Diário de um Anjo Negro escrita por Jenny BiPuPiJiCo


Capítulo 6
Lembranças Part. 2


Notas iniciais do capítulo

Recado importante!
Por motivos de estudos e tal, só postarei o próximo capítulo daqui um ou dois dias. ;)
Agradeço desde já e desejo-lhe uma ótima leitura!
Beijos, Jenny ;)



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_ Então, você está nos dizendo que você foi transportada para outra dimensão e acordou em um hospital humano? Graças á chave? – disse Nick. Ela estava séria, como todos os outros.

_ Sim... A chave me levou pra outro lugar. Eu á apelido de dimensão vazia... Mas é certo que como sou sua guardiã, a chave só obedece a mim e pelo visto, me protege. Apesar de que ela está causando muita destruição. Temos que dar um jeito de parar com isso. Lúcifer deve estar cansado de esperar alguma oportunidade.

_ Mas docinho, do mesmo modo que achamos que você estava morta, Lúcifer também acha.

Andy estava ao meu lado, no chão, em frente ao sofá onde os outros estavam sentados. Então percebi que o sofá era grande daquele jeito porque assim caberia todos e sobraria espaço pra mais alguém. Talvez para meu querido Davi. Se ele estivesse aqui.

Eu contei tudo á eles. Desde o dia que parti até os dias de hoje. Me escutaram atentamente e agora teríamos que discutir o que fazer. O problema é que não sabíamos por onde começar e principalmente se Lúcifer já sabia de alguma coisa.

_ Olha Andy, nós viemos diretamente pra cá, depois de resolver os pequenos conflitos que arranjamos hoje – Nick olhou pro Ash, apontando-o. – porque sentimos uma energia grande vindo daqui e creio que venho quando Carolyn descobriu suas asas novamente. Portanto, finalizo dizendo que, com toda certeza, Lúcifer já sabe. Falei bem amor? – ela olhou pro Chris agora, rindo.

_ Sim amor. Sem dúvidas... – e ele a beijou. Eca. Espero que Andy e eu não fossemos assim. Errado, creio eu.

_ Aff! Parem com isso! Senão eu tiro as roupas de Carolyn e as minhas aqui mesmo! – eu ri junto com os outros. Andy não para de ser travesso. Mas é claro, Ashley não riu. Estava impassível.

_ Para de bobeira, temos que resolver esse problema da chave antes que aquelas bestas venham de novo! – ele disse e agora parecia nervoso.

_ Primeiramente Ashley, não sabemos onde está a chave. Segundo, temos coisas pendentes a resolver como a família fictícia de Carol e terceiro, não temos certeza se Lúcifer já sabe. Teríamos que mandar um espião lá. – disse Dani, como sempre, a mais analítica. Talvez porque seus poderes sejam relacionados com a mente.

Agora que caiu a ficha. Eu esqueci da minha avó. Ela devia estar preocupada... Espera. Não tenho família, a não ser meus irmãos anjos. Humanos não são nada meus. Mas e as lembranças? Aquelas coisas horríveis que passei?

E a chave. Agora faz sentido. Eu sabia onde ela estava, bem mais perto que todos imaginam.

_ Espera ai! Mas e minhas lembranças? Das coisas que eu passei?

_ Provavelmente foram incrementadas em sua psique, foi uma maneira que a chave encontrou para te proteger esse tempo todo, digamos assim. Lúcifer sabe que ela só obedece a anjos, á um especificamente. – e olhou diretamente pra mim. - Tanto que ele foi somente atrás de você, antes de nos unirmos. Mas enfim, tudo que você foi e passou, não passam de meras imagens colocadas na sua mente. – disse Dani. Suas feições eram tranquilas, sinal de que falava a verdade para me consolar.

_ Eu acredito em você irmã. Então, temos que dar um jeito em todos os humanos que tiveram contato comigo ou com vocês. Já estão correndo grande perigo.

_ Que barra! Não tá triste não? – finalmente Jake disse alguma coisa. Ele era mais alto que eu, cabelo maior que do Jinxx, mas também repicado. Estava com uma camiseta vermelha, tênis All Star preto de cano médio e uma calça jeans surrada com rasgos nos joelhos. Seu olhos eram cor de mel, uma das coisas que mais me agradaram nele.

_ Não estou não Jake. Me sinto até bem... – eu menti. Estava cansada de mostrar fraqueza na frente deles, por isso não queria mais chorar, nem aqui, nem nunca mais. Mas meu vínculo com Andy é mais forte do que muitos imaginam. Ele me envolveu com seu braço direito, me dando um beijo leve na testa. Ele sabia tudo que se passava no meu coração. Fechei os olhos e lembrei de uma coisa. A chave. – Ah, e quanto à chave. Eu sei onde ela está.

_ O que? Onde? – disse Nick, chegando mais pra frente no sofá. E todos se inclinaram também. Eu sentia os olhos de Andy como se fossem me queimar.

Olhei em cada rosto ali presente. Observei todas suas expressões e ao fazer isso, vi Gabee, no meio de Jake e Chris. Ela era a mais tímida de nós, mas quando se transformava por completo, se tornava a mais vulgar e majestosa. Eu achava ela linda com aqueles olhos verde-esmeralda, cabelos até um pouco abaixo da bunda, negros feito a meia-noite, com ondulações perfeitas. Sua boca também era carnuda e vermelha por natureza. Estava com uma espécie de macacão de couro tomara-que-caia preto e botas de salto agulha que iam até o meio de suas coxas. Ela parecia poderosa só de olhar, ao contrário de mim. Sinceramente, não me acho atraente. Hum... Bem, esse é um dos poderes dela. Nos homens ela causa a sedução fazendo-os de marionetes e nas mulheres, ela causa a tristeza de si mesmas. Era formidável isso, mas ela controlava este poder... Vai ver que estou meio atordoada ainda.

Eu levei minha mão direita até um pouco acima do meu colar, fazendo uma concha em cima dele e citei as seguintes palavras:

_ Oh, minha cruz dourada que Deus me enviou. Minha grande chave monarca, aqui estou. Vista-me com sua graça e sabedoria. Abra-me o portal quando for prescrito. – então meu colar brilhou, num tom de dourado e logo depois, foi se formando a pequena cruz. Agora eu me lembrava dela totalmente. Em seu centro havia uma pequena pedra azul e em volta palavras, as quais citei, formando labirintos como se ela estivesse trincada. Lembro-me que demorei mil anos para interpretar que aquilo servia para invocar ou esconder a chave. – Ela sempre esteve aqui, apagando e renovando minhas memórias... Pois é.

_ Chris, fica aqui enquanto eu vou ali na janela me jogar. Beijos! – disse Nick, se levantando, mas ela só veio até mim e se ajoelhou. – Que bom que você está de volta! Meu Deus!

_ Mas que merda! Como não pude perceber isso?

_ Ninguém sabia Andy... Não se preocupe... Bem, agora é decidir o que fazer com ela. – disse Dani.

Eu estava cansada daquilo. Queria paz pra mim e meus irmãos. Queria ficar com Andy pra sempre, sem que ninguém nos perturbasse com isso. Estava cansada de batalhas e principalmente agora que descobri que perdi Davi. Então, eu disse, com toda a determinação que pude mostrar.

_ Destruí-la.

_ Amor, você está certa. Mas porque Deus lhe daria uma chave que abre um portal que abre o céu e blá blá blá, pra que no final você destruísse? Não faz sentido...

_ Andy, Gabriel me disse que isso era um teste, já que milhares de anjos não escolheram um lado. Deus quis mostrar que se estão do lado dele, os indecisos e não decidos, lutariam ao seu favor. É como um chamado.

_ Ah sim...

_ Legal... E como se destrói isso? – disse Jinxx.

_ Quebrando-a com uma certa espada que fica bem no meio de onde caímos. Agora é só lembrar o caminho... Ok. Isso temos que descobrir. Mas é fácil comparado a lutar contra Lúcifer. Concordam comigo?

_ Sim... – todos responderam em uníssono.

_ Estão comigo, certo? - e mais uma vez, todos responderam.

_ Claro que sim.

_ Ótimo. Eu prometo a vocês que vamos vencer e acabarmos com isso logo. E poderemos finalmente descansar...

_ Você sonha alto docinho, mas é isso que nos move, sabia? – ele sorriu e meu deu um beijo.

_ Certo, certo. Estamos com você. Vamos procurar a espada, quebrar a cruz e depois vamos para o Havaí numas férias. O que acham galera?

_ Boa ideia Nick! – concordou Jake e todos nós rimos.

Eu lembrei de outra coisa. Tinha que resolver a questão dos humanos. E resolver umas dúvidas.

_ Dani, como você acha que parei numa casa de humanos depois de mil anos?

_ Bem, eu creio que a chave “segurou” você na outra dimensão até achar o momento certo para te despertar. Ai, ela “jogou” você na casa dos humanos quando achou que era a hora. E como não é todo dia que um anjo cai do céu, chamaram os bombeiros e te internaram para “explicações”. Creio eu, que sua avó fictícia te trouxe para a Alemanha as escondidas, porque o governo americano é bem rigoroso quanto a formas “alienígenas”. O que foi? Por que estão olhando pra mim?

_ Você leu os pensamentos de quem? – perguntou Nick.

_ Do Andy.

_ Meus? Como assim? E droga, não faça isso de novo!

_ Eu só fiz isso porque você estava agindo estranho. Meio avoado. Ai eu vi que você reencontrou a Carolyn e vi também que foi visita-la em seu quarto, mas acabou sugando algumas memórias tanto da “avó” quanto dela.

_ Espera ai. Andy, você foi até meu quarto? Aqueles olhos vermelhos eram seus?

_ Sim e sim. Na verdade, fiquei só na janela, essa era minha intenção. Mas ai você começou a espernear e gritar, então resolvi entrar. O problema é que você estava usando seus poderes, mesmo sem querer. Liberava muito energia de sua aura. Ai, eu liberei a minha e quando você acordou, lembranças de todo mundo naquela casa veio pra mim. Você que filtrou tudo pra si, é um dos seus poderes. É claro que você não se lembra, mas elas estão ai. E como disse, você estava liberando energia e eu estava próximo. Portanto, também veio pra mim. Agora chega dessa merda! Entenderam que foi sem querer?

_ Andy, por que você foi até meu quarto?

_ Porque eu queria te ver!

_ Tá! Agora chega! Vamos ou não resolver o assunto “humanos”? – disse Nick. Ela já estava irritada, mais que eu até.

_ Tudo bem... Vamos agora. Eles devem estar preocupados pela querida Carolyn não estar na escola. – me levantei e os outros fizeram o mesmo.

_ Certo, vamos voando ou de moto docinho? Quer dizer, eu voo dos dois jeitos...

_ Andy você fica com o os outros. Só vou levar Nick e Dani. Nick porque é forte psicologicamente e fisicamente e Dani porque, bem, é ela que tem os poderes de apagar mentes... Não será incomodo Dani?

_ Claro que não! É o meu poder e adoro usá-lo! – ela sorriu, toda animada, se esticando de um lado ao outro.

_ Vamos voando, é mais rápido e preciso praticar. – Andy ainda estava chocado por mim não leva-lo. Eu precisava de espaço. Eu tinha certeza que iria ficar muito triste, mesmo sem querer, criei um vínculo com aquelas pessoas. Dei um beijo e o apertei bem forte. Nick fazia o mesmo com Chris. – Eu volto logo, prometo. E Ashley e Jinxx, quando eu chegar, quero conversar com vocês.

_ Tudo bem. – responderam.

_ Se cuida docinho. Vou ficar te esperando... Prometo.

_ Ótimo. Vamos meninas.

Seguimos para o terraço. Subimos de escada para esticar um pouco os músculos. Chegando lá, abrimos nossas asas, encostando umas nas outras, o que foi extremamente confortável. Rimos de tanta euforia e alçamos voo. Fomos em direção ao céu negro que de certa forma, quando eu olhava pra ele, me sentia feliz e triste ao mesmo tempo. Talvez porque hoje me lembrei de minha vida e também esquecerei e apagarei outras vidas.

...

Aterrissamos no gramado, atrás da casa. Recolhemos as asas e eu fui caminhando na frente. Abri a porta dos fundos que dá acesso a cozinha. Não havia ninguém ali, mas eu escutava vozes que vinham da sala. Fomos pra lá e ficamos na soleira da porta, observando. Lá estavam todos os empregados. Minha querida Myrna chorava e Many tentava consolá-la. Os outros estavam apreensivos, alguns choravam como Myrna, até que vi Amberly, minha avó fictícia. Ela conversava com policiais. Estava dando depoimento, com certeza. Eu ainda tinha que esclarecer umas coisas, então fiz um pedido a Dani.

_ Dani...

_ Sim?

_ Apague as memórias de todos aqui agora, mas deixe Amberly por último. Gostaria de conversar com ela, esclarecer umas coisas.

_ Se você quiser, eu filtro todas as lembranças dela pra você, não precisa fazer isso.

_ Não. Eu quero me despedir... – eu já estava quase chorando.

_ Certo. Farei isso agora, principalmente com as pessoas da Filadélfia. – olhei pra ela e vi que seus olhos ficaram no tom azul-cálido e brilhavam fortemente. De repente escutei um baque, e logo outro, e mais outro e assim foi até a última pessoa cair. Eles estavam desmaiando porque ela literalmente entrou em suas mentes e por onde passava destruía qualquer vestígio de mim ou dos outros. Ela conseguia fazer com pessoas do outro lado do mundo, desde que tenham ligação comigo ou com quem quer que seja.

Amberly soltou um grito. Estava ficando apavorada.

_ Meu Deus! O que está havendo!?

_ Vó? – eu disse, entrando na sala. Ela olhou pra mim, surpresa, com os olhos cheios d’água.

_ Carolyn! Eu pensei que tinha perdido você! Quem são elas? O que tá acontecendo?

_ Amberly, eu sei que você sabe que tenho asas. Eu me lembro de tudo agora. Como vim parar em suas vidas, principalmente. Mas eu não sei como me acharam e porque você me protegeu. Pode me dizer o por quê? Sente-se. Ainda temos tempo.

Ela me olhou profundamente e começou a chorar de verdade. Fui até ela e usei um de meus poderes. A calma. Ela foi relaxando e sentou-se no sofá.

_ Bem, minha filha e seu marido disseram que escutaram um grande barulho, como se um cometa tivesse caído. Foram até o quintal olhar o que era e perceberam que metade do telhado tinha caído e estava pegando fogo. E logo perceberam a cratera. Quando se aproximaram, viram você, completamente nua, ali dentro. A única coisa que portava era seu colar. Chamaram os bombeiros e eles levaram você pro hospital. Os médicos acharam que você estava morta, pois não tinha sinais de vida, então tentaram te reanimar e parece que suas asas apareceram, como se quisessem te proteger daquilo. Chamaram as autoridades e minha filha assustada com isso, me alertou para que te trouxesse aqui. Ela disse que você era filha dela. Eu fui e quando fui te visitar no quarto, você não tinha mais asas e eu acreditei que era minha neta... De alguma forma... Bem, eu te trouxe... E só consigo me lembrar que você já sofreu muito na vida por causa de minha filha e meu genro... Mas é estranho...

_ O colar retirou algumas lembranças dela Carolyn e infiltrou outras. Ele está deixando ela contar o que verdadeiramente sabe. Fragmentos. – disse Dani. Seus olhos estavam normais, sinal de que ela não usava mais os poderes. Estava ao meu lado.

_ Certo... Amberly, crendo ou não, eu sou um anjo. Este meu colar... Foi ele que me trouxe aqui, por causa de uma velha missão... Mas não posso falar mais nada. – olhei pra Nick. Ela estava impassível, encostada na parede, com os braços cruzados, perto da porta da cozinha. Voltei á Amberly. – Nós somos anjos que caímos do céu. Mas não por escolher o lado errado, talvez por injustiça. Essa minha missão era para consertar isso. Ah, Amberly... Eu sinto tanto... Mas pra sua segurança e de sua verdadeira família, eu não devo mais existir em suas memórias. Terei que apagar tudo relacionado a mim. Você me entende? – eu comecei a chorar.

_ Entendo minha querida... Eu acredito em você. – eu desabei.

_ Me desculpe... Obrigada por tudo.

_ Eu que agradeço meu anjo... – eu a abracei por longos segundos. Depois a soltei e usei meus poderes de novo.

_ Deite-se. É melhor. Não quero que ocorra a mesma coisa que os outros. – ela se deitou e fechou os olhos. Dei um beijo em sua bochecha e me levantei. Balancei a cabeça positivamente á Dani e ela retribuiu com o mesmo gesto. – Adeus querida Amberly. – os olhos de Dani voltaram a brilhar e então, ainda chorando passei por ela. Olhei pra Nick e ela me abraçou e fomos em direção à saída. Alguns momentos depois, Dani apareceu.

_ Feito. Nenhum vestígio.

Abrimos nossas asas e voltamos rumo ao céu novamente. Agora, eu estava em paz. Não mais existiam lembranças de nós, principalmente de mim, naqueles pobres humanos. E agora, era só eu apaga-los de meu coração.

...


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