– Eva... Eva? Acorda Eva. EVANNA BLACK, ACORDA! – Isso foi Mione me acordando “calmamente”.

– To acordada Mione. – Disse com uma voz bem sonolenta.

– Você ainda tá de olhos fechados.

– Mas eu to falando com você, não estou? E estou raciocinando também, então estou acordada.

– Mas não é só pra acordar, é pra levantar.

– Ah, amore, aí já é pedir demais.

– Se você demorar o Ron vai acabar comendo todos os morangos do café da manhã.

– O quê, tem morango? – Levantei tão rápido que Mione até se assustou – RON, SE VOCÊ COMER TODOS OS MORANGOS EU ENFIO UM GARFO NA SUA GARGANTA! – Gritei tão alto que o Ron poderia estar em qualquer lugar da casa que ele me ouviria.

Fui até o banheiro para fazer minha higiene matinal. Coloquei uma roupa, arrumei meu cabelo, e desci para a cozinha. Havia um prato cheio de morangos em cima da mesa me esperando.

Ron esticou o braço para pegar um morango, mas quando me viu recuou. Ele se assustou quando eu sentei à mesa e peguei um garfo, mas suspirou aliviado quando eu usei o garfo para colocar morangos no meu prato.

– Eu não disse que você não podia comer morangos, só disse pra você não acabar com eles. – Eu disse e ele sorriu, então ele pegou alguns morangos. – Bom dia! – Disse a todos ali presentes. Sra. Weasley, Fred, Jorge, Gina, Gui, Fleur, Sirius, Ron e Mione. – Cadê o Harry?

– Ele já foi para o ministério com o Arthur, querida. – Disse a senhora Weasley.

– E ele nem me esperou? Poxa vida, só porque eu queria dizer algumas boas verdades para o Fudge. – Disse me fingindo de ofendida, mas logo depois dei uma risada quando vi que alguns acreditaram na minha atuação forçada. – Haha, eu bem que gostaria, mas eu me recusaria ter que acordar às 5 da manhã pra isso.

– Na verdade foi às 6 – Disse Gui.

– É madrugada do mesmo jeito.

– Na verdade é manhã. – Disse Fred. Eu dei um olhar de “você quer mesmo discutir comigo?” e ele abaixou a cabeça, voltando a comer.

A manhã seguiu monótona, até que chegou a hora do correio. As corujas chegaram com as cartas que diziam quais materiais precisaríamos esse ano em Hogwarts.

– Ah, que bom! Depois me entreguem suas listas que eu poderei ir a beco diagonal comprar seus materiais! – Disse a Sra. Weasley.

– O quê?! Nós não iremos todos juntos? – Perguntei indignada.

– Não, querida, é muito perigoso. Você entende, certo?

– Sim, claro. – Disse tentando esconder a ironia na voz, só tentando mesmo. Ainda bem que a Sra. Weasley não percebeu.

Todos começaram a abrir as cartas. Eu nem vi os materiais, só entreguei a lista para a Sra. Weasley. Meu pai entregou todo o dinheiro necessário a ela, mas ela disse que não precisava. Sirius insistiu dizendo que queria “Comprar o material para minha filha, mas já que sou um assassino procurado não posso ir até o beco diagonal, então esse é o máximo que posso fazer”. A Sra. Weasley cedeu e aceitou o dinheiro.

– Sou monitora. – Mione disse olhando orgulhosa para o distintivo em sua mão, que havia chegado junto com a carta.

– Parabéns Mione! Todos nós já sabíamos que você seria monitora, mas mesmo assim, parabéns! – Cumprimentei Mione. Enquanto os outros faziam o mesmo, eu percebi que Ron olhava meio atônito para algo. Cheguei mais perto dele.

– O que foi, Ron? – Fiquei sem resposta – Ron? – Cutuquei o braço dele.

– Eu também. – Os outros presentes também começaram a olhar para ele.

– Você também o quê? – Eu pergunto.

– Eu também sou monitor.

– Tsc tsc, Roniquinho monitor, que decepção. – Diz Jorge arrancando algumas risadas de Fred. Mas o comentário foi completamente ignorado.

– Oh, Rony, Monitor! Como todos da família! – Disse a Sra. Weasley cheia de orgulho, correndo para abraçá-lo.

– E o que Jorge e eu somos, filhos do vizinho? – Fred diz, me arrancando uma gargalhada nada discreta.

– Parabéns Ron! – Comentou Mione lançando um olhar severo a Fred, a Jorge e a mim. Parei de rir instantaneamente, e fazendo um olhar inocente bem forçado, o quê fez os gêmeos gargalharem, ganhando mais um olhar severo de Mione. Mas quando a mesma percebeu que só ela estava prestando atenção na gente, ignorou e foi cumprimentar o Ron. Então Fred, Jorge e eu nos entreolhamos e começamos a gargalhar.

O dia foi seguindo normalmente, até que a noite chegou. Quando já até mesmo estava com meu pijama, o Harry e o Sr. Weasley chegaram.

Eu e Mione corremos diretamente ao quarto em que Harry dividia com o Ron. Mione foi abraçar Harry, logo depois eu o abracei. Podia jurar que Harry demorou mais para me abraçar do que para abraçar Mione. E que ele cheirou meu cabelo. Mas deve ter sido só impressão.

– E aí? – Perguntei assim que ele me soltou, mas ainda com minhas mãos em seus ombros.

– Não fui expulso. – Ele disse e eu o abracei novamente.

– Ah, ainda bem! Porque seria deprimente se eu te entregasse isso aqui e você tivesse sido expulso! – Eu disse e entreguei a ele a carta dos materiais do quinto ano. Isso o fez rir um pouco.

– Então Harry, como foi lá? –Perguntou Ron.

– O ministro com certeza queria fazer de tudo para que eu fosse expulso, e se Dumbledore não tivesse aparecido, ele certamente teria conseguido.

– Ah, como eu queria estar lá só pra ver a cara do Fudge quando o tio Dumby ganhou o caso! – eu disse. Eu pensei na cara do Fudge e ri internamente.

– Foi realmente engraçado. – Disse Harry com cara de pensativo. Então nós dois começamos a rir, e logo Ron e Mione nos acompanharam.

A Sra. Weasley veio e nos mandou dormir. Eu e Mione fomos até nosso quarto. Deitei na minha cama e novamente comecei a ouvir música.

Acho que já tinham se passado umas 10 músicas quando percebi que estava com insônia. Isso não é exagero meu, eu realmente sofro de insônia. Já cheguei a ficar três dias sem conseguir dormir, isso é horrível.

Me levantei e caminhei a passos silenciosos até a cozinha. A luz estava acesa. Mais alguém com insônia?

Entrei na cozinha e me deparei com Harry. Ele estava de costas para a porta, não me viu nem me ouviu. Resolvi dar um susto nele.

Me aproximei de fininho. Cheguei bem ao lado do ouvido dele e disse:

– Ta fazendo o quê?

Ele deu um pulo de susto, depois gritou:

– EVANNA!

– Harry!

– Não me assusta desse jeito!

– Por que você ta me repreendendo? Eu que deveria repreender você, tem gente tentando dormir, sabia? Você não deveria gritar!

Ele me olhou com indignação, mas depois se deu por vencido. Sorri vitoriosa.

– O que você está fazendo aqui? – Ele me perguntou.

– O mesmo que você.

– Não consegue dormir?

– É meio óbvio, né?

– Eu agradeceria se você respondesse alguma coisa sem me dar patada. – Ele disse um tanto irritado. Tem alguma coisa acontecendo e ele não contou pra ninguém, tenho certeza. Ele costuma aceitar minhas patadas numa boa.

– Harry, você ta bem? – Eu perguntei com uma voz carinhosa. Pela cara que ele fez, ele esperava que eu desse outra patada. Ele ficou surpreso com a minha demonstração de afeto. Acreditem, vindo de mim isso é muito. Eu sempre fui um tanto grossa, até mesmo com meus amigos (acho que puderam perceber). Mas por mais incrível que pareça, foram as minhas grosserias que fizeram com que nos tornássemos tão amigos no dia que nos conhecemos, no expresso de Hogwarts. Logo Harry se recuperou da surpresa e respondeu:

– Sim, estou bem. Só não consigo dormir.

– Harry, você sabe que pode me contar qualquer coisa, né? – Eu disse e segurei a mão dele, começando a olhar no fundo dos seus olhos. Ele olhou pra mim, mas desviou assim que nossos olhares se encontraram.

– Sei que sim, Eva. Só estou um pouco cansado. – Ele disse colocando sua outra mão por cima da minha, um tanto sem graça. – Bem, vou dormir.

– Achei que você estava aqui porque estava sem sono. – Eu disse e dei um sorriso divertido. Ele deu um pequeno sorriso enquanto se levantava e disse:

– É, mas agora estou com sono. Boa noite, Eva.

– Que inveja de você. Me conhecendo como conheço, tenho certeza que vou ficar acordada a noite toda...

– Tenta tomar um copo de leite quente. Funcionou comigo. – Ele apontou para um copo de leite vazio em cima da pia. Dei um pequeno sorriso.

– Boa noite, Harry.