Daddy's Little Girl escrita por Yammy


Capítulo 9
Agonia


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, gente :3 me atrasei um pouco na postagem, mas ok. Vocês gostaram da ideia da Sarada gostando do Shikadai, hein? Não seria de todo mal, na verdade. Primeiro amorzinho é primeiro amorzinho! Sem mais delongas, o capítulo, que ficou meio pesado no começo, mas relaxem!



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Até quando aquilo duraria?

Sempre fora um grande fã do silêncio, da quietude, da calma. Eram aqueles momentos em que poderia refletir, pensar ou até mesmo tentar esvaziar a mente de qualquer coisa. No silêncio, a mente ficava muito menos poluída e os pensamentos e idéias podiam flutuar leves por sua consciência.

Há um tempo, já não conseguia mais agüentar longos silêncios, o que vinha estranhando. Costume, talvez: sua casa não era a das mais quietas e não se referia à idade do imóvel, apesar de precisar trocar umas portas que rangem à noite. Viver com duas mulheres era um teste de paciência e tinha que lutar consigo mesmo para não falhar.

Contudo, naquele momento, ele queria um som. Qualquer som. Um suspiro, qualquer coisa que não fosse sons de passos no corredor e de bipes.

Não, na verdade, precisava dos bipes. Não sabia como viveria sem os bipes. Os bipes não eram seus, mas o mantinham vivo, tanto quanto ela.

– Não vai falar nada? – já estava nervoso. Era muita coisa pra lidar ao mesmo tempo, há muito não precisava se preocupar tanto com tantas coisas.

Olhos negros e inchados se levantaram. Não tinham mais óculos emoldurando-os, mas vez ou outra um lenço vinha secá-los. Não pensou em repreendê-la por estar de sapatos em cima da poltrona, porque estava deitado em todos os cinco bancos da sala de espera, o que era igualmente errado. Parecia tão frágil, encolhida, soluçando. Não deveria estar muito melhor. Passou a mão pelo rosto, sentindo a barba que crescia pinicar e seu rosto pálido estava marcado por olheiras.

Muitas coisas tinham acontecido de uma vez e a última coisa de que precisava era daquela distância. Sasuke deveria realmente parecer um trapo, porque só conseguiu ver o vulto de sua filha pulando da poltrona para abraçá-lo e deixar as lágrimas rolarem, mais uma vez.

Tinha chegado em casa e sido recebido por gritos. Pedira a Naruto uma folga de missões, já era quase hora de Sakura dar à luz. Mais uma vez, depois de oito anos, tinha resolvido colocá-la de cama e tomar as rédeas da casa. Cuidava de tudo: da comida, das compras, até mesmo levantava para ajustar o ângulo da televisão, para que o pescoço dela não doesse. Saíra de fininho para comprar umas flores para ela e Sarada – que tinha sido rejeitada e andava com seu ursinho de pelúcia favorito para lá e para cá, desanimadamente.

Tanto sangue trazia más lembranças, mas naquele momento, ele ainda podia fazer alguma coisa. Era cedo, ainda tinham alguns dias, então daonde saíra o sangue? Seu corpo estava gelado e cheio de suor, vez ou outra tentava conter um grito de dor e começava a chorar, assim como ele. Não sabia o que estava acontecendo e o desespero só aumentava.

Quando chegaram, levaram Sakura direto à sala de cirurgia. Depois de algumas horas, ele tinha nascido, mas não pode vê-lo: levaram para fazer alguns exames, por precaução. Ela ainda não tinha acordado e estava fraca.

Sarada era como ele, sofria em silêncio. Há semanas falava empolgada sobre querer ver logo o irmão, mas nem o fato de ter um irmão conseguia animá-la. Os dois não conseguiam entender o que a médica disse, era tudo um borrão, um som abafado.

Quando as lágrimas cessaram e ela se rendeu ao sono, deixou a filha deitada na poltrona numa posição que julgou confortável e a cobriu com seu casaco.

Não deveria, mas foi à sala dela.

Bipe.

Vários tubos conectados a um mesmo corpo pálido, desacordado.

Bipe.

Passou a mão pelo seu rosto lentamente, como se ela fosse desaparecer a qualquer instante.

Não, por favor. Bipe.

Uma enfermeira que tinha passado disse alguma coisa, mas ele não ouviu. No momento, era só ela.

Bipe.

Pegou sua mão, entrelaçando seus dedos. Não recebeu um aperto de volta, mas conseguia sentir o sangue pulsando. Conseguia ver o sangue pulsando, de tão pálida que estava sua pele.

Bipe.

– Papai, podemos vê-lo! – adentrou como um furacão no quarto, a vitalidade recuperada. Seu rosto brilhava com as lágrimas que secavam em sua bochecha, mas um sorriso tomava conta de sua face como há horas não via.

Ele poderia ver seu filho. Ele tinha mais um filho.

Por que ela não acordava para vê-lo?

Seu coração quase pulava de excitação e vontade de ver o novo membro da família, mas não conseguia soltar sua mão. Sarada chamava por ele, repetia várias vezes, mas ele não conseguia ouvir. Não conseguia se mexer.

– Vou trazê-lo aqui – soltou, determinada – ele está bem, papai, você vai ver! A mamãe também vai ficar – sentenciou, mesmo que com a voz trêmula de repente.

Sasuke não tinha certeza se Sarada conseguia segurar um recém-nascido, mas assentiu. Sentia-se inútil, mas provavelmente se sentiria pior se soltasse da mão dela.

Quem entrou no quarto segurando o bebê foi Boruto Uzumaki, seguido de uma Sarada Uchiha de braços cruzados, mas com um pequeno sorriso no rosto. Naruto e Hinata entraram também, com Ino e Sai. Todos pareciam preocupados, mas não se atreveram a chegar perto do Uchiha e da fortaleza que tinha construído só num enlaçar de dedos.

Boruto tinha se posicionado por trás de Sarada, controlando seus braços e ensinando como segurar o irmão corretamente. Cuidado com o pescoço, conseguia ouvi-lo dizer. Logo, ela segurava o mais novo Uchiha.

– Ele é tão pequeno papai – exclamou, com um sorriso fascinado – não vai quebrar não, né?

– Olha o pênis desse garotão – comentou Sai, recebendo um soco de Ino.

– Esse vai ser dos meus – concordou Naruto, levando um beliscão de Hinata, que parecia constrangida.

Apesar das brincadeiras, todos pareciam preocupados – tanto com Sakura quanto com Sasuke.

Não conseguia responder a nenhum deles até sentir um movimento entre seus dedos. O corpo dela começava a acordar, lentamente. Os olhos esmeralda se abriram num súbito e piscaram algumas vezes, se acostumando com a luz. Os dedos de sua mão livre fracamente foram até seu ventre, como se procurassem o bebê que tinha estado ali dentro.

O Uchiha não conseguia acreditar. Segurou sua mão com mais força ainda, sem perceber. Podia estar machucando, então afrouxou o aperto. Sakura então pareceu notar a presença de todos na sala e tentou sentar, com a ajuda do marido, que a recostou sobre alguns travesseiros. Sabia que, se dissesse para ela permanecer deitada, levaria uma surra assim que recobrasse a força.

Sarada foi em direção à mãe, com o bebê nos braços. – Olha, mamãe!

– Olá – a voz dela era falha, mas seu corpo parecia ter adquirido força ao receber o filho. Ainda parecia incrédula enquanto balbuciava algumas coisas àquele ser pequeno em seu colo. Vez ou outra seu olhar ia até a máquina dos malditos bipes, como se não tivesse certeza de que estava viva, como se tivesse morrido e aquele era o paraíso, com todos ao seu redor.

Poderia não ser para ela, mas definitivamente era pra ele. Sarada tinha voltado a chorar, as pequenas mãos agarrando os lençóis que cobriam a mãe e todos saíam, aos poucos. Momento de família, que bom que entendiam. Antes que pudesse impedir, lágrimas saíram de seus olhos também, o que chocou as duas. Abraçou Sakura, que ainda segurava o bebê e dizia em seu ouvido que estava bem, que estava tudo bem, que se desculpava pelo susto.

Ouvia os bipes mais fortes e estáveis e rezava para que nunca acabassem, mesmo quando não os ouvisse alto como naquele dia.

(...)

– Podemos dar o nome de Itachi, como o titio – sugeriu a garota. Ele segurava o caçula nos braços e parecia que tudo estava voltando. A cara de joelho, a gengiva sem dentes sorrindo, os dedos curiosos que procuravam se agarrar em tudo. Os olhos eram negros, logicamente.

– Pode não ser uma boa idéia – respondeu Sakura, um pouco incerta. Não a culpava. Anos de sua vida foram dedicados a destruí-lo, se vingar. Sua mente tinha sido tomada por isso e sabia o quanto ela tinha sofrido por vê-lo daquele jeito.

– Na verdade, eu gosto da idéia – ele rebateu, ainda encarando o filho. A esposa não pareceu debater muito sobre o assunto, já que Sasuke tinha aceitado.

Itachi Uchiha. Mais um.

Pelo nome, poderia esperar grandes feitos dele – e esperava que não envolvessem massacres.

Assim como o tio, o garoto tinha algo diferente, algo que o separava do resto. Não uma aura assassina ou coisa do tipo. Era na verdade, uma coisa inédita que ainda não conseguia entender, mas que tinha feito Sakura rir por um bom tempo.

Seu mais novo filho, Itachi Uchiha, tinha olhos negros e cabelos não tão negros. Itachi Uchiha tinha os cabelos claros.

Do mesmo tom de sua mãe.


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