Paternidade escrita por Deusa Nariko


Capítulo 11
11


Notas iniciais do capítulo

Décima primeira drabble.
Boa leitura!



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Paternidade

XI

Sasuke jamais se esqueceria do dia em que ouviu Sarada articular corretamente a sua primeira palavra.

Com nove meses, a menina tinha energia de sobra e demandava atenção o tempo inteiro, testando seus membros ao engatinhar de um cômodo a outro, agarrando-se à mobília para tentar ficar em pé, mas logo caindo de bumbum quando o equilíbrio necessário lhe faltasse — ainda era prematuro demais, Sakura lhe dizia.

Sarada tinha um apreço todo especial pelo timbre da mãe quando esta punha-se a tagarelar com ela. Como se a bebê ao menos a entendesse, Sasuke murmurava consigo mesmo com um revirar de olhos e um sorrisinho discreto.

Mas a menina emudecia por completo ao ouvir a voz do pai. Parece que, desde o útero, Sarada havia desenvolvido uma predileção inconsciente pelo timbre rouco do pai. Sakura até tentou fazê-lo cantar canções de ninar para a menina algumas vezes, mas desistiu quando tudo o que recebeu em resposta foi uma carranca.

O que ela não sabia, é claro, é que nas noites em que ficava presa no hospital até depois do expediente, Sasuke colocava a filha para dormir sussurrando-lhe doces palavras ao pé do ouvido. Sarada nunca escondeu que adorava isso.

Nos últimos quinze dias, ele se sentiu desesperadamente vazio e angustiado por estar longe da família, em uma missão em Sunagakure; separado das duas garotas que mais adorava por um deserto árido e inóspito.

Por sorte — e para o bem de sua saúde mental —, ele retornou cerca de dois dias depois do término da conferência de Lordes Feudais: seu estado amuado arrefecia a cada passo dado em direção aos imensos portões da vila e seu coração pesava cada vez menos no peito, tomado por um sentimento de completude e paz que um homem só seria capaz de sentir quando retornasse ao seu lar.

Com um dar de ombros, ele decidiu que cuidaria dos relatórios da missão mais tarde, certo de que, de todo modo, Kakashi estaria ocupado com outros assuntos e, talvez, até mesmo com seu livro pervertido.

Quando sua mão empurrou a porta da frente, um sorriso de alívio repuxou os cantos da sua boca:

— Tadaima — ele murmurou ao cerrar a porta e retirar suas sandálias e seu manto, aproveitando o ensejo para desprender a bainha com sua espada do cinto.

Sasuke estranhou o silêncio só por um momento enquanto seus olhos esquadrinhavam a sala de estar até se deterem na pequena Sarada, entretida com seus brinquedos e a salvo no seu cercadinho.

Seu coração falhou uma batida ao vê-la com os pequenos punhos cerrados em torno de uma pelúcia, fuzilando o ursinho com uma obstinação inabalável, o rostinho mimoso encrespado de desgosto.

Nesse instante, sua sogra — que cuidava de Sarada durante o dia, quando ele estava em missão e Sakura no hospital — irrompeu da cozinha, secando ambas as mãos em um pano de prato.

— Oh, bem-vindo, Sasuke! Sakura não mencionou que você voltaria hoje.

Ele aquiesceu para Mebuki, murmurando pragmaticamente algo sobre não ter tido nenhum previsto durante a conferência de Lordes Feudais em Suna e seu corpo imediatamente foi atraído (como um imã) para o cercadinho.

Sarada largou o ursinho de pelúcia que fuzilava até então assim que notou a chegada do pai e imediatamente grunhiu algumas palavras incompreensíveis, esticando os bracinhos para que ele a tomasse nos braços.

Assim que a cercou com seu calor e amor, a menina levou ambas as mãos miúdas ao rosto do pai e articulou a palavra que fez seu coração bater forte no peito e a cor fugir do seu rosto:

— Papa!

Depois disso, ela tornou a grunhir suas sílabas incompreensíveis, agarrando mechas de cabelo do pai e batendo as perninhas euforicamente. Até mesmo Mebuki pareceu ter ficado surpresa por um momento.

Sasuke sorriu para a filha, praticamente arrebatado de amor, mas se conteve assim que ouviu as próximas palavras da sogra:

— Ora, quem diria? Sakura vinha tentando fazê-la falar “mama” há dias... — A mulher de cabelos caramelos e vincos de idade em torno dos olhos e lábios balançou a cabeça e soltou um muxoxo. — Espere só a reação dela ao saber que Sarada preferiu o seu “papa”! — E riu, pendurando o pano de prato no ombro e tornando à cozinha.

E nisso, Sasuke engoliu em seco.


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Notas finais do capítulo

Postei uma Short-fic centrada na Sarada (no que essa menininha linda deve aprontar) e na família Uchiha, se quiserem conferir, aqui está o link:
http://fanfiction.com.br/historia/607667/O_Plano/
...
Obrigada a todos pelos reviews lindos. Espero que comentem nesse também! ;D
Até o próximo.