Daddy's Little Girl escrita por Yammy


Capítulo 4
Presença


Notas iniciais do capítulo

Então, a ideia do ursinho foi de uma leitora do ff.net, a Stephanie! Achei muito fofa e precisei escrever. Como podem notar, a Sarada já está um pouco mais velha do que no último capítulo e já tem suas próprias ideias :B espero que gostem! Obrigada pelos reviews e pelos acompanhamentos, vocês são demais



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Estava cansado. Não agüentava mais andar, pular de galho em galho, matar um ou dois vagabundos, carregar pergaminhos, coisas típicas de todas as missões. Tão cansado que resolveu pular a etapa de fazer o relatório ao hokage e simplesmente se jogou no sofá assim que botou os pés em casa, depositando cuidadosamente a sacola sobre a mesa.

Dia de plantão de Sakura, Sarada tinha sido deixada com Hinata, brincando com Himawari. Tudo tão quieto, pacífico... Tirando o maldito toque. Arrastando-se, puxou o telefone da mesa: 20 chamadas perdidas. Na mesma hora, recomeçou a tocar.

Naruto.

– Cara, sua filha espancou meu filho – foi o que Sasuke ouviu quando atendeu o telefone.

– Espera.

Tapando o bocal do telefone, Sasuke começou a gargalhar por um tempo. Depois, voltou a colocá-lo na orelha, já recomposto.

– Muito ou pouco?

– Ela é filha da Sakura, isso responde sua pergunta? – a voz do outro lado da linha era irritada.

Sasuke se recordava das vezes que sua esposa já perdeu as estribeiras. Não foram poucas. Muitos feridos. Vindo de Sarada, nada alarmante. O Uzumaki deveria ter merecido, e foi o que ele disse ao hokage.

– Ninguém merece uma surra de alguém que tem sangue dela nos genes, Sasuke. Ninguém.

E com isso na cabeça, esqueceu o cansaço e seguiu as ordens de Naruto de pegar sua filha no hospital. Ao chegar lá, se deparou com Hinata sentada no corredor com Himawari no seu colo, brincando com seu cabelo. Ao ver Sasuke, levantou-se e o cumprimentou.

– Não se sinta culpado, por favor – ela se desculpou – ele sempre dá um jeito de merecer as surras que leva.

Sasuke tentou não rir com a doçura de Hinata. Sempre se perguntou como alguém como ela acabou com Naruto, mas os dois faziam um belo casal e se completavam. Eram completamente diferentes, assim como Boruto e Himawari.

– Como ele está?

– Quebrou o nariz. E tem alguns hematomas.

– Muito hematomas, você quis dizer – corrigiu Sakura, segurando uma prancheta – não precisa se conter só porque é nossa filha, Hinata. O que ela fez foi errado. E nós pedimos desculpas pelo que aconteceu.

Diga por você, Sasuke pensou. Ele controlava-se ao máximo para não rir ali mesmo, no meio do corredor. Mas Hinata não merecia isso, não quanto o espancado tinha puxado ao pai.

– Vou deixar vocês sozinhos – disse Hinata, carregando Himawari e saindo.

– Ela sente sua falta, Sasuke – ela disse assim que a Uzumaki se foi – a primeira coisa que ela me disse quando chegou aqui não foi nem um pedido de desculpas. Ela perguntou onde você estava.

– Ahn – murmurou, tentando achar uma resposta – ela sabia que eu chegaria hoje, então...

– Ela fez isso para chamar sua atenção, não percebe? Sasuke... – fez uma pausa – peça ao Naruto uma folga de todas essas missões. Você precisa ver sua filha crescer. Ela precisa crescer com você.

Depois de uma longa conversa, o Uchiha decidiu ir ver sua filha. Sentada, ao lado da cama de um Boruto desacordado, balançava as pernas que não chegavam ao chão. Quando o viu, seu rosto se iluminou e correu para abraçar o pai.

Ela era tão pequena, tão delicada. Orgulhava-se tanto do que ela estava se tornando, um cotoco inteligente, forte, determinado. E por mais que doesse, precisava falar isso.

– Sarada... você sabe que o que fez foi errado, certo?

– Não foi não – fez uma cara emburrada – ele tava me irritando muito. Aí eu bati mesmo.

– Você não pode bater nas pessoas só porque elas te irritam. Olha só sua mãe. Tem paciente que prefere morrer a ser tratado por ela porque já apanhou no passado.

– Mas não é bom ser temida? – ela riu – dá aquela sensação de poder, papai.

– Poder não é tudo. Eu já te disse isso...

De repente, parou. Ouviu soluços. Sarada começava a tremer e seus olhos já se enchiam de lágrimas. Quando Sasuke tentou abraçá-la de novo, ela se afastou.

– E você diz isso com que moral? Você nunca ta com a gente! – berrou – você não ama a gente!

– Sarada, você não entende – tentou acalmá-la – eu queria ficar mais em casa, eu...

– Não, você não quer. Senão, ficaria comigo pra sempre!

Assim, a pequena Uchiha correu, deixando um Sasuke desamparado. Ficou uns bons minutos encarando Boruto, que estava bem pior do que disseram. Os dois olhos roxos, um curativo no nariz, várias faixas espalhadas pelo corpo. Sarada tinha feito um ótimo trabalho como espancadora. Mas ele, como pai, tinha sido uma negação.

Mais tarde, chegou em casa e se deparou com sua filha encarando a sacola deixada sobre a mesa. Lutando entre esquecer suas mágoas e perguntar ao seu pai o que era e continuar com raiva, escolheu a primeira opção, porque não se agüentava de curiosidade.

– O que é?

– Agora você fala comigo? –brincou, sentando no sofá ao seu lado.

– Eu sempre vou falar com você, papai. Mas é difícil falar com o senhor quando você não fica comigo. Não tem ninguém pra me responder.

Sasuke pegou a sacola e tirou o embrulho de dentro, entregando-o a Sarada. Ela olhou o papel vermelho, sacudiu próximo ao ouvido e só então puxou o laço branco rapidamente. Um ursinho marrom podia ser visto dentro da caixa e a garota o pegou com cuidado. Soltou um leve sorriso, o que deixou Sasuke feliz.

– Sempre que quiser falar comigo, aperte a barriga dele – e à menção da filha de obedecer, impediu – não agora! Só quando sentir necessidade.

Sarada agradeceu e eles ficaram em silêncio, aproveitando a presença um do outro. Quando já era tarde, os dois foram para a cama e ela resolveu dormir com o ursinho. Ficou olhando por um bom tempo para ele no escuro e resolveu saber o que ele dizia. Se escondeu debaixo das cobertas na esperança de não fazer barulho e acordar o pai e apertou a barriga do bichinho.

Eu te amo, Sarada, dizia a voz do seu pai. De seu ursinho.

E isso era suficiente. Ficou um bom tempo apertando seu parar até seus olhos encherem de lágrimas. Quando tudo era silêncio na casa, resolveu agir.

Vestiu-se, pegou o ursinho e saiu silenciosamente pela janela da cozinha. Fez o que podia para não ser notada na rua escura e quando chegou ao hospital, suspirou aliviada. Foi correndo até o quarto e sacudiu o garoto até ele acordar.

Quando os olhos azuis se abriram, Sarada tapou sua boca, impedindo-o de gritar.

– Deu certo? – ele perguntou, com a voz falhando e um esforço evidente.

– Deu – ela respondeu, mostrando o ursinho – quando precisar da atenção do seu pai, pode me bater também, só não faz com força.

– Acho que não vou precisar – e com dificuldade, apontou para o canto do quarto.

Uzumaki Naruto estava deitado, cochilando, na poltrona ao lado da cama do filho. O plano tinha funcionado, então. Despediu-se de seu cúmplice, acabando com a trégua, e voltou para casa.

Não precisou mais apertar o ursinho. Já tinha certeza.


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