No outro dia acordei ainda atada à Melanie , estava um pouco dolorida devido aos machucados, tentei me mexer o mínimo possível para não acorda-la, mas estava difícil, então resolvi só ficar olhando para o teto e espera-la acordar. Minha mãe disse que eu poderia ter alta hoje, já que meus ferimentos já tinham sido tratados e não precisaria fazer cirurgias nem nada do tipo. Mas que precisaria de muito repouso e de tomar remédios para a dor , a Mel veio aqui todos os 3 dias que estive dormindo.

Virei o rosto e olhei para as flores na bancada no lado da minha cama e fiquei as admirando por um bom tempo

–foi o Ian- Mel disse olhando para onde eu olhava- ele não conseguiu vir todos os dias por causa da escola...

–ah

– Não sei se deveria te dizer isso mas eu procurei o significado de flores azuis... – ela disse sorrindo pra mim- mas é muito interessante, quer saber ?

Eu assenti e ela levantou e pegou o celular do bolso andando pelo quarto descalça

–“A flor azul é conhecida por ser uma flor que representa o infinito e o inalcançável, onde sentimentos como gratidão, respeito, admiração, desejo e amor fazem parte do seu objeto. São os motivos pelos quais as pessoas oferecem flores na cor azul.” – ela ficou em silêncio alguns segundos esperando eu absorver – ele gosta de você, ele gosta muito de você e não parou de me enjoar para saber se estava bem

Corei

–ele está aqui?

Ela balançou a cabeça na negativa

– a mãe dele não deixou ele faltar a excursão , ele disse que vai tentar vir depois aqui, mas é provável que você já esteja em casa

–ah

Ficamos em silêncio de novo

– pegaram o cara sabe...- ela disse olhando para baixo

– quem?

– o cara que vinha na contra mão em alta velocidade, ele fez de propósito. Você conhece ele, vai ficar surpresa... ou não

–quem??

– O-o Carl... parece que o cara era louco mesmo

Coloquei minhas mãos cobrindo minha boca

–mas... Por que??

– ele não disse...Ele... está morto – ela disse

–O QUE?

– é.

Olhei pra ela com os olhos arregalados

–nossa

–aham

Ficamos em silêncio por um momento absorvendo a notícia e Mel falou novamente depois de um suspiro

– você acredita que eu estou morrendo de cansaço? Acho que é esse remédio

– eu também to morrendo de sono, e olhe que a gente dormiu cedo, são 9:30 agora

–né. – ela disse discando no celular e colocando no ouvido- mãe? Tá tudo bem?

– diz que eu mandei um beijo

– A Peg ta mandando um beijo... ela ta mandou outro e um desejo de melhoras... ela disse obrigada, eu to bem, dormimos bem, acho que hoje mesmo ela sai daqui... o que? Não, eu quero ficar aqui com ela... mas mãe! Ta... eu volto pra casa hoje... e durmo lá também... viu... certo... tchau mãe... tchau... beijo... viu... ok... tchau... – ela desligou e virou pra mim- vou ter que dormir lá em casa hoje, meu pai daqui a pouco vai passar aqui pra me buscar, vou esperar ele lá fora

–tudo bem, a gente se vê depois

Ela assentiu e eu virei pro lado já com os olhos fechados . Melanie se inclinou sobre mim e beijou minha bochecha alisando meus cabelos. E eu cai no sono

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Acordei com vozes

– talvez não seja a melhor hora- dizia minha mãe - daqui a pouco ela vai comer

–tudo bem, senhora- dizia a outra voz que se tornara comum para mim

Me espreguicei e virei na cama para olhar minha mãe na porta, ela fechou a porta e olhou pra mim

–oh, desculpa, eu te acordei?

Eu sorri pra ela carinhosamente e fiz que não

– é ele? O rapaz com quem está saindo?

Corei um pouco e fiz que sim

– ele foi muito gentil trazendo essas flores azuis...- ela disse tocando as flores do buquê

Eu sorri para ela e abri os braços e ela veio me abraçar, ficamos assim por um bom tempo

– você sabe que te amo não é mamãe?

Ela saiu do abraço e acariciou meu rosto com um sorriso enorme

– são 10 e meia você só vai conversar com ele depois que comer

– ah, droga.

Ela riu

– não vai me enganar mocinha. Trouxe seu café – ela tirou da bolsa as comidas com cheiro delicioso novamente

Bocejei

– por que estou com tando sono?

–a enfermeira disse que passou aqui mais cedo para colocar outra dose do remédio contra dor no soro, por isso está dormindo tanto

–imaginei. Quando vou poder sair daqui? – disse pegando o sanduiche e o copo com suco com o braço bom

– hoje de tarde

– legal

– mas estou pensando em não deixar você ir pra escola nesse estado segunda feira

– mas eu machuquei o braço esquerdo e não o direito e eu consigo andar com a bota

– e o dedo?

– eu me viro

– vai querer aparecer assim toda roxa?

Revirei os olhos

– ninguém me conhece , ninguém liga.

Dessa vez foi a vez dela de revirar os olhos

– se é o que você quer.... nunca vi estudante querer não faltar aula

– é que é o final do ano, dai eu preciso fazer as provas e pegar as revisões com os professores também

– sei.

– é verdade!

– você odeia a escola

Dei de ombros

– mas ainda penso no meu futuro

– aham...

Terminei de comer e olhei pra ela

–ele ainda ta ai?

Ela assentiu

– pode dizer pra ele que ele pode ir embora, a gente se vê depois , e eu estou bem de qualquer jeito

Ela franziu a testa

– o que foi?

– nada, ué

– você a dois minutos atrás ia morrer de fome pra poder falar com o rapaz

Suspirei lembrando do nossa ultima conversa

– eu sei é que...

– o que ? – ela disse tentando não rir- vocês brigaram? Qual foi a besteira da vez?

–EI! Para de rir. É.. é , tá, eu meio que dei um chilique existencial na frente dele

Ela começou a gargalhar

–por que?

Eu fiz um bico emburrada

–bem, primeiro porque a Mel estava toda garota malvada pra cima de mim e antes disso todos os amigos dele me trataram super estranho e eu não gostei nada disso

– e ele não fez nada?

–hmm... bem, não. Quer dizer, sim. Ele tentou afastar eles de mim, mas...

–Mas o que, querida? Não era o certo a se fazer?

–M-mas...

Ela sacudiu a cabeça em reprovação e abriu a porta

–ela está te chamando...

–Ian

–Sim, Ian. Pode entrar

–MÃE- eu disse gritando em um sussurro

Ela saiu do quarto e logo Ian entrou.

Ele ficou me olhando por um tempo até que eu desviei o olhar me sentando na cama

– obrigada pelas flores- eu disse olhando para elas de novo- e...desculpe por aquele drama que eu fiz

Ele se aproximou e sentou no sofá do lado da cama

– não deveria ter te levado pra aquela confusão, me desculpa...

Eu me deitei novamente e virei de lado

–tudo bem... mas tenho algumas condições se você ainda quiser continuar com... isso.

Ele riu

–ok...

–bem, primeiro você tem que ser cem por cento sincero quando responder às minhas perguntas- eu levantei um dedo ele assentiu com um sorriso tímido nos lábios- nunca mais me levar pra qualquer lugar tumultuado demais- levantei o segundo- e nunca me deixar sozinha demais – levantei o terceiro, esse último eu pensei pelo fato de sempre que estava sozinha achar que o mundo estava contra mim e começar com aqueles pensamentos horríveis sobre mim mesma

– certo, certo e certo. Mas só avisando que eu sou meio estranho e talvez você se assuste com a sinceridade e... eu também tenho algumas condições

–justo- dei de ombros

– você também tem que ser sincera comigo- ele parou de falar e esperou

– ah, é só isso?

Ele riu

–aham

– ok, fácil, eu não sou uma boa mentirosa mesmo – disse mudando de posição e colocando o braço sob a testa

– é eu sei

– como assim?

– nada não

Olhei pra ele emburrada

– ah, é, o lance da sinceridade. Você não vai gostar... tem certeza?

Assenti e ele suspirou

– bem, você também não é muito boa em esconder suas emoções e... eu meio que deduzi

– o que?

–hmm, Jared

– Jared o que ? – perguntei com o coração acelerado

– eu não sei direito, eu meio que desconfio, me diz você se é verdade

– o que? – eu disse com um tom mais alto e ele levantou as sobrancelhas. Eu e minha falta de habilidade de mentir – ta, ok. É, eu tenho sentimentos por ele. Sentimentos fortes.

– a Mel sabe disso?

– sim.

– Ele sabe disso

– não sei. Mas ele é muito inteligente para não perceber.

– hm- ele engoliu em seco- t-tem alguma possibilidade de esquecê-lo ?

Eu pensei numa resposta razoável por um momento. Me levantei com um pouco de dificuldade e me sentei reta, depois sorri

– Jared nunca perderá um espaço no meu coração- disse baixinho

Ian congelou pelos poucos segundos que permanecemos calados

– assim como a Mel e a família Stryder... – continuei a falar – mas sabe, acho que a verdadeira pergunta aqui é: será que alguém mais poderá entrar aqui? – eu disse colocando minhas duas mãos no coração

Ele arfou e seus olhos brilharam à medida que ele se levantava. Ele sentou e pegou minha mão direita

– parece que esse é um trabalho meu então

Eu ri e ele sorriu de volta levantando meu queixo e me puxou para um beijo. Simples assim. E o incêndio foi despertado de novo.