~Pov Draco

Cheguei em casa e Lucius ficou gritando na minha cabeça e na da minha mãe por quase duas horas. Ele gritava coisas como “POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO DRACO? EU O EDUQUEI BEM’’, “COMO OUSOU CONVERSAR COM AQUELES TROUXAS?! EU DEVIA TE MATAR!’’ ou até “VOCÊ É UM INUTIL ISSO SIM! E A CULPA É SUA NARCISA! QUE INCENTIVA ESSE TIPO DE COMPORTAMENTO!” minha mãe e eu ficamos o tempo todo calados enquanto ele gritava. Que vontade de lhe jogar um Crucio! Calma Draco, calma. Você prometeu a Hermione que não vai fazer nada.

Finalmente Merlin resolveu ser bom conosco e ele saiu de casa, estressado e xingando tudo e todos.

–Vou fazer um sanduíche pra mim, você quer? –Minha mãe negou e subiu as escadas. Fui para a cozinha, separei as coisas para fazer o sanduíche e logo nossa elfa apareceu.

–Senhor Malfoy, quer que eu prepare alguma coisa para o senhor comer?

–Não precisa, eu mesmo faço, obrigado. –Sim, eu sou educado com os elfos mesmo não conseguindo guardar os nomes deles. Aí você me pergunta: Por que sou educado com os elfos e com as pessoas não? Minha simples resposta: Geralmente não gosto de pessoas, mas tenho minhas exceções.

Peguei o celular – eu havia aprendido o básico - e mandei uma mensagem para Hermione: Vai ter que me compensar muito bem por não brigar. D.M.

Fiz meu sanduíche, peguei um copo de suco de abóbora e decidi comer no quarto para não correr riscos de encontrar com certas pessoas. Passei pela sala segurando o prato e o copo e a porta abriu. Droga!

–Oi. –Eu falei olhando para minha tia, Bellatrix.

–Oi. –Ela respondeu. –Já está aqui?

–Não, estou em Hogwarts. -Eu disse dando um sorriso irônico. - Isso que você está vendo é um bicho-papão e eu sou seu pior medo buuuuu! –Hermione me fez prometer que eu não brigaria com Lucius, mas não disse nada de Bellatrix.

–Como minha irmã conseguiu ter um filho tão imbecil, idiota e arrogante igual a você?

–Do mesmo modo que minha avó teve você. Tem certeza que não é adotada? Acho que pegaram você no lixo, só pode. –Ela me olhou com raiva, mas eu continuei sorrindo.

E sim, minhas brigas com minha tia geralmente chegam a esse nível. Bellatrix parecia mais minha irmã, não por amor, mas por irresponsabilidade. Perto dela eu seria considerado o garoto mais certinho de todo o mundo.

–Ainda está com aquela pirralha sangue-ruim? –Fingi que não ouvi a última parte.

–Estou. E daqui alguns dias ela vem nos visitar. Você vai adorar, podemos até levar você pra passear junto. O que acha de um dia na praia? Seremos nós quatro.

–Nós quatro?

–Sim, nós quatro. Se Hermione estiver mesmo grávida nós seremos quatro. Como vai esquecer meu filho assim?

–Você é ridículo. –Ela falou andando em direção à porta da cozinha.

–Não é o que a maioria acha. –Subi até o meu quarto e depois de comer fiquei por lá.

Hermione respondeu a minha mensagem: “Pode deixar, eu vou recompensar você muito bem por isso. Beijos da sua H.G’’ eu sorri.

A elfa apareceu no meu quarto e disse que meu pai queria me ver. Isso não é bom. Isso com certeza não é bom. Será que ele quer ficar mais duas horas gritando na minha cabeça? Que droga! Desci as escadas e fui até o escritório dele.

–Queria me ver? –Perguntei.

–Sente-se. –Ele apontou pra cadeira de frente pra mesa dele e eu me sentei. –Pelo que eu vi você ainda não terminou com aquela sangue-ruim. –Ele parecia calmo, calmo demais e seu olhar estava vazio. –Quando vai entender que não pode ficar com ela?

–E por que não?

–Porque ela não merece você. –Senti uma enorme vontade de rir, mas me controlei, com certeza ele é maluco, se fosse normal inverteria as pessoas na frase. – Vocês são totalmente opostos. –Talvez seja por isso que o sexo é tão bom. –Ela é da Grifinória e você da Sonserina. Ela é sangue-ruim e você sangue-puro. –E lá vamos nós de novo... –Como você sempre disse, ela é uma ratinha de biblioteca e eu nunca vi você ler nenhum livro.

–Tem certeza que quer falar disso? –Ele não respondeu.

–Lucius eu acho que o Draco saiu e... –Minha mãe entrou rápido e quando me viu sorriu aliviada. –Aaah, eu achei que tinha saído meu filho.

–Narcisa será que pode nos deixar a sós?! –Lucius disse ainda nervoso com ela.

–Tudo bem mãe, qualquer coisa chamo você. –Ela sorriu e saiu fechando a porta.

–Draco, por que você não namora a Pansy? –Me lembrei da noite do baile e do que ele a mandou fazer. Começando a contagem para assassinar alguém 10...9...8...7...6...-Você sempre gostou dela. Pansy sempre foi uma boa menina e pelo que percebi no quarto ano vocês se dão muito bem.

–Não quero a Pansy.

–Que tal a Lilá?

Acho que vou anunciar:

Procura-se uma namorada que Lucius Malfoy ache boa o suficiente para o filho. Ela tem que ser Sonserina e definitivamente não pode ser filha de trouxas. Além de tudo, tem que ser arrogante e metida. Obrigado pessoas. Interessadas procurem o senhor Malfoy, ele fará uma ficha e escolherá uma garota que o filho provavelmente não vai querer pra nada.

–Não quero a Lilá.

–Diga o nome de qualquer garota que você goste e que seja da Sonserina e sangue-puro.

–Hermione Granger.

–MAS ELA NÃO É UMA SONSERINA E VOCÊ SABE BEM QUE NÃO É SANGUE-PURO, VOCÊ ESTÁ SE SUJANDO CADA VEZ MAIS! –Não é, mas pode ser considerada uma, passa mais tempo no meu quarto (que por sinal tem o brasão da Sonserina) do que no dela.

–Então nenhuma. –Ele bateu na mesa, nervoso e depois respirou fundo reunindo forças para não me matar.

–Soube que seu amigo Blásio Zabini também está namorando. Aposto que é da Sonserina.

–Não, é da Corvinal. A namorada dele é Luna Lovegood.

–Vejo que não é só você que aparenta ter problemas mentais. Seu amigo está louco, assim como você! Uma Lovegood?! Conhecendo o pai dele nunca irá aprovar!

Meu celular começou a vibrar no meu bolso, eu tirei e tinha outra mensagem da minha morena: “Meus pais também querem que você faça uma visita. É melhor vir ok? H.G.’’ Eu sorri e respondi: Apareço assim que puder. Estou no meio de uma amigável conversa de família. Minha resposta para a próxima mensagem que você me mandar é não, não estou brigando, mas estou com vontade de estuporá-lo. D.M.

Lucius olhava estranhando o que eu estava fazendo para não estar prestando atenção. Eu rapidamente guardei o celular no bolso e eu vi seus olhos se encherem completamente de ódio e fúria. Se antes ele tentava ser educado agora ele não tentaria mais.

–ESTÁ CONVERSANDO COM ELA NÃO É?! – Fiquei calado. – Tudo bem, se é isso que você quer saiba que a culpa é inteiramente sua!!

–Do que está falando Lucius?

–Eu tentei ser legal com você garoto, mas dá pra ver que você é um imbecil e inútil que não liga de ser um traidor do sangue e que certamente vai morrer por isso. Você receberá sua Marca Negra antes de voltar à Hogwarts.

–Você disse que seria depois, quando eu consertasse aquela droga de armário. Eu não terminei! –Falei tentando me controlar.

–Aceite isso como uma motivação. –Ele sorriu. Eu sabia que o real motivo para ele querer isso era que Hermione visse. -Sabia que uma hora ou outra isso aconteceria. Você sempre soube, desde que entrou em Hogwarts.

“Esse sempre foi o seu destino, não ouse tentar mudá-lo, você sabe que não vai dar certo. Nada vai dar certo pra você, e como você é um traidor do sangue eu acho que você vai acabar muito mal, e será ainda pior para sua namorada sangue-ruim.”

Era verdade, eu sempre soube o que me tornaria, sempre soube que as coisas não dariam certo, mas por Hermione eu arrisquei. Arrisquei pela primeira vez na vida. Eu sabia que se Voldemort descobrisse que eu estava me envolvendo com uma nascida trouxa eu poderia morrer ou até pior, mas quando a oportunidade de tê-la comigo pelo menos por um tempo surgiu eu não pude deixá-la passar.

–Sei que tudo vai acabar mal pra mim, não preciso que me lembre, mas eu também sei que a Hermione vai conseguir fugir e ela vai ficar bem. Eu cuidarei para que ela fique.

–Sabe o que irá acontecer se tentar ajudá-la não é?

–Sei. –Murmurei.

–E não se importa?

–Nem um pouquinho. –Eu sorri e ele me olhou surpreso e com desgosto. –Agora eu posso sair? –Perguntei indiferente, mas ele não me respondeu. –Se precisar de mim estarei no meu quarto.

Eu me levantei e simplesmente saí do escritório. Eu estava prestes a explodir, e ninguém iria querer estar perto quando acontecesse. No caminho do quarto eu encontrei minha mãe no corredor, ela rapidamente veio até mim e me abraçou apertado. Eu sabia que ela era a única que se importava comigo e que com certeza havia percebido o estado que eu havia saído de lá após aquela conversa.

–Draco o que aconteceu?

–Pergunte ao seu marido. –Respondi e ela me apertou ainda mais em seus braços. Aos poucos a minha raiva foi diminuindo, mas eu sabia que assim que eu o visse de novo ou que eu entrasse em meu quarto ela voltaria.

–Me desculpe querido, por tudo isso que está passando, sei que está dificil pra você e Lucius não ajuda. Por favor, querido...

–Ei mãe, calma. –Pedi e ela olhou pra mim. –Tudo bem, eu sempre soube que uma hora isso iria acontecer. Não quero que fique mal por mim. -Eu beijei sua testa e ela deu um pequeno sorriso pra mim. -Vou pro meu quarto okay?

Ela balançou a cabeça assentindo e eu segui para o meu quarto, esbarrando com Bellatrix na ponta da escada, ela com certeza falaria algo para me provocar, eu percebi isso só de ver o sorriso debochado em seu rosto.

Fingi que não a vi e comecei a subir os primeiros degraus, mas ela logo me puxou fazendo-me voltar e quase cair.

–O que quer? –Perguntei.

–Nossa, é assim que trata sua tia? –Eu revirei os olhos e cruzei os braços. –Já conversou com o seu pai?

–Se quer conversar comigo sobre o mesmo motivo eu sugiro que saia, eu não estou a fim de aguenta suas gracinhas.

–Você é tão inocente querido. –Ela sorriu irônica e começou a falar com aquela voz fina e irritante que eu tanto odeio. –Ela não ama você, deve estar sobre efeito de Imperius.

–Acha que seu marido ama você? –Eu cruzei os braços e o sorriso em seu rosto desapareceu. –Nem você o ama, sei que tem uma queda pelo cara de cobra.

–COMO OUSA INVENTAR UMA COISA DESSAS? –Ela puxou meu cabelo pra trás e colocou a varinha em meu pescoço.

–Vamos lá Bella, me mate por dizer a verdade. –Eu sorri desafiando-a. – Não negue o que sente por ele, eu sei de tudo, inclusive sei que ele nunca vai te amar. Ele nunca amou ninguém.

–Não brinque comigo menino, você não sabe do que eu sou capaz. Não quer ter o mesmo destino que os Longbotton não é?

–Então vamos, me leve para o mesmo caminho. –Lentamente tirei minha varinha do bolso e apontei para ela, tocando sua barriga. –Quem será que morre primeiro?

–Quando sua namorada ver a Marca Negra no seu braço ela nunca mais olhará pra você. Ela vai ver que você é um de nós e que não merece o amor da garota boazinha e sangue-ruim que vai ter que implorar pela vida quando eu a pegar. E no fim, ela vai morrer sabendo que foi tudo sua culpa.

–Está enganada. Ela pode não querer olhar pra mim e eu sei que não mereço o amor dela, mas ela não vai morrer. Ela é uma bruxa melhor que você, com certeza vai fugir e eu não ligo de ajudá-la com isso se precisar.

–POR MERLIN O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! –Gritou minha mãe e nós apenas a olhamos, ainda com as varinhas apontadas um para o outro. –Draco, abaixe sua varinha!

–Só se ela abaixar a dela. –Respondi.

–EXPELLIARMUS! –As nossas varinhas caíram longe de nós e Bellatrix soltou meus cabelos, me empurrando.

–Vou para o meu quarto. –Murmurei correndo até a minha varinha e a pegando.

–NUNCA MAIS APONTE SUA VARINHA PARA O MEU FILHO, ESTÁ ME ENTENDENDO BEM?! –Ouvi minha mãe gritar com minha tia, o que me fez sorrir. –E VOCÊ DRACO, POR MERLIN, NÃO APONTE A VARINHA PARA SUA TIA!

–Não posso fazer nada, se ela provoca. –Murmurei dando de ombros e subindo as escadas.

Como esperado, assim que entrei no meu quarto a única coisa que rondava minha cabeça era a conversa que tive com Lucius e a realidade de que talvez Hermione não me perdoe nunca.