Can I sit here? escrita por luud-chan


Capítulo 1
✬ Posso sentar aqui?


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde.

Acho que estou levando o fato de floodar isso aqui com SH a sério demais. :P KKKKKKKKKKKKKKKKKKK Mas o fato é que, eu escrevi isso aqui, para uma espécie de 'amigo oculto' do grupo SasuHina no facebook, e bem, pensei em postar. Não está tãããão bom, mas tbm não está ruim... Eu acho.

Foi divertido e escrever, e meio que serviu pra eu sair (parcialmente) da crise de identidade de escrita que estou sofrendo. D: Então né..,

A música é Begin Again da Taylor Swift, e foi baseada nela, já que foi o pedido da minha 'amiga oculta' hehehe. ♥

Boa leitura e até as notas finais! ♥



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Posso sentar aqui?

Era um dia típico de inverno, em que a neblina lá fora estava densa demais e cercava os prédios, e fazia com que os carros andassem mais devagar, por seus motoristas não conseguirem enxergar direito o que estava à frente. O vento batia gelado, e mesmo a toca e o cachecol e dois casacos não conseguiam me proteger do frio. A chuva ameaça a cair a qualquer instante. Apressei o passo para poder entrar na cafeteria logo e me abrigar.

Abri a porta e o sino em cima dela fez barulho, anunciando minha chegada. Passei as botas no ‘capacho’ antes de finalmente entrar. Aquele lugar era extremamente familiar para mim, com suas janelas grandes, o piso de assoalho envernizado, os sofás escuros que substituíam as cadeiras, as mesas de madeira também escura, e o cheiro incrível dos grãos de café que tomava conta do ar.

Aconchegante. Perfeito para alguém que quer aproveitar seu coração partido, em silêncio, enquanto se afoga em livros de turismo, apenas imaginando os lugares do mundo em que poderia ir se tivesse um pouquinho mais de dinheiro, e desenhando algo distraidamente no guardanapo. Alguém como eu.

Como já estava familiarizada com tudo, sabendo até mesmo quantos riscos tinham na minha mesa favorita, e que naquele horário — duas horas da tarde — não havia muito movimento, me peguei surpresa ao notar que, diferente de todas as outras vezes, a cafeteria estava lotada. Até mesmo a mesa lá no fundo, perto da janela, que dava uma ótima visão para a rua, com a cortina vermelha que me permitia observar sem ser observada de volta.

Pensei seriamente em dar meia volta e apodrecer no meu apartamento, lamentado sobre um ex-namorado que deixou meu coração em frangalhos, há oito meses. É, eu poderia. O pensamento era deprimente, e eu teria feito exatamente isso, se não tivesse começado a chover e a ventar forte lá fora.

Mordi o lábio inferior, nervosa, e apertei a bolsa contra o meu corpo. Não havia outra opção além de pedir para sentar com alguém. Procurei um lugar com os olhos e praticamente todas as mesas estavam cheias de pessoas, não tinha lugar para mim, com exceção do meu lugar favorito. Havia apenas uma pessoa sentada lá, um homem, que eu não conseguia ver o seu rosto, já que estava de costas para a porta.

Andei em passos hesitantes até alcançá-lo. Repassei algumas palavras na minha cabeça, antes de parar na frente dele e esperar que sua atenção se desviasse do jornal que lia, para mim — o que não aconteceu. Pigarrei, desconfortável, e ele abaixou o jornal e olhou para mim.

Seus olhos eram tão escuros, que tive a impressão de estar sendo sugada para um poço sem fundo, a pele era pálida, mas não de uma forma que o fazia parecer um fantasma, os lábios finos e rosados, o nariz perfeitamente afilado, as maçãs do rosto altas e coradas — o frio? — e o cabelo negro e rebelde; senti as pernas fraquejarem e as mãos ficarem suadas.

Nunca fui boa interagindo com pessoas, por mais próximas que elas fossem. E aquele homem era... Intimidador. Bonito, mas intimidador.

— Vo-você se importaria se... — Respirei fundo. — Posso sentar aqui? — perguntei de uma vez.

Seus olhos ficaram fixos em mim por alguns segundos e achei mesmo que ele iria soltar um sonoro “não”, mas em vez disso, assentiu com a cabeça levemente e voltou a ler o seu jornal. Engoli em seco, ainda, nervosa, e sentei no banco do lado oposto, perto da janela. Deixei a bolsa descansar no lugar vazio ao meu lado e abri-a, para tirar um dos meus livros, um bloco de anotações e uma caneta.

Tentei não abusar do espaço, ficando encolhida no meu canto. Alguns minutos depois, Sai — um dos atendentes dali —, veio me atender, com seu típico sorriso — falso — atencioso, ao mesmo tempo em que seus olhos continuavam inexpressivos — como isso poderia ser possível?

— Hinata — cumprimentou. — O que vai querer? — Antes que eu pudesse responder, continuou: — Espera, já sei. O de sempre?

— O de sempre — reafirmei, dando um sorriso.

— Já volto.

Assenti. Tentei não prestar muita atenção no homem a minha frente e abri o livro no lugar que o marcador de páginas estava. Dei uma breve olhada para me localizar e hm... Antes que percebesse, estava me afogando mais em uma leitura sobre Epicurismo, porque era a única maneira que tinha conseguido de consolar a mim mesma sobre o que a minha vida tinha se tornado. Fui interrompida da minha leitura quando Sai voltou, carregando meu mocha e um pedaço de torta alemã em uma bandeja.

Colocou tudo na minha frente, e, em silêncio, se retirou, voltando a me deixar sozinha com o homem misterioso. Trouxe a xícara para perto, apenas para sentir o cheiro gostoso de café, chocolate e leite. Sorvi um gole, sentindo a espuma grudar nos meus lábios; soltei uma risadinha involuntária, o que chamou a atenção do meu “companheiro de mesa”.

— Desculpe — sussurrei, mesmo sem saber pelo que estava me desculpando.

— Está sujo. — Apontou para os próprios lábios.

— Ah... Ah! — exclamei. É claro que eu sabia que estava sujo, mas fui pega de surpresa por sua voz grave e atraente. — Obrigada — agradeci, sem jeito, abaixando os olhos pra mesa, enquanto pegava um guardanapo para limpar os lábios.

— Epicurismo, hmm? — disse depois de um bom tempo em silêncio. Quase cuspi o pedaço de torta que mastigava, achei que estava ouvindo coisas, até ele pigarrear, deixar o jornal de lado e me encarar diretamente, e continuar: — Acredita nisso?

Novamente, fiquei surpresa, tentei disfarçar e engoli, com um pouco de dificuldade, a torta, para só então responder baixinho:

— Por que não? Prazeres moderados, para atingir a tranquilidade e manter o corpo livre de sofrimentos, parece ser uma boa coisa para mim. — Tomei outro gole, chegando na parte do café, e suspirei. Tive a leve impressão que ele sorriu. Só impressão. Atrevi-me a perguntar: — Para você não?

— Acredito que o mundo, a vida, é muito conturbada para esperar apenas prazeres moderados — pareceu pensar —, nós vivemos em um lugar desordenado. Então, o que importa, é o agora.

— Isso é bem Nietzsche — notei com uma pitadinha de humor e coloquei a xícara, ainda quentinha, no pires.

— Parece que você gosta de Filosofia — observou. Apesar de quase não esboçar nenhuma reação, havia um brilho indistinguível em seus olhos, o que me fazia achar que, de algum modo, ele estava apreciando aquela estranha conversa.

— Um pouco. — Era mentira, lia sobre isso até demais, para o meu próprio gosto.

Acho que ele percebeu, já que olhou para a minha bolsa e depois para mim novamente. E se ele estava suspeitando sobre os outros livros serem sobre Filosofia também, bem, estava completamente certo.

— Certo — limitou-se a dizer e apoiou os cotovelos em cima da mesa. Sai apareceu outra vez e colocou uma xícara de café preto na frente dele, que só assentiu em agradecimento. Quando voltou a olhar para mim, parecia curioso. — O que teria para me dizer sobre o Hedonismo?

Senti meu rosto esquentar. Havia algo malicioso em seu olhar e soube que ele perguntou de propósito para me constranger. Tamborilei os dedos na mesa, pensando em uma resposta que não fosse tão... Vergonhosa.

— B-bem, eu não acho que buscar prazeres — Tossi — carnais de forma muita intensa, ignorando algumas coisas, seja muito saudável. — Ele arqueou uma sobrancelha. — O que? Apesar de parecer com Epicurismo, não é igual.

Ele bebeu um gole do café e tive certeza que estava escondendo um sorriso. Oh, estava zombando de mim?

Começamos uma longa (e saudável) discussão sobre filósofos e suas filosofias. O que nos levou para adaptações de cinema, livros, música. E acho que foi a conversa mais agradável que eu tive em meses — meus meses de fossa. Depois de conversar um tempo com ele, não parecia mais tão intimidador assim, ele era muito... Agradável? E inteligente, calmo e culto. Algumas vezes fiquei receosa em falar besteiras, com medo que ele achasse que eu era estúpida. O que, graças a Deus, não aconteceu.

O tempo passou tão rápido, que quando vi a hora no relógio que ficava pregado no alto da parede, levei um susto. Eu estava tão atrasada! Levantei da cadeira de uma vez, começando a juntar o livro e as anotações sobre coisas que tínhamos falado.

— Desculpe. Tenho que ir! A conversa foi ótima! — ofeguei, desesperada. — Até a próxima vez!

Não dei tempo para ele falar algo, sai correndo porta a fora, em direção ao ponto de ônibus. Meu pai ia querer me matar, ele odiava atrasos e bem, estava muito atrasada para o jantar em família que teria naquela noite. O ônibus passou no mesmo instante em que cheguei ao ponto, por pouco não o perdi. E foi só quando eu entrei, que percebi uma coisa: não sabia o nome do homem misterioso — e bonito — com quem passei a maior parte da tarde conversando.

x — x

Outro dia frio. Mas dessa vez, suportável. Não precisei vestir dois casacos, e nem colocar uma touca. Deixei meu cabelo solto, e apenas enrolei o cachecol no pescoço e coloquei meu sobretudo azul marinho, antes de ir, outra vez, para a cafeteria. Agora, mais por força do hábito, já que parecia que meu coração não estava mais tão despedaçado como antes — talvez o frio o congelou, deixando-o dormente por alguns momentos?

Fiz o mesmo de sempre. Limpei os sapatos no ‘capacho’, cumprimentei Sai, sentei na minha mesa favorita, abri o livro onde o marcador de páginas estava, o bloco para anotações, pedi mocha e torta alemã, e apreciei o meu momento solitário. A campainha na porta soou, mas não dei muita atenção, isso significava que não estava concentrada o suficiente no meu livro.

Ouvi um pigarro, e franzi o cenho, tentando ignorar os barulhos do lado de fora, e focar na minha leitura.

— Com licença — Dessa vez ergui o olhar e encontrei o homem do outro dia, fiquei paralisada. — Posso sentar aqui?

Meus olhos passearam pelo lugar, todas as outras mesas estavam livres. Olhei para ele, que estava parado ao lado da mesa, as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo negro, os mesmos olhos negros que ficaram invadindo meus sonhos durante uma semana inteira; um sorriso de canto discreto brincando em seus lábios, e a postura ereta.

Sorri.

— Claro.

"Então em uma quarta-feira, em um café, eu vi começar de novo"


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Notas finais do capítulo

hehehe. olá!

Acho que foi a primeira vez que escrevi algo assim, digo, usando diretamente uma matéria. No caso, a Filosofia (que eu gosto muito, by the way UAHAUHAUA). E foi até divertido, por assim dizer.

Não marquei como terminada, porque eu vou ver se faço uma continuação, tipo, só uma two-shot, no caso. Mas se não surgir nada logo, vai ser só isso aqui mesmo, :)

Obrigada pra quem leu, espero que comentem! Beeeeijo e até depois!



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