Lia Hunter, Uma Filha de Hades escrita por Passado Dramático Apagado


Capítulo 14
-O Senhor Dos Mortos-


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem!



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Quando coloquei o elmo, pedi em pensamento que me levasse ao Mundo Inferior. Foi exatamente como na minha primeira viajem nas sombras. Tudo se movia muito rápido e não era possível enxergar nada, um breu só. A diferença era que Nico não estava lá para segurar minha mão e me confortar. Eu estava sozinha naquela escuridão. Pedindo com todas as minhas forças que eu chegasse logo.
Quando me dei conta, o chão estava sob meus pés de novo, senti um tremendo alívio. Eu estava bem na frente de um imenso portal, ele dava num saguão colossal. Era o mesmo saguão do meu sonho. Tudo igual. Os fantasmas agitados, esperando por algo. Olhavam para mim com medo, como se eu pudesse sugar sua essência vital, que talvez, eu pudesse fazer mesmo.
O guarda Caronte atrás do balcão da segurança, e ao lado dele, um fantasma de um garoto de quatorze ou quinze anos de idade. Usando uma armadura de couro e uma espada curta embainhada pendia em sua cintura. Fui na direção deles segurando o elmo junto da cintura, tentando parecer o mais formal possível.

–Com licença –falei –Sou Lia, filha de Hades. Preciso ver meu pai imediatamente.

–É claro jovem ama. Sou Caronte –curvou-se ele –Estávamos a sua espera. Meu barco já está pronto para a senhorita.

–Muito obrigada, Caronte. Aqui, meu irmão me disse que você gosta disso –pus a mão dentro do bolso do casaco e tirei três dracmas dali, depois coloquei no balcão, logo à frente dele.

–Ah. Obrigado.

–Disponha –me virei para o garoto fantasma –Quem é você?

–Hã... sou Serj, alteza. Meu senhor me pediu para que eu a acompanhasse até ele. Se quiser, posso ficar invisível. Assim não a perturbo.

–O quê? Não, não. Acho que te dei uma primeira impressão errada. Relaxe.

–T-tudo bem... –ele pareceu envergonhado –Não quis ofender, alteza.

–Ei –pus minha mão no ombro dele –Sem essa história de alteza. Me chame só de Lia.

–Ah, claro... Desculpe alte- Hã... Lia.

–Não se desculpe –pedi.

–Tá...

–Então... Podemos ir?

–Claro, jovem ama –disse Caronte, saindo de trás do balcão e nos guiando para fora do saguão. Do lado de fora, uma barcaça de tamanho grande estava margem de um rio. Haviam milhares e milhares de almas ali. Esperando o tempo que fosse para poder chegar ao outro lado.

–Este é o rio Estige –explicou Serj –O rio do ódio.

–Ah. Existem cinco rios não é? Quer dizer, no Submundo.

–Naturalmente. –continuou Serj -O Estige, o rio do ódio. Cócito, das lamentações. Flegetonte, o rio de fogo. Aqueronte, o rio da dor. E Lete, o rio do Esquecimento.

–Uhum –murmurou Caronte.

Olhei para o Estige. A água parecia óleo, e coisas não muito agradáveis se encontravam ali: Ossos, peixes mortos, restos de diplomas, bonecas de pano e de plástico, brinquedos de todos os tipos, além de um monte de coisas estranhas.

–É tão... poluído –comentei,

–Sim –assentiu Caronte, sombriamente –Esperanças, sonhos, desespero, desejos não concretizados... é aqui que a humanidade joga o que se perdeu de suas vidas. Tudo o que não conseguiram em vida é jogado aqui.

–É terrível –disse Serj, como se estivesse enjoado.

–Triste –falei olhando para a água.

–Triste? –Caronte debochou –Espere até conhecer o Cócito. Aquilo é triste.

Depois de um bom tempo em silêncio, chegamos ao outro lado. A praia era de areia vulcânica, e as pedras pareciam azeviche. Havia um imenso muro perto da costa, com gigantescos portões escancarados para fora. Serj me acompanhou para fora do barco e as almas que estavam ali também saíram. Caronte deu meia volta e foi embora.

Escutei um uivo ao longe, era estrondoso, vinha da direção dos portões do Mundo Inferior.

–Vamos, senhorita –disse Serj.

O acompanhei para dentro dos imensos portões que chegavam ao Érebo.
Depois de andar um pouco, Serj me explicou a geografia e construção do lugar.

–Logo à frente teremos o pavilhão de julgamento. Todos que morrem passam por aqui.

–Entendo –falei, apreciando o lugar.

Tinham três filas para os mortos. Duas eram vistas como “ATENDENTE DE SERVIÇO” e uma como “MORTE EXPRESSA”. Serj continuou me informando sobre os regulamentos.

–A Atendente de Serviço vai para o pavilhão de julgamento, por isso é tão lenta.

–Os três juízes da morte –comentei,

–Radamanto, Minos e Éaco –completou ele.

–Isso.

–A Morte Expressa vai para os Campos Asfódelos, para aqueles que não querem se arriscar em um julgamento.

–Sei. Mas isso é justo?

–Justo? A morte não é justa, jovem ama. É simplesmente necessária.

–Necessária... –repeti.

–Continuando –ele mudou o assunto –O julgamento pode levar você para três lugares: Os Campos Asfódelos, onde nem os bons nem os maus vão. Os Campos de Punição, onde vão os que muito pecaram. E os Elíseos, onde os heróis, poetas e santos descansam na paz eterna.

–Hm... Interessante –falei.

Quando paramos, percebi algo estranho, uma presença, bem na minha frente. Mas não conseguia ver. Mas então a imagem tremulou e eu vi, um enorme rottweiler de três cabeças, maior que um prédio de três andares. O Cérbero.

–Meus deuses –meu queixo caiu.

–Não se preocupe, jovem ama –disse Serj –Ele não lhe fará mal.

–Não é isso. É que... Olha só pra isso. É colossal.

Serj riu.

–Sim, sim. Ele guarda a entrada do Mundo Inferior. Se os espíritos tentarem fugir, Cérbero os estraçalha.

–Legal –comentei, olhando para aquele trio de cabeças. Ele me olhava com interesse.

–Oi, rapaz –acenei.

A cabeça do meio latiu como resposta. O chão tremeu com o barulho.

–Bom menino – aproximei minha mão do monstro, a cabeça da direita se abaixou e me cheirou. Pus a mão em seu focinho –que era dez vezes o tamanho da minha mão – e as outras cabeças arfaram, como se também quisessem carinho. A cabeça da esquerda chegou mais perto e lambeu os lábios. Depois abaixou a cabeça e eu acariciei sua testa peluda.

–Você é um garoto bonzinho, não é Cérbero? –falei fazendo um gesto para que a cabeça do meio se aproximasse. E fiz carinho nela também.

–Jovem ama –chamou Serj –Se não se importa, acho que deveríamos ir.

–Ah, claro –virei-me para Cérbero –Tchau, garotão.

Cérbero ganiu e me olhou com três pares de olhos chorosos. A cabeça do meio me empurrou com o focinho, como se dissesse: Não vai embora!

–Eu volto –falei, com um aperto no coração.

Serj me guiou pela MORTE EXPRESSA, que passava por entre as pernas e debaixo da barriga do Cérbero. Passamos pelo detector de metais, e partimos para o Palácio de Hades. Quando chegamos nos portões, meus joelhos começaram a tremer.

–Espere –falei.

–Hã? O que foi?

–N-nada... –menti –Deixa pra lá. Vamos entrar logo.

Dois zumbis estavam de guarda em cada lado da porta. Os dois seguravam lanças e tinham escudos amarrados nas costas. Quando me viram abriram os portões e entramos.

–A segurança aqui não é muito boa, não? Nos deixaram entrar tão fácil.

–Eles sabem quem você é –disse Serj –Você emana uma aura de morte. E os mortos sentem isso. Eles sabem que você é a filha de Hades.

–Ah.

O Palácio tinha o chão de bronze e as paredes de obsidiana decoradas com tochas. Todas as portas nas laterais do corredor tinham dois esqueletos de guarda. No fim do corredor havia um grande portão de bronze e madeira, Serj e eu paramos na frente dele.

–Não posso entrar sem a permissão do Lorde Hades –disse Serj, melancólico -Boa sorte, jovem ama –ele estalou os dedos e desapareceu.

–Que maravilha... –resmunguei.

Ajeitei o casaco e enxuguei minhas mãos –que não paravam de suar –Fiz um gesto para o esqueleto abrir o portão e ele abriu sozinho.

A sala tinha o mesmo padrão do palácio, as paredes de mármore negro e o piso reluzente de bronze. Uma pequena escadaria levava a dois tronos, um do lado do outro. O da esquerda tinha a forma de uma rosa negra decorada com ouro, o trono de Perséfone. O outro era feito de ossos fundidos, o trono do meu pai.

Os tronos estavam ocupados. Senti os dois deuses me avaliando. Imaginei se Hades seria como no meu sonho, ou se estaria em uma forma diferente.


Andei até o começo da pequena escada de cabeça baixa e me ajoelhei. Fiquei fitando os degraus, sem saber o que falar.

–Então essa é a tal garota? –ouvi uma voz feminina vindo do trono da esquerda –Ora, marido. Ela não se parece nem um pouco com você –completou, triunfante.

–Você trouxe meu elmo? –perguntou Hades, como se não tivesse escutado a esposa.

–S-sim... senhor... –falei, minha voz estava trêmula.

–Entregue-me –ordenou ele.

Peguei o elmo ao meu lado e o coloquei no primeiro degrau

–Aqui –falei, as mãos tremendo.

O Elmo flutuou até o trono de ossos e pousou no colo de Hades.

–Ótimo trabalho, minha criança –ele disse. Perséfone bufou, raivosa.

Eu continuava encarando meu reflexo no chão de bronze, não sabia o que dizer.

–Tem medo de mim? –ele disse, sua voz soava melancólica.

–Não –consegui responder –O senhor... o senhor é meu pai. Por que eu teria medo?

–Você honrou nossa casa, criança -falou -Provou ser útil.

Útil. Aquela palavra ecoou na minha cabeça. Eu não provei que era sua filha, não provei que queria o orgulho dele, eu provei que era "útil".

–Merece ser condecorada, minha criança –ele continuou –Merece os presentes que lhe darei.

–Presentes? –perguntei, e olhei para Hades. Era exatamente como no sonho. Mas usava um manto de seda e uma túnica negra, além de uma coroa de ouro escuro trançada.

–Sim. Três, para ser mais exato –ele se levantou e fez um gesto com a mão para que eu a segurasse. Foi o que eu fiz, a mão dele era fria, mas aconchegante. Ele se dissolveu em sombras e percebi que ele estava me levando para algum lugar, através das sombras.

Chegamos em um tipo de forja. Mas quem confeccionava as armas eram esqueletos. Haviam dezenas de grossas estalagmites com um líquido negro espesso e borbulhante nelas.

–Aqui são as forjas do Érebo –disse Hades –Perdiz!

–Sim, meu senhor? –um fantasma de um garoto apareceu diante de nós.

–O elmo –ordenou.

–Ah, sim. Está pronto. Vou trazê-lo.

O fantasma desapareceu e em instantes reapareceu com um escuro elmo em mãos.

–Aqui, meu senhor.

Hades pegou o elmo e o analisou.

–Perfeito. Como sempre, Perdiz.

O fantasma sorriu, orgulhoso. Hades se virou para mim.

–Este é o elmo do submundo. É como o Elmo das Trevas. Mas ele tem um limite de magia.

–Limite? –perguntei.

–Sim –respondeu Perdiz –Ele começa a perder o efeito em meia hora de uso. Faz você ficar invisível e não deixa rastros. Um artefato muito útil.

Hades me entregou o elmo, e senti sua textura metálica, fascinada. Tinha curtos penachos negros e o metal era cinza escuro.

–Obrigada, pai. Obrigada, Perdiz.

–Disponha, jovem ama –Perdiz sorriu.

–Bem –disse Hades –Agora, a sua espada.

–Não! É... quer dizer... eu já tenho uma espada –senti meu rosto corar.

–Ela é de ferro estígio?

–Bom... não –falei, ainda envergonhada.

–Posso ver? –ele pediu.

Eu tirei o canivete do bolso. O bronze celestial brilhou na caverna escura. Fazendo meus olhos doerem.

–Ah, entendo –ele pegou o canivete das minhas mãos e o analisou –Você pode dar um jeito nisso, Perdiz?

–Claro, meu lorde –Hades o entregou a Perdiz e ele foi até uma das estalagmites borbulhantes e jogou meu canivete lá dentro.

–Não se preocupe –disse Hades –Perdiz fará com que todo o bronze celestial seja substituído pelo ferro estígio.

–O que? Como?

–Não faço ideia –ele sorriu –Esperemos.

Alguns minutos depois, apareceu um vestígio de bronze dentro do líquido borbulhante. Perdiz colocou a mão ali e tirou meu canivete. Ele estava diferente, totalmente preto. O pequeno botão estava cinza. Perdiz me entregou a arma. Estava, de alguma forma, frio como gelo.

–Experimente –pediu Perdiz.

Deixei o botão do canivete apertado e ele se transformou na minha espada. Ela também estava negra e agora havia no cabo uma tira de couro escuro – bem melhor para manusear – ao invés do cabo duro de bronze. O pequeno botão no final do cabo agora era um minúsculo crânio branco. Na base da lâmina, estava lacrado em cinza claro um símbolo. Um tipo de glifo com uma cruz e uma cabeça:

–Dizem que as melhores espadas têm nomes –Hades fez um gesto para minha espada.

–Skotádi –falei –Quer dizer sombra em grego antigo, não é?

Perdiz e Hades sorriram.

–Exatamente –assentiu Perdiz.

–E agora, o mais importante –anunciou Hades –Venha, criança.

Segurei a mão de Hades e voltamos para a sala do trono. Perséfone não estava mais lá.

–Eu venho observando você, minha criança -anunciou, alisando sua túnica -E percebi que está vulnerável fora do acampamento.

–Vulnerável...?

–Sim. Por isso lhe concederei um guardião, um conselheiro.

–Conselheiro... –repeti, lembrando do sonho.

–Apareça, Serj –Hades estalou os dedos e Serj materializou-se ao lado dele.

–Meu senhor? –perguntou, atordoado –Conselheiro da sua filha?

–Sim -Hades assentiu sombriamente -E quero que a treine e explique os poderes que possui. Nico não estará com ela o tempo todo para lhe ensinar.

–Claro, meu lorde.

–Você se ligará a Lia e ela terá controle sobre você. Tal como pode escolher se você será abstrato ou concreto tanto sobre os que convivem com ela quanto na forma física.

–Claro, senhor.

–E deverá protegê-la nas situações que vierem.

–Naturalmente.

–Jure pelo Rio Estige.

Serj pareceu ofendido.

–Juro pelo Estige –assentiu, confiante.

–Ótimo –ele pareceu aliviado –Lia, eu sei que essa não foi a reunião que esperava. Mas precisa ir.

–Ah, claro... Sim, senhor –assenti, contendo a tristeza.

–Você sabe usar a viagem das sombras, não?

–Bom... Nico me explicou, mas não entendi direito.

–Vamos ver... funciona melhor à noite e em lugares escuros. Mas qualquer sombra ajuda. Você deve se concentrar no lugar que quer ir. Saber como é ajuda bastante. E as sombras vão guiá-la.

–Ah... Acho que entendi.

–Vamos fazer um teste. Lembra-se das forjas?

–Sim...

–Agora peça para as sombras te guiarem, não precisa falar.

Assenti.

–Tudo bem –Hades disse –Encontro você lá.

Fechei os olhos e me imaginei nas forjas. De um segundo pro outro senti aquela mesma sensação de arrepio. Só quando senti o chão aos meus pés e o calor das forjas que abri os olhos. Hades estava alguns metros à frente.

–Ótimo timing –ele sorriu.

De repente senti uma vertigem. Fiquei tonta e me encostei nas paredes cavernosas do lugar e respirei fundo.

–Calma, criança –advertiu Hades, chegando mais perto para ver se eu estava bem –Esqueci de dizer que isso gasta muita energia.

–Claro... –recuperei o equilíbrio.

–Tome isso aqui –ele me deu dois pequenos frascos com um líquido dentro –É néctar. Beba quando chegar no acampamento. Se você não desmaiar.

–Certo...

–Até, Lia.

Me preparei para ir.

–Até, pai.

...



Me imaginei no acampamento e as sombras me levaram. A sensação de vertigem veio mais uma vez. Apareci no centro do pavilhão. Perdi o equilíbrio de novo e me encostei em uma das mesas. Me recusei a desmaiar, aquilo não ia acontecer. Bebi um frasco de néctar e logo me senti melhor. Já devia ser madrugada, pois tudo estava muito quieto.


Estava saindo do pavilhão quando avistei um quarteto de harpias. Tentei me esconder, mas elas já haviam me visto. Correram na minha direção como cães raivosos, gritando e berrando:

–Campista fora da cama! Atenção, campista fora de seu chalé!

Corri à toda velocidade. Procurando o meu chalé. Mas as outras harpias deviam ter ouvido aqueles gritos, pois começaram a aparecer em quase todas as direções que eu ia.


Em um instante, percebi o presente em minha mochila. A tirei das minhas costas, ainda correndo e tirei meu elmo novo de dentro dela. O coloquei às pressas e olhei para as minhas mãos, elas não estavam mais lá.

Avistei o chalé treze e chutei uma das harpias que estava no meu caminho. Continuei correndo, até chegar no chalé.
Abri a porta e entrei. Fechei a porta tão rápido que acabou fazendo um barulho alto demais. Nico deu um pulo de sua cama e em seguida caiu no chão, depois começou a gritar feito um louco:

–MAS OQUE, EM NOME DO TÁRTARO, TÁ ACONTECENDO NESSA DROGA?! NINGUÉM SABE O QUE É PRIVACIDADE NÃO??!!

–Fala baixo, Nico –tirei o elmo, me segurando pra não rir –Tem gente dormindo.

–Lia? Você quem me matar do coração?!

–Ah, foi mal –falei, debochada –É que eu estava correndo pra salvar minha vida, umas harpias me perseguiram e quase me degolaram.

–Ah, sério? Que legal –ele se levantou do chão –Espera um pouco, o que é isso? –perguntou, apontando para o elmo na minha mão.

–Nada demais. O nosso pai me deu.

–O pai? Sério? –ele pareceu perplexo. Mas de repente fechou a cara –Quase me esqueci de te dar uma bronca por me desobedecer. Você disse que ficaria no acampamento!

Corei. Me esqueci totalmente da promessa que tinha feito a Nico. Mas achei fofo o fato dele se importar comigo.

–Desculpa. É que... você sabe. Era uma missão, e você estava fora... Quíron disse que-

–Eu sei o que Quíron disse –ele me interrompeu, cruzando os braços, ainda zangado –Hades pediu pra ele me mandar em uma qualquer, pra você poder ir sozinha nessa.

–Hades o que? -meu queixo caiu.

–Ele não queria que você estivesse comigo, por que queria que você conseguisse sozinha. Ele disse para um lestrigão que se ninguém conseguisse deter ele, poderia ficar com o elmo das trevas. Não acredito que Quíron aceitou essa palhaçada toda...

–Espera aí... Você tá dizendo que Hades tramou aquilo tudo?

–Pois é! Você poderia ter se machucado!

–Ele... estava me testando?

–Hã... não exatamente. Foi tipo... pra saber se você era forte.

–É. Ele estava me testando -rolei os olhos.

–Ah, vamos, Lia. Foi um feito e tanto!

–Ele deu a arma mais poderosa dele pra um lestrigão e deixou isso tudo nas minhas costas! Realmente, um feito e tanto, né...

–É... Não, espera. Não! Lia, ele só queria ver como você se sairia. E ele queria ver você.

–Ele queria me ver? Como sabe disso?

–Deixa pra lá. –ele não queria mais falar daquilo –Então você matou um lestrigão sozinha?

–É... Não foi nada demais...

–Nada demais? –ele riu –Pra alguém com dois meses de treinamento até pode ser, mas pra uma novata?

–Enfim -dei de ombros -Deu certo? Quer dizer, a sua missão?

–Ah, sim. Andy está no chalé dela –Nico se jogou de costas em sua cama.

–Como foi? –me sentei na minha e direi os tênis.

–Uns ciclopes sequestraram ela –ele deu de ombros, como se acontecesse sempre –E eu e Clarisse a salvamos.

–Legal. Mas qual era a missão dela?

–Recuperar uma coisa que era da mãe dela –ele explicou –Um colar esquisito.

–Ah. E ela é legal?

–É... ela é muito amiga do Jhon e do Erick...

–Quem é Erick?

–O que, não conhece? Filho de Hécate. Cara legal.

–Ah.


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Notas finais do capítulo

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