A Outra Potter 2 - Onde demônios se escondem escrita por Alice Porto


Capítulo 10
Rosas e espinhos


Notas iniciais do capítulo

Oooi! Tudo bom? Demorei, mas demorei menos que a última vez, né? Isso que dizer que há sim, um avanço! Huehueheu.

* Queria agradecer a todas as suas mensagens de força! Eu fiquei muito agradecida e me ajudou bastante.

* Estou bem cansada! O trabalho anda bem puxado, e por isso que demorei bastante dessa vez. Mas hoje, decidi tomar vergonha na cara e postar!

* O capítulo é bastante dramático!

* A parte final do cap anterior, só para avisos, foi inspirada em As vantagens de ser invisível.

* Lawrence vai notar um avanço em seus dons!

* Espero que gostem desse cap! Me esforcei bastante para colocar bastante simplicidade nas palavras do Snape no fim dele, e eu acho que fiz um bom trabalho.

* Xoxo! Beijos! Comentem!



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Os olhos esmeraldinos da Potter encararam o homem à sua frente desafiadoramente. Se estava fraca algum momento antes, a fraqueza se fora e dera lugar a uma energia que nunca vira. Talvez fosse a raiva por saber que o homem que estava tentando arrancar informações dela, estava há anos tentando fazer isso. E se ela sofrera, uma parcela do sofrimento fora por culpa dele, e somente dele.

– Vão lutar ou vão fugir? – perguntou o homem, e a voz polida e limpa dele soou nos seus ouvidos mais uma vez. A aparência podia até mesmo mudar, mas a voz era a mesma.

– Como poderíamos fugir? – a Potter deu uma risada debochada olhando as cercas atrás de si, vendo que estava encurralada – A não ser que ache que somos capazes de dar uma de Peter Pan e sair voando, Sr. Harris. O que eu acho que um homem inteligente não pensaria. – declarou.

– Pare com isso, Lawrence! Por que está provocando ele? – perguntou Gina, horrorizada – Isso não parece do seu feitio. Humilhar as pessoas em uma luta.

– Não é. Mas ele não merece meu respeito ou minha calma. – disse, e olhou nos olhos da ruiva ao seu lado.

Ela estava ansiosa, e a Potter podia ver em seus olhos. Sorriu de lado, e logo após saiu correndo em direção ao homem, que sacara a sua varinha e já ia falar um feitiço, quando o leque da Weasley se movimentou e ventou somente no homem, deixando Lawrence e a paisagem com o mesmo calor seco de sempre.

Mas aquilo não foi o suficiente para derrubar o homem, que ao perceber o movimento mudara de magro para obeso, e conseguira se manter no chão sem grandes dificuldades. Voltou, poucos segundos depois ao normal, mas não percebeu quando a ruiva chegou por trás de si e o acertou com uma esfera cristalina gigante, que fez um ferimento superficial, não muito grande.

A ruiva olhou para as próprias mãos, confusa, e jurou que com uma esfera maior o impacto deveria ser com maior dano. Voltou para o lado de Gina rapidamente, enquanto o homem se levantava com um sorrisinho no rosto, enquanto limpava a terra das calças e analisava o machucado no ombro.

– É isso que consegue fazer? Jurei que a Potter que teve o feitiço ricocheteado seria bem mais forte que isso. – falou, tentando pegar a varinha no chão, coisa que foi evitada por Gina, que mandou a varinha para longe com seu leque.

– O que foi aquilo? Ele deveria ter desmaiado. – sussurrou Gina, enquanto o homem ria da situação, e trazia a varinha de volta com os dedos puxando, dessa vez, sem vento algum evitando.

– Achei que uma esfera maior teria mais efeito, mas estava errada. - falou Lawrence - Infelizmente, para fazer uma esfera minúscula, preciso de água. São poucas as que eu controlo sem água. E ele ainda é um metamorfomago. - declarou arfando, protegendo-se de um feitiço do homem atrás da árvore - Preciso que distraia ele. Eu posso conseguir água, mas para isso ele não pode chegar muito perto de mim. - disse, com o símbolo tomando seus olhos.

– Lawrence, você saiu do hospital hoje! Não posso lhe mandar para lá…

– Somente distraia ele. - sibilou, olhando severamente para ela que, mesmo relutante, assentiu e se colocou em posição de combate, se protegendo novamente com o leque.

Lawrence observou a menina correr em direção ao homem, e não perdeu tempo após isso. Se abaixou e colocou as mãos no tronco da grande árvore do quintal. Suspirou e fechou os olhos, tentando achar o ponto certo do tronco.

Franziu as sobrancelhas ao notar que o barulho dentro do tronco era extremamente alto. Como o barulho de água correndo. Apertou mais as mãos contra o tronco, e praguejou as sentir as mãos queimando de quente. Mas não soltou. Continuou, ouvindo o fluxo da água, e sentindo seu coração se acalmar aos poucos.

“Mais rápido. Mais ágil… Enfoque… Enfoque... “...

Os batimentos se acalmaram, e o som ficou cada vez mais alto. Conseguia ouvir as batidas quase nulas do seu coração, e conseguia ouvir o barulho da água fluindo na árvore e indo cada vez mais fundo no subsolo. Ela sentia o calor bem abaixo da água. Havia muito calor abaixo dela, assim como havia muito calor na palma de suas mãos.

Com o símbolo nos olhos, conseguiu sentir quando alguém se aproximava. Soube na hora que esse alguém não era Gina. Abriu os olhos, e se imaginou sugando a água para fora do tronco, e fazendo-a parar em uma leve gota flutuante acima de sua mão. E antes que o Sr. Harris chegasse, a gota pairava lá, sem muito esforço para sair da madeira.

Era uma água levemente amarelada, mas Lawrence sabia que se não houvesse praticado tanto a técnica sensorial, não conseguiria nem fazer metade disso. O único problema era que aquilo consumia muita energia. O símbolo em seus olhos ainda estava lá, e funcionava tão bem quanto qualquer outro olho, e isso a fez feliz, mesmo estando a ponto de desmaiar.

Quando o homem chegou por perto, sorriu desviando de um soco, e se escondeu atrás da árvore ao vê-lo mandar um Estupore. Saiu correndo em direção a Gina, manobrando com dificuldade a gota na mão, e fazendo-a girar rapidamente, formando uma esfera.

– A concentração tem que ser maior, então a esfera tem que ser cada vez menor. - declarou, e desviou habilmente de um feitiço - Preciso que faça vento. Vamos incendiar essa luta antes de colocar a água no meio.

– Certo. - falou Gina arfante, levantando-se do chão, onde estivera caída e machucada - Acho que desloquei o ombro, mas fora isso consigo manobrar normalmente o leque. Esse homem é muito forte. - disse, usando o leque como escudo para um feitiço - O que fez nas mãos? - perguntou horrorizada, desviando de mais um feitiço, enquanto Lawrence olhava para as mãos.

– Não sei… - disse, vendo que estavam queimadas - Vejo isso mais tarde. Pronta? - perguntou, no que a ruiva assentiu - Vou soprar uma chama na direção dele, e você faz dela três vezes maior, certo? A chama vai ser pequena - se jogou no chão, manobrando a gota com mais dificuldade ainda - Mas creio que adiantará. Assim que fizer isso, eu corro por trás da árvore e jogo isso no seu pescoço.

A Wesley assentiu, e Lawrence se levantou, ficando mais uma vez em posição de combate para o Sr. Harris. Arfou e respirou fundo, olhando desafiadoramente para o homem, e logo depois soprou uma pequena bola de fogo na direção dele, que apesar de ser pequena, era rápida. Gina balançou o leque e a bola de fogo aumentou para uma bola do tamanho de uma de vôlei, e quase acertou o homem, que desviou por pouco.

Nesse meio tempo, Lawren já separara a esfera e concentrava ainda mais sua força, fazendo a volta na árvore e encontrando o homem de costas. Tinha uma esfera pequeninha em cada mão, e soltou uma no ar, fazendo-a flutuar por cima da árvore.

“Espero que funcione”, se pegou pensando. Os olhos já ardiam, a cabeça latejava e sua mão ficava em um estado cada vez pior. Apareceu por trás do homem e sorriu, levantando o braço e o fazendo ir em direção ao pescoço do Sr. Harris…

… Que agarrou sua mão no mesmo instante que tentou nocauteá-lo. Torceu seu braço pela metade, até enfim conseguir quebrá-lo, fazendo a menina gritar de dor. Chutou suas pernas, dando risada, e olhou no seu rosto, empurrando-a no chão e se deitando em cima da Potter. Deu um tapa em seu rosto ao fazer isso.

– LAWRENCE! - gritou Gina, se preparando para correr.

– Fique ai! - mandou a Potter, tossindo um pouco e gemendo de dor - Eu me livro dessa...

– Fraquinha… Vou lhe dar um desconto porque saiu hoje do hospital. Mas você sabe que o que eu quero é você. - ele disse, olhando em seus olhos - O Lorde quer, é claro. Não sei o que ele iria querer com você, mas essa é a minha missão desde que você nasceu. Lhe vigiar constantemente. Venha comigo, Lawrence, - ele sussurrou, e ela riu, cuspindo em sua cara logo depois.

– Nunca. -sibilou, olhando para cima, movendo levemente o dedo, enquanto seus braços estavam presos pelos do homem.

– Hn… - ele grunhiu - É bonita, mas é marrentinha. Tudo bem, não precisamos de gente fraca como você, que chora por tudo. - ele declarou, apertando o braço quebrado e vendo a Potter reprimir com muito esforço um gemido angustiante.

Mexeu mais uma vez o dedo.

– Nunca… - ela tentou, e ele apertou mais.

Em vez de chorar, mexeu o dedo.

– Eu disse nunca… Nunca… Me… - tentou, mexendo o dedo mais uma vez e engolindo em seco - Nunca me subestime. - e deu um sorriso desdenhoso, mexendo o dedo uma última vez e vendo a esfera atingir com força as costas do homem, que logo passaram a sangrar muito.

Estivera manipulando a segunda esfera com o dedo desde que o plano A não dera certo, e ele quebrara seu braço. Agora, o homem agonizava no chão e Gina corria em direção a Potter, tirando-a de perto dele. Ele gritou de dor ao mesmo tempo que ela.

– Seu braço… - ela sussurrou, enquanto via Harry cambaleando em sua direção, trazendo consigo, às pressas, Snape a Remus.

Eles estavam suados e pareciam ter corrido milhas. Arfantes, observavam com desdém as duas meninas machucadas, enquanto o homem estava deitado ao chão. Num movimento de varinha, Snape prendeu o homem em cordas, e andou até as duas.

– Parece que chegamos atrasados. - observou, bastante mal-humorado, enquanto olhava o braço da garota.

– Eu disse a Dumbledore que uma menina de quinze anos não deveria se meter em assuntos da ordem, e ele simplesmente me ignorou. - declarou Remus, correndo e parando-se ao lado de Snape, que revirou os olhos.

– Na verdade, acho que vocês fizeram um ótimo trabalho para meninas de 15 anos. - ele disse - Mas, sem brincadeiras, Potter… - ele começou, e ela o olhou apreensiva, enquanto segurava as lágrimas por causa do braço - Não consegue nem mesmo ficar 24 horas sem se machucar? - bufou - Minha aluna mais problemática, você. - completou e deu um sorrisinho, pegando com delicadeza seu braço.

– Não mexa no braço dela, Snape. Vamos levá-la ao Sr. Mungus. - disse Remus, segurando Harry - E ele também.

– Quanto ao Potter, faça o que quiser, Remus. Mas da minha aluna cuido eu, já que aparentemente o padrinho dela não consegue tomar conta dela de um jeito bom. - falou, parecendo ainda mais estressado, e pegando novamente o braço da menina, e olhando para Gina, para ver se estava machucada.

Remus não ousou, e nem pareceu ter vontade de contestar. Já estava se sentindo extremamente mal pelo que causou aos irmãos, e sabia que lá no fundo Snape tinha certa razão, e que Lawrence não iria lhe condenar, mas não iria lhe defender também: ele estava sendo um terrível padrinho.

Se sentia a pior pessoa do mundo por desejar ser padrinho de Harry, mas pelo menos o garoto gostava dele. Sendo padrinho de Lawrence, ele convivia com o desgosto de saber que ela prefere o grande inimigo de James. E isso era com certeza um peso na consciência do homem.

– Pronto, Lawrence. - disse o professor - Tente se cuidar. Ficar se machucando o tempo inteiro não irá lhe ajudar. - completou, ao mesmo tempo que o Sr. e a Sra. Weasley entravam desesperados, com Tonks e Kingsley - Está machucada, Weasley? - a menina negou.

– Obrigada, Snape. - disse a Potter, levemente desanimada - O que faremos com ele? - perguntou - Azkaban está tomada, e não podemos simplesmente deixá-lo com essas informações…

– É uma ótima pergunta. - disse Kingsley - Alguém tem alguma sugestão? - perguntou, enquanto Snape andava até Harry e retomava o ar de seus pulmões.

– Na verdade, eu tenho uma. - disse Lawren - Podemos alterar as memórias dele. Fazê-lo esquecer de tudo e implantar novas informações na sua cabeça. Deixamos o nome e todo o resto, interrogamos o que precisamos saber com Veritasserum, e logo após, podemos apagar suas memórias e dar a ele informações novas, e mandá-lo de volta ao seu Lorde. - disse, olhando o homem que parara de sangrar por conta de Snape, e que acabara desmaiado no chão.

– Boa ideia. - disse Gina - Além de confundir totalmente as informações que os comensais têm, podemos ganhar uma vantagem ainda maior na guerra.

– Então está certo. Levaremos esse comensal até à Toca, e lá, faremos tudo que for necessário. - disse Remo, olhando para os Weasleys, que assentiram.

– E onde está o Duda, se ele não é o meu primo? - perguntou Harry, e a irmã deu uma risada debochada.

– No único lugar da casa que ninguém ousaria olhar: no quarto dele. - disse - Quer apostar quanto que o Duda andava dizendo que ninguém deveria entrar no seu quarto, que é propriedade privada e tudo mais?

– Sim, ele andava dizendo isso… - falou Harry - Mas a tia Petúnia achou que era fase da adolescência. Todos passam por essa fase. Eu não deixo eles entrarem no meu quarto, e eles também não estão muito a fim de entrar. - Harry completou.

– Sugiro que olhem por lá. - disse Lawren - Pode haver um débil mental em baixo da cama. - terminou seriamente, e aos poucos, todos passaram a se dispersar.

Os Weasleys voltaram com Tonks e Kingsley para à Toca, levando consigo o comensal. Os Dursley tomaram um susto ao ver Duda adormecido dentro do armário de seu quarto, mas ainda assim bem alimentado. Lawrence saboreou o chá preparado por Snape na casa dos trouxas, escorada ao balcão da cozinha, e olhando pela porta dela uma parte da sala, onde Harry e Remus estavam sentados falando com os Dursley.

– Como se sente? - perguntou ela, olhando para o professor - Vendo Petúnia, mas não minha mãe? - perguntou.

– Normal. - ele declarou, suspirando - Eu deveria saber que nessa casa não haveria nada dela. O que fez com as mãos? - perguntou, vendo as mãos da ruiva queimadas.

– Eu queria falar com você sobre isso. Acho que está acontecendo algo estranho com os elementos. Como se o fogo e a água estivessem brigando por espaço, e toda vez que escolho a água o fogo me machuca. - ela disse - Aconteceu isso hoje quando utilizei a técnica sensorial. Dessa vez eu ouvi a água. E senti o calor que está a milhas abaixo. - o homem suspirou.

– Quando eu era pequeno, achava que sua mãe era a garota mais complicada do mundo inteirinho. Mas te vendo aqui, falando que descobriu mais uma coisa sobre suas técnicas, eu descobri que você herdou todas as complicações dela e mais um pouco. Garota problemática. - murmurou, e ela sorriu, vendo-o sorrir também.

Observaram quietos o papel de parede da cozinha, e bebericaram mais uma vez o café. A ruiva o olhou e depois olhou para o porta-retratos quebrado, que caíra quase a porta da cozinha. A foto era de Petúnia pequena, sem Lilian ou mais ninguém que pudesse ser sua família. Somente Petúnia, e um sorriso desdenhoso. Talvez a mulher não tenha notado ao colocar a foto, mas bem no fundo dela, ao longe, um menininho observava o dia de fotos da família Evans. Não dava para ver o rosto. Só sua silhueta.

Lembrou-se de sua família em Boston, e apesar de toda a culpa por sentir falta deles, ela sentiu um aperto forte no coração ao pensar nisso.

– Ainda sente falta dela? - perguntou, e dessa vez olhou nos olhos do professor - Ainda se culpa pelo que aconteceu?

Ele demorou para responder, e pareceu recordar alguma coisa, porque quando respondeu, seus olhos estavam úmidos. Nunca vira Snape perto de chorar.

– Sinto. - disse - Todo dia.

– Como é? - perguntou, e sabia que não precisava explicar sua pergunta para ele.

– É como tentar acreditar que isso não aconteceu, mas ainda está, lhe remoendo. - falou, mas por fim, achou que a definição não era boa. Tentou novamente, dessa vez acertando - É como pegar a mesma rosa todo dia e tentar acreditar que suas pétalas nunca dividiram espaço com os espinhos. Mas os espinhos sempre estiveram lá.

Talvez fosse isso que estivesse acontecendo ao pensar em Boston, e seu pai e sua mãe.

Talvez, no fim de todas essas filosofias, ter culpa seja exatamente como as rosas e seus espinhos. Talvez todas as pessoas sejam rosas, e todas as suas culpas sejam o pesar e a feiura dos espinhos. Eles fazem parte da gente. E apesar de tudo, as rosas sempre tentam se manter de pé.

As rosas sempre estiveram lá.

Mesmo quando todos esses espinhos doíam.


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Notas finais do capítulo

Beijos!



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