How unfair it's just our luck

Found something real that's out of touch

But if you'd searched the whole wide world

Would you dare to let it go?

Not About Angels - Birdy

Elena terminou o jantar e o colocou na mesa. Batatinhas com suflê, uma taça de vinho, macarrão, e três pedaços de bife. Respirou fundo quando escutou o seu marido chegar, foi até ele.

– Boa noite - disse Elena, retirando o casaco dele. - Já fiz o jantar.

– Muito bom - respondeu Stefan virando-se e dando um selinho na esposa. - Espero que esteja tão bom quanto o gosto dos seus lábios.

Elena sorriu e o caminhou para a sala.

Após o jantar, a morena viu que o prato do marido estava vazio e começou a recolher os pratos, talheres e copos.

– Quem disse que eu terminei de comer? - disse Stefan com um tom furioso.

– É que... Eu vi seu prato vazio faz um tempo e...

Elena berrou quando sentiu as mãos do marido no seu braço, a apertando.

– Você não faz nada direito, Elena! - gritou. - Eu trabalho o dia inteiro... E quando penso que estou indo para casa com uma mulher maravilhosa... Ela faz tudo errado! Você me entende?

Elena podia sentir as lágrimas descerem por sua bochecha. Stefan a empurrou contra o chão e ela pôde sentir algum osso se quebrando. O loiro, em um ato de raiva virou a mesa ao contrário, pratos, talheres, tudo estava no chão em milhares de cacos.

A morena pôde ver um vaso de vidro rachado no chão, se rastejou até lá pegou o vaso e levantou-se com todas as forças que tinha. Bateu o vaso na cabeça do marido e viu sangue.

Muito sangue.

**********

A morena respirou fundo e viu que Emily estava com dificuldade em fazer a lição. Caminhou-se até ela e abaixou-se no seu tamanho.

Emily olhou para a professora e deu um sorriso de canto.

– Está tudo bem? - perguntou Elena.

– Não sei... - respondeu Emily colocando a mão na cabeça. - Eu não consigo entender o que está escrito...

– Oh - disse Elena. - Acalme-se. Ok?

A verdade é que Elena pôde notar algumas dificuldades nas lições de Emily, a garota tinha problemas na matemática, literatura e português. A morena não sabia como as antigas professoras da garotinha a tinham passado de ano com esse nível de aprendizagem.

– Tudo bem. Você vai me ajudar, não vai professora Lena?

Elena sorriu e fez que sim com a cabeça.

Após o término da aula, a morena foi até a secretária e pigarreou para Bonnie prestar a atenção nela.

– Oh, Leninha! - disse Bonnie com entusiasmo. - Não te vi, me desculpe... O que posso ajudar?

Elena sorriu.

– O que você sabe sobre aquela garotinha nova... A Emily?

– Mhm... Está querendo saber sobre fofocas?

Elena riu.

Bonnie era nova, porém já sabia tudo sobre a cidade. Sua avó era uma das mulheres que mais sabiam sobre tal.

– Absolutamente, não. Só... É que ela está tendo problemas em algumas das minhas matérias... Bem...

– Ok. Olha só... - Bonnie se aproximou da morena. - A mãe dela faleceu em um acidente de carro. Na verdade, foi atropelada. Isso faz... Três anos. E o pai dela é policial, ele enlouqueceu! Nunca descobriram quem era o culpado. E por conta disso, Damon foi embora com a filha para Carolina do Sul, se não me engano. E acabou de voltar para a cidade.

A morena ficou pálida.

– Três... Anos?

– Sim... Mhm... Ele foi embora, e dois meses depois você começou a trabalhar aqui. Coincidência, não?

Elena deu um sorriso fraco e foi para fora do lugar.

Não, não, não... Não pode ser.

**********

Damon abriu a porta da viatura para a filha e ela entrou, cumprimentando o pai com um beijo na bochecha.

– Tudo bem?

– Sim, papai.

– Como está sendo as aulas? Aprendendo muito?

Emily fez que sim com a cabeça. Damon sorriu e olhou para a porta da escola. Viu uma mulher lá, que estava com ambas mãos nos cabelos morenos e soluçava. Não que pudesse ouvir, pois estava em um lugar afastado. Mas dava para ver pelo movimento de seu peito, que ia e voltava.

– Você sabe quem é aquela mulher, Emy?

A garotinha virou seus olhos para onde o pai dela estava olhando.

– Sim, sim! É a minha professora - Emily espremeu os olhos para vê-la melhor. - Ela está... Chorando?

– Emily, fique aqui. Eu já volto, okay?

– Okay, papai.

Damon sorriu e saiu da viatura, foi em direção a morena que agora estava sentada na escada da escola.

Ela é linda.

Apesar de sua maquiagem estar um pouco borrada, Damon pôde ver a sua beleza natural. Os olhos cor de chocolate, os cabelos... A saia preta justa que ia até dois dedos acima do joelho e a camiseta branca por dentro da saia.

– Senhorita? - chamou Damon. Elena olhou para cima e se deparou com o homem mais sensual, e sexy que vira em toda a sua vida.

– Oh, me desculpe... - disse Elena levantando-se um pouco zonza. Damon a segurou quando notou que a mulher estava um pouco abatida. Seus rostos estavam perto demais. O moreno pôde sentir o coração dela batendo rápido.

E Damon, depois de três anos, sentiu atração por alguém.

...

– Damon, cara - dizia Enzo ao telefone. - Está na hora de você pegar umas gatinhas.

– Não, não está.

– Está sim. Você é um homem moreno de olhos azuis! Sabe quantas mulheres dariam para ir para a cama com um cara como você?

Damon riu.

– É bom ouvir a sua risada. Quando volta para cá?

– Em breve.

...

– Eu estou bem... - disse Elena em um tom baixo.

Damon sentiu o hálito fresco da morena em seu rosto e sorriu.

– Eu sei que não está. Se quiser te levo em casa...

– Não! - respondeu Elena rápido demais. - Eu vou ficar aqui... Preparando algumas aulas... Pode ir para casa com a sua esposa...

Foi quando Damon reparou que ainda usava a aliança. Damon a soltou e deu um sorriso fraco.

– Fique bem, Senhorita...

– Elena. Meu nome é Elena.

– Fique bem, Elena.

Damon sorriu e caminhou para longe da morena que ainda o observava. O moreno vestia o uniforme da polícia que o deixava com mais músculos, e havia uma arma em seu coldre que Elena reparou depois.

Mais um policial...

**********

O dia estava quente e Elena obtou por colocar um shorts social e uma blusa que fazia parte do conjunto. Colocou seu salto alto e foi para à escola.

Chegando na escola arrumou sua bolsa no ombro e foi direto para a secretaria. Chamou a atenção de Bonnie.

– Quero que chame o pai de Emily aqui, está bem?

Bonnie concordou com um aceno de cabeça e continuou a fazer o que estava fazendo.

**********

Depois de um dia de calor dentro daquela sala abafada sem nenhum ventilador, liberou as crianças mas chamou por Emily.

– Emy - chamou Elena. - Seu pai vai vir aqui hoje para conversar comigo, está bem?

Emily concordou com a cabeça e foi para fora no parquinho, brincar com a sua amiga. A morena amarrou seu cabelo em coque e foi arrumar a sua mesa que estava cheia de papelada.

Damon fechou a porta da viatura e caminhou até a filha que brincava no playground do parquinho.

– Hey! - chamou Damon por sua filha que veio correndo em sua direção.

– Oi, papai!

– Sabe onde fica a sala da sua professora?

– Eu te levo até lá.

Damon pegou na mão da filha e deixou ser guiada por ela. Quando chegou na porta da sala notou que a professora era Elena.

Estava tão radiante... O Sol batia em sua pele...

– Professora, aqui está meu papai.

Elena olhou para a pequena e logo para Damon. Engoliu em seco.

– Você? - Elena perguntou meio atortoada.

Damon deu seu sorriso de canto e largou a mão da sua filha, olhando-a.

– Vá lá brincar com a sua amiga, eu já irei lá, está bem?

Emily concordou com a cabeça e virou-se para a professora.

– Tchau professora Lena.

Elena sorriu.

– Tchau, Emily.

E então, a garotinha foi para fora brincar com a amiga.

– Não esperava que fosse eu? - Damon perguntou, sorrindo, colocando as duas mãos no bolso da calça. Elena sorriu meio sem jeito e voltou para a mesa, organizando-a e pegando uma pasta.

– Esses aqui - a morena apontou para alguns trabalhos que estavam dentro da pasta. - São alguns trabalhos, lições escolares de Emily... - Elena pegou dois trabalhos, um de português e outro de matemática. - Me desculpe pelo que vou dizer agora, porém, sua filha não deveria estar nesta série.

Damon piscou os olhos algumas vezes e pegou o trabalho de matemática em mãos, notando que a maioria das contas estavam erradas. Contas simples, de multiplicação, soma e subtração.

– Você pôde notar que - Elena foi para o lado de Damon e pôde sentir o aroma de seu perfume - São contas simples, e mesmo assim sua filha não soube...

– Resolver? - perguntou Damon olhando para Elena. Damon pôde sentir o quão nervosa Elena estava, seu coração batia rápido, o peito da morena descia e subia rapidamente. Mas por quê ela estaria tão nervosa?

– Exatamente - respondeu Elena pegando o trabalho em mãos e guardando na pasta. - E em português também, a leitura dela não é para uma garota da idade dela...

– E o que você sugere, Professora?

– Elena - disse ela guardando os trabalhos à pasta novamente. - Me chamo Elena.

– Eu sei - ele riu. - Quando eu me mudei daqui eu nunca te vi na região... É nova por aqui, não é Elena?

A morena pôde sentir um arrepio quando ouviu seu nome ser dito por Damon. Elena virou-se para o moreno, apoiando-se na mesa dela.

– Eu estive pensando... Se não for problema para você... Posso dar aulas extras para ela. Não seria muito bom coloca-la na primeira série novamente...

– Você faria isso?

Elena sorriu.

– Emily é uma menina esperta, apesar de tudo. Deve ser pela perda da mãe que...

E então ela notou o que tinha falado.

– Me desculpe...

– Tudo bem - cortou Damon. - Deve ser por isso que as outras professoras a passaram...

Elena concordou com um aceno de cabeça.

– Posso ensiná-la nas segundas, quartas, e sextas depois da aula. A escola estará fechada... Mas posso levá-la para minha casa se quiser. É um pouco afastado mas você saberá onde é...

– Eu confio em você, Elena.

A morena sentiu seu rosto corar por isso virou seu rosto para a janela, pôde ver Emily brincar com a amiga. Ela sorriu.

– Ela deve sentir falta da mãe...

Damon seguiu os olhos de Elena e viu a cena.

Ele sorriu.

Elena respirou fundo e olhou para Damon que estava com o rosto vermelho por conta do calor. A blusa colada em seu corpo...

– Trato fechado? - Damon perguntou estendendo a mão direita para Elena.

– Sim - concordou a morena, pegando na mão de Damon em um cumprimento. Ambos sorriram.

...

Elena corria pelas ruas largas de Southport, quando ela acabara de ver o carro de seu ex-marido. Ele estava dentro do carro segurando uma garrafa de uísque e bebendo-a, seus cabelos estavam bagunçados e sua feição estava como se não dormisse a dias. E as roupas sujas. Ela tremia dos pés a cabeça quando teve certeza de que era ele.

Stefan.

– Está tudo bem, querida? - uma idosa perguntou quando notou que Elena estava nervosa. A morena sorriu fraco e começou a correr a direção oposta de Stefan. Colocou o capuz verde e seus cabelos para trás.

Ela escutou um ronco de motor.

Correu mais e parou atrás de um arbusto. Foi quando viu Stefan atropelar uma mulher de cabelos curtos e pretos e com o impacto, ela voara para longe.

Ele freiou e saiu do carro olhando para a mulher.

Colocou ambas mãos na cabeça e gritou:

– Elena! Eu ainda virei atrás de você!

Elena começou a chorar.

E Stefan entrou no carro, partindo. Ela atravessou a rua e viu que ninguém estava vendo. Foi até a mulher e colocou dois dedos no pescoço da mulher.

Estava morta.

...

– Elena? - Damon chamou mais uma vez. Elena estava pálida e mal respirava.

– Eu estou bem... - disse ela com uma voz fraca.

– Não, você não está. Quer que eu chame alguém?

– Não! - respondeu ela ríspida. - Não - disse novamente, mais calma. - Nos veremos na segunda...

Damon concordou e saiu pela porta da sala, deixando Elena para trás.

**********

Após alguns minutos depois da saída de Damon, Elena saiu da sala e foi até a secretária e viu Bonnie.

– Bon, Bon...

– Mhm.. Só me chama assim quando quer algum favor... Pode dizer, Leninha.

Elena mostrou a língua para ela.

– Como era o nome da esposa de Damon?

– Era...

– Diz logo, Bonnie - apressou a morena.

– Rose.

...

Elena deixou as lágrimas cairem e procurou por algum documento da mulher. Notou que havia uma identidade.

E então ela leu.

Rose Salvatore.