Paternidade

VII

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A primeira semana de Sarada em casa seria eternamente memorada como uma verdadeira provação por Sasuke. A pequena Uchiha criara o hábito de despertar incontáveis vezes em uma mesma noite e, consequentemente, os pais de primeira viagem dormiram algumas pouquíssimas e conturbadas horas escassas.

Ao que parecia, Sarada gostava de trocar o dia pela noite — para o suplício de ambos.

Naquela noite não foi diferente. Assim que seus instintos aguçados (ainda que inteiramente exauridos naquela semana) de Shinobi captaram os primeiros sinais dos resmungos delicados varando na madrugada silenciosa através das paredes finas, Sasuke decidiu que era a sua vez de atender a filha.

Ele chutou as cobertas com ares de resignação e pressionou o ombro de Sakura contra o colchão quando a sentiu despertar e se preparar para levantar. Mesmo na escuridão, ele enxergava com clareza os sinais de cansaço na compleição da esposa.

— Deixa que eu vou — murmurou afetuoso, afagando o ombro delicado para confortá-la. — Ela mamou há mais ou menos uma hora, não?

Esgotada demais até mesmo para vocalizar uma única sílaba, Sakura assentiu fracamente com a cabeça, incapaz até mesmo de elevá-la do travesseiro. Sasuke se compadeceu da esposa e assegurou mais uma vez que veria a pequena Sarada no quarto ao lado.

Não demorou a ir ao encontro dela, parando sob o limiar da porta; pôs-se a olhá-la se contorcer sob a manta cor-de-rosa, os bracinhos e as perninhas pareciam querer golpear um adversário invisível.

Com um suspiro, ele se perguntou como um ser tão pequeno era capaz de promover tamanho alarido. Agora, ela cessara o choro fino e estridente, mas em compensação conservara os pequenos resmungos aborrecidos.

Sasuke se aproximou do berço e estendeu os braços para acolhê-la. Aprendeu naquela semana que Sarada era muitíssimo manhosa e seu espaço favorito no mundo para adormecer era o colo da mãe ou do pai, qualquer um que estivesse por perto na verdade e disposto a niná-la por horas.

— Pronto — Sasuke murmurou para a filha, encaixando-a na posição que Sakura o ensinara, apoiando a cabeça da criança na dobra do braço.

Os resmungos cessaram como mágica e o rostinho redondo desencrespou-se, dando espaço a uma serenidade absoluta. Apenas por precaução, ele rapidamente verificou a fralda da menina, mas a encontrou limpa. Ela também não aparentava estar sofrendo com cólicas.

Sasuke se afastou do berço até encontrar a poltrona posicionada no canto do quarto. Sentou-se, mas não ousou se esparramar, embora tivesse certeza de que ficaria preso ali por umas boas horas.

Sarada esticou uma mãozinha diante do rosto, os dedinhos miúdos flexionavam-se, abrindo e fechando; pareciam querer se fechar em torno de algo. Por instinto, Sasuke lhe ofereceu o próprio dedo indicador, o qual ela mais que depressa apertou — e não soltou mais.

— Eu também não gosto da solidão — ele sussurrou para a pequena, embalando-a no calor do próprio corpo.

Sarada exprimiu outro resmungo delicado e apertou com força o dedo entre os seus. Conformado de que não teria permissão da filha para sair dali tão cedo, Sasuke se esparramou na poltrona e apoiou o bebê (agora) sonolento no peito.

Fechou os olhos e, sem que desse conta, adormeceu, tomado por um forte sentimento de ternura e completude.

Sakura o despertou quase uma hora e meia depois, quando o céu já clareava, perto do alvorecer, e o perfume da madrugada já desvanecia. Tomando a menina dos braços dele, ela a depositou com todo o esmero no berço e puxou-o de volta para o quarto que partilhavam; Sasuke não a contestou.

Eles dormiram toda a manhã e parte da tarde naquele dia, merecidamente.