X784, Torre do Céu.

Natsu correu o mais rápido que podia, subindo as escadas tão rápido que parecia mais um vulto atravessando os degraus de pedra. O objetivo era simples: chegar ao topo o mais rápido possível, onde ele sabia que uma batalha contra o sujeito conhecido como Jellal o aguardava, e mais importante: salvar Erza.

Ele devia estar passando agora da metade da estrutura conhecida como Torre do Céu, e sabia que tinha que ser rápido.

Sala oculta, Torre do Céu.

A estrutura da Torre do Céu sacudiu algumas vezes, embora a torre permanecesse firme. Num dos últimos pisos da torre, dentro de uma pequena sala escondida, não havia nada. Estava escuro. Frio. O ar era seco e velho, abafado. Teias de aranha cobriam os cantos.

No fundo da sala, grossas correntes de metal prendiam uma silhueta humana à parede pelos pulsos, tornozelos e pelo tronco, enroladas ao redor de seu corpo. Outro tremor da torre fez as correntes de metal sacudirem.

Então, um barulho vindo do lado de fora fez novamente a sala tremer. O corpo se movimentou lentamente, como se de repente ganhasse vida novamente. Uma imensa concentração mágica veio logo de cima da torre, fazendo a estrutura estremecer novamente.

— A... – a pessoa murmurou: na verdade, o corpo era de alguém vivo! – Onde... Eu... – sua voz era um pouco grossa e áspera, como se não tivesse sido usada em vários anos, mas era fácil de se notar que pertencia a um homem. – Izumi!

Ele levantou-se rapidamente, fazendo as correntes se agitarem e o puxarem contra parede. Mas ele não cedeu.

— Eu preciso... p-preciso sair daqui.

Antepenúltimo andar.

Natsu estava correndo o mais rápido que podia. Ele tinha que chegar lá a tempo. Foi quando um ruído veio do lado de fora, e tudo ficou mais claro. Ele continuou correndo, mas percebeu tarde demais que aquilo era o Etherion.

A próxima coisa que ele sabia era que a estrutura da Torre do Céu tremeu violentamente e se alterou, tomando a forma de um imenso aglomerado de cristais mágicos e ele foi lançado contra uma parede por causa do tremor.

— Ugh... maldição...

Ele percebeu algo errado com a parede atrás dele no momento em que a atingiu: parecia oca. Arregalando os olhos, Natsu rapidamente rolou para o lado. Um segundo depois a parede explodiu.

KRAKOOOOM.

— O que diabos... – Natsu murmurou, olhando para a parede que havia desaparecido. No meio da nuvem de fumaça da explosão, um homem de cabelo loiro espetado caminhou alguns passos.

O Dragon Slayer rapidamente se levantou e entrou em posição de combate, com os punhos pegando fogo. O homem olhou para ele e deu um passo, mas cambaleou para o lado e teve que se escorar numa das paredes da torre.

— Cof... Cof... – ele tossiu. – D-Desculpe. Você sabe onde eu estou? – perguntou, com uma expressão confusa no rosto.

— Eu... – murmurou Natsu, endireitando o corpo. – Torre do Céu.

A expressão no rosto do homem mudou, ficando mais séria.

— Torre do Céu... o que você está fazendo aqui?

— Eu vim resgatar uma amiga. Erza. Ela está no topo da torre.

De séria, a expressão do loiro mudou para confusa novamente.

— Erza... esse nome é familiar. – murmurou. – Meu nome é Naruto.

— Natsu. – respondeu o Dragon Slayer. – Eu preciso ir, até mais!

E, sem esperar resposta de Naruto, Natsu disparou correndo o mais rápido que pôde para o topo da Torre do Céu.

Naruto olhou na direção em que o rapaz acabara de ir, franzindo a testa.

— Erza... – murmurou. – Tenho certeza de que já ouvi esse nome antes.

Ele correu atrás de Natsu, rápido o bastante para nem sequer perceber quando ultrapassou o garoto. E, um segundo depois, ele estava no topo da Torre do Céu, olhando para um homem de cabelo azul e uma mulher ruiva – os dois que, ele tinha certeza, Naruto já tinha visto antes – discutindo.

— A sua morte é a chave da ressurreição de Zeref. – disse o homem, sem perceber a presença do loiro.

A mulher já começava afundar num grande pedaço de cristal. Instantaneamente, algo no loiro o fez reagir e correr na direção do homem de cabelo azul, tão rápido que nenhum dos presentes na sala – nem o próprio Naruto – percebeu quando apareceu na frente do homem, socando-o no rosto com tanta força que o enviou voando contra uma parede de cristal.

Ele se virou para a ruiva, sem dar atenção ao homem, mas Natsu já tinha entrado na sala a essa altura e a puxado para fora do cristal.

— Natsu. – Naruto chamou a atenção do garoto. – Pegue-a e saia daqui.

— O quê? – ele respondeu. – Eu não vou...

— Caia fora! – Naruto gritou. – Eu vou derrubar essa torre infernal.

— N-Natsu? Quem é ele? – perguntou a ruiva. Sua expressão era uma mescla de confusão e surpresa.

Nesse momento, o homem de cabelo azul se recuperou e andou para o centro da sala. Suas roupas estavam rasgadas, e uma marca vermelha havia se formado em sua bochecha esquerda.

— Não... – o homem arregalou os olhos ao ver Naruto. – Não pode ser! Como você saiu?!

— Jellal... – Naruto murmurou, chacoalhando a cabeça. – Esse é seu nome, certo? Lembro-me agora. Foi você quem me trancou lá. Você armazenou toda a energia do Etherion nesse cristal gigante de lacrima? – o loiro se abaixou, tocando a mão no piso da torre. – Isso foi inteligente. Mas você não esperava que o Etherion criasse um impacto grande o bastante para me acordar. Isso foi idiota.

A torre tremeu quando o poder mágico de Naruto rapidamente começou a ficar maior. Era como se a qualquer momento toda a estrutura pudesse vir abaixo simplesmente com a pressão do poder mágico do loiro.

— E-Erza, precisamos sair daqui. – murmurou Natsu, erguendo-a com os braços.

— Hã? – ela desviou o olhar para ele. – Não! Se ele ficar sozinho contra Jellal, ele vai...

— Não. Jellal não tem chance. Eu simplesmente sei disso.

Nesse instante, Jellal foi coberto por uma aura de energia dourada brilhante e disparou em altíssimas velocidades ao redor da sala. Em um segundo, ele dava voltas e fazia curvas na velocidade do som.

— Morra! – gritou, vindo por trás de Naruto enquanto emitia feixes de energia mágica.

O loiro virou-se. Parecia impossível para ele evitar todos aqueles ataques, mas era como se todos eles simplesmente atravessassem seu corpo, atingindo as paredes e o piso da torre.

— G-Gah...! – Jellal gritou.

Menos de um segundo depois, Naruto surgiu debaixo do adversário e Jellal foi lançado contra o teto da torre.

— Você é lento. – murmurou o loiro.

Natsu e Erza arregalaram os olhos. Naruto sumiu outra vez, e no instante seguinte o corpo de Jellal colidiu contra o chão, atravessando o piso de cristal.

— Já mandei caírem fora daqui. – repentinamente, Naruto surgiu do lado deles.

— E-... – Natsu começou. – Eu já vou sair. – mas quando ele se deu conta, ele e Erza já estavam fora da torre, numa parte rasa perto da costa. Dali, a Torre do Céu parecia minúscula.

— Como nós... – Erza murmurou.

Torre.

Em um segundo, ele pousou outra vez no topo da torre. Jellal apareceu novamente, cambaleando.

— Onde eles estão?

— Eu os tirei daqui. – respondeu Naruto.

— Agora eu entendi... magia de teletransporte. – disse Jellal, endireitando-se. A magia dourada rapidamente surgiu ao seu redor novamente.

— Você não entendeu nada. Não é teletransporte. – disse o loiro. – É velocidade.

— Não! Não existe ninguém tão rápido assim!

Deixando um rastro dourado, Jellal apareceu por trás de Naruto e o chutou, mas só atingiu o ar. Antes que pudesse reagir, um chute no rosto o enviou voando contra a parede da torre.

— Existe. Eu. – disse o loiro. – Eu sou o homem mais rápido vivo.

— N-N... Não... Não vou... – Jellal cambaleou novamente, tossindo.

— Kansō — Naruto murmurou, estendendo o braço. Num piscar de olhos, uma katana com saya preto, com um sageo vermelho.

Ignorando Jellal, ele removeu a saya, que desapareceu, e fitou a espada: a lâmina prateada curva de 90 centímetros de comprimento, o tsuka de carvalho com tsuka-ito de algodão preto e menuki dourado. O tsuba era preto e ornamentado com uma flor de lótus vermelha. No habaki, o nome Izumi estava escrito em kanji (イズミ).

— Izumi... – o loiro murmurou. Uma luz cobriu o local, e as sombras se moveram contra ela.

— Morra, desgraçado! – Jellal gritou.

Naruto levantou o olhar distraidamente, fitando o homem a alguns metros de distância. Seus braços estavam levantados, e uma esfera negra se formou sobre sua cabeça.

— É inútil, Jellal.

— Altairis!

Movendo os braços, Jellal lançou a esfera contra Naruto. Era negra com pequenos pontos brilhantes, como se fosse um pequeno pedaço do universo comprimido em formato de bola.

Pelo canto dos olhos, Naruto percebeu mais alguém se movendo. Tão rápido que tudo ao seu redor pareceu simplesmente congelar, ele soltou a espada e rapidamente agarrou o homem que iria entrar na frente do ataque – um homem alto e musculoso, com a mandíbula coberta por uma placa de metal – e o levou para o primeiro andar da torre, voltando logo em seguida.

Quando ele chegou novamente ao último andar, a esfera tinha percorrido pouco mais que dois centímetros. Naruto apanhou o cabo de sua katana com as mãos e girou, canalizando poder mágico.

— Engetsu Nami.

Batendo a lâmina contra o feitiço Altairis, uma gigantesca onda de poder mágico prateado em formato de meia-lua dividiu a esfera negra em dois. Mas não parou: a onda continuou, atingindo a lateral da torre com tanta força que abriu um buraco nove vezes maior que o Altairis na parede.

— I-Impossível! – Jellal gaguejou, recuando com os olhos arregalados de choque. Ele tremia, de raiva e medo, expandindo seu poder mágico.

Antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, Naruto apareceu por trás dele e o chutou para cima. O corpo de Jellal parecia simplesmente estar quicando no ar enquanto o loiro se movia tão rápido que era simples impossível vê-lo. De um lado para o outro, de cima para baixo, até que seu corpo foi novamente lançado para cima.

— Kyūbi no Maken!— Naruto gritou, surgindo centímetros acima de Jellal. Seu punho foi envolto numa camada de energia laranja uma fracção de segundo antes que atingiu o estômago de Jellal, lançando-o para baixo.

O mago de cabelo azul atingiu o piso, abrindo outro buraco, mas não parou por aí. Seu corpo continuou atingindo os pisos de andares inferiores, atravessando-os como se fossem feitos de isopor.

Naruto desapareceu outra vez, ultrapassando o corpo de Jellal. Ele parou poucos metros abaixo e virou-se, canalizando poder mágico para sua espada.

— Desapareça, seu desgraçado. Engetsu Nami.

De algum jeito, Jellal conseguiu reascender sua magia segundos antes de ser dividido em dois pelo ataque. Ele desesperadamente se desviou para o lado e disparou em alta velocidade para cima.

— Não tem como... você acompanhar... minha velocidade máxima! – ele gritou.

Naruto suspirou, batendo os pés contra o ar. Quase como se tivesse acertado um campo de força invisível, ele disparou atrás de Jellal.

— Kyūbi no Maken!

Outra vez seu punho foi coberto por energia laranja, tão densa que parecia sólida, um segundo antes de ser golpeado contra o estômago de seu adversário, que foi lançado para cima quase tão rápido quanto ele estava voando.

— C-Ch... CHEGA! – Jellal gritou. – Nem que eu tenha que derrubar e reconstruir essa torre... eu vou matar você!

A essa altura, ele tinha uma expressão insana no rosto. Um imenso selo mágico marrom surgiu atrás de seu corpo.

— Abyss Break? Eu vou admitir, não imaginei que você conhecesse um feitiço tão poderoso.

— Agora MORRA! – Jellal gritou.

— Nem tanto. – Naruto moveu a katana, segurando-a com as duas mãos. Um brilho prateado encobriu a lâmina junto a uma camada de energia laranja extremamente densa.

— Você acha que essa sua espada vai te salvar DISSO? – Jellal riu. – MORRA! Abyss Break!

— Kyūbi no Yōkogetsu Nami.

Do ataque de Jellal, uma gigantesca onda de poder mágico foi emitida. Era imenso, poderoso o suficiente para derrubar toda a Torre do Céu em um instante. Da espada de Naruto, uma onda de energia mágica laranja num tom pálido, tão poderosa que tudo em seu caminho era cortado: até o ar era dividido pelo ataque. As paredes, mesmo a muitos metros de distância, eram cortadas. Os pisos eram divididos muito antes de o ataque chegar perto deles.

E então, as duas técnicas colidiram, gerando um clarão tão grande que podia ser visto num raio de pelo menos um quilômetro. Simon, a essa altura, havia se distanciado da Torre, mas teve que cobrir os olhos por causa da intensidade da luz. Mesmo na costa, os membros da Fairy Tail e outros ex-prisioneiros da Torre do Céu tinham que desviar o olhar.

Um segundo depois, a onda de choque fez com que toda a parte superior da Torre do Céu simplesmente desaparecesse. Ao redor da torre, por dezenas de metros, imensas ondas se espalharam, fazendo o barco de Simon balançar violentamente, e a costa de Fiore tremer.

Quando a fumaça sumiu, Naruto estava parado, sorrindo. Segurava a katana com uma das mãos enquanto olhava para cima. Jellal havia desaparecido: seu corpo fora desintegrado, ou ele teve sorte e caiu no mar antes disso. De qualquer forma, ele provavelmente estava morto. Resquícios do Abyss Break dispersaram-se pelo ar, assim como os do golpe de Naruto formavam uma pequena coluna de partículas de energia brilhando em tons laranja e prateado.

— Fim. – ele murmurou para si mesmo. Com um movimento da mão, a katana desapareceu.

Nesse momento, a torre... bem, o que sobrou da torre, estremeceu violentamente. Com as colisões, toda aquela energia mágica tinha se desestabilizado e, embora a maior parte foi dispersada durante a luta, ainda sobrou muito poder. Mais que o bastante para acertar aqueles na costa.

— Merda... tem que ter um jeito... – ele murmurou. – O único jeito é redirecionar a explosão e dispersar a magia... então...

Sem perder tempo, Naruto saltou da torre e canalizou a maior quantidade de energia mágica que pôde. Energia laranja – embora suas memórias ainda estivessem confusas, Naruto sabia que se chama yōki— e azul-esverdeada, eternano, misturaram-se ao redor de seu corpo e ele caiu na água, mas não afundou. Nem parecia incomodado, embora tivesse caído de mais de quarenta metros de altura.

A torre estremeceu novamente, enviando uma onda de choque pela água. Naruto suspirou e, canalizando a maior quantidade de poder que podia, começou a correr ao redor dos restos da Torre do Céu.

— O que aconteceu? – na costa, Lucy murmurou.

Os olhos de todos estavam fixos na direção da Torre do Céu, mas o único sinal que eles tiveram depois da poderosíssima onda de choque foi outra onda de choque: dessa vez, eles todos sabiam o que significava. O poder mágico na torre estava se desestabilizando.

— Natsu, me leve de volta! – disse Erza. – Eu posso controlar o poder mágico se eu...

— Nunca. – respondeu o Dragon Slayer. – Naruto... ele... ele vai pensar em algo. Tenho certeza. Ele venceu.

— Essa não é a questão, Natsu! Eu preciso voltar! Eu...

— O que é aquilo? – Gray perguntou, apontando na direção da torre.

Dali era como se um gigantesco funil de água tivesse se erguido ao redor da torre. As nuvens começavam a girar acima da estrutura, como se fossem sugadas. O mar também. O ar se agitou, forte o bastante para que eles tivessem que se segurar em algo a fim de não serem arrastados na direção da torre.

— O que diabos...

Nesse momento, Naruto corria ao redor da Torre do Céu. Ele corria tão rápido que nada mais parecia importar. Ele não conseguia ouvir nada, não conseguia sentir o ar tocando seu rosto, nem a água conseguia molhar suas roupas. Milhares de voltas a cada poucos segundos.

E então, com um estrondo que ecoou tão alto e forte que a onda de choque se propagou para muito além da costa da Fiore, a torre explodiu.

— Explodiu! – Lucy gritou.

Eles se abaixaram e fecharam os olhos, mas a explosão nunca chegou a eles. No momento em que olharam novamente, eles viram o que parecia ser um imenso funil de energia mágica pura sendo redirecionado e dissolvido acima das nuvens.

— Como isso é possível...? – murmurou Erza. Seus pés tocavam a água, que brilhava num tom azul-esverdeado, tão saturada com poder mágico que o simples toque a fazia se sentir menos cansada.

— Naruto. – disse Natsu, sorrindo. Ele não conhecia o loiro, mas por algum motivo ele sabia que podia confiar nele. Bem, algum outro motivo além dele ter acabado de salvar a todos eles.

Naruto parou de correr e se ajoelhou sobre a superfície da água, ofegando. Sua respiração era tão acelerada e seu coração batia mais de dez vezes por segundo – algo completamente normal para ele, por causa de sua magia.

— E-Eu... hah... eu... – ele murmurou consigo mesmo. – C-Co... Con... Consegui...

Antes de desabar por exaustão mágica. Antes que seu corpo afundasse na água brilhante, uma mão o agarrou.

— Obrigado por antes. Agora é a minha vez. – disse Simon.

— O-Obrigado. – Naruto ainda conseguiu sussurrar antes de desmaiar.

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