~Pov Narradora

Depois que Draco disse aquilo, Hermione ficou sem palavras. A única certeza que tinha é que o que Draco tanto escondia era grave. Será mesmo que ela queria descobrir o que era? Sim, sua curiosidade era muita, mas será que ela queria arriscar perder o único cara que amou na vida?

Sua cabeça estava a mil, mas mesmo assim, lotada de pensamentos ela adormeceu nos braços dele. Por mais preocupada que estivesse ele a confortava, lhe dava segurança, cuidava dela como ninguém cuidou antes.

No dia seguinte, ela pareceu melhorar assim que Draco sorriu e lhe deu bom dia, mas assim que ele se afastou para ir à aula, seus pensamentos voltaram deixando-a aérea durante todas as aulas.

~Pov Draco

O professor de DCAT ainda não havia chegado então todos na sala estavam conversando. Eu só pensava em falar com Lucy, precisava saber como ela sabe tudo aquilo e por que sabe, então me levantei e parei diante dela – que estava sentada na mesa de Blás enquanto ele a ignorava fingindo ler um livro.

–Lucy nós podemos conversar? –Perguntei e ela sorriu descendo da mesa e parando a poucos centímetros de mim com um sorriso malicioso no rosto.

–Eu sabia que viria atrás de mim depois de ontem. –Ela disse pegando a minha gravata enquanto Blás apenas observava aquilo tudo. –Se importa de matar aula Draquinho?

–Você sabe que não. –Falei sério colocando as mãos no bolso.

–Me encontre na Sala Precisa no horário de feitiços. Não se atrase. –Ela mordeu o lábio e depois sorriu.

–Não vou. –Respondi.

A castanha me puxou pela gravata me dando um beijo demorado na bochecha e depois saiu saltitando pela sala se sentando em seu lugar. Eu me joguei na cadeira ao lado de Blás e percebi que ele me olhava com os olhos arregalados como se eu estivesse maluco.

–O que foi? –Perguntei suspirando e passando a mão pelos cabelos sabendo exatamente o que ele estava pensando.

–Por Merlin me diz que você não está ficando com a Harrison.

–Não estou ficando com a Harrison.

–Então, por favor, pode me explicar o que foi isso?

–Eu preciso falar com ela, só isso.

–E por que ela disse “sabia que viria atrás de mim depois de ontem”? O que aconteceu ontem?

–Nossa você está ficando amiguinho da Hermione não é? Tanto que está parecido com ela com ciúmes.

–Nossa você é tão engraçado! – Ele disse eu revirei os olhos. –Você não ficou com ela ontem né?

–Não Zabini, ela disse algo que eu preciso que explique, só isso. Acho que ela sabe de alguma coisa, pode ser uma das pessoas que meu pai colocou aqui pra me vigiar.

As aulas passaram voando e logo estávamos no horário de feitiços. Fui ao encontro de Lucy e quando cheguei à Sala Precisa ela já estava lá, sentada em uma cama sorrindo.

–Vamos direto ao assunto: O que quis dizer ontem? –Falei cruzando os braços e ela riu se levantando da cama enquanto tirava sua gravata.

–Você entendeu muito bem Draco Malfoy. Eu sei de tudo, inclusive sei que o seu braço não está enfaixado por que você “caiu” da vassoura. E mais o que eu sei? Aah eu sei que o seu amiguinho Blásio Zabini sabe sobre você e que ele poderia estar bem encrencado se alguém abrir a boca. –Ela disse ainda sorrindo enquanto se aproximava de mim.

–Como sabe tudo isso? –Perguntei já irritado.

–Não se lembra mesmo de mim não é?

–Como assim? Só te conheci esse ano garota! –Ela começou a gargalhar puxando minha gravata e jogando-a no chão perto da sua.

–É aí que você se engana querido.

–Não estou entendendo nada, diz logo quem é você porque eu já estou perdendo a paciência!

–Meus pais são Comensais da Morte, assim como os seus. A única diferença é que a minha mãe não me apoiaria se eu começasse a sair com um sangue-ruim, ela tem senso, diferente da boa e velha Narcisa Malfoy.

–Você é uma Comensal da Morte. –Não perguntei, e sim afirmei. Ela parecia se divertir com a situação já que estava sorrindo como nunca.

–Ainda não Draquinho. –Lucy balançou o dedo em sinal de negação. –Conte-me, como foi matar um trouxa na sua iniciação? Porque depois que você recebe sua Marca Negra você tem que matar um não é?

–Não é da sua conta vadia!

–Ui, gosto assim. –Eu bufei e revirei os olhos enquanto ela gargalhava mais, abrindo sua blusa.

–Garota, você não cansa não?! Quantas vezes vai ter que me ouvir dizendo que eu não quero você e nunca vou querer?!

–Mas você quer saber quem eu sou não quer? –Ela deu um sorriso malicioso enquanto mexia em minha blusa, eu nem me dei o trabalho de respondê-la. Então ela segurou meu rosto para ficar mais próximo do seu. –Tem sorte que eu só estou me livrando das minhas roupas Draco Malfoy, se eu quisesse eu poderia ameaçá-lo dizendo que contaria de Blásio para o Lorde das Trevas se não fosse pra cama comigo.

“O seu amiguinho acabaria morto, você se mataria sem ele e blá blá blá, eu não sou assim, digamos que eu estou com calor, se quiser tirar suas roupas também e aproveitar comigo sinta-se livre, ou se preferir eu mesma as tiro.”

–Diz logo quem é você. –Respondi já entediado.

–Okay, okay, sem tempo para preliminares. –Eu revirei os olhos mais uma vez. – Você me conheceu quando tinha 12 anos. Eu sou a garotinha de óculos, baixinha que foi na sua casa com Kayla e Robert Owen, deles eu sei que você se lembra já que eles quase sempre visitam seu pai.

“É Draco, eu sou Lucya Owen, você se lembra agora? Eu só tirei os óculos, escureci ainda mais os cabelos, mudei um pouco meu nome e foi como se eu tivesse colocado um disfarce diante de você.”

–Eu me lembro de você. Nossos pais não se falam há um ano, eu não entendo por que Lucius pediu para me vigiar, a não ser que... –Eu fechei os olhos desejando que ela não estivesse me vigiando a pedido de Voldemort. – Por que está me vigiando?

–Não se preocupe, eu estou aqui a pedido do seu pai e não do Lorde das Trevas. –Eu suspirei aliviado e ela jogou sua blusa no chão. –Seu pai escreveu para os meus pais pedindo ajuda porque você começou a namorar uma sangue-ruim, eles entenderam que a situação era grave então me transferiram pra cá um dia depois de você contar a novidade à sua família.

–Por que não me contou que já me conhecia?

–Eu queria ver se eu tinha chances com você mesmo sem se lembrar, eu me lembro dos seus beijos. –Eu revirei os olhos mais uma vez. Acho que vou ter que desenhar que eu não quero nada com ela para que ela entenda. –E vamos combinar que te vigiar quando você não sabe quem eu sou é muito mais fácil. Agora que se lembra de mim e que eu já estou quase nua será que podemos parar com essa palhaçada e matar a saudade?

–Pela milésima vez só hoje: Eu. Estou. Com. A. Hermione. –Ela cruzou os braços e se afastou de mim, irritada.

–Não entende que não pode ficar com ela?!

–Me dê um bom motivo pra isso Harrison... Owen... Ah foda-se!

–Simples: Ela é uma sangue-ruim. Comensais odeiam sangues-ruins, acham um crime o fato de que bruxos sangues-puros ainda se casam com eles, imagina o que pensariam de um Comensal que ama uma sangue-ruim!

“A primeira coisa que eles farão se descobrir é matar vocês, isso na melhor das hipóteses. É isso o que você quer? Pior ainda, imagina se eles decidirem torturá-la primeiro. A última coisa que você vai ouvir na sua vida serão os gritos de dor dela Draco.”

–Cala a boca Lucy.

–Seu pai seria o primeiro a torturá-la se tivesse chance.

–Já disse pra calar!

–Depois seria Bellatrix. E enquanto isso, sua querida mamãe não poderia falar nada, ela sabe que se abrir a boca ela será a próxima. Vai Draco, conforme eu vou narrando você vai imaginando. –Ela ria da raiva que crescia dentro de mim.

–Para com isso!!

–Conseguiu imaginar não é? Foque em Hermione caída no chão, chorando e gritando de dor e nem você, nem ninguém poderiam fazer nada. –Era exatamente o que se passava em minha cabeça. –Claro que você não iria ficar quieto enquanto ela está sendo torturada então os gritos dela serão a ultima coisa que você vai ouvir.

–EU DISSE PRA VOCÊ PARAR SUA VADIA MALUCA! –Gritei pegando seus braços com força e a prendendo na parede.

–Draco isso nos seus olhos são lágrimas? –Ela perguntou caindo na gargalhada em seguida. –Você a ama mesmo não é? Então se quiser evitar que tudo o que eu disse aconteça é melhor que terminem logo, não concorda? Se ficar com ela vai ser pior.

–Não.

–COMO ASSIM NÃO?! QUER VÊ-LA SENDO TORTURADA?!

–Não Lucy. Eu imagino que se você está aqui pra me vigiar porque eu me apaixonei por uma nascida trouxa uma de suas outras tarefas deve ser me convencer a terminar com ela.

–Você é bom. –Ela sorriu. –Mas você sabe que para os Comensais é muito divertido torturar sangues-ruins, você sabe que se encontrarem a sua tão preciosa Hermione Granger isso pode acontecer.

–Minha resposta continua sendo não e nem que eu tenha que morrer, ninguém toca em um fio de cabelo da minha Hermione. –Falei soltando-a e me afastando um pouco.

–O que vai fazer se ela for torturada?

–Vou dar um jeito, mas se pensa que vou largá-la desprotegida você está muto enganada. Não vou largar a única coisa boa que eu tenho.

–Não terá por muito tempo, você sabe que ela vai te deixar assim que descobrir o que esconde por baixo dessa faixa.

–Vou arriscar.

–Faça como quiser, mas se mudar de ideia sabe onde me encontrar. Basta um beijo na frente dela e você estará livre.

Eu a deixei falando sozinha e fui procurar Blás, tudo o que eu precisava saber sobre ela eu já sabia, ou quase tudo, mas eu não aguentaria nem mais um minuto com ela ali. Quando encontrei Blás ele estava agarrando a Luna no corredor do segundo andar.

–Blás, nós podemos conversar? Se importa Luna? –Perguntei.

–Claro que não, eu vou ver se tem pudim na cozinha. –Ela disse sorrindo pra mim. –Até mais. –A loira beijou Blás e saiu saltitando e cantarolando.

–É melhor ser importante se não eu vou mandar um exército de Heliopatas invadir sua casa.

–Um exército de quê? –Eu perguntei e ele bufou provavelmente se lembrando de que eu não leio O Pasquim.

–São grandes e flamejantes espíritos de fogo que galopam queimando tudo o que deixam pra trás. –Eu revirei os olhos. –Então, não consegue se desgrudar de mim nem por uma aula sem ficar com saudades? Eu sinto muito ferir seus sentimentos assim, mas eu tenho uma namorada agora.

–Não começa Zabini, eu tenho que te contar uma coisa séria.

Nós fomos até a biblioteca na seção de Plantas já que sabíamos que somente o Longbotton gosta de ler sobre isso e ele estava em aula e eu contei a ele tudo o que Lucy me disse. Ele andava de um lado para o outro e depois de um tempo encarando o nada Blás finalmente resolveu dizer algo:

–Não estou querendo que você aceite o trato dela, não acho nem que deva pensar a respeito, mas você sabe que ela pode estar certa não é?

–Sei, mas não me arrependo da Merca Negra.

–Não? Antes você estava péssimo!

–Se eu não tivesse me tornado um comensal eu não teria o anel que dei a Hermione.

–Ótimo, agora posso ter certeza de que você é maluco.

–Quem está andando com um Comensal da Morte aqui é você. –Ele revirou os olhos e eu ri. –Eu vou contar a ela.

–Hoje?

–Não ela está enlouquecendo por causa das provas, contarei assim que acabar. Quando começam?

–Draco, as provas começam amanhã.

–Ótimo, e quando acabam?

–Amanhã mesmo, vamos ter aula até o meio dia e depois só provas. Nossa você está estudando muito! Vai até ser chamado pra dar aula no lugar do Binns de tão sábio. –Ele disse com um sorriso irônico.

–Vou contar a ela amanhã depois do jantar. E sim, eu estou estudando muito, mas é de um jeito bem mais divertido.

–Que seria?

–Com a Hermione é claro!

Assim que as aulas acabaram eu vi Hermione correndo mais uma vez até a biblioteca, ela realmente estava pirando por causa das provas. Perguntei se ela iria jantar e ela me disse que iria revisar DCAT então eu peguei algo com os elfos e levei para que ela comesse no quarto.

Mesmo comendo a morena não largou os livros, e mais uma vez me fez passar a noite estudando, por fim ela dormiu no tapete do nosso salão comunal com um livro nas mãos. Eu a peguei no colo e a levei até o quarto, me deitando ao seu lado e abraçando-a com a certeza de que eu não conseguiria dormir.

Talvez essa seria a ultima vez que ela me deixaria passar a noite assim, na calmaria que era quando ela estava por perto. Talvez amanhã tudo o que ela sente por mim se transforme em ódio.