Reminiscência escrita por Deusa Nariko


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Estou me juntando à festa um pouco atrasada por motivos de semana de provas da faculdade, mas eu nunca que ia deixar um evento desses passar em branco HAHAHAHAHAHA
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SOMOS CANON, BABIES! CHUPEM, HATERS! SENTEM E CHOREM E CURVEM-SE PERANTE A BELEZA DO MEU SHIP 100% CANONIZADO MUAHAHAHAHAHAHAHA
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Essa one-shot se passa algumas semanas depois do fim da guerra e alguns dias antes da partida do Sasuke de Konoha.
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Inspirada na música do gatíssimo do Corey Taylor 'From Can To Can't, recomendo que ouçam, mas cuidado para não enfartar com tanta beleza e gostosura:
https://www.youtube.com/watch?v=RTxAS4jGsyU
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Boa leitura!



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Reminiscência: Lembrança do que a alma contemplou em vidas anteriores.

Um dia, o falcão repousará nos galhos da cerejeira❞.

(Desconhecido).

Sob a água

É frio e cinzento

O meu tórrido outono...

Outra estação decai

Abrem-se os abismos

E as minhas paredes desmoronam

[...]

Este é o lugar onde eu desenharei uma linha

Eu desenharei a minha linha.

Corey Taylor — Trecho de From Can to Can’t.

Mais uma vez, contemplo a alvorada em todo o seu esplendor e luminescência. Um espetáculo que há tempos não me permitia admirar.

Com o passar dos anos, passei a me negar os mais simples prazeres, o que o mundo tinha de mais belo a oferecer aos meus olhos. Antes, fechei-os para tudo, até mesmo para o que estava em oculto dentro de mim.

Olhei para o abismo e ele olhou-me de volta, então.

Foi uma longa e dolorosa escalada até que eu alcançasse o topo outra vez. Devo isso à persistência de Naruto, eu reconheço. Eu não sei onde estaria se meu melhor amigo (e irmão) tivesse desistido de mim — motivos não faltaram a ele para fazê-lo. E, no entanto, aqui estou eu, de volta ao ponto de partida, onde tudo começou, de certa forma.

Konohagakure no Sato.

Um dia, eu prometi destruir este mesmo lugar; ainda sinto o gosto de minhas próprias lágrimas em minha boca, o cheiro do sal na brisa que soprava forte, o borrifo das ondas nas rochas.

Ainda sinto o peso do luto sobre os meus ombros fatigados. Mas desta vez, há um conforto, um acalento. Não consigo evitar que este sentimento se aposse de mim e eclipse-me. Talvez eu não queira evitar.

É outono no país do Fogo e o céu está pintado em tons de pêssego e violeta. O sol nasce a leste e roça os rostos empedernidos dos eternos sentinelas no monumento dos Hokages. Um sexto rosto está sendo lentamente acrescentado aos outros cinco, esculpido na rocha nua. O rosto do homem que hoje eu mais respeito, o meu sensei.

É calmo aqui, ou talvez seja apenas uma reflexão do meu estado de espírito. Há tanto tempo não me sinto em paz assim.

Distancio-me da borda do aclive, folhas avulsas rodopiam em torno dos meus pés. Desço com alguns saltos e pouso nas ruas silenciosas de uma aldeia que ainda está despertando. O trajeto até a pequena casa onde Kakashi me alojou é rápido.

Destranco a porta com a chave dentro do bolso da minha calça e giro a maçaneta; a luz da manhã vara as janelas, mas o silêncio predomina e me inquieta. O canto das cotovias está distante agora.

Retiro minhas sandálias ninjas e empurro a porta com um pé para fechá-la. Nessas últimas semanas, forcei-me a reaprender cada atividade por mais consuetudinária que fosse. A ausência de meu braço esquerdo quase não me incomoda mais.

Há pouca comida nos armários, mas não demoro a preparar algo simples para comer. O pensamento de me sentar à mesa não me passa pela cabeça em momento algum, de forma que tomo meu desjejum recostado ao balcão da pia. O ruído dos ponteiros do relógio pendurado na parede ressoa dentro de mim.

Por um instante, me permito memorar os dias felizes que vivi aqui em Konoha. Os anos em que cresci aninhado no seio de minha família, os meses que me permiti aceitar o afeto e o amor pelo meu Time. É estranho, de certa forma, estar de volta quando eu nem mesmo sei mais quem eu sou.

Não posso recorrer ao garotinho que fui um dia e também não posso contar com o vingador que me tornei por um tempo. Naruto me mostrou que eu não preciso carregar todo o ódio e escuridão do mundo para instituir e incitar a paz e a união. Ele me mostrou que eu não tenho que desistir de mim mesmo e abnegar-me por um bem maior.

No entanto, eu sinto que ainda preciso ver com os meus próprios olhos o mundo que o Naruto acredita que possamos construir. Por anos, eu estive cego, os meus olhos toldados e vendados pelo meu desejo de vingança. Agora, sinto como se pudesse olhar para tudo outra vez com uma nova perspectiva.

O problema é que aqui, confinado na vila, eu jamais terei essa oportunidade.

Três leves batidas na porta da frente arrancam-me de meus devaneios. Ao abrir a porta, deparo-me com uma figura levemente irritada:

— Sakura — afasto-me para deixá-la entrar, o que ela faz sem quaisquer cerimônias. Quando ela passa por mim, sinto o perfume dos seus cabelos.

— Se você não comparecer ao hospital, não há como trocar os curativos do seu braço, Sasuke-kun — ela reclama sem mais delongas enquanto retira as botas; carrega uma bolsa consigo que suponho conter o material necessário para trocar os curativos em meu braço esquerdo.

Quando ela se vira para mim, sorrio de leve.

— Se bem que se considerarmos o seu histórico de fugas do hospital, eu não deveria ficar realmente surpresa.

Fecho a porta e a acompanho enquanto ela se encaminha para a modesta sala de estar, gesticulando para o sofá para que eu me sente e ela possa fazer o trabalho dela.

Sakura rapidamente se acomoda ao meu lado, abre a bolsa e retira algumas bandagens. Seus dedos tocam-me levemente para dobrar a manga de minha camiseta e depois brilham fracamente para cortar as ataduras antigas, removendo-as completamente.

O seu toque na minha pele, Sakura, é firme e delicado exatamente como você. E eu não tiro os meus olhos do seu rosto enquanto você, concentrada demais, nem mesmo se dá conta do olhar que procura absorver tudo que puder de ti.

Em quatro anos, nós mudamos muito, não é? Eu chego a essa conclusão agora enquanto reflito sobre essa sua nova compleição. Eu deixei para trás uma menininha e hoje me encontro com uma mulher.

— Como está a recuperação do Naruto? — eu quebro o silêncio entre nós dois porque me parece estranho, incomum que ele até mesmo exista. Inaceitável.

— Mais rápida do que a sua — você sorri e eu me pego refletindo o seu sorriso. — Graças à Kyuubi, é claro. Óbvio que ele está reclamando bastante de ter que reaprender a fazer tudo com a mão esquerda. Nem todos são ambidestros como você, afinal — um revirar discreto de olhos e de novo eu me descubro sorrindo por sua causa.

Mais uma vez, o silêncio cai entre nós. Há tanto que eu poderia te dizer, mas as palavras não me veem à boca e eu acho que você entende isso — você sempre entendeu. Os meus atos e gestos sempre falaram tudo por mim, não é? Ainda que eu tenha tentado lutar contra isso, no fim essa foi uma batalha que eu perdi.

Seus dedos apertam as novas bandagens no que restou do meu braço. Você toma fôlego, como sempre faz quando quer abordar um assunto que não te agrada.

Quando os seus olhos caem sobre os meus, todos os meus pensamentos silenciam-se, Sakura. E eu acho que você sabe disso, sabe do poder que tem sobre mim. No passado, eu teria medo disso, eu correria desses sentimentos, mas agora não mais.

— A Tsunade-sama está empenhada em descobrir um jeito de ajudar você e o Naruto. Agora que o Kakashi-sensei é o Hokage, ela está se dedicando integralmente a isso, Sasuke-kun, e ela vai encontrar, acredite em mim.

— Eu não duvido. — É o que respondo mecanicamente, assentindo.

Quando os seus dedos se afastam da minha pele, eu sinto falta do calor, do contato físico. Eu sinto falta de você, Sakura. Dos seus abraços e da ternura no seu olhar. Do modo como você sussurra o meu nome quando está preocupada e até mesmo quando você tentava ficar sozinha comigo.

Talvez eu ainda queira encontrar um pouco dessa Sakura em você, talvez eu a queira de volta no fim de tudo.

Os seus olhos são serenos e intensos de uma forma que eu nunca consegui explicar. E eles ainda reluzem nos meus.

— Eu também farei o que puder para ajudar, Sasuke-kun.

Eu sorrio porque disso eu tenho total e absoluta certeza. Você sempre se doou demais pelos outros, especialmente por mim. E eu ainda quero descobrir muitas coisas e quero reafirmar outras tantas mais, mas no momento, tudo o que eu faço é estender a minha mão e tocar no seu rosto. O meu polegar descansa sobre a sua bochecha, a textura da sua pele é macia, exatamente como eu me lembro.

O meu gesto te pega de surpresa a julgar pela forma como o seu olhar se quebra no meu, mas eu só consigo pensar no calor que emana abaixo da palma da minha mão, nos fios de cabelo que escorrem pelos vãos dos meus dedos, leves como plumas.

— Sasuke-kun? — O seu sussurro me aquebranta, me faz estagnar. Não tanto quanto o seu próximo gesto, contudo.

Você se inclina na minha direção e roça a sua boca na minha, brevemente, levemente. Quando se afasta, parece escandalizada com a própria audácia, de forma que cobre os lábios e sai do meu alcance.

— Desculpa, Sasuke-kun — você murmura apressada e embaraçada até o último fio de cabelo.

Quando você se levanta e faz menção de pegar a sua bolsa para partir, no entanto, eu a impeço, fechando os meus dedos em torno do seu pulso para retê-la.

— Sakura, espera...

Você para e me fita, confusa talvez e até mesmo um pouco assustada. Mas o que você vê nos meus olhos ainda é capaz de te fazer acatar o meu pedido.

Desta vez, quando você se aproxima, todas as minhas defesas já caíram por terra. Os seus braços estão em volta do meu pescoço, a sua boca pressiona a minha com mais insistência. O meu único braço rodeia a sua cintura e te traz para mais perto. Sinto o calor irradiando do seu corpo, o cheiro limpo e feminino da sua pele, o gosto da sua boca na minha.

Nós somos inexperientes e temos pressa, mas não demoramos a encontrar a harmonia necessária. A diferença de estatura certamente é um detalhe incômodo, mas eu flexiono os meus joelhos levemente para compensar aqueles poucos centímetros que ainda tentam nos afastar.

Corro meus dedos pelos cabelos na sua nuca e de repente quero ter duas mãos outra vez para senti-la por completo, para te prender junto a mim. A sua respiração se altera quando eu mordisco o seu lábio e eu espio pelas minhas pálpebras entrecerradas as suas bochechas fortemente coradas.

Quando os seus punhos agarram a minha camiseta, sinto que estamos indo longe demais, mas eu não consigo encontrar em mim motivos para parar — não agora. Minha boca já roubou todo o seu fôlego e ainda assim eu não me sinto satisfeito. Por isso busco pelo seu pescoço, pela linha do seu maxilar e por isso a minha única mão se infiltra desinibida sob a sua blusa, prendendo-se à pele da sua cintura e costas.

Você arfa no meu ouvido e isso desencadeia um fogo estranho dentro de mim, uma sensação tão forte que corre pelo meu corpo e acende a flâmula do meu desejo. Nenhuma outra mulher conseguiria isso, eu sei.

Em todos esses anos, eu negligenciei não apenas os meus sentimentos, como também os meus apetites e parece que agora eu estou pagando o preço por isso. Tão focado em minha vingança, eu jamais atentei para as minhas necessidades mais substanciais.

Por que parece tão fácil reclamá-la como minha agora, Sakura?, eu me pergunto enquanto me afogo no seu calor, no seu cheiro. Por que parece tão fácil agora ceder e começar uma nova vida com você ao meu lado? Mas não é. Não é fácil. Jamais o seria.

É por isso que eu, eventualmente, reassumo o controle sobre o meu corpo e me afasto de você — por mais que eu não queira.

Você me olha aturdida e eu quero responder cada uma das perguntas que eu vejo nos seus olhos, mas você me conhece, eu não sou bom com palavras, não quando elas se referem aos meus sentimentos. Ainda assim, você toca o meu ombro e sussurra o meu nome. Sempre preocupada.

— Desculpa, eu não tinha o direito — eu digo e você sorri para mim, para me confortar.

— Está tudo bem — assegura, mas eu sei que uma parte sua duvida, se questiona.

Eu olho para o seu rosto porque a luz que emana dele sempre foi um acalento para mim. É como o sorriso do Naruto, você me traz esperança, Sakura.

Nunca quis tanto te dizer o que realmente sinto, o que realmente senti em todos esses anos. Porque a verdade inescapável é que eu te amo, sempre te amei, mas nunca pude me permitir viver esse sentimento, fosse pelos meus objetivos, fosse pelo medo de te perder que sempre me assombrou.

Eu não sei se você sente, se é capaz de sentir a intensidade dos meus sentimentos, Sakura. Embora no fundo eu tenha esperanças de que sim, você é, você sabe ou ao menos suspeita. Nunca fui exatamente franco com os meus sentimentos por você, mas quero mudar isso a partir de hoje. Quero me tornar o homem digno de andar ao lado da mulher incrível que você é.

No passado você pode ter achado que não estava a minha altura, mas sempre foi o oposto. Não apenas você, Sakura, mas Naruto também. Eu quero me tornar merecedor do amor e amizade de vocês dois. Quero olhar o mundo e sentir que há esperança, que eu devo acreditar e ter fé também.

Eu preciso disso e eu espero que você possa me entender e possa me esperar. Porque quando eu voltar, não haverá mais nada que nos impeça de ficarmos juntos.

Sei que Naruto não aceitará tão facilmente essa minha decisão, mas você sempre foi mais compreensiva comigo — mais do que eu sempre mereci na realidade.

É por isso que quando você pega a sua bolsa e vai embora eu não te impeço, não te faço ficar, ainda que isso me destrua. Eu preciso desse tempo sozinho, eu preciso me afastar de você e do Naruto, por favor, compreenda e não desista de mim.

Agora, eu me encaminho para o escritório do Hokage com o único intento de conversar com o Kakashi sobre a minha decisão. Mais tarde, eu comunicarei vocês dois acerca disso, não se preocupem. Eu não tenho a menor intenção de me tornar um renegado outra vez.

Eu quero que seja diferente quando eu partir dessa vez, quero que vocês estejam lá para se despedir de mim.

Porque eu voltarei para casa, em breve.

E eu voltarei por vocês, a minha família, o meu Time 7.

Isso inclui você, Sakura.


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Notas finais do capítulo

Sabe aquela coisa irritante do "Eu avisei"? Então, me senti assim semana passada quando a Evil postou os primeiros spoilers enigmas dela. Essa danada! MUAHAHAHAHAHA Depois disso, nunca mais olhei torneiras e um prato de salada do mesmo jeito, tsc.
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Fiquei tão eufórica quando vi a Sarada pela primeira vez que quase sai correndo pela casa toda MUAHAHAHHAHAHA
E YEAHHHH SASUSAKU É CANON lol Sasuke AMA a Sakura, Sasuke CASOU com a Sakura, Sasuke TEVE UMA FILHA LINDA com a Sakura, deal with it, haters! *3*
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E, hei, vocês que estão dizendo que o Kishimoto vendeu o final do mangá... VÃO TOMAR NAQUELE LUGAR QUE O SOL NÃO BATE! ELE NÃO VENDEU MERDA NENHUMA, ELE SIMPLESMENTE JUNTOU OS CASAIS QUE ELE TRABALHOU DESDE O COMEÇO DO MANGÁ! SENTEM E CHOREM! O CHORO DE VOCÊS É MÚSICA PARA OS MEUS OUVIDOS HAHAHAHAHAHAHAHAHA
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O quê? Você achou que a Sakura amava o Naruto? Você achou que o Naruto e o Sasuke tinham um caso amoroso? Você achou que o Sasuke ia ficar com a Karin? Enganou-se, filhinho! HAHAHAHAHAHA É NARUHINA E SASUSAKU NESSA BAGAÇA, FALOU AÊ!
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Enfim, chega de surtos, já surtei até demais semana passada :3 Espero que tenham gostado dessa pequena homenagem que eu fiz ao meu casal favorito de Naruto.
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Deixem reviews, contem o que sentiram quando viram os primeiros spoilers, como se sentiram quando a ficha caiu que o nosso casal finalmente havia se tornado Canon?
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Nos vemos nos reviews ;D