~Pov Hermione

Draco já estava na ala hospitalar. Eu estava sentada em uma cadeira ao lado de sua cama segurando sua mão ainda chorando enquanto Parkinson e Brown – que insistiram em vir, fazendo com que a raiva guardada dentro de mim aumentasse – estavam de pé olhando pra mim.

Madame Pomfrey já havia lhe dado as devidas poções e feito alguns feitiços, tudo para que ele ficasse bem, mas ele ainda não havia acordado, o que me deixava ainda mais aflita.

–Granger, você acha que... A-acha que vai morrer? –Perguntou Brown, dizendo pela primeira vez meu nome sem nem um pingo de ódio ou nojo na voz.

–Por Merlin, Brown! Nem diga esse tipo de coisa, Madame Pomfrey vai dar um jeito e ele vai acordar. – Falei tentando não só convencê-la de que ele ficaria bem, mas tentando me convencer também. –Draco vai ficar bem. -Eu me levantei e me sentei na beirada da cama, acariciando seus cabelos loiros. -Draco, por favor, acorde! Eu preciso tanto de você! – Sussurrei lhe dando um selinho e o molhando por conta das lágrimas. –Você vai ficar bem.

–Sua idiota, eu não sei se percebeu, mas ele está desacordado, por tanto não te ouve. –Disse Parkinson provavelmente ainda irritada por eu ter dito ao Blás para que fosse atrás de Luna. –Além de uma sangue-ruim imunda você ainda é burra?!

–Eu burra?! – Falei me levantando e cruzando os braços, ela fez o mesmo. – Se enxergue Parkinson! Eu tenho as melhores notas aqui! MELHORES DO QUE AS SUAS! PELO MENOS VENHO PARA A ESCOLA PARA ESTUDAR, DIFERENTE DE VOCÊ QUE VEM PARA ABRIR AS PERNAS!!

Ela foi o bastante para que Parkinson colocasse a varinha em meu pescoço e me olhasse com ódio, enquanto eu, mesmo chorando retribuí o olhar com a mesma intensidade.

–Ei, ei, ei o quê está acontecendo aqui?! – Gritou Madame Pomfrey correndo até nós. –Senhorita Parkinson abaixe essa varinha e senhorita Granger pare de gritar, isso aqui é uma enfermaria! Céus! –Meio a contragosto Parkinson fez o que lhe foi pedido, mas antes me fuzilou com os olhos.

“Agora, todas as três, por favor, se retirem. Deixei que ficassem porque são as mais próximas do senhor Malfoy, mas se continuarem com as brigas não dá. O que ele precisa no momento é silêncio, repouso.”

–Madame Pomfrey ele vai demorar a acordar?

–Não sei senhorita Granger, sinseramente não sei.

–Posso me despedir?

–Tem 5 minutos. –Ela disse e eu sorri. –Mas vocês duas, por favor, pra fora.

–Mas...

–Sem “mas” senhorita Parkinson. –E então as duas saíram me deixando sozinha com Draco. Madame Pomfrey levava alguma poção até Dino, que havia machucado a mão.

Eu me sentei novamente na cama e lhe dei um selinho. Apenas parei e o observei por algum tempo esperando que ele acordasse, mas nada. Draco nem se mexeu.

–E-eu sei que pode não estar me ouvindo agora, e isso dói. –Eu acariciei seu rosto. –Dói muito Draco! Por favor, volta pra mim? Você é um idiota, nem pra me deixar responder! Eu não sei se vai ouvir, mas não custa tentar: Eu também te amo!

Nada mais uma vez.

Eu lhe dei mais um selinho e me levantei, dando um sorriso em agradecimento à Madame Pomfrey e seguindo para o Salão Comunal da Grifinória. Eu precisava resolver alguns assuntos com Ronald.

–Senha? –Disse a Mulher Gorda.

–Harpa para Leões. – Murmurei e o quadro deixou que eu entrasse.

Assim que perceberam a minha presença, todos se calaram. Não sei se é pelo fato de que eu estava chorando e com uma varinha nas mãos ou por ser monitora e alguns deles estarem fazendo uma “festa”.

–Mione? –Chamou Gina, se levantando seguida de Harry. Os dois estavam no sofá conversando quando cheguei.

Eu não respondi, apenas procurei Ronald com o olhar. Ele com certeza estaria no meio dos que festejavam. Foi quando o achei, encostado na parede agarrado a Patil.

–ALARTE ASCENDARE! –Gritei o feitiço fazendo com que Ronald fosse lançado para o alto e em seguida batesse violentamente no chão.

Parvati soltou um grito e levou a mão à boca enquanto Ronald se levantava com dificuldade. Quando o idiota finalmente se levantou eu o empurrei com força na parede e coloquei a varinha em seu pescoço, apertando-a.

–Foi você não foi?! – Falei baixo mostrando toda a minha irritação. Eu realmente estava cega de ódio, e a única coisa que eu conseguia fazer enquanto diferentes maneiras de matá-lo passavam pela minha cabeça era chorar compulsivamente. Todo o salão comunal ficou em silêncio observando a briga que estaria por vir. –Eu não vou ligar de matá-lo aqui, então RESPONDA RONALD WEASLEY!!

–ESSA GAROTA É MALUCA?! – Gritou Parvati já tirando a varinha e pronta para aponta-la pra mim, mas eu fui mais rápida.

–Pullus. – Falei nervosa transfigurando-a em uma galinha. – Não muito diferente da forma normal. É bom que saibam que se mais alguém quiser tentar impedir eu não ligo de transformar todos aqui em galinhas!! –Voltei a varinha para o pescoço de Ronald. – Não tem nada a dizer Weasley?!

–O que quer que eu diga? Quer que eu confesse? Tudo bem Granger, eu confesso, fui eu quem pediu para jogar aquele balaço na doninha. Ele quebrou meu nariz, acho que estamos quites agora.

–FEZ ISSO POR CAUSA DE UM NARIZ QUEBRADO RONALD?! QUANTA MATURIDADE, NÃO?! DIFFINDO! – Tentei me acalmar, e o cortei exatamente no mesmo lugar em que ele havia cortado Draco, fazendo-o soltar um gemido de dor.

–HERMIONE PARE! – Gritou Harry. – Não vai mudar alguma coisa, vai?

–Me ouça bem, torça para que Draco acorde e se recupere, porque se ele não acordar eu vou voltar aqui e vou matá-lo. –Murmurei para que somente ele me escutasse e então abaixei a varinha, dando-lhe um soco no nariz com toda a força que ainda me restava, fazendo minha mão também doer.

Eu o soltei e me virei para Harry. Gina estava com os olhos arregalados, olhando Ronald assustada. Eu guardei minha varinha e tentei mais uma vez secar as lágrimas, coisa que era inútil. Harry deu um beijo na bochecha de Gina e veio até mim, puxando-me pelo braço e seguindo comigo até a torre de astronomia.

Nenhum de nós se pronunciou durante o caminho. O único som ouvido era o dos meus soluços. Quando finalmente chegamos, ele soltou meu braço e me deu um abraço apertado e demorado, me acalmando e fazendo com que eu me sentisse segura e protegida, mas ainda sim não contendo minhas lágrimas.

–Tudo bem agora? –Ele perguntou assim que me soltou. Eu balancei a cabeça assentindo, mas logo em seguida neguei chorando mais.

–H-Harry, por que ele fez isso? – Murmurei e ele me abraçou de novo, fazendo com que sua camisa ficasse molhada.

–Eu não sei Mione, sinceramente não sei. Nunca pensei que Ronald fosse capaz de fazer algo do tipo, mas... –Ele apenas suspirou, sem completar sua frase. – Nunca gostei do Malfoy, mas fazer isso é demais. Rony está ficando maluco.

–Você acha que ele vai ficar bem? – Solucei. – Lilá acha que ele vai morrer. – Harry beijou minha cabeça. –Eu não quero perdê-lo assim Harry! Não vou aguentar perdê-lo! Não agora! Não hoje quando ele disse que me ama! Ele nem me deixou responder!

–Calma Mione, olha pra mim. –Ele pediu e eu levantei os olhos, encontrando os dele. – O Malfoy não vai morrer. Não hoje e nem desse jeito okay? Wood me disse no meu primeiro jogo que já levou um balaço na cabeça. É normal que ele ainda não tenha acordado. Wood só acordou uma semana depois! Dê uma semana ao Malfoy, ele vai acordar.

–Oh meu Merlin graças!! – Falei o abraçando. – Muito obrigada Harry! E-eu nem sei como te agradecer! Eu estava tão preocupada e eu cheguei a acreditar no que a Brown disse...

–Espere uma semana okay? –Ele repetiu beijando a minha testa e dando um pequeno sorriso. –E que história é essa de que Draco Malfoy tem a capacidade de amar alguém que não seja si mesmo e Blásio Zabini?

–Idiota. – Falei rindo e secando minhas lágrimas.

–Olha, mesmo que ele seja um imbecil, eu quero muito que vocês sejam felizes.

–Obrigada por tudo Harry! –Eu o abracei mais uma vez.

Incrível como Harry cuidava de mim. Era como um verdadeiro irmão mais velho. Ele me protegia, queria que eu fosse feliz e me impedia de matar Ronald Weasley desde sempre, estava sempre me confortando. Como eu o amo por isso!

Harry havia me deixado em frente ao apartamento. Ele iria ver como Ronald, Parvati e Gina estavam. Eu não queria fazer mal a Gina, mas Ronald mereceu o que aconteceu. Assim que entrei, me assustei ao ver Blás sentado no sofá bagunçando os cabelos. Ele ainda usava o uniforme de Quadribol e se levantou num pulo quando me viu.

–Granger! Graças a Merlin você apareceu! – Disse Blás me abraçando. – Nossa você está horrível.

–Obrigada. – Falei me jogando no sofá, cansada.

–Me desculpe, eu teria ido à ala hospitalar, mas tive que ouvir um sermão pelo atraso no jogo de hoje. Mais um e eu vou ser expulso do time. –Ele disse revirando os olhos. – Como Draco está?

–Segundo Madame Pomfrey ele vai ficar bem, mas ainda não acordou. Harry me disse pra esperar uma semana. –Suspirei lutando contra as lágrimas.

–Qual o nome do batedor da Grifinória mesmo? Nós precisamos ter uma conversinha.

–A culpa não é dele, já conversei com o responsável de tudo. -Falei segurando minha mão, que ainda doía um pouco pelo soco que dei em Rony.

–Conversou ou torturou? Porque se só conversou eu creio que a minha conversa com ele vai ser um pouco diferente da sua. Espere aí, “responsável de tudo”?! Como assim?

–Ronald pediu pra que o acertassem. – Dessa vez eu não consegui impedir as lágrimas de cair. Quem diria que um dia um dos meus melhores amigos pudesse fazer isso comigo?

–AQUELE IMBECIL! – Gritou Blás se levantando. –ELE JÁ ESTÁ ME DANDO NOS NERVOS!! E-ei Granger, não chora, vou acabar com ele. Posso quebra-lo em três pedaços iguais, isso vai te deixar melhor? –Ele se sentou ao meu lado e eu dei um leve sorriso.

–Blás, por mais que eu fosse adorar ver isso eu acho que um de nós encrencado já está bom. Mas mesmo assim, obrigada.

–“Um de nós encrencado”? O que você fez Hermione? –Ele arregalou os olhos.

–Há pouco tempo fui até o Salão Comunal da Grifinória. Eu fiz Rony bater no teto e cair, o cortei onde ele cortou Draco e espero que aquele soco tenha quebrado seu nariz mais uma vez. Aah, e agora ele namora uma galinha, literalmente. –Foi o suficiente pra que ele caísse na gargalhada.

–Transformou a Patil em uma galinha? Sério? – Balancei minha cabeça assentindo. –Meu Merlin Granger, por que não me disse que iria até lá? Eu teria filmado tudo. –Blás gargalhou mais e mais, fazendo-me parar para analisar a cena, que de fato foi muito engraçada.

Segundos depois nós dois estávamos gargalhando no sofá. Só Blásio mesmo pra me fazer rir numa situação dessas.

–E como foi com Luna? – Perguntei assim que nos recuperamos.

–Eu não a encontrei. Provavelmente ela nunca mais queira me ver. –Ele deu um sorriso um pouco triste. –Mas é a vida. Vamos pensar apenas em Draco e deixar isso pra lá.

–T-tudo bem então. – Falei um pouco confusa.

Estranho, ele ficou com tanta raiva pra agora simplesmente deixar tudo de lado por causa de Draco? Realmente estranho.

–Vou indo Herms, boa noite. –Ele me abraçou. –Ele vai ficar bem, eu sei que vai.

–Obrigada por tudo Blás. –Ele sorriu e saiu pelo buraco do quadro.

Eu fui até meu quarto e me olhei no espelho. Eu realmente estava horrível. Os cabelos bagunçados, os olhos inchados, eu parecia uma maluca.

Fui até uma mesinha que ficava no canto do nosso Salão Comunal e encontrei uma garrafa de Whisky de Fogo. Coloquei um copo pra mim e virei de uma vez, em seguida guardando a garrafa no lugar.

Parei para dar uma olhada no apartamento, parecia tão vazio sem ele. Na verdade, tudo parecia vazio sem ele. Mais lágrimas haviam se formado, fazendo-me correr até o quarto dele. Me deitei em sua cama, sentindo seu cheiro, e depois de muito chorar eu adormeci.