Perseus: A guerra contra o Princípio escrita por Naylliw Freecs


Capítulo 14
Tic-Tac... Seu tempo irá acabar


Notas iniciais do capítulo

Iae meu povo ~desvia das pedras~
Sei que estou super atrasado, mas eu realmente não tenho muito tempo pra escrever. Apesar disso, quero que quem está gastando um pouco do seu tempo pra ler essa humilde história, saiba que nunca vou abandoná-la ou exclui-la, posso até demorar, mas sempre vou voltar com mais um capítulo, clichê? Sim. Mas é a verdade
LEIAM AS NOTAS FINAIS, por favor!!
Ps- Pra quem não lembra, Aura é a irmã de Quione



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POV Aura                                           

Frio. Frio intenso perfurando minha pele, como se centenas de agulhas atravessassem o meu corpo. Escuro. Escuridão tão profunda que até mesmo meus pensamentos eram recobertos por uma vasta névoa negra. Como era meu nome mesmo? Por que estaria num lugar horrível como este? O que havia feito? Lembranças... Apenas uma voz masculina, poderosa e autoritária; um cântico antigo e uma imposição: um século.

Meu corpo inteiro doía, há quanto tempo estive caminhando? Por que insistia em tentar achar algo afinal? E a quanto tempo... Havia perdido a noção de tempo, teriam se passado minutos? Horas? Anos...

Em nome dos deuses! Eu preciso de ajuda, não posso mais seguir em frente. Que lugar infernal! Eu não posso mais, não consigo mais, não adianta insistir. São sempre os mesmos becos sem saída; preciso de luz, de alguma orientação, o escuro me causa pavor. Há quanto tempo não consigo enxergar sequer meus dedos? Há quanto tempo tenho de andar temendo cada passo? Com medo de que o próximo seja o último e que despencarei para a morte. Minha garganta parece ter sido recoberta por areia, meu estômago implora por uma refeição. E os sons... Deveria existir algum som nesse local? Em nome dos 6 grandes, acho que estou ficando louca...

Socorro! Não consigo mais correr, meus pés já devem estar em carne viva. Os sons pioraram. Vozes. Imploram por ajuda de Aura, prometem-lhe oferendas, a acusam de abandono, mas afinal, quem é esta mulher? Quem dera as vozes fossem o pior, os gritos chegam a lacerar a alma. As vezes o choro de uma criança, as vezes o grito de milhares de soldados, prontos para batalharem numa guerra, as vezes... bem, as vezes o rugido de um monstro.

Não devo mais insistir. As vozes me disseram para parar, que minha única escolha é desistir. Talvez devesse escutá-las.

O meu maior desejo foi realizado. Voltei a ver, e foi a partir desse momento que tive a certeza de minha insanidade. Tudo o que consigo enxergar não passam de ilusões, a situação é agonizante, não tenho mais a capacidade de distinguir a realidade do ilusório. Os ruídos continuam, os monstros parecem estar me perseguindo. Mas as vozes me dizem que tudo vai acabar logo, que em pouco tempo tudo isso deixará de existir.

Consegui lembrar de um nome: Quione. Seria essa pessoa alguém importante para mim? Ou seria ela a causa de todo o meu sofrimento? Não consigo me recordar, mas não importa. Assim como essa memória chegou, logo deve ir embora. Rapidamente, pelas sombras e em seu próprio silêncio.

Estou sendo perseguida. Tenho certeza absoluta disso. Os passos a minha volta nunca somem, acho que há alguns dias vi um par de olhos, olhos verdes como as folhas de uma árvore na primavera, mas não tenho certeza, foi muito rápido, estava com muito medo, senti uma presença sufocante. As lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto, num caminho que eu mesma não podia determinar, minhas mãos voaram para minha cabeça no momento em que parei de correr, escorregando as costas nuas por alguma superfície lisa e fria como mármore, a dor em meus pés havia cessado, talvez houvesse passado do ponto em que pudesse sentir algo e a dor se tornou tão grande, que acabou funcionando como um anestésico. Milhares de vozes gritavam ao meu redor, estava doendo, estava doendo demais, só queria que tudo acabasse logo.

— CHEGA! Eu não aguento mais, seja o que for, seja lá o que estou fazendo aqui, eu desisto! Por favor... – As lágrimas voltaram a fluir por meu rosto, traçando um caminho gélido até despencar pelo queixo. Cada fungada era dolorosa, cada vez que puxava o ar meus pulmões pareciam reclamar e implorar para que parece de utilizá-los. – Por favor... Se alguém puder me ouvir... Eu só desejo por um fim nisso tudo.

Não fiquei surpresa quando a resposta não veio. Estava sozinha, nem mesmo a vozes, que tanto insistiam em me fazer desistir, estavam lá. Talvez tenha passado um dia no mesmo local, sentada, encolhida e chorando. Implorando por uma ajuda que nunca viria, me agarrando a esperança de que alguém se importava e mesmo após tanto tempo, estaria lá para me acolher, mas ninguém veio. Foi no momento que minhas pernas imploraram por qualquer movimento que voltei a caminhar, num ritmo mais ameno devido a dormência, afastando-me sempre que possível dos sussurros e dos gritos, assim como das ilusões. Talvez tenha caminhado por uma longa distância, talvez tenha apenas sido alguns metros, mas em algum ponto tudo cessou. Meu corpo foi preenchido por uma onda de frio, mas um frio reconfortante e aconchegante, não me importava a que lugar me levaria, precisava continuar a seguir aquela presença maravilhosa; caminhando mais alguns passos me deparei com luz, um único ponto luminoso naquela vasta escuridão, no centro da luz havia um homem de costas, com cabelo grisalho-alaranjado, usava vestes simples de linho e ao seu redor pequenos flocos de neve dançavam.

— Há muito tempo tenho estado a sua espera, criança. – Sua voz rouca retumbou por todo o local, não parecia ser velho, mas mesmo assim possuía uma autoridade absoluta.

— Quem é você? Ou melhor, quem sou eu? O que estou faz... – Antes mesmo que pudesse continuar fui cortada e mesmo querendo todas as respostas não me atreveria a desafia-lo.

— Precisa me desculpar, mas nosso tempo é limitado. Tudo que peço é o seu silêncio e explicar-lhe-ei o máximo que puder. – Sua voz emanava calma e paciência, como se de fato estivesse tratando com uma criança.

— Mas eu tenho tanto par...

— Você está presa em uma ilusão. Por todo o tempo que vagou neste local, esteve presa no subconsciente de sua irmã gêmea, a deusa do gelo e da neve, Quione. – E mais uma vez aquele nome. Então era isso, ela era minha irmã, então... isso faria de mim uma deusa? Como uma facada uma memória me atingiu, podia ver uma versão mais nova de mim mesma, correndo à medida que se transformava num lince, por imensos pátios de um palácio ao lado de outra garota, ela por sua vez possuía cabelo longo e negro e olhos castanhos como grãos de café. – Quando Quione foi mortalmente ferida na terra além dos deuses, você aceitou uma missão do deus Apolo. Iria transferir parte de sua divindade a sua irmã o que lhe levaria a passar um século num estado de inconsciência, se não acordasse nesse período as duas estariam condenadas ao esquecimento.

— Perdão, eu não consigo entend...

— Tudo o que tem vivenciado não passa de um jogo mental e doentio, onde para escapar, deverá enfrentar todo e qualquer medo que possuir de frente. Sua visão foi bloqueada, pois se recusa enfrentar seus temores. Há muito tempo tem vagado filha de Bóreas, não faz ideia do quanto seu nome foi clamado nesse tempo, de quantos mortais precisaram de você, mas você não estava lá para eles, estava? Você tem falhado miseravelmente por anos, não, anos não, tem falhado por décadas. Onde está a deusa que afirmou com tanta garra e convicção anos atrás, no monte Olimpo, que enfrentaria o que fosse e salvaria a si mesmo e a sua irmã? – Cada palavra dita por aquele homem era um tapa diferente que atingia meu rosto, o frio que antes era tão acolhedor começou a me empurrar para trás, cada passo uma memória, cada memória uma lágrima e cada lágrima um aperto diferente em meu coração. Era demais, eu falhei com todos, falhei com meu pai e a confiança depositada em mim, falhei com os mortais que clamaram em meu socorro e acima de tudo, falhei com Quione, minha irmã, meu bem mais precioso. Meus joelhos cederam, como se tivessem se liquefeito, eu era uma desgraça para todos, meus punhos iam em direção ao solo enquanto lágrimas de angústia e ódio escorriam por meu rosto.

— Quan-Quanto tempo e-eu ainda t-ten-tenho? – Ergui a cabeça no momento de sua resposta, a incredulidade estampada em minha face. Ele ainda se mantinha de costas e não pude ver seu rosto, mas ainda assim era perceptível o desapontamento em sua voz.

— Sete Dias. Aceite de uma vez que essa é uma batalha que não pode vencer. – E de repente mais uma lembrança. Não exatamente uma lembrança, mas sim um sentimento, uma enorme e devastadora dor no peito. Vi-me numa enfermaria, minha dita irmã estava deitada numa maca enquanto eu brigava com um outro homem. “Jure deus do Sol, jure em nome do Estige! ”, um olhar temeroso cruzou seu olhar, um olhar de pena, como se já me condenasse ao fracasso, mesmo assim ele proferiu as palavras, um trovão selou seu juramento “Eu juro, juro em nome do rio”.

— Eu não posso desistir! Não irei falhar com todos...

— Quando é que você vai entender que já falhou? Tem inutilmente insistido e vagado por quase um século! Responda-me, por qual motivo acha que conseguirá fazer em sete dias, o que não teve a capacidade de realizar em noventa e nove anos?! – A exaltação do homem começou a tomar tamanhas proporções, que os pequenos flocos de neve que flutuavam ao seu redor entraram em combustão, fazendo pequenos focos de chama dançarem ao seu redor.

— Quando é que você vai entender que desde o primeiro passo que dei nesse local estive batalhando para salvar alguém que amo? Por acaso sabe o que é amor? Sabe o que é família? Pois eu lhe respondo. Família é amar. É nunca abandonar ou esquecer. Quione é minha família, consigo me lembrar disso agora. E meu nome é Aura, deusa da brisa congelante, filha de Bóreas, o deus do vento norte. Não importa o que me diga, nem mesmo o que passei por todo esse tempo, meus momentos de fraquejo... O passado se tornou história, o futuro pertence unicamente as moiras, mas o presente? Quem o escreve sou eu. E tenho dito, não desistirei.

Pois bem... – Suspirou no instante que a luz ao redor de si se alastrou em todo o local, por um breve momento minha visão se tornou turva e pequenos pontos negros dançaram. Quando o efeito luminoso cessou, um leve brilho alaranjado havia permanecido como fonte de luz. Agora conseguia distinguir nitidamente as paredes acinzentadas daquele lugar, o solo negro e morto, além de algumas poucas árvores retorcidas, era de fato um labirinto. – Escolhendo seguir em frente, mesmo indo contra todas as chances que possui, você provou seu valor e se permitiu enxergar além da escuridão, mazelas e incertezas desse labirinto mental. Um pequeno passo, devo dizer, comparando-se ao que virá pela frente. É a primeira a chegar tão longe e concluir o primeiro teste.

— Espere um momento... Está querendo dizer que tudo o que passei nesses anos, não passou de um teste? – Senti a artéria em meu pescoço pulsar naquele momento, poderia perfurar qualquer um com o olhar, mas ele não se deixou abater, mantendo a calma e a compostura, não olhando em meus malditos olhos por um momento sequer.

— Não sou eu que dito as regras desse jogo, princesa dos ventos. Meu único papel é intermediar, você não faz ideia de quantas leis estou violando apenas por interferir. Se a vida de Quione não estivesse em jogo, muito provavelmente eu não...

— Chega de respostas vagas! Como conhece a minha irmã? Se esse teste é meu, o que faz aqui? Além do mais, o que é você? Em nome dos olímpicos! Qual é ao menos o seu nome?! E por favor, poderia ao menos olhar na minha cara para que eu possa gritar mais com você?! – Um riso baixo veio antes que ele se virasse. E devo dizer, ele era lindo, uma beleza além do normal até mesmo para os deuses. Os olhos verdes como a mais fértil planta na primavera em contraste com a pele branca como o pico recoberto de neve da mais alta montanha. E um sorriso tão perfeito que fez meu corpo inteiro estremecer.

— Meu nome é Perseus... E tic-tac Aura, o seu tempo está acabando. – Ele se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido. – A noite acaba de virar. Agora são seis dias. Siga em frente, continue enfrentando seus medos e salve sua irmã. Tic-tac Aura... O tempo não espera por ninguém...

Antes que pudesse fazer mais uma única pergunta, seu corpo se desfez numa explosão de gelo e neve. Sua risada ainda ecoou pelo local no momento em que corri em direção a um dos corredores, apesar de os gritos terem voltado, dessa vez me serviam como guia, me aproximando cada vez mais de seu causador. No meio disso tudo, a voz de Perseus se sobressaltou em minha mente.

“Boa sorte, deusa da brisa congelante. Você tem a minha benção”

                                               ~~X~~

POV Terceira Pessoa

Escritos antigos, provindos do acampamento de semideuses romanos, relatam que há muito tempo uma incursão foi realizada na terra além dos deuses. A mando de Júpiter, a Quinta Coorte de meio-sangues deveria resgatar um importante ser místico que pertencera a sua esposa, Juno. No entanto, fora roubado por uma entidade desconhecida. Tratava-se de seu pavão sagrado, aquele que derivara dos olhos de Argos.

Os relatos não são muito claros ou precisos. Uma grande parte deles foi queimada num grande incêndio que assolou a Roma Antiga. Portanto, pouco se sabe sobre a missão. A identidade do ladrão é desconhecida até hoje. No entanto, algo ficou bem claro e preservado na memória dos romanos. Um semideus de descendência desconhecida foi encontrado sobre os entulhos do que um dia fora uma caverna, com o cabelo branco e olhos verdes como principais características, tal semideus futuramente seria reconhecido por todo o mundo, tão grandiosas eram suas aventuras. O que o fazia tão especial? Era desprovido de visão em ambos os olhos, completamente cego. Guiado pelo instinto.

Seu nome era Perseus.

 


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Deixem suas opiniões nos comentários!! Bom, agora um aviso importante. A fic provavelmente vai ser Pertemis. Sei que tinha uma votação aberta e se não me engano Nix estava poucos votos na frente, mas já estive escrevendo esse shipp a pouco tempo, então não rola por enquanto.
Minha semana de férias, isso mesmo, semana, é a próxima. Então possivelmente postarei daqui a 8-10 dias. Espero que todos tenham tido um bom São João ;-) e acho que por enquanto é só isso.
Último aviso, o cap tá cheio de pequenas referencias, a filmes, desenhos, etc... Alguém conseguiu identificar alguma?
Lembrei de mais uma coisa, última mesmo, esse cap. encerra o primeiro arco da história, o proximo já será nos dias atuais com a presença de vários semideuses que todos amamos.
Por enquanto é só isso, e até a próxima!!
~Filho da Noite e do Mar