POV Annabeth

– Você me trouxe aqui para conversar sobre aquilo, não é? - Perguntei.

– Sim. - Ele respondeu.

– Bem, eu acho que não tem muito o que conversar sobre isso, não? - Falei corando. - É normal, não?

– Bem... Mais ou menos... - Ele falou passando a mão no cabelo, desgrenhando-o mais ainda. - Depende do ponto de vista, não? - Falou e eu percebi que ele estava corando.

– Você tem certeza que quer conversar sobre isso agora... A gente podia fazer isso depois... - Falei abaixando a cabeça e olhando para o chão.

– Não, vamos acabar logo com isso... - Ele falou e pegou meu queixo, virando-me para ele. - Olha, você sentiu algo naquele beijo? - Ele perguntou.

Fiquei tensa. "E agora? O que eu faço?" perguntei-me mentalmente, "E se eu falar que senti algo e ele falar que sentiu nada? E se ele falar que também sentiu algo?" Engoli seco, mas eu fiquei mais alguns segundos "fora do ar" e ele começou a perceber.

– Annie? Psiu! - Ele estalou os dedos em frente aos meus olhos. - Ta aí ainda? - Pisquei algumas vezes e olhei para ele.

– Ah, desculpa, o que você perguntou mesmo? - Falei me fingindo de desentendida, e ele acreditou.

– Eu perguntei se você sentiu algo naquele beijo. Você sentiu? - Ele perguntou. "Diz que não sua boba!" falei comigo mesmo.

– Não, não senti. - Ele deu um suspiro de alívio.

– Bem, então acho que não temos mais o que falar sobre isso. - Ele falou se levantando e me deu a mão para me ajudar a levantar.

– Sim, verdade. - Falei, mas dentro de mim eu sentia como se tivessem mil facas atravessando meu coração.

Voltamos para dentro de casa e Thalia me olhou com os olhos brilhando, mas não veio até mim, meio óbvio, ela não sairia do conforto dos braços do namorado para vir conversar sobre uma coisa tão banal.

Sentei-me no sofá com o pessoal e voltei a assistir o filme com eles, mas eu estava prestando atenção no que esta acontecendo.

—•—

Thalia parou em frente a minha casa e olhou lá dentro, vendo apenas minha madrasta e meu pai assistindo TV. Antes de sair do carro ela segurou meu braço.

– Amanhã quero que você me conte o que você e Percy conversaram hoje, ok? – Ela falou meio ameaçadora, mas como ela estava sorrindo amigavelmente eu sabia que não era uma ameaça de verdade.

– Está bem. – Concordei.

Despedimo-nos e eu entrei em casa e meu pai e minha madrasta me olharam torto. Meu pai se levantou e me seguiu até a cozinha. Peguei um copo de água e coloquei água.

– Onde você dormiu essa noite? – Ele perguntou me encarando.

Terminei de beber água e olhei cínica para ele.

– Dormi na casa da Thalia. – Falei simplesmente. – Eu não iria ficar aqui enquanto você dava uma festinha para seus amigos pedófilos. – Briguei.

– Eles não são pedófilos Annabeth!! – Meu pai falou exaltado batendo a mão na mesa.

– Então porque toda vez que eles me vêm ficam dando em cima de mim e se insinuando?! – Gritei com ele. – Uma vez um deles quase me estuprou! Se o Malcom não tivesse me salvo eu teria sido violentada! – Briguei com ele. – E O SENHOR NÃO FEZ NADA!!! VOCÊ VIU E NÃO FEZ NADA!!

– Não é bem assim, Annabeth! – Meu pai falou se constrangendo. – Eu não fiz nada porque achei que ele não estava fazendo nada demais!

– Como você pode ter achado nada demais, você o viu agarrando meu braço e me puxando escada acima e você nem se importou! – Fechei meus olhos e respirei fundo. – Olha, eu não vou continuar essa discussão. Eu estou cansada e vou subir pro meu quarto e dormir porque amanhã eu tenho aula. Não vou mais me aborrecer. – Falei, sai da cozinha e subi a escada, indo para o meu quarto.

Tirei meu tênis e me joguei na cama e abracei meu travesseiro. "Ele ficou aliviado quando eu disse que não senti nada..." Lágrimas desceram pelo meu rosto. "Então ele não sentiu nada quando me beijou..." As lágrimas desciam como rios pelo meu rosto.

Ouvi o meu celular dando um toque, sinalizando uma mensagem, peguei o celular e olhei de quem era: Thalia, respirei fundo e limpei as lágrimas dos meus olhos.

"Está tudo bem? Você geralmente sempre manda uma msg quando chega a casa... Aconteceu algo?"

"Não, está tudo bem. É só que eu não tinha nada pra enviar então resolvi não mandar nada..." Menti para ela, eu não via a hora de poder conversar com ela sobre o que aconteceu, queria desabafar.

"Amanhã a gente conversa... Estou muito cansada..." Mandei logo em seguida.

Levantei-me da cama e fui até o banheiro, escovei meus dentes e depois coloquei meu pijama. Pouco tempo depois que me deitei na cama eu peguei no sono, e a minha maior sorte foi que eu não sonhei com nada.

—•—

Acordei com o toque do meu celular tocando muito alto, sentei-me preguiçosamente na cama e olhei para o celular, era Thalia me ligando, peguei-o na preguiça e atendi.

– Alô?

– Annabeth você está acordando só agora? – Ela perguntou exaltada.

– Sim ué, por quê? – Falei me levantando e indo ao banheiro.

– Porque já são sete e meia! A aula começa em meia hora! Não ouviu o despertador tocar não?

– Ai meus deuses! – Falei exaltada e liguei o chuveiro. – Vou banhar bem rápido e vou para o colégio, você já está no colégio? – perguntei tirando o pijama.

– Sim, vou estar te esperando, se o sinal bater e você não chegar eu vou para aula. Até mais. – falou e desligou.

Terminei de tirar o pijama e tomei um banho rápido. Penteei meu cabelo e fiz um rabo de cavalo porque não tinha tempo para me arrumar, coloquei muita pouca maquiagem e vesti minha roupa e peguei minha mochila, desci as escadas rapidamente e peguei as chaves no chaveiro e fui direto à garagem, peguei meu carro e sai de casa rapidamente. Parei em um fast-food e peguei um "café da manhã" e fui em direção ao meu carro, comi rapidamente e fui para o colégio.

Quando cheguei ao colégio não havia ninguém no estacionamento nem nos corredores, a escola estava vazia devido às aulas já terem começado. Fui até o meu armário e peguei o livro para o próximo tempo, já que eu já havia perdido esse. Fui até a sala de espera e sentei-me em um lugar no fundo, a sala estava vazia, eu era a única nela.

Suspirei e me afundei na cadeira, me lembrando da noite anterior, quando Percy disse que não sentiu nada no beijo. Olhei para fora da janela e fiquei olhando a paisagem, até que eu ouvi alguém entrando e sentando ao meu lado, a cadeira foi arrastada e eu senti uma respiração perto de mim.

– Olá Chase. – Virei meu rosto devagar e encontrei dois olhos azuis super claros me encarando.

– Olá Luke. – falei fria. – Você poderia, por favor, se afastar um pouco, está me incomodando. - falei e virei-me para a janela novamente.

– Certo então. – Ele se afastou e levantou, sentando a cadeira à minha frente. - Está pensando em que hein Chase? – ele ficou virado para mim.

– Em nada que te interesse... – Falei encarando ele.

– Nossa, que isso, pra que tanta brutalidade? Estou apenas conversando com você, mais nada. – Ele falou sorrindo ironicamente.

– O que você quer? Desembucha logo... – Encarei-o friamente.

– É o seguinte, seu amiguinho, o Jackson, logo na primeira semana de aula me fez ficar de suspensão, e eu não gosto disso, então, você vai fazê-lo vir falar comigo.

– E porque eu faria isso? – perguntei sorrindo cínica. – Eu não faria isso com um amigo meu.

– Então ele não é mais uma de suas vítimas? – Ele perguntou impressionado.

– Eu não sou mais aquela Annabeth de algumas semanas atrás, Luke. – Falei e dei um suspiro. – Eu mudei ok, eu não fico mais com garotos para depois partir seus corações... E eu não tenho nada com o Jackson... – Falei olhando nos seus olhos. – Você vai ter que arranjar outra pessoa para a sua vingança.

Então o sinal bateu e eu o encarei e sai da sala, indo para a minha.