A Outra Potter 2 - Onde demônios se escondem escrita por Alice Porto


Capítulo 17
A casa de Daniel


Notas iniciais do capítulo

OIE!
Vim rápido, não? Tô com muitooooo sono, então vou ser bem rápida e direta aqui.

— Obrigada por todos os comentários do cap passado, vocês são incríveis.

— Fiz da casa do Daniel um lugar onde eu me sentiria em casa, com os cheiros que eu mais gosto, que são de café sendo passado, livros, novos ou velhos e sem dúvida, terra molhada de chuva. O piano entrou no meio como um ingrediente surpresa, porque ele é uma parte dos demônios do passado do Daniel, que aparentemente é uma pessoa sem problemas. Nessa temporada, gente, eu levo vocês a se questionarem: o quanto o trio confia um no outro, e o quanto eles conhecem uns aos outros? O que eles escondem de todos?

— Capítulo que vem, uma surpresa beeeem agradável para vocês, mas não vou contar o que é ^^

— Espero que gostem do cap, e comentem, favoritem, recomendem, isso motiva bastante.

— Ah, e não se esqueçam de continuar mandando frases ou músicas, tô deixando tudo anotadinho! Beijos!



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A amizade é o conforto indescritível de nos sentirmos seguros com uma pessoa, sem ser preciso pesar o que se pensa, nem medir o que se diz.

George Eliot

***

A casa de Daniel ficava em algum lugar entre Londres e Surrey. Era um lugar discreto, em uma rua com casas de dois andares bem parecidas com as de Little Whinging. A única diferença era que a vizinhança aparentava ser muito mais simpática.

A casa do amigo era praticamente igual a de todos os outros, exceto por um balanço nos fundos do local - por onde entraram - e por ser com tijolos pintados de branco e detalhes com madeira pintada em preto. Tinha dois andares, mas não era uma casa enorme, não chegando nem na metade da metade do que era a mansão Malfoy, visitada na mente de Draco.

O quintal de Daniel tinha um cheiro que lembrava ligeiramente ao cheiro de terra molhada, aquele que sentimos logo depois que a chuva chega no chão e que deixava Lawrence inebriada na janela por horas, sentindo o cheiro e pensando na vida. Desde pequena aquele cheiro sempre fora algo característico e acolhedor, e por isso gostara da casa quase que imediatamente.

Dentro da casa, uma mistura de cheiros fez Lawrence parar e franzir a sobrancelha. Não reparou na decoração, e sim no cheiro reconhecível de três coisas que tivera contato a vida inteira. Primeiro, o cheio constante de café sendo coado. Segundo, o cheiro de infinitas páginas de livros novos e velhos, deixando aquele cheiro característico de leves pedaços de plástico com retoques de amônia. E terceiro: o cheiro de madeira de cerejeira, que por algum motivo exalava pela casa quando ela tocava piano.

– Você tem um piano? - perguntou Lawren, abrindo os olhos para o melhor amigo, que estava fechando a porta de vidro atrás de si.

O loiro arqueou a sobrancelha para ela com leve surpresa. Depois sorriu, guardando as chaves dentro de um mini baú que havia em cima do balcão da copa.

– É o cheiro que incriminou, não é? - ele perguntou e ela assentiu de imadiato - Sempre disse para minha mãe que o piano da vovó tinha um cheiro engraçado e ela sempre me disse que eu estava imaginando coisas. - ele respondeu, indicando a Lawrence para que o seguisse.

A menina o seguiu através da sala que tinha sofás pretos com um tapete branco. Somente assim Lawren reparou na decoração da casa. As paredes, em geral, eram pintadas de branco com muitos quadros pendurados. Havia algumas cadeiras altas viradas para o balcão da copa, e o sofá preto de veludo na sala contratava com o tapete peludo branco no chão. De vente para o sofá, havia uma estante com vários livros, porta-retratos e fotos de Daniel e companhia. A sala tinha algumas pilhas de livro no chão, junto com alguns pergaminhos cheios de anotações e frascos de tinta novos pela metade.

– O que aconteceu nessa sala? - perguntou a menina extrovertida.

– Eu resolvi lhe ajudar. Isso que aconteceu. - ele respondeu - Mas eu estou fazendo café, podemos conversar sobre isso depois. Nesse momento, eu tenho que te mostrar a casa. Não é enorme, mas dá para se perder se não prestar atenção.

Ele abriu uma porta no canto da sala, que levou a uma espécie de área de lazer da casa. Havia algumas almofadas em um canto da sala, num tapete, junto com dois sofás. Tinha também uma mesa no centro da sala, que continha mais algumas pilhas de livro fora do lugar. Do lado dessa mesa, junto a parede, havia três estantes cheias de livro. Duas na parede do lado da mesa e uma junto a parede do fundo da sala. E por fim, bem no canto da sala, havia uma piano preto, muito bem polido e aparentemente velho, porém cuidado.

– Essa é a biblioteca da família, mas eu costumo chamar de minha biblioteca, porque aqui só estão os livros que eu posso ler. Minha mãe cuida do Mau uso do artefato dos trouxas, e por isso tem muita posse de livros confidenciais do ministério. Ela guarda todos eles em uma sala reservada só para ela no segundo andar, mas acho que podemos tentar entrar lá essa semana. Viemos aqui quando queremos ler, ouvir música ou simplesmente descansar a cabeça olhando para fora. - ele disse isso se referindo às almofadas e sofás, que ficavam bem ao lado de uma grande vidraça que dava para ver parte de Londres - Aquele piano era da minha vó. Ele chegou aqui dois dias atrás. Minha vó está muito doente, mas não é nada incurável. Só que ela é muito teimosa, e está insistindo que vai morrer e que o piano dela tem que ficar comigo. Por algum motivo. - ele revirou os olhos, não deixando transparecer a tristeza - Ela é muito dramática. Quando ela melhorar, vai querer o piano de volta. Não consegue viver sem ele. De qualquer forma, eu não consigo tocar. Muito complicado.

– Bem, de qualquer forma, é um presente incrível. Você agradeceu ela? - Lawren perguntou e Daniel fez uma cara de desgosto olhando para o piano.

– Talvez eu tenha me esquecido. - ele arranhou a garganta e não deixou Lawren falar, prosseguindo - De qualquer forma, eu mando uma carta amanhã então. Vamos mostrar o resto da casa porque eu estou com fome.- ele deu um sorriso passando o braço por cima do ombro da amiga e saindo do local com ela. Apontou para uma porta de frente para a copa - Aquele é o banheiro e aquela outra porta do lado do banheiro é a lavanderia, que tem um sistema muito legal que tu coloca a roupa e ela sai limpa de alguma forma. Nunca gostei tanto de algo. A louça também se lava sozinha aqui em casa. - ele completou.

Lawrence riu e revirou os olhos, subindo a escada junto com o amigo. A parte de cima da casa era nada mais, nada menos, que um corredor que virara para uma porta que dava em uma escada em caracol para o sótão. O quarto com porta preta era de Daniel, o de frente para o dele era o da mãe dele e o do lado era o quarto de hóspedes. No fim do corredor, antes de virar, havia uma porta que, segundo Daniel, era onde a mãe guardava os livros a sete chaves. Havia uma grande vidraça na parede do fundo do corredor, da altura da parede, com uma cortina branca enorme na frente. Havia uma sacada nessa janela, mas Daniel e Lawren não a abriram para ir até lá.

– Este é o meu quarto. - disse Daniel, quando abriu a primeira porta do corredor e também a única preta - Eu gosto de preto, mas não, não sofro de depressão, eu juro. - falou o menino se explicando pela porta.

– Todos podem ver que não é depressivo, Dan. - a ruiva disse - Nunca vi ninguém mais feliz que você. - completou.

Mas desfez o pensamento assim que o proferiu. E se Daniel não fosse tão feliz como dizia ser? E se ele fosse triste com um sorriso na face? Tentou se esquecer do que pensara quase imediatamente, mas sabia que em algum lugar da mente aquele pensamento continuava batucando.

– Lar doce lar. - ele disse, dando espaço para que a Potter entrasse no lugar.

Era um quarto consideravelmente grande. Tinha uma parede verde musgo - que tinha uma vidraça com cortinas brancas iguais as do corredor - com o resto das paredes em branco. A cama tinha edredons verdes com um tapete branco, e uma escrivaninha na frente da cama demonstrava que estava realmente ocupado com os temas de Hogwarts nos últimos dias, com vários pergaminhos em cima, mas de uma forma organizada até demais para alguém como o amigo. O guarda-roupa era somente duas portas brancas ligadas a parede, e Lawren sabia que se abrisse elas, isso daria para uma espécie de closet para dentro da parede. Ele tinha um bidê ao lado da cama, com um abajur que estava desligado no momento. Era um quarto organizado para o quarto de um garoto, e isso deixou Lawrence contente.

– E aonde eu vou dormir? Contigo? - ela perguntou debochada, com a sobrancelha arqueada.

– Se quisesse ir para a cama comigo era só dizer. - ele respondeu animado, e os dois riram animadamente - Brincadeiras à parte, o seu quarto é o quarto na diagonal do meu. Vem. - ele disse, pegando na mão da amiga e saindo do próprio quarto, fechando a porta.

– Nós nunca usamos esse quarto. Por isso, se quiser deixar algumas roupas suas aqui para todo sempre, caso haja alguma emergência, sinta-se à vontade. - ele disse, abrindo a porta do quarto e entrando primeiro - Seja bem-vinda a suas habitações. - brincou.

– É perfeito. - Lawren disse sorrindo.

O quarto era de um cinza escuro com branco, com alguns detalhes em preto e amarelo pelo quarto, dando cor. Era menor que o de Daniel, mas tinha um tapete preto no meio. Bem ao canto do lado da janela com uma pequena sacada, tinha uma cama de solteiro com edredons amarelos. Havia uma escrivaninha muito bem organizada no lado oposto ao da cama, e do lado da escrivaninha, duas portas no mesmo estilo das de Daniel, que indicavam um armário.

– Ótimo! Você pode ajeitar suas coisas mais tarde - disse Daniel, largando a bolsa de Lawren na cama e saindo do quarto - Preciso de café. Ah! E eu tenho um banheiro no meu quarto, e tem um banheiro um pouco antes da porta do sótão, quando vira o corredor. E tem mais o lá de baixo, dá bem certinho para nós três. - ele disse, e depois se calou.

– Três? - perguntou Lawren confusa - Está tendo algum problema com matemática ou está esperando mais alguém? - questionou, com uma pontada de esperança de que talvez Draco aparecesse.

– Estou mal em matemática mesmo, eu acho. Estava raciocinando como se minha mãe estivesse passando a semana com a gente, mas ela vai estar na França. Esquece o que eu disse. Vamos tomar café! - ele falou naturalmente com um sorriso, e Lawren murchou imediatamente. Daniel não aparentava estar mentindo, e ela sabia que um bom mentiroso ele não era.

Suspirou e mexeu no cabelo loiro do amigo assim que saiu do quarto. Tocou de leve seu nariz e deu um sorriso singelo, disfarçando a decepção.

– Bem, vamos tomar café então. Estou morrendo de sede. E assim você pode aproveitar em me explicar o por quê de sua sala estar extremamente bagunçada, Sr. Surrey.

– Nem vem me dando broncas, mãe. - ele falou com um biquinho, mas sorriu assim que viu a cara dela - Vem. O café vai esfriar.

Ambos sorriam enquanto desciam as escadas.

***

– Está me dizendo que passou a semana inteira mexendo nos livros sob pretexto de estar fazendo temas de Hogwarts? - perguntou a Potter, enquanto colocava um pedaço de croissant na boca.

– Bem, a minha mãe considerou isso uma razão aceitável para o fato de eu estar estudando. - ele falou confuso com a surpresa dela.

– Sua mãe lhe conhece direito? - ela questionou, enquanto bebericava o próprio café.

– Sim… Digo, não muito melhor que você ou Draco, mas me conhece muito bem. - respondeu com a confusão ainda perceptível em sua face.

– Bem, então você pode ter certeza que ela desconfiou de ti. - ela falou, pegando o prato e o levando para a pia, observando-a limpar a louça sem precisar de ajuda humada. Casas mágicas eram interessantes - Ela só decidiu que confiava em você o bastante para deixá-lo fazer isso sem perguntar o que era. - completou, virando-se e sentado-se junto ao amigo novamente, mas dessa vez o observando comer.

– E por qual motivo você acha que ela desconfiaria de mim? - perguntu ainda incerto - Digo, temas me parecem um pretexto extremamente cabível.

– E é. - ele respondeu - Para qualquer pessoa, menos você. Daniel, você nunca faria seus temas no início das férias. É algo proclamado, não tem escapatória. Você sempre deixa tudo para o último dia, e é óbvio que a sua mãe sabe disso, ela lhe conhece a vida inteira. Se eu, que lhe conheço há um ano, sei disso, imagina ela.

Daniel fechou a cara, emburrado.

– Você está me chamando de desorganizado. - ele falou rabugento, largando o prato na pia e indo em direção a sala. A ruiva sorriu, revirando os olhos.

– Você sabe que não. Apesar de não ser adiantado com as coisas, você é uma das pessoas mais organizadas que eu conheço, e isso não tem nem sentido. - ela disse - Mas e então? Achou alguma coisa útil? - perguntou.

– Nada muito relevante. - respondeu sentando-se no tapete, de frente a mesa de centro - Só que eles costumavam publicar informações importantes no jornal bruxo, porque isso passava conhecimento - continuou, enquanto via a amiga sentar-se de frente a ele - Provavelmente por isso que você um artigo pequeno no jornal falando sobre isso. - ele completou.

– É estranho o fato de não haver quase nenhuma informação sobre o que queremos. - ela disse - Parece que sumiram com todos os documentos sobre esse feitiço.

– Na verdade, já ouvi minha mãe comentando com a Srta. Hopkirk, uma mulher do ministério, sobre uma sessão do Departamento de Mistérios que guarda livros extremamente antigos que poderiam conter informações. - ele disse aparentemente cansado - O problema é entrar lá. Proibido até para funcionários. É uma ala restrita, só dois ou três têm direito. - ele completou o raciocínio - Você chegou a falar com Remo sobre Marlene? - perguntou.

– Ah! Você me lembrou, ainda bem! - ela disse - Conversei com Remo ontem, antes de dormir, cerca de meia hora sobre o passado. Obviamente ele falou muito sobre meus pais e os tempos de escola, mas consegui entrar de forma sorrateira na vida dela, e ele não desconfiou de nada! - ela disse - Espere um minuto, vou pegar meu caderno de anotações. - terminou, saindo correndo.

A garota voltou poucos segundos depois, ofegando e com o caderno do Mickey na mão, junto com tinta e pena.

– O que houve? - perguntou Daniel, curioso.

– Bem, acontece que... - começou a ruiva abrindo o caderno, mas foi interrompida pela mãe de Daniel, que chegava em casa do trabalho.

Ela aparentava estar cansada, mas o sorriso dócil continuava o mesmo. Sua aparência estava diferente naquele dia. Tinha os cabelos castanhos claros até a metade das costas, e suas roupas estavam impecáveis, com um vestido cinza até os joelhos.

– Lawren, que bom que já está aqui! - ela disse - Daniel lhe alimentou direito? - ela perguntou - Não quero ninguém passando fome. - completou entrando na casa e largando a bolsa no sofá.

– Olá para você também, mãe. Eu também tô bem. E não, eu não deixei a Lawren passar fome. - ele disse irônico, e a mulher riu.

– Olá, Danny. - ela disse em tom ameno, indo em direção ao filho - Dormiu bem? Desculpe, tive que cumprir um plantão. Ocorrreu mais uma catástrofe no mundo trouxa e bem, sou eu que cuido da maior parte das coisas. Não dormi nada. Assim que eu chegar na França, vou dormir. - terminou, dando um beijo na testa do filho e subindo as escadas - Vou tomar um banho e me arrumar. Liguem a TV ou façam algo para se distrair. Finjam que eu não estou aqui. - ela disse, com a voz já longe por estar no segundo andar.

Lawren suspirou, colocando o caderno ao lado da televisão, junto com a tinta e com a pena, e sentou-se no sofá, olhando expressivamente para Daniel.

– Não podemos falar com a sua mãe na casa. - ela sussurrou, olhando para as escadas de relance - Ninguém pode ter o risco de ouvir, entendeu? E de qualquer forma, vamos tentar nos divertir um pouco hoje. Amanhã é domingo, um dia chato e sem nada para fazer. Podemos discutir disso amanhã, que tal? - perguntou com um sorriso, e Daniel suspirou.

– Tudo bem, eu me rendo! - jogou os braços para cima, se levantando e pegando o controle da televisão, junto com a sua varinha - Que tal um filme?

Já se sentia em casa, como se tivesse nascido para estar olhando um filme deitada no ombro de um irmão mais velho que não era Harry. Ela sorriu enquanto assentia, deitando sua cabeça no ombro do amigo e mergulhando no mundo da comédia que o melhor amigo colocara.


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Notas finais do capítulo

E aí? Que tal? Comentem! Beeeijos!