Dossiê Bellatrix escrita por Ly Anne Black


Capítulo 2
Conexões


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!
Esse capítulo era originalmente NC17 (Hentai) mas eu mudei a classificação da fic, portando tirei as cenas impróprias para menores. Quem tiver interesse e idade, a cena retirada será postada como uma shorfic em meu perfil, ok? Eu deixo o link no corpo do capítulo, no lugar em que ela estaria originalmente ;) Lembrando que, para quem não lê-la, isso não vai interferir na compreensão da fic.



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– Olívia Loren. Que surpresa mais preciosa em meus corredores.

Bella, desde que virara monitora da Sonserina em seu quinto ano, se deleitava toda vez que conseguia convencer o Monitor Chefe a fazer a ronda no castelo e ela encontrava um Grifinório vagando incauto. Normalmente ela fazia questão de chamar o diretor da casa e provocar a perda do máximo de pontos.

Mas aquela grifinória era especial. Aquela grifinória era atual “vítima romântica" de Sirius Black. E Bellatrix a odiava, a odiava muito. Não que uma coisa tivesse relação com a outra.

– Black, você não é monitora chefe, não tem autorização para patrulhar os corredores à noite.

– E você é uma grifinória burra, que devia saber melhor do que dar um passeio no buraco da serpente.

– Não tenho medo de sonserinos. – a garota disse, desafiadora.

– Não estou falando de sonserinos, leoazinha. – Bella se aproximou sibilando, varinha em punho – estou falando de mim.

Bella tocou o queixo da setimanista com a varinha, cutucando até sentir sua pulsação. Teve nojo do sangue impuro que corria debaixo daquela pele branca... tão branca como a sua própria. Mas era aquele cerne que sentia o toque de Sirius todos os dias.

– Eu poderia lhe azarar tão gravemente agora que teriam de lhe reconhecer pela arcada dentária, sabia, Loren?

– E o que está te segurando?

– Questões higiênicas. Se seu sangue respingar em mim, é capaz de minha pele apodrecer.

– Você é mesmo um tipo desprezível – Olívia bateu no braço da garota, forçado-a a desviar a varinha da sua direção.

– Se tivesse coragem de usar sua varinha contra mim, ia descobrir que não está à altura.

– Pelo contrário – a empurrou, desequilibrando Bellatrix – eu jamais seria covarde a ponto de duelar com uma sextanista, Black. Você não se enxerga?

– Não ouse me tocar novamente! – a sonserina avançou, cega pela raiva que alimentava a respeito da garota. Brandiu a varinha – ia mostrá-la que não era criança. Sentiu que nem mesmo precisava de uma famosa marca negra estampada no braço para fazer sua primeira vitima mortal.

– Avad...

– Impedimenta!

As duas voaram pelo corredor para lados opostos. Sirius vinha correndo, a varinha em punho e o cabelo negro esvoaçando pelo rosto. Sua presença tirou todo o ar os pulmões de Bellatrix e ela teve um pensamento insano – nunca o vira mais encantador, mais fantástico, mais lindo como naquele momento. Depois ela descobriu que algo viscoso e quente saia da sua cabeça – sangue.

– Olie! – Sirius caiu de joelhos ao lado da sua namorada, que estava se sentado com dificuldade. – Você está bem?

– Estou. Eu estava ganhando.

Ele riu, ele conseguia rir mesmo naquele tipo de situação. Então ele virou para Bellatrix e não estava mais rindo. Nem levemente.

– Eu vou falar sobre isso com o diretor, Bellatrix. Monitora ou não, você vai ser suspensa por usar uma maldição imperdoável.

– Sirius! – Olívia repentinamente apontou, em pânico – ela está sangrando! Ah, Merlin! – e tapou a boca com as mãos. - Eu matei uma monitora. Minha vida acadêmica está arruinada.

A expressão de Sirius se transformou em alarme ao ver a quantidade de sangue que saia da cabeça de Bellatrix. Esquecendo de onde estava, ele se sentiu de volta ao passado, quando algumas de suas travessuras acabavam em acidentes graves para um dos dois. Eram as únicas circunstancias nas quais ele se lembrava que a prima era, na verdade, apenas uma garota frágil.

– Bella! – chamou, indo na direção a ela e a amparando, porque a jovem estava prestes a desmaiar.

A exclamação passou batida, talvez nem ele se lembrasse que a tinha chamado pelo apelido.

– Me largue – ela tentou inutilmente se desvencilhar dele, apesar da tontura. – Me largue agora, Black.

Ela estava com raiva, muita raiva, estava lívida e ensandecida de raiva e nem era dele – era da estúpida da Loren. Porque ela simplesmente não tinha ignorado o fato de ela, Bellatrix, estar machucada? Por que não comemorara ao invés de fazer aquela cara de preocupação, aquele alarde, de chamar atenção de Sirius para Bella, de fazê-lo se preocupar depois de tanto tempo de cômoda indiferença?

Se possível, odiava aquela garota ainda mais agora. E também a Sirius, porque ele só percebera porque "Olie" o avisara. Se não fosse a "Olie", eles iriam embora e ela sangraria em paz tranquilamente naquele corredor até morrer, o que seria bem melhor do que estar nos braços de Sirius agora, e unicamente por culpa de "Olie".

– Leve ela pra enfermaria, Sirius!

– Não! – Bella ia protestar mais, mas sentiu vontade de vomitar e fechou a boca rápido.

Lutou um pouco, mas Sirius era maior, mais forte e naquele momento, mais saudável.

– Eu vou fazer isso. Volte ao salão comunal e espere por mim.

Semi-consciente, Bella foi carregada até a enfermaria, a raiva de Olívia Loren dando lugar à dor que deveria estar sentindo pela cabeça partida. Longe de dor, Bella estava furiosa. Ela era a prima, mas quem receberia a atenção dele naquela noite seria Loren, mesmo intacta, mesmo culpada, mesmo... Bella desmaiou. Mas quando acordou no dia seguinte, sua raiva não passara.

–BD-


Nem passou nos meses seguintes. Bellatrix implicava com Olívia Loren todas as vezes que a encontrava na escola, lhe provocando direta ou indiretamente. Tiveram uma infinidade de horríveis discussões presenciadas por todos os colegas, onde normalmente saiam machucadas e detentas. Bella perdeu o cargo de monitora, mas não se importou – almejava posições bem mais significativas no mundo real. Era sobre isso que conversava com Rodolphos no bar Três Vassouras numa das visitas em Hogsmead.

– Tenho novidades para você, Bellatrix.

– Espero que não tenha nada haver com a minha irmã.

– Na verdade isso também – ele sorriu perante a expressão decepcionada da garota – trouxe o convite do casamento de Narcissa. Daqui a duas semanas. Sabe o que significa?

– Que eu preciso de um vestido? – ela supôs.

– Não, Trix – ele a pegou cuidadosamente pelo queixo – que já podemos marcar a data do nosso casamento.

Ela ergueu a sobrancelha levemente.

– Você devia ter me dito que as duas notícias eram ruins.

– Não é o que seu pai pensa.

– Em breve eu terei 17 anos, Roph, e o que meu pai pensa não será mais tão importante assim. Você sabe que tenho planos muito mais significativos do que... casamento – pronunciou a última palavra com desprezo. – E sobre isso – ela aproveitou – me diga as verdadeiras boas notícias, agora.

– Está bem. O que ganho em troca?

– Hum... vamos ver.. a minha eterna gratidão? Fale logo, Rodolphos, e isso não é uma troca de favores.

– Você é tão intragável, Trix. – ele se resignou, suspirando - Mas sim, eu tenho a sua boa notícia. Haverá uma reunião para jovens que estão interessadas em seguir o Lorde das Trevas daqui a um mês. Eu serei responsável por levar os interessados até o local marcado. – completou, muito orgulhoso de si mesmo.

– Então você é o que do Lord, o choffer?

– Você não é tola. Sabe que esse tipo de trabalho é designado apenas para Comensais de confiança.

– E você me garante que Voldemort estará lá pessoalmente? – ela quis se certificar, ansiosa com a perspectiva.

– Ele lhe garante, minha querida. Também lhe trouxe esse convite.

Rodolphos lhe entregou dois envelopes, um preto e um branco brilhante, de linho, que obviamente advinha de Narcissa e Lucius. Bella abriu o envelope negro e uma serpente de tinta prateada ondulou na página, indo até seu dedo. Ela sentiu uma picada, uma gota do seu sangue borrou e foi absorvido pelo pergaminho. A serpente se transformou em letras vagarosamente:

"Se os nossos objetivos coincidem, venha ao meu encontro. Atenciosamente, L.V."


O pergaminho se autodestruiu em seguida, e tudo que sobrou dele foi um montinho de pó sobre a mesa. As inscrições, por sua vez, ela nunca as esqueceria.

–BD-


A mais nova das irmãs Black secretamente odiava casamentos. A comemoração de um aprisionamento, que grande coisa, era o que pensava. Via sua irmã dizer 'sim' a Malfoy e a imaginava presa naquela ostentosa mansão do rapaz loiro, se confundindo com suas estátuas de cristal, se tornando suas peças de decoração.

Ela sabia que o seu casamento seria diferente – não casar não era uma opção em sua família. Mas ela nunca seria obediente e cativa, não fazia parte de sua natureza. Pobre do homem que se enganasse sobre isso.

Era nisso que estava pensando quando Rodolphos os girava pelo salão com habilidade. Ele confundiu o sorriso maldoso no rosto dela com uma receptividade da garota e tentou beijá-la. Por mais tonta que Bella estivesse devido ao vinho de escaravelhos – de que abusara um pouco – ela foi bem habilidosa para virar o rosto no momento exato. Recebeu uma baforada de frustração na orelha, mas não ligou – provocar Rodolphos era um dos seus passatempos preferidos.

Afinal os olhos felinos e de cor tão antinatural se estreitavam e sem palavras deixavam claro sua perturbação. Ela sorria, mostrando que não se importava. Mas às vezes ela se pegava pensando que em breve eles seriam marido e mulher. Isso a deixava inquieta…

Bella agradeceu quando a carruagem do seu noivo a deixou dentro dos terrenos de Hogwarts. Ela tinha permissão para sair naquela noite devido à festa, mas não queria chamar atençãoe preferiu ir por uma das passagens secretas que Sirius lhe ensinara muitos anos antes, quando ainda se falavam.

Infelizmente seu acesso era muito perto da torre da Grifinória. Por uma infeliz conhecidência a casa ganhara o jogo de quadribol daquele dia e estava comemorando até aquele momento. Ela podia ouvir o barulho do corredor, mas não via um palmo à frente e estava ocupada remexendo a bolsa para pegar a varinha. Foi quando esbarrou forte contra um peito largo vermelho e dourado.

Não, aquilo não era o acaso agindo. Bellatrix ia descobrir, cedo ou tarde, que era o destino.

– Ai! Maldição.

Um cheiro forte de Sirius Black e firewisk invadiu as narinas da garota.

– Mil salamandras, Bella. Você está... está... absurdamente linda... parece uma cortina do salão comunal da grif... hic... da grifinória.

– E você, absolutamente bêbado. Francamente, Black, quanta pobreza, porque você não se embebeda com alguma coisa que valha dinheiro, ao menos?

– Foi o casamento da Cissa, não é? Foi bom?

Ela não pretendia responder, não ia tratar de assuntos familiares com estranhos.


– Saia da minha frente que quero ir para o meu salão comunal.


Ela deu a volta em Sirius e encarou o corredor escuro. O mundo girou e Bella se apoiou na parede para não cair.


– Bella – a voz de Sirius, embolada e rouca, falou atrás de si – Eu tenho uma coisa para lhe mostrar.


– Não quero ver o que é. – nas raras vezes que ele usava o apelido, ela sentia uma coisa na bariga. Ela estava discretamente tirando a varinha da bolsa de festa que carregava, para o caso de ter que usá-la.

Ele a segurou pelos ombros, suas mãos estavam anormalmente quentes, aquecendo a pele nua da garota como nenhum cobertor de veludo magicamente aquecido seria capaz de fazer.

– Você costumava se interessar antes. Passagens secretas, lembra? Sabíamos todas elas, mas eu descobri uma nova...

Ela lembrou como, logo que chegara a Hogwarts, Sirius a tinha apresentado os lugares ocultos do castelo. Ele os conhecia aos montes. Ele tinha um dom inexplicável de reconhecer, descobrir, desvendar sempre mais uma, mas já não compartilhava seus segredos com ela há tanto tempo. Não que estivesse fazendo falta. Não, ela não era mais uma criança curiosa em busca de aventuras e segredos. Não ao lado do seu primo traidor.

– É uma passagem secreta para as masmorras.

Ela virou-se, nitidamente menos reticente.

– Eu não acredito em grifinórios.

– Apesar disso, sei que você não deixaria essa oportunidade escapar por entre os dedos.

E a sua certeza foi comprovada quando Bellatrix o acompanhou, varinha ainda em punho para qualquer eventualidade. Ela estava dizendo a si mesma que tinha a obrigação de conhecer as passagens secretas de Hogwarts, podia precisar, quem sabe, como futura comensal. Desceram até o quarto andar, onde Sirius apontou para um longo espelho que cobria a parede do fim do corredor do chão ao teto. Era um espelho antigo, sua superfície estava tão desgastada que sequer conseguia refletir na maioria da sua área. Opaco, as bordas lascadas, nenhum atrativo em especial.

– Ali tem uma passagem secreta.

– Isso é um tanto óbvio – ela disse mal humorada.

– É claro, agora que eu já lhe falei.

Então ele deu alguns passos a frente, bateu três vezes na moldura e atravessou a superfície como se ela fosse feita de fumaça. Bellatrix ficou olhando seu reflexo difuso, sabendo que entrar ali era um grande erro. Deu alguns passos e atravessou o espelho da mesmo assim. Encontrou um breu absoluto, e sentiu a presença de Sirius ao seu lado. Acendeu a varinha e viu, bem a sua frente, uma escadaria íngreme de pedra, carcomida pelo tempo. A impressão era de que desabaria com o peso de qualquer um que arriscasse usá-la. Sirius, ao seu lado, deu uma piscadela e um sorriso que ela odiou.

O fundo do espelho atrás dela se tornara uma parede sólida, como que dizendo para que não havia mais volta.

– Medo, priminha?

Bellatrix o ignorou, enfrentando a escada. Ele vinha logo atrás. Seu cheiro forte parecia estar possuindo o nariz dela como um veneno gasoso, dificultado a respiração, dilatando os poros da sua pele, resultando em gotículas de suor. O caminho dava voltas, parecia nunca ter fim, a impressão era de que já tinham chegado ao subsolo e continuavam a penetrar sob a terra.

Até que chegaram a um portão baixo, inesperadamente.

– Alorromora. – ela apontou para o cadeado enferrujado, que estalou e abriu.

– Onde está a sua educação, Bella? Nem me deixa fazer as honras da casa...

Ela sabia que era a proximidade dele que a estava incomodando a ponto de deixá-la tonta. Abriu o portão e se abaixou para passar com ele. A visão de um corredor longo e cheio de limo não a consolou. Os porta-archote nas paredes estavam sem velas, ainda assim, uma luminosidade azulada permitia divisar os contorno das paredes nuas e úmidas.

– Dizem que ainda se pode ouvir os gritos de sofrimento dos prisioneiros aqui confinados... algumas almas perturbadas vagam por aqui, assombrado sem destino os corredores do subsolo...

– Quanta asneira, Black. – ela disse, recuperando o fôlego – Qualquer um que leu Hogwarts, uma história sabe que desde a sua construção, as masmorras do castelo nunca foram usadas com o intuído de prender criminosos e malfeitores.

Ele riu, aquela sua risada meio canina descontrolada.

– Você falou igual a Olie agora...

Ela sentiu uma onda de sangue quente invadir as áreas vitais do seu corpo, a mão que segurava a varinha formigou perigosamente, os olhos chegaram a arder, Bellatrix virou-se para Sirius com uma ferocidade inexpurgável.

– Não me compare com a sua sangue-ruim, Black!

Ele riu mais ainda.

– Eu só quis dizer que as duas são muito inteligentes.

– Isso não melhora as coisas. – enquanto empurrava com força a varinha na garganta dele, ela não pôde deixar de achar aquele diálogo vagamente familiar.

– Da última vez que me disse algo parecido, fomos parar a cama.

A mão desocupada de Bellatrix foi mais rápido que a armada, o que resultou num sonoro tapa inferido na lateral do rosto moreno de Sirius Black. A sua mão doeu contra os ossos do seu maxilar, mas foi uma dor ínfima perto do ardor que ele sentia na bochecha. Ela viu um ponto vermelhos surgir na pele e percebeu que abrira, como seu anel de noivado cravejado de pedras, um pequeno talho no rosto do primo. A essa altura, era óbvio que Sirius não estava mais sob o efeito de firewisk barato. Ela ficou admirando o corte por um segundo, até Sirius conjurar um lenço e limpá-lo. Ele estendeu o pedaço de linho branco para ela.

– Talvez queira guardar de lembrança.

– Pense bem antes de me dar isso, Black. Existem um sem-número de maldições que posso conjurar sobre você e sua corja com apenas uma gota do seu sangue. – ela sorriu cheia de si.

– Mas você não faria isso, porque segundo o Código de Conduta Black, amaldiçoar um consangüíneo é procedimento contra-indicado classe A.

– Você não é mais um Black.

– Isso não muda o fato de que o sangue que você acabou de derramar é igualzinho ao que corre nessas veias alteradas do seu pescoço.

Eles continuaram a andar em frente pelo corredor escuro. Às vezes sentiam as solas do sapato deslizar pelo que logo descobriram ser cera de vela endurecida. Era mais difícil respirar ali do que em níveis normais de solo.

– Vi seu noivo todo pomposo em Hogsmeade um dia desses. Ele consegue ser mais patético do que o de Narcissa.

– Vamos nos casar em pouco tempo.

– Que grande surpresa ele terá na noite de núpcias, uh? – Sirius riu debochado.

Ela parou apertando com mais força o cabo da varinha.

– Do que está falando?

– Suponho que não contou para ele o seu grande segredo... – Sirius parecia se divertir intensamente com aquele assunto – Aposto que seu noivo palerma não sabe que está recebendo material de segunda mão...

Ela travou os dentes. Mal podia acreditar que ele estava falando realmente sobre o que no fundo sabia que ele estava falando.

– Black, acho melhor parar por ai...

– Ou você vai o quê? Ora, Bella... então andou escondendo todo esse tempo do seu noivinho que você é impura? E todos esses discursos de pureza de sangue e obediência às tradições e o valor do sangue nobre e toda essa ladainha, porque será que eu acho que vai por água abaixo quando eles descobrirem que você foi capaz... com o seu próprio primo, o traidor do sangue, você foi capaz...

– Cale a boca! – ela tinha a varinha apontada diretamente para o coração dele, e a intenção vivaz de machucá-lo – Cale a boca!

– Fique calma. – ele piscou novamente, divertindo-se, agarrando o pulso dela e fazendo-a abaixar a varinha – Não vou lhe denunciar. Eu não quero estragar seu casamento perfeito com seu príncipe de sangue puro e toda essa perfeição azeda que será a sua vida depois disso.

– Eu odeio você. – ela concluiu, aquilo estava entalado há muito tempo – Você é tão idiota, seu futuro seria grande e fabuloso e você estragou tudo.

– Eu e você temos conceitos diferentes para "fabuloso".

Ela deu um sorrisinho atroz. Ele já a tinha atraído, desafiado, instigado, irritado e afagado. Estavam chegando perto agora. Ela conhecia aquele jogo. Mas sua paciência estava se esgotando.

– Porque estamos aqui, Black?

– Porque eu estou lhe mostrando algo que pensei que era do seu interesse?

Ela se aproximou mais, fitou fundo as orbes escuras como betume, brilhado entre a profusão de cílios sedosos que conferiam o toque aveludado aos seus olhos.

– E onde está? – ela perguntou baixo.

– Aqui está. – ele quis indicar ao redor, as paredes frias, a luminosidade azulada.

– Não. – Bella insistiu com a voz sussurrada – Onde está?

– Aqui. – ele repetiu, o tom tão menos vago e displicente que quem ouvisse de fora jamais entenderia que o que ele indicava era a si próprio.

Bella definitivamente nunca estivera de fora.

– Nós sempre fomos muito parecidos. – ele comentou, olhando os olhos dela, cujos cílios eram tão vastos e veludosos quanto os seus. A pele abaixo dos olhos de Bellatrix era tão fina que se lembrava uma lâmina fina da polpa de uma maçã. Ele via as ramificações azuladas por debaixo dela, quase podia presenciar o movimento do sangue que pulsava ali.

– Por isso a gente tem que ficar bem longe um do outro. - ela disse com ironia.

Ele riu, mas foi tão menos irritante agora.

– Sabe o que eu não consigo entender, Bella?

– Eu ficaria velha aqui tentando enumerar todas as coisas que você não consegue entender.

– Eu não consigo entender como um corpo tão frágil é capaz de ocultar uma personalidade tão geniosa.

– Mais alguma coisa? – ela quis saber, sem inflexões da voz.

– Eu não consigo entender porque eu perseguia as partes mais finas da sua pele, onde eu podia ver suas veias pulsarem.

– A sua busca nunca fez o menor sentido.

A boca de Black capturou os lábios finos da sonserina com ânsia. Queria reviver a lembrança do gosto doce do fim da sua infância, das horas dentro do quarto, da culpa velada, o ardor feroz de contrariar as leis. Fora naquelas curvas brancas que sua rebeldia se tornara pecado, e onde ele tinha conhecido uma obsessão da qual nunca pudera se livrar.

(Continuação da cena aqui. Imprópria para menores de 18 anos.)

– BD -

Bellatrix se deixou cair no chão, por cima dos pedaços do vestido de festa, sem conseguir fechar os olhos, curtindo o ardor quente entre as suas pernas e o entorpecimento da endorfina impregnando o seu sistema. Ela sabia melhor agora que, quando mais ardiam suas feridas onde ele tinha lhe segurado com muita força, seus arranhões e entre as pernas, onde ele invadira à sua vontade, mais tempo a sensação de orgasmo formigaria em seu corpo lânguido e úmido.

Ela olhou para ele enquanto o belo exemplar, os músculos suados cintilando sob a luz lunar, arfava todo o oxigênio, os olhos fechados, a expressão satisfeita. Mas quando Sirius resolveu abrir os olhos, ele sabia, ela não estaria mais lá.

Bellatrix foi embora, um fantasma à luz azul das masmorras. Sirius queria acreditar que ela levava consigo de uma vez por todas aquela obsessão que o tinha guiado ali aquela noite.

–BD-


Bellatrix odiava correr. Mesmo atrasada ela procurava manter o mínimo de dignidade através do maldito corredor que não acabava nunca.

– Ai, Sirius, pára! Hey... não, não faz isso...

Ela estancou os seus passos longos ao se aproximar das vozes e dos risos. Era uma sala vazia no segundo andar, uma sala aberta... se Bella ainda fosse monitora, ela poderia denunciar os alunos infratores que certamente receberiam uma punição por abrir uma sala em desuso. Mas não foi por isso que a sonserina parou e sim porque reconhecera as vozes.

– O que foi que combinamos? Sirius, poxa, eu nã... – a voz feminina foi subitamente interrompida. Bella esquivou-se e direção à porta da sala e presenciou a cena que poderia ter escolhido ignorar, numa outra ocasião.

O protesto de Loren fora interrompida pelo mesmo beijo que Sirius Black ainda lhe dava com todo ardor e dedicação. Tinha encurralado a garota contra a parede e percorria com as mãos todo o seu uniforme grifinório, impedindo-a de escapar, embora a vontade da Loren fazê-lo fosse questionável. Bella sentiu um arrepio na espinha ao ver a carícia intensa do primo – e não foi uma arrepio bom.

"Eles voltaram" – ela pontuou em sua cabeça. Tinham reatado o namoro como era de se esperar. Não que ela se importasse, obviamente. Só estava... enojada. Muito enojada. E suando frio, e em seguida as pernas de Bella ficaram fracas e ela teve que se segurar na parede para não cair. Ao baixar a cabeça, viu as horas no relógio. Vintes horas em ponto... estava atrasando-se. Buscando a improvável força na perspectiva do que estaria fazendo a seguir, ela retomou seu caminho ao cais do lago, onde paravam os barquinhos dos primeiranistas no primeiro dia de aula.

Era um grupo de mais ou menos dez jovens, essencialmente sonserinos. À frente estava Rodolphos, que, assim que a avistou, se aproximou impaciente.

– Trix! – sussurrou – O Lord não gosta de atrasos.

Ela já estava se dirigindo a um barco pequeno onde todos tinham se acomodado. Rodolphos sentou ao seu lado, e com a varinha, começou a murmurar feitiços desconhecidos a ela. Uma densa névoa negra envolveu a embarcação e deixaram de ver ao redor, enquanto deslizavam suavemente pelas águas do lado de Hogwarts. Um burburinho entre os jovens insistia, todos estavam ansiosos. Bella, em particular, temia abrir a boca e pôr para fora o seu jantar.

– Você está bem, Trix? – Rodolphos a olhava com atenção – está pálida.

– Estou ótima. – disse, impaciente.

– Não precisa ficar tão nervosa. Milord vai gostar de você, tenho certeza.

– Eu não preciso que você me diga isso, Rodolphos. - apesar do tom arrogante, no fundo estava nervosa.

No fim da travessia do lago, uma carruagem escura os esperava, parecendo não ser puxada por cavalo algum. Rodolphos avançou na frente do grupo e um outro comensal surgiu do interior do coche. Após uma breve conversa, foram instruídos a entrar na carruagem, que, aumentada magicamente, os acomodou com folga. Bella sentou num canto, mal olhando as faces de seus colegas que, como ela, queriam servir ao Lorde Voldemort.

Era engraçado como no meio de tudo aquilo ela tinha que ficar lembrando a si mesma que não importava se Sirius e Loren tinham reatado o namoro. Há três semanas, desde a masmorra, ela e Sirius tinham voltado a se ignorar, muito bem, obrigada. As coisas tinham voltado ao normal entre eles.

A carruagem parou. E ela estava pronta para encarar Lord Voldemort.

(Continua...)


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