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Logo depois que falei aquelas palavras me arrependi. Droga! Eu nunca fui tão impulsiva desse jeito, argh! Mas se eu já falei, tá falado. E agora eu sinto lágrimas se formando. Ótimo!

Encarei Harry por alguns segundos, menos de cinco, e ele me encarava de volta. Eu me virei e voltei correndo pro castelo.

Eu pude perceber que depois de um tempo ele começou a correr atrás de mim, só que eu já estava muito a frente dele, então em algum ponto ele me perdeu de vista, porque eu parei de ouvir seus passos.

Depois de algum tempo, percebi que eu fui parar na biblioteca. Dessa vez não fui atrás de um livro pra me distrair, fui atrás de um canto pra chorar sem que ninguém me visse.

– Idiota, idiota, idiota... – Eu murmurava pra mim mesma enquanto estava sentada em um canto afastada apoiada em alguma prateleira.

Quando foi que eu cheguei a esse ponto? Ser impulsiva, sair correndo pra não enfrentar meus problemas, chorar escondida em um canto...

Eu estou indo contra tudo em que acredito.

Com esse pensamento, me levantei, enxuguei as lágrimas e comecei a caminhar em direção ao banheiro feminino mais próximo para eliminar qualquer resíduo de choro.

Chegando lá, abri uma torneira e joguei água no meu rosto. E mais uma vez, agradeci por não usar maquiagem. Então meu estômago roncou e lembrei que eu não havia almoçado.

Fui caminhando para a cozinha, tentando não ser vista por ninguém, e prometendo a mim mesma que não iria mais chorar.

Chegando na cozinha, logo vários elfos domésticos estenderam pratos com diversas opções. Comi um lanche e depois passei o resto da tarde conversando com Dobby. A última vez que vi ele foi quando fiquei em detenção por começar uma guerra de comida e tive que limpar o salão principal, então chamei Dobby e ele limpou pra mim em um estalar de dedos.

Conversar com Dobby acabou me distraindo, então quando era de noite e eu estava voltando para o salão comunal, eu já estava bem.

Quando passei pelo buraco do retrato, avistei Harry e Mione no nosso sofá de sempre, Ron provavelmente está no treino de Quadribol. Eles estavam de costas pra mim, então não me viram entrando. Respirei fundo comecei a caminhar em direção a eles. À medida que ia me aproximando, consegui escutar o que eles estavam falando.

–... aí ela me empurrou e disse que gostava de mim. – Dizia Harry para Mione, contando sobre o que havia acontecido. Eu parei e me agachei atrás do sofá, fiquei sentada lá escutando a conversa deles, ignorando as pessoas do salão comunal que me olhavam se perguntando o que eu estava fazendo.

– E... o que você fez depois disso? – Disse Mione.

– Eu fiquei completamente surpreso. E feliz, claro. Fiquei estático, e quando percebi ela já estava a meio caminho correndo de volta pro castelo. Eu comecei a correr atrás dela, mas depois perdi ela de vista. Passei a tarde toda procurando por ela, mas não achei. Dá pra acreditar que ela gosta de mim? Tipo, quem diria, né?

– Bem... pra falar a verdade... – Não! A Mione me prometeu que não ia falar nada! Por mais que ele já saiba, ela me prometeu. Detesto quando as pessoa me fazem promessas e as quebram! – Ela meio que me contou...

Harry ficou em silêncio por algum tempo, então finalmente disse:

– E você não me contou nada?

– Eu prometi pra ela! Do mesmo jeito que prometi pra você. – Mione vacilou nas últimas palavras.

– Mione? – Ela não respondeu, e a conhecendo deduzo que desviou o olhar. – Você contou pra ela. – Seu tom deixou claro que não era uma pergunta.

– Me desculpa!

– Mione, eu não acredito! Quer dizer que você não quebra a promessa dela, mas quebra a minha? – Aposto que a Mione está de cabeça baixa. Decido salvar ela.

Enquanto Harry dá um sermão em Mione, eu me levanto bruscamente e grito:

– Bu!

A Mione deu um grande pulo de susto, Harry até caiu do sofá.

– EVANNA! – Gritou Mione.

– Hermione! – Eu disse sorrindo.

– Desse jeito você mata a gente!

– É o mínimo que eu deveria fazer por você ter quebrado uma promessa – Eu digo fechando a cara.

– Mas... você já tinha dito...

– NÃO INTERESSA! – Eu digo perdendo a calma. O salão comunal começou a olhar pra nós. Eu respiro fundo e continuo com a voz controlada. – Você me prometeu que não ia contar pra ninguém e em nenhuma circunstância, e você traiu minha confiança.

– Mas você já tinha...

– Mione, a questão não é essa. Não importa que eu tenha dito pra ele, não importa que eu tenha praticamente gritado...

– Praticamente? – Interrompeu Harry, que eu havia até esquecido que estava presente. – Você literalmente gritou. E me empurrou.

– Calado – Eu disse me virando pra ele, depois voltei a falar com a Mione. – Não importa que eu tenha dito pra ele. Eu te confiei um segredo, e você me fez uma promessa, que você não cumpriu.

Pode parecer que eu estou exagerando, mas eu raramente confio segredos às pessoas, e a Mione sabe disso.

– Você tá certa. – Ela disse por fim. – Me desculpe.

– Tudo bem. – Eu a abracei.

– Agora... onde você passou o dia todo? Ficamos preocupados! – Ela disse me chacoalhando pelos ombros.

– Na cozinha. Eu perdi o almoço, então fiquei com fome, aí fui atrás de algo pra comer. Depois acabei ficando lá e conversando com o Dobby. A propósito, ele mandou lembranças a vocês.

Ao som da palavra “vocês”, a Mione provavelmente se lembrou que o Harry também estava presente, então disse algo que era claramente uma desculpa para nos deixar sozinhos.

– Eu vou pra biblioteca estudar, nos vemos depois!

Então ela partiu em direção ao buraco do retrato. Mas eu sei que ela quer ver o que vai acontecer, então ela vai acabar voltando e olhando de longe. Sei disso porque ela não parava de olhar pra trás, e eu não parava de encarar ela. Então eu gritei para ela ouvir:

– Depois eu te ensino a dar desculpas convincentes! – Dito isso, me sentei no sofá, ao lado do Harry.

– Então... – Começou Harry – Se você sabia que eu... gostava de você, por que nunca fez nada? – Ele desviava o olhar toda vez que tentava me encarar.

– Porque eu fiquei com raiva dessa tua palhaçada de ficar com a Cho pra me superar.

– Ah... a Mione te contou isso também... – Ele começou a me encarar meio sem graça.

– É, né.

Ficamos nos encarando, então ele começou a se inclinar em minha direção. Eu desviei meu olhar pra sua boca e comecei a me inclinar também, fechei os olhos.

Então nos beijamos.

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