Diário de um Anjo Negro escrita por Jenny BiPuPiJiCo


Capítulo 2
O Beijo


Notas iniciais do capítulo

Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2013, 19:22 PM
Alemanha, Hamburgo

Querido diário,
Três dias depois de chegar a Alemanha, minha vó decidiu me levar á uma psicóloga. Não por achar que estou louca, se fosse seria uma psiquiatra. É pelo fato de mim ter contado que não tenho amigos, nunca tive namorado e dá pra contar nos dedos os carinha que fiquei. Ela disse que seu eu contasse tudo para a psicóloga, não me sentiria sozinha e além de tudo ela me ajudaria.
Estava meio nervosa com isso. Nunca fui á psicólogos. Sempre achei que era perda de tempo porque eu sempre soube que as coisas que eu falava de mim mesma e sabia, vinham de minha mente. Mas eu esqueci completamente que todo ser humano precisa de companhia para ser ouvido. Então, minha vó escolheu umas das melhores psicólogas que tem na região e claro, era sua amiga. Se conheceram numa festa desse tipo que todos os casais vão.
O nome dela é Meredith. É um pouco mais nova que minha avó, 45 anos, acho. Ela é mais alta que eu e hoje está de saia e blazer rosa, com um sobretudo preto, e incrível que pareça, está descalça. Não vi seus sapatos.
Eu estava do lado de fora de sua sala, sentada em uma poltrona de espera. Minha avó me deixou sozinha porque acha eu vou me sentir melhor. Meredith me chamou. Hora de confessar meus lamentos.



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Olhei no fundo dos olhos dele. Queria perguntar mil coisas. Mas tinha medo dele me atirar xingamentos ainda mais grosseiros. Peguei o chocolate e coloquei na mochila. Me virei pra ele novamente e dessa vez ele estava comendo minha torta.

— É... Posso te chamar de Andy mesmo?

— Hum... Tô cansado dessa disgrama de apelido. Me arrume um outro.

— Drew, que tal? Mas gosto mais de Andy... É... Você está comendo toda minha torta. Eu com certeza iria te oferecer. E olha, pode me chamar de Carol. - ele estava começando a me irritar. Não olhava pra mim e estava deixando nem migalhas da minha torta. - As palavras foram feitas para serem ditas, então não aceito seu chocolate como desculpas. Vai ter que dizer com todas as letras.

Ele lambeu os dedos. Um de cada vez. Olhou pra esquerda, olhou pras pernas e inspirou profundamente. E olhou pra mim novamente.

— Me chame do que quiser, mas sinto-lhe informar que não vou te chamar de Carol. Nome feio da porra, parece canto natalino. E a torta estava uma delícia, só pra constar. E se você me oferecesse, não iria aceitar. Você parece ser igual as meninas daqui, um bando de interesseira. E sobre as desculpas. Não vou pedir, porque não quero e devolva a barra de chocolate então.

Eu comecei a ficar muito nervosa com tudo que ele disse. E quando fico assim, meus olhos perdem o controle e simplesmente começam a lacrimejar. Droga. Eu ia começar a chorar tenho certeza.

Então me descontrolei de vez. Peguei a maldita barra de chocolate, quebrei-a toda nas mãos, joguei nas pernas dele o pacote todo amassado e dei um tabefe bem forte na cara dele. E logo depois me arrependi. Sua face parecia ser de mármore, tanto que ele só virou por causa do susto. Não ficou marca e ele nem mesmo gritou. Eu tinha certeza que foi um tabefe forte, eu usei todas minha forças nisso. Certo, peguei minha mochila e levantei e comecei logo a dizer:

— Você que é estupido! Eu sou nova nesse maldito lugar!! Você não sabe o que eu passei para estar aqui e só sabe me xingar desde que entrei aqui! Se for por causa do trombo que eu te dei eu já pedi desculpas, talvez eu tenha recebido educação suficiente pra isso. Mas você! Você é um hipócrita, egoísta e marrento! Você não é rebelde, é um menino mimado que acha o gostosão! Quer saber? Vá para o... -ele se levantou bruscamente e tapou minha boca com a mão e olhou nos meus olhos e disse:

— Shhh... Não diga isso. Vai se arrepender profundamente. - ele me soltou e eu sai correndo. Já estava chorando descontroladamente.

Me lembrei onde ficava o banheiro e fui direto pra lá. Só que não consegui nem mesmo chegar a porta. Alguém me puxou pra trás, pelos cabelos, me encostando nos armários. Eu estava de novo atordoada, mas desta vez eu abri bem os olhos, mesmo ardendo por causa das lágrimas. Era ele, esse idiota de olhos azuis. Mas que merda! Comecei a empurrá-lo, tentando me soltar dos braços dele. Mas ele era extremamente forte. Que isso? Como ele pode ser assim? E de repente, ele fez algo que eu não imaginava.

Me beijou. Sua boca na minha, engolindo-a, apertando e simplesmente quente demais. Ele foi se encostando mais em mim, até eu ficar totalmente presa entre ele e os armários. Eu fiquei nas pontas dos pés, mas não por muito tempo. Ele me segurou um pouco mais forte e me levantou.

E quando me soltou, parecia que minutos se passaram desde que me beijou. Ele estava com os olhos fechados, seus braços em cada lado meu. Eu inspirei profundamente, passando a língua nos meus lábios. Sim, estavam quentes e eu estava adorando aquela sensação, tanto que percebi o que disse alguns segundos mais tarde, sem tempo para voltar atrás:

— Me beija de novo, por favor...

Ele abriu um sorriso malicioso e olhou pra mim. Eu olhava pra sua boca e percebi que ficou algumas manchas de batom ali. Ah, eu quero ela de novo. Encostando em mim. Eu implorei de novo, dessa vez, era eu mesma que estava dizendo;

— Por favor... Essa sensação está me consumindo.

— Digo o mesmo, mas não docinho. Não vou te beijar de novo. Não agora, até porque vai tocar o sinal. - e tocou mesmo. - Viu? Temos que ir para aula.

Acho que ele lembrou da torta e decidiu me dar esse apelido. Mas eu até que gosto.

— Biologia. - ele abriu outro sorriso malicioso.

— HA! E o dia fica cada vez melhor! Pois é, eu também. Venha, me dê sua mochila. - eu dei e ele colocou-a nas costas. - Qual seu armário? Hum... Vejo que parou de chorar. Odeio quando você faz isso. Você parte meu coração assim.

Espera ai. Ele me conheceu hoje. Do que ele tá falando?

— Você me conheceu hoje não é mesmo? Meu armário... 643.

Ele estava de costas, quando disse isso ele voltou pra mim. Estava com os olhos arregalados. Parecia que viu um fantasma.

— Sim... É que você lembra uma amiga minha. Vamos. - ele pegou na minha mão e me puxou. O corredor estava ficando lotado e nem havia percebido. Eu só conseguia olhar para o cabelo dele e sorrir. Queria muito pegar aqueles cabelos. E foi o que eu fiz assim que paramos em frente meu armário, que por sinal, ficava ao lado da sala de biologia.

— Opa! Ai não! Essa doeu... - ele deu uma gargalhada e retribuiu o puxão. Ai... Recado dado. Não puxarei mais. - ah, e desculpa por ser grosseiro. Foi uma maneira de afastar você de mim, aliás, a mais idiota que encontrei.

— Por quê você queria me afastar de você? - ele não respondeu. Em vez disso, mudou de assunto.

— Olha, eu já tenho um par nessa aula. E não sei qual vai ser o seu. Tem o número da mesa ai?

— Sim, 04.

— Droga. Eu sou o 10. Portanto, tô lá no fundo... - ele olhou para sala, ainda vazia e inspirou. Enquanto isso, abri meu armário e depositei o que pudia ali do me material. A professora chegou.

— Oi Carol! Vamos entrar? Pronta? - me abriu um sorriso. Confesso que não gostei dessa velha. Sério parecia boneca de macumba. Juliet era seu nome. Odeio esse nome.

— Claro. - fechei meu armário e só agora que notei que o Andy já tinha entrado. Droga. Acho que ele vai me deixar também. Lágrimas ameaçaram descer e logo as enxuguei.

— Ei! Entra logo. Quero ver seu par, não sei quem é... Perai, tá chorando de novo? Que foi que eu fiz? - ele voltou. Acho que pensou que eu estava com ele ou só foi verificar alguma coisa.

— Nada só lembrei de uma coisa. Vamos.

Sentei na minha cadeira a qual o número 4 apontava. Era um laboratório bem grande e pelas plantinhas em cada mesa, iriamos começar o ano com o Reino Vegetal. Eu já tinha visto essa matéria. É um droga repetir de ano, mas eu não tinha escolha. Ou eu aprendia alemão em uma ano ou eu servia de brinquedinho dos meus pais. Escolhi a primeira opção.

Andy sentou lá atrás. Como havia dito. Eu o olhava de vez em quando por cima dos ombros. E ele sempre abria um sorriso. Seu par era uma garota, ruiva ainda por cima. Ela ria de alguma coisa, mas não era dele ou de alguma piada que ele falou. De repente, quando olhei de novo para o Andy, ele ficou sério, muito sério e se encostou na parede como se quisesse relaxar e mostrar desafio ao mesmo tempo.

— Oi! Novata não é? É uma honra tê-la como parceira. Meu nome é Ashley, mas pode me chamar de Ash. - meu par era um garoto. Alto, moreno, com olhos incrivelmente da cor de chocolate. Seu cabelo não era muito comprido, mas tinha um tom esquisito de vermelho. Ele parecia um cowboy que foi abduzido e jogado na Alemanha. Parecia ser legal e engraçado.

— Oi... Sim e obrigada Ash... - a professora começou a falar e ele se sentou, antes, me deu um grande sorriso.

Eu tive dois horários de biologia e dois de química e todos eu passei sendo observada tanto por olhos castanhos quanto azuis. Por fim, eu já estava vermelha de tanta vergonha. Só consegui pegar algumas coisas nas aulas.

O sinal tocou anunciando que podíamos ir embora. Ash se despediu de mim de um jeito estranho. Me deu um abraço e um beijo na bochecha.

— Tchau linda, até a próxima. - e abriu um sorriso que já estava ficando familiar. Malicioso, eu tenho certeza.

— Tchau, até! - me despedi acenando enquanto ele partia pela porta. Eu comecei a recolher minhas coisas quando alguém me agarrou por trás. Andy.

— Puff... Idiota. Ele se acha. Vou dar uns tabefes naquela cara de bolacha dele se ele beijar você de novo. Ou faço isso agora mesmo... Quer saber, deixa pra lá. Vamos embora. Arruma logo essa mochila garota.

— Calma!! Como você quer que eu arrume se não para de me balançar?! - maldita boca. Dessa vez ele me balançou ainda mais espalhando tudo que juntei no chão. - Andy! Seu demônio! Para com isso! Cata tudo agora! - ele parou e sorriu pra mim.

— Que bom que você lembra do que sou. - HÃ? Ele pegou tudo e com uma rapidez tremenda. Olhei meu relógio. Droga! 17:29. Many vai me matar!

— Tenho que ir! Meu motorista deve ter chegado. - Disparei pelo corredor. Só que esqueci a mochila com o Andy, então ele veio até mim. E parou ao meu lado quando cheguei na calçada. Many não havia chegado.

— A pressa é inimiga da perfeição. Lembre-se disso. E traga-me torta amanhã, ok? - ele me devolveu a mochila colocando alguma coisa dentro dela.

— O que é isso?

— A última você esfarelou e jogou no meu saco. - eu ri quando lembrei e ri da palavra saco.

— Não foi nada disso... - não me aguentava de tanto rir.

— Adoro quando você sorri. - e fez o que eu havia pedido há quatro horas. Me beijou e agora eu pude enrolar meus dedos em seu cabelo. Eu era só sensação.

— Carol?! - Many havia chegado. Soltei Andy e ele fez o mesmo, acho que se assustou também. Eu não ouvi o carro chegando e acho que ele também não.

— Bem docinho. Agora está segura. Até amanhã, essa é minha deixa. - e abriu a porta do carro pra mim. Eu olhei-o e sorri.

— Obrigada. Até amanhã girafinha.

Ele me olhou sério e depois começou a rir. Me deu um beijo tímido na bochecha e se virou andando até o estacionamento. Fechei a porta do carro e Many já estava ao volante.

— Dia bom Carol?

— Maravilhoso! - eu disse colocando os dedos nos meus lábios e rindo feito uma boba, olhando pela janela enquanto o caro partia.

Por favor Andy, não finja que nunca me viu amanhã. Meu corpo te quer, meu coração está pulsando cada vez mais. É, realmente não tenho motivos para ir embora daqui, nunca mais. Tenho que desvendar quem é este garoto que me fascina.

...


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Notas finais do capítulo

Recado importante.
Para não ficar cansativo, eu irei escrever algumas coisas apenas nas Notas Iniciais.
Agradeço desde já pela sua leitura. Obrigada mesmo.
Espero que tenha gostado. ;)
Beijos, Jenny