Lia Hunter, Uma Filha de Hades escrita por Passado Dramático Apagado


Capítulo 10
-A Missão-


Notas iniciais do capítulo

Oi leitores!

Obrigada pelos moooontes de reviews que estou recebendo! Até agora... São três!

Boa leitura. Anônimos...



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Fiquei sabendo que sonhos de semideuses não eram muito legais. Só entendi isso nesta noite.

Em meu sonho, estava de noite e nevava muito, eu me encontrava dentro de uma casa de estilo rústico, paredes feitas de pedras, com teto e portas de madeira de carvalho. Era minha antiga casa, no Canadá. Tinha me mudado para Manhattan três anos atrás, quando eu tinha dez.
Eu ouvia o crepitar do fogo na lareira e uma voz feminina murmurando uma canção para dormir. Logo à frente da lareira, sentada numa cadeira de balanço, encontrava-se uma mulher, de cabelos loiros e ondulados, e os olhos verde-esmeralda brilhante à luz das chamas. Era minha mãe, um pouco mais jovem que agora, estava ninando um bebê em seus braços. Deduzi imediatamente que, aquela criança era eu.

Mamãe continuou me ninando e murmurando aquela canção, e o bebê se agitou em seus braços e abriu os olhos, também verdes, mas muito mais escuros. Rolou seus olhinhos para os lados, como se sentisse que algo aconteceria.
De repente, ouvi a porta se abrindo e uma sombra encapuzada apareceu na porta, com uma fina camada de neve nas roupas. Fechou a porta, andou na direção da lareira e tirou o capuz. Era um homem. Tinha o maxilar forte e sua pele era anormalmente pálida, seus cabelos eram pretos azeviche caindo até os ombros e tinha intensos olhos negros.

–Cheguei o mais rápido possível -disse ele, sua voz era grave e oleosa.

–Ela sentiu que você estava por perto -disse mamãe, olhando para mim -Ela sabe quando você está por perto.

Ele não disse nada, apenas sorriu. O bebê gemeu e levantou os bracinhos na direção do homem. Ele olhou para minha mãe, como se pedisse permissão, e ela me entregou a ele.
A menininha pôs suas pequenas mãos no rosto dele, sorrindo. Ele sorriu também, orgulhoso.

Assisti aquela cena com um aperto no peito. Aquele era Hades. Aquele era meu pai.

Ele se importava, pensei. Ele se importa.

Hades me embalou em seu peito e se sentou numa cadeira ao lado de minha mãe. Ela pousou uma de suas mãos no rosto do deus e o beijou.

–Eu amo tanto vocês dois... -disse ela.

Senti meus olhos arderem. Se ele realmente se importava, porquê tinha ido embora? Porquê fez aquilo com minha mãe? Porquê?

–Porquê você me deixou? -falei, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Eles não pareceram escutar.

Acordei tremendo no dia seguinte, me sentei em minha cama, tentando respirar com calma, e olhei para a cama de Nico, querendo me esquecer daquele sonho inconveniente. Nico estava todo enrolado, só os pés do lado de fora. Me segurei pra não rir quando ele começou a roncar.

–Ei, Nico -chamei -Acorda, sabe que horas são?

Ele resmungou alguma coisa e se virou pro lado da parede.

–Era só oque me faltava... -reclamei, indo até ele -Nico, vamos logo. Quer chegar atrasado?

–Não... -Ele gemeu de novo -Eu sou... filho... senhor dos... -roncou -mortos...

–Certo, eu também. Mas eu acordei e quero tomar café da manhã.

Ele pôs o travesseiro em cima da cabeça e continuou roncando.

"Vou ter que apelar" -pensei.

Fui até sua cama e lhe arranquei os lençóis, ele estava com a mesma camisa preta da noite anterior, e usava uma cueca box branca. Um par de meias estavam jogadas no chão, o cabelo dele estava mais embaraçado que o normal (se é que pode chamar aquilo de "normal").

–Adorei sua cuequinha, irmão -comecei a rir.

–Hã....? M-mas oque??!! Sai fora! -ele se cobriu com o lençol e correu até o banheiro.

–Finalmente. Se arruma logo que eu tô com fome.

–Sua louca... não era mais fácil me chamar?

–Eu chamei -revirei os olhos -Você que dorme como uma pedra.

–Hmph, sei... Ei, me joga uma calça qualquer aí, por favor.


Fui até a cômoda de roupas de Nico e peguei uma calça jeans, depois joguei para ele.

–Valeu -ele saiu do banheiro -só vou pôr os tênis e pronto.


Ele calçou um par de tênis pretos e foi na direção da porta.

–Não senhor -falei -, vem aqui.

–Hã?

–Eu vou pentear esses seus cabelos agora mesmo, faz quanto tempo que você não vê um pente?

–Ah, não. Não preciso disso, vamos logo, anda.

–Ah, sim. Você precisa, sim. Senta aqui que eu acabo em um minuto.

–Não tenho tempo pra essa-

–NICO DI ANGELO! VENHA AQUI!!


Ele hesitou, mas se sentou na ponta da cama, e eu penteei seus cabelos. Demorou um pouco, mas consegui. Quando acabei, baguncei eles um pouco.

–Pronto. Agora tá ótimo.

–Graças à Hades... -ele resmungou -Vamos logo.

...

Me sentei pela primeira vez na mesa de Hades. Os filhos de Deméter ficavam encarando Nico e eu, como se fôssemos as coisas mais ruins que o Tártaro cuspiu. Até mesmo Derek, um filho de Deméter, que considerava meu amigo até então, me olhou com repugnância.

–Ei, Nico. Qual o problema do pessoal do chalé 4?

–Hã... Bem, Deméter não gosta muito do nosso pai, sabe... -ele disse, mordendo uma maçã. -Perséfone, como deve saber, é casada com Hades. Mas Deméter não gostou nada disso, Perséfone era a preferida dela.

–Ela já tem metade do ano com Perséfone -comentei -E ainda reclama?

–Olha, muita coisa vai mudar pra você a partir de agora. Os Olimpianos não vão com a cara de Hades, por culpa de... -Ele hesitou, olhando para o céu. -Bom, por culpa de Zeus.

Um trovão ecoou pelo pavilhão.

–Quer dizer que Zeus simplesmente jogou nosso pai no Mundo Inferior, como se ele não fosse nada? Até onde eu sei, Hades era o irmão mais velho, certo?

Um relâmpago cortou os céus. Todos se assustaram.

–Acho melhor falarmos disso depois -Nico disse. -Mas vai ter de entender que alguns campistas aqui passarão a não gostar de você, por causa do nosso pai.

–Por causa de Zeus.–Corrigi.

–Agora que Hades te reclamou como filha, Zeus vai estar de olho em você. Ele não gosta do nosso pai. Não me pergunte o motivo.

–Sei... -comi algumas uvas.

–Campistas! -bradou Quíron. -Gostaria de convidar Clarisse La Rue e Nico Di Angelo para a Casa Grande depois do almoço.

–Hã? -Nico levantou a cabeça, confuso. Fazendo com que a maçã que ele estava comendo caísse no chão.

–Que foi?

–Acho que é uma missão... -ele ficou apreensivo de um minuto pro outro.

–Missões são tão ruins assim? -perguntei a Nico -A sua cara diz que são horríveis.

–Não é isso... Mas não é muita coincidência você ser reclamada e logo depois do nada, eu, sendo seu irmão, tenho que ir. Não quero deixar você sozinha.

–Sozinha? Ah claro. Estou super sozinha. Eu sozinha com mais uns duzentos campistas. Estou tão só. Me abraça.

–É sério. Não quero você longe de mim -ele dizia com um leve tom de preocupação -Se acontece algo com você eu não me perdoo nunca.

–Nico, eu não tenho cinco anos de idade. Sei me virar. Não se preocupe, vou ficar bem.

–Sei lá... Não acho seguro você ficar sem mim. Vai que você coloca fogo no Acampamento... -Ele sorriu.

–Nossa, que engraçado. Vou morrer de rir depois dessa. -revirei os olhos.

–De qualquer modo, se eu for, vê se não se mete em encrenca.

–Encrenca? Meus deuses, tem razão. Eu e essa minha mania de destruir acampamentos e me colocar em perigo...

Ele inclinou a cabeça para a esquerda.

–É impressão minha ou você virou a ironia encarnada?

–Tô me soltando aos poucos -falei, indiferente -Você vai ver, sou uma pessoa insuportável.

–Hum, temos algo em comum. -ele deu de ombros -Também sou insuportável.

–Vamos montar um clube. "Os insuportáveis. Venha ser um escroto com a gente".

–Boa ideia. Vou convidar uns mortos, sei uns realmente insuportáveis. O Rei Minos, por exemplo. Esse aí vai ser o presidente do clube.

...

Depois do café da manhã, Nico e eu fomos até o treinamento de esgrima. E vimos Jhon, Mark e Bia treinando. Jhon e Mark usavam espadas e Bia tinha um arco com uma aljava personalizada amarrada às costas. Ela era incrível com aquele arco. Não dava pra acreditar, ela acertava três flechas no mesmo alvo, sem olhar! Era surreal o modo como ela conseguia fazer aquilo, ela simplesmente atirava aquelas flechas, como se tivesse treinado desde sempre.

–Tá certo, Lia. Já vimos que você está impressionada com a Bia. -Jhon sorria -Agora fecha a boca, vai entrar uma mosca aí.

–Ma-mas não dá pra acreditar. Ela é... é...

–Incrível, eu sei. -Jhon continuou.
Bia corou e decaptou a cabeça de um dos bonecos de palha.

–Isso não é nada. Meus irmãos fazem muito melhor que eu. Eles é que são incríveis.

–Tá. -veio Mark -Mas quem é a professora de arco e flecha do acampamento com quatorze anos de idade?

–Eu. Mas...

–Mas nada. -Jhon disse, sem jeito -Você é incrível e ponto.

–Eu queria saber metade do que você sabe -eu disse -, Sou um fracasso nisso. Você mesma viu.

–É. -ela riu, como se pedisse desculpas por ser incrível -Você quase acertou o meu olho - umas três vezes, na verdade. Ainda bem que eu me desviei a tempo.

–Certo, certo -Nico falou -Hora de treinar. Vamos, Lia. Vou te mostrar uns truques.

Ele me puxou pelo braço e fomos para um canto aberto, sem nenhum boneco. Ele me ensinou a me defender com mais chances de sucesso, e também me mostrou como atacar com mais rapidez e precisão ao mesmo tempo. Depois me pediu para fazermos uma demonstração. Ele me jogou no chão umas três vezes até eu conseguir fazer tudo direito.

–Mais uma vez? -ele perguntou me ajudando a levantar.

–Não... Já chega... Tempo.... -eu falei, ofegante.

–Tente treinar mais um pouco... Você já aprendeu como se faz. Agora é só colocar em prática.

Uma trombeta soou ao longe. Era hora do almoço.

–Vamos -chamei -Preciso comer alguma coisa.

Chegando à mesa de Hades. Nos servimos e demos parte para a fogueira aos deuses. Comemos travessas de frango, bife, e tomamos refrigerantes até não aguentarmos mais. Depois disso, acompanhei Nico até a Casa Grande. Clarisse já estava lá com Quíron.

–Atrasado. Garoto fantasma -Clarisse provocou.

–Foi mal, Clarisse. Não tô afim de falar com porcos hoje. -rebateu Nico, sem paciência -Oque foi, Quíron?

–Uma das nossas campistas foi a cidade há uns dois dias. E até agora ela não voltou. Quero que vocês dois encontrem-na e tragam-na em segurança.

–Isso se ela estiver viva... -resmungou Clarisse.

–Sim. -continuou Quíron -Vocês vão agora mesmo. Preparem-se e me encontrem em meia hora. Dispensados.

–Espere -falei -Quem é essa garota?

–Andy. Andy Schade.


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Notas finais do capítulo

Quero no mínimo um review, hein.

Me digam se gostaram!



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