Em Chamas - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 8
Capítulo 8




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Passo as noites vagando sem rumo pelo trem. Muita coisa me preocupa. Nossas aparições nos distritos ficam cada vez mais insuportáveis. Dá para ver o ódio no olhar das pessoas. Eles gritam o meu nome e o de Katniss com raiva. Como se nós devêssemos pagar por algo que eu não sei ao certo o que é. Por não termos morrido? Ou por termos matado? Ou estão simplesmente afim de começar uma revolução, achando que começamos isso na arena? Eu penso, várias vezes sobre essas questões, e quanto mais penso, mais sem resposta eu fico. Katniss está sofrendo muito com tudo isso, afinal nossos esforços para acalmar as multidões não estão surtindo efeito algum. O número de pacificadores deve ter triplicado nos distritos, porque as pessoas enfrentam eles, sem medo. Uma coisa que eu nunca tinha visto antes. Conforme os dias vão passando, eu vejo Katniss se afundar cada vez mais. Ela está perdendo muito peso, está sempre com um brilho de tristeza no olhar. E nunca dorme. Effie até deu alguns remédios para ela dormir, mas acho que não adiantou, pois enquanto caminho pelo trem, consigo escutar seus gritos, resultado de mais uma noite repleta de sonhos ruins, assim como todas as outras. Dói ouvir seu grito desesperado. Eu sinto o mesmo. Toda a agonia dela. Só quem esteve naquela arena, sabe como é sentir todas as suas entranhas serem reviradas, todo um medo inimaginável se juntar dentro de si. Não consigo mais suportar ver Katniss sofrer assim. Corro até seu quarto, e abro a porta. O choque me toma de súbito. Vejo ela tremendo, agarrada ao cobertor, com o olhar assustado, desnorteado. Uma luz se acende quando ela me vê, e num impulso eu me aproximo, me sento em sua cama e a envolvo em meus braços. Como eu gostaria de poder poupá-la de todo esse sofrimento. Ela se agarra em mim, e eu me lembro da arena. Todas as minhas lembranças mais felizes, e mais tristes, se resumem ao tempo em que estive nos jogos. Me lembro de como fomos tudo um para o outro, ou ao menos de como eu achei que tínhamos sido. Aos poucos, ela vai parando de tremer. Com a manga do meu casaco enxugo o suor em seu rosto, me sentindo estranho e feliz com esse contato tão próximo e tão real. Afago seus cabelos, desejando com esse simples toque, pegar um pouco dos seus temores para mim, mesmo sabendo que são os mesmos. Quando ela se acalma totalmente, afasta a cabeça do meu peito, e me olha nos olhos. Por um momento cogito beijá-la, mas eu não quero estragar esse momento, essa serenidade que se espalhou entre nós de repente. Decido ir embora, mas quando me levanto ela segura minha mão, e num tom de súplica ela me pede algo que eu jamais imaginei escutar:

– Você pode ficar aqui comigo?

Sem conseguir responder, apenas assinto e deito ao seu lado. Ela logo se aconchega ao meu corpo, fazendo tudo ficar tão confuso para mim. Imagens de nós dois invadem minha mente, e eu me pergunto se será possível nós ficarmos realmente juntos um dia. Quando sua respiração fica lenta, sei que ela dormiu. Me afasto de seu corpo, e fico observando seu rosto. Ela começa a se agitar um pouco e eu logo a envolvo novamente. É bom saber que ela se sente bem comigo. Que eu consigo fazer algo por ela, nem que seja ficar ao seu lado enquanto ela dorme. Como seria minha vida sem essa garota? O que teria acontecido se nós nunca tivéssemos sido sorteados? Enquanto essas perguntas sem respostas circulam em minha mente, Katnis sussurra algo enquanto dorme. É de imediato. Lágrimas e mais lágrimas correm por meu rosto. E eu não as impeço. Deixo elas correrem livremente sobre minha face, e se embrenharem pelos cabelos de Katniss. Ela sussurra novamente.

– Peeta, fique aqui comigo.

Dessa vez, eu consigo responder.

– Sempre – sussurro.


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