Quanto mais longe de Langley nos distanciávamos, o frio na barriga ia tomando conta. Escutava a voz robotizada do GPS dando as instruções para Zachary.

Estávamos saindo da avenida 32 e via que estávamos nos dirigindo a outra cidade próxima chamada Surrey.

Cerca de doze minutos dentro do carro e víamos a divisa do país. Estávamos 176 St/Pacific e logo estávamos em território americano. Adentramos no estado de Washington.

Olhei para Zach e vi que ele estava concentrado na estrada, quando percebeu eu o olhando, seus olhos curiosos se direcionaram a mim.

– O que foi, amor?

– Nada, mas tenho que te falar que você fica muito lindo concentrado desse jeito.

Falei dando risada.

Senti suas mãos em cima das minhas, entrelacei nossos dedos e encostei minha cabeça no encosto do assento. Zach ligou a rádio e fiquei prestando atenção nas notícias. Um tempo depois vi que entraríamos em uma via, à I-5 S.

Olhava ao redor e via a paisagem que muito tempo guardada nas minhas memórias, faziam sete anos que não fazia este trajeto. Fui muito pouco ao território americano ao longo desses anos. Meus filhos estavam em Alberta, na casa dos avôs paternos, eles sempre iam para lá quando podiam.

A vegetação passava rapidamente e lembranças enchiam minha mente.

Flashback On

Fazia dois dias que tinha chegado a Langley, andava pela cidade tentando arranjar emprego. Resolvi sentar em um banco próximo ao City Park.

Estava olhando ao redor e meus olhos se fixaram no aviso de uma livraria.

Precisa-se de ajudante

Levantei-me rapidamente e fui em direção ao pequeno imóvel.

Quando adentrei ao local vi que tinha uma senhora na recepção. Assim que passei pela porta uma pequena campainha tocou. A senhora que estava lendo um livro, direcionou seus olhos a mim.

– Precisa de ajuda, Senhorita?

– Vi a placa na frente da livraria.

Falei meio receosa.

Seus olhos brilharam em reconhecimento. E sua voz animada adentrou meus ouvidos.

– Você realmente se interessou? Faz três dias que o aviso está na porta.

– Sim, cheguei na cidade fazem dois dias, e tenho que trabalhar. Meu nome é Leah Clearwater.

Respondi sinceramente.

– Se você realmente quiser, a gente pode conversar. Meu nome é Jenny.

Sorri concordando e logo ele fechou a livraria e nos sentamos em uma sala nos fundos do imóvel.

– Você estuda Leah?

Perguntou ela curiosamente.

– Já terminei o High School, mas por enquanto só vou trabalhar.

Respondi confortavelmente.

– Leah, o horário aqui seria meio período e te pagaria US$ 1.200,00.

Conversamos e logo ficou decidido que trabalharia na livraria da 08:00 até as 14:00. A Sr.Jenny tinha dito que duas ruas para trás tinha alguns pequenos apartamentos alugando.

Nas semanas seguintes tudo correu bem, consegui um local para morar e um emprego. Estava entretida em meus pensamentos quando escuto a campainha da livraria.

Olho e vejo que um homem jovem adentrou e que estava olhando nas prateleiras de artigo científico.

Ele estava de costas para mim e vi que estava estudando os livros atenciosamente. Enquanto ele olhava as prateleiras, resolvi arrumar as caixas debaixo do balcão. Estava calmamente arrumando e logo percebi que a livraria estava silenciosa demais, não escutada passos de ninguém.

Quando resolvi sair debaixo do balcão, vejo um lindo homem me olhando com divertimento no olhar. Seus olhos mel esverdeados chamavam a atenção, seu cabelo castanho caia um pouco acima dos olhos. Logo tratei de fingir que não importei-me com sua beleza e disse.

– Posso ajudar?

Logo ele colocou o livro em cima do balcão. Digitei rapidamente no computador e disse.

– São US$ 30,00.

Ele colocou o dinheiro no balcão e saiu sem dizer absolutamente nada.

Flashback off

Ri com a lembrança e logo perguntei a Zach.

– Amor, você lembra do primeiro dia que nos vimos?

Ele direcionou os olhos a mim e respondeu.

– Sim, você estava na livraria. Depois daquele dia tronou-se meu local favorito, mas levei uns belos não de Leah Clearwater toda vez que a convidava para sair.

Disse ele gargalhando.

Zach demorou um bom tempo tentando convencer-me a sair com ele. Vamos apenas dizer que eu não facilitei para ele, na época ainda estava decepcionada com o Imprinting.

Olhei no visor do celular e vi que o tempo passou, já eram mais de 09:00 da manhã. Já tínhamos percorrido mais da metade do caminho. Percebi que a via tinha acabado quando via a placa da saída 181 para Washington 524w.

O carro andou cerca de uns quinze minutos, e logo vimos o pedágio a frente, teríamos que pegar uma balsa.

Já estávamos há dez minutos na balsa e o balanço do mar não ajudou, comecei a sentir enjoo novamente, mas não podia vomitar, Zach iria enlouquecer.

As correntes marítimas estavam fracas e por isso nossa viagem de balsa durou cerca de uma hora. Meu enjoo estava fraco, mas só começou a melhorar quando estávamos bem longe do mar. Paramos no meio da estrada por que o GPS resolveu desligar sozinho. Ficamos uns dez minutos parado, mas logo ele voltou a funcionar.

Percebi que estava perto de La Push quando vi o nome da estrada WA-104 W. Conhecia essa estrada, quando era pequena passei por aqui com papai.

Sorri ao lembrar-me dele.

– Leah será que não é melhor avisa-los de que estamos chegando?

Perguntou Zach calmamente.

– Se eu avisar, mamãe vai ficar ansiosa e pode não ser bom para ela.

Respondi acariciando seus cabelos.

As horas iam passando, as paisagens ficavam mais conhecidas por mim e logo lembrei das corridas que eu sempre ganhava do bando. Senti-me como se um buraco negro estivesse na minha barriga quando vi a placa.

The City of Forks Welcomes You

Eram quase 12:10, quando adentramos na cidade de Forks. Sorria ao ver os lugares conhecidos.

– Zach, ali era a lanchonete favorita do papai.

Disse apontando para o local. Zach riu e disse.

– Você está parecendo uma criança.

Sorri e logo via olhares curiosos dos habitantes da cidade. Como era bom estar aqui bem perto de casa, meu coração parecia que iria pular pela boca. Andamos mais um pouco em Forks e logo fiquei tensa quando Zachary adentrou na La Push Rd WA-110.

Mais uns vinte minutos e estaria em casa. A tensão pairava sobre e logo minha voz preencheu o ambiente.

– Zach pare o carro!

Meu marido olhou-me, mas logo o carro diminuiu a velocidade, até parar por completo.

Respirei fundo e mantive os olhos fechados para me acalmar. Senti as mãos dele em meu rosto e o seu carinho logo me acalmou.

– Eu sei que fazem sete anos, mas você é forte, é a minha Leah. Cadê aquela mulher decidida e por quem eu sou completamente apaixonado?

Olhei em seus olhos e respondi.

– Não sei por que estou emotiva demais, é só que estou com medo.

Ele olhou-me em compreensão e disse.

– Eu sei, mas eu estou aqui e não sairei do seu lado.

Senti seus lábios firmes sobre os meus. Nesse momento todo meu corpo relaxou. Zach se distanciou e perguntou.

– Posso continuar?

Concordei acenando a cabeça e logo o carro começou a se mover.

Estava tão distraída que quase não sinto o celular vibrar. Olhei no visor e logo vi uma pequena mensagem de Elijah.

Mamãe

Nós sairemos de Alberta na madrugada de quinta feira, chegaremos depois das 14:00 da tarde. Amamos você.

Sorri com a mensagem e era tudo que eu precisava para distrair-me. Olhei para fora da janela e logo vi um vulto correndo pela floresta. Era um lobo, provavelmente do bando.

Olhei para Zach e disse.

– Você viu?

– O lobo? Sim, ele está nos seguindo. Inclusive já avisou ao alfa que tem um carro estranho na rodovia. Ele está achando que é um vampiro amigo dos Cullens.

Respondeu-me achando divertido.

Zach tinha um cheiro muito forte, o lobo não deve nem ter sentido meu cheiro, melhor assim.

Quando comecei a ver casas, vi que não tinha mais volta.

– Zach, você irá dirigir mais um pouco e depois virará a direita em direção à praia de La Push, mas você vai perceber que o cheiro de lobo será mais forte, normalmente os lobos moram mais perto da praia ou do penhasco.

Zach acenou e logo acelerou o carro.

Pouco tempo depois avistamos a pequena estrada estreita que iria em direção à praia. O lobo tinha parado de nos seguir. Estávamos quase no fim da estrada Ocean Front, e logo sinalizei Zach a virar em uma pequena estrada de terra firme, ao horizonte dava para ver a praia.

– É lindo.

Sorri e disse.

– Muito.

Cerca de quinze minutos e logo comecei a avistar as casas. Aponte para a primeira casa e Zach estacionou bem próximo.

– Você está pronta?

Zach perguntou olhando-me.

– Sim, uma hora teria que enfrentar La Push.

Zach deu-me um selinho, que acabou acalmando-me.

Olhei ao redor, a casa que eu cresci. A madeira envelhecida, inundava minha cabeça de lembranças. Mas resolvi concentrar-me no cheiro que vinha de dentro de casa.

Podia sentir o cheiro de mamãe, Seth, Charlie e lobos? Mas o que diabos o bando estava fazendo na casa da minha mãe.

– O bando está aqui!

Disse olhando nos olhos de Zach.

– Eles não vão fazer nada, eles não são nem loucos de fazer isso.

Escutei um barulho e logo avistei na entrada da porta Seth, Jared e Paul. Eles olhavam em direção do carro desconfiadamente.

A quanto tempo não via meu irmão. Quantas saudades eu sentia daquele pirralho. Olhei nos olhos mel que eu tanto amava e disse.

– Obrigada, eu te amo.

– Eu também te amo Leah.

Olhei para frente e vi que agora não tinha volta.