Em Chamas - Peeta Mellark escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 38
Capítulo 38




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— Levantem-se! – Katniss grita.

Acordo sobressaltado com a urgência em sua voz, mas ao olhar para os lados percebo que não há nenhuma ameaça aparente. Fico um pouco irritado pois Katniss deveria parar de me dar estes sustos, visto que o meu coração parece cada vez mais frágil. Mas logo me sinto culpado, pois como ela poderia saber pelo que estou passando se eu não contei nada a ela?

Aos poucos todos vão despertando, e Katniss parece disposta a fazer uma espécie de reunião. Me sento na areia, e Johanna se senta ao meu lado. Quando todos menos Wiress que ainda dorme, estão esperando, Katniss pigarreia sem jeito e começa a explicar sobre sua descoberta. Descoberta de Wiress para ser mais exato. No começo penso que ela está delirando, ou enlouqueceu. Mas conforme ela vai explicando eu encontro o sentido das coisas, e me sinto estúpido por não ter pensado nisso antes. É claro, é um relógio. Um novo terror, a cada hora, em uma seção diferente. Isto é realmente assustador, macabro. Plutarch definitivamente criou algo para nos fazer sofrer. Enquanto Katniss vai amparar Wiress que acorda um pouco agitada, me afasto de soslaio e me encosto numa árvore, ofegante. É como se algo estivesse sugando o meu ar. Minha visão fica turva. Escuto passos, então finjo estar bem, mesmo escorando todo o peso do meu corpo na árvore. Não posso desmaiar.

– Parece que alguém está com um sério problema – diz Johanna com os lábios a centímetros do meu ouvido.

Fico um pouco aliviado, pois não preciso fingir para ela. Me agacho no chão, e ela se senta ao meu lado, como se fosse uma expectadora de algo particularmente triste, devido a sua expressão.

– Você poderia ao menos parar de me olhar desse jeito – sussurro.

– Eu não consigo. Finnick me contou. Que merda que aconteceu com você. Sua noiva não percebeu nada mesmo? É visível o fato de você mal estar aguentando ficar em pé – ela retruca, alto demais. Por sorte Katniss ainda está entretida com Wiress, alimentando-a.

– Eu não quero preocupa-la. Por causa do bebê – minto.

Johanna revira os olhos.

– Claro, o bebê. Mas, quando você cair duro no chão, aposto que vai ser um choque bem grande para ela.

– Johanna, já basta tudo que aconteceu, não preciso que você fique me julgando. Não quero que Katniss saiba, só isso – estou prestes a dizer mais coisas, quando uma pontada me faz perder o ar.

Johanna balança a cabeça e se levanta com ar decidido. Seguro forte seu pulso, forçando ela a se abaixar novamente. Com minha outra mão aperto meu peito. A dor é tanta que meus olhos lacrimejam.

– Porque Peeta? Deixe ela saber. Deixe nós cuidarmos de você – ela diz exaltada.

Esse não é o tipo de frase que se espera ouvir de Johanna Mason. Isso me pegou desprevenido. Respiro fundo, esperando a dor passar.

– Você não viu como – paro, incapaz de continuar quando outra pontada me sufoca.

– Peeta. Qual é? Eu não quero ver você morrer.

– Como ela ficou – continuo – quando eu bati no campo de força. Ela ficou descontrolada, apavorada.

Meus olhos ardem, mas eu não me permito chorar.

– Eu nunca mais quero vê-la daquele jeito. Nunca. É por isso que ela não pode saber.

Johanna está de cabeça baixa. Parece perdida em pensamentos. Nem ao menos sei se ela escutou o que acabei de dizer. Quando ela se levanta mais uma vez, estende a mão para mim, e eu aceito.

– Sabe, eu chego a invejar ela – Johanna diz olhando para Katniss. – Ela não merece você.

Dou um sorriso amargo.

– Parece até que você andou conversando com Haymitch – digo.

– Talvez eu tenha mesmo – ela diz, sugestivamente se afastando de mim.

E quando ela está a poucos passos dos outros, se vira para mim, e enfia a mão no meio de seus seios. Eu me retraio, com medo de que ela resolva ficar nua bem aqui, mas para minha surpresa, ela tira um pingente preso num colar de dentro do macacão, e o choque fica visível em meu rosto quando vejo o que realmente é. Com movimentos discretos ela volta sua corrente para dentro de sua roupa, e corre na direção de Finnick. Quando me reúno á eles, Johanna pisca para mim, e eu continuo perplexo. Afinal, o pingente dela é um tordo. Com certeza algo está acontecendo. Um plano muito além de nós, e muito maior que nós. A verdadeira revolução, está começando de fato, aqui. Isso é estranho, mas eu me sinto feliz, por saber que de alguma forma, estou fazendo parte disso.


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