minha visão, bato a porta em sua cara e visto a primeira roupa que encontro.

–Oi. – digo, segurando a porta enquanto ele entra.

–Oi. – é a única resposta até que, alguns segundos depois, ele continua – eu pretendo continuar procurando o testamento e tudo o mais. Ainda quer me ajudar?

Levo um momento para processar a imensa normalidade em sua voz. Quando percebo que ele está me olhando, na espera de uma resposta, finalmente digo:

–Sim. – e somente isso. Estou envergonhada por ontem. Uma besteira, eu sei.

–Você está.. hum.. estranha.

–Não, isso é coisa da sua cabeça, eu estou ótima. – e tento, inutilmente, sorrir.

–Você não consegue sorrir naturalmente e alguém que quase se desidrata de tanto chorar não pode estar ótima, Charlie. – então ele resolveu falar sobre isso.

–Eu não quero falar sobre isso Chas, por favor. Eu... – e sinto minha voz falhar e lágrimas fazem menção de cair, mas as contenho a tempo.

–Ei, tudo bem.Você não me deve explicações. – ele diz, gentilmente. Só o que fiz foi assentir.

Permanecemos num silêncio desconfortável até que resolvi quebrar a tensão:

–Pretende fazer o que agora?

–Vou pensar em alguma coisa enquanto estiver fora.

–Como assim? – Fora? Ele vai viajar?

–Tenho que passar uns dias com a minha mãe, ela está doente. – a mãe adotiva.

–Ah... Me procure quando voltar, então.

–Pode deixar. – e dirigiu-se a porta, mas não sente antes dizer: - Boa noite, Charlie.

E então foi embora. Eu coloquei meu pijama, fiz um lanche e peguei o desenho que fiz no trabalho. Eu o colori. Agora o que encaro são olhos azuis marinhos. Não me atrevi a desenhar o rosto completo, não porque não conseguiria, já que tinha cada detalhe de sua face em minha mente, mas porque me recuso a ter que sentir mais do que a presença de olhos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Até o próximo capítulo o/



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