Roses and Demons EX: Crimson Blast escrita por Boneco de Neve


Capítulo 10
A Rebelião das Bruxas - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

E finalmente, depois de mais de um ano, eu consigo chegar ao capítulo 10. Agradeço aos meus letárgicos miolos de neve por me deixarem na mão.



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Marjorie: Moça? Tá tudo bem?

A menção da morte dos pais de Marjorie na Rebelião das Bruxas feita pela própria foi um baque para Mileena e isso a fez cair tão profundamente em seus próprios pensamentos que praticamente se esqueceu do mundo ao seu redor. Mas, ao chamado de Marjorie, ela voltou a si.

Mileena: Ah... D-Desculpa, eu... Eu sinto muito...

Marjorie: Puxa... Você ficou tão quieta de repente... Eu não me lembro de ter trocado alguma palavra dessa vez... Troquei?

Mileena: Oh, não, não; você não falou nada errado, não se preocupe. Mas, então... Você mora aqui mesmo? Sozinha?

Marjorie: Não, eu moro num orfanato aqui perto. A dona de lá é muito gentil. Só que eu nunca lembro o nome dela. Hihi...

Mileena: Heh... Fico feliz, mas... Desculpe perguntar, como foi que aconteceu?

Marjorie: Eu não me lembro muito bem. Foi tudo tão rápido... Eu lembro que, naquele dia, eu tava brincando com a minha boneca quando eu ouvi um monte de passos. Logo depois, veio uma gritaria e quando eu me dei conta... Minha casa tava pegando fogo... Meus pais tentaram me tirar de lá, mas o telhado caiu em cima deles... Eu fiquei cercada pelas chamas... Fiquei apavorada, achei que fosse morrer... Depois disso, não me lembro de nada, só da sombra de um homem de cabelos compridos e uma armadura preta e... É só o que me lembro.

Mileena: (Hasak...)

Marjorie: Eu não entendo...

Mileena: O quê?

Marjorie: As Darphai... Eram tão fortes, tão legais... Por que elas tiveram que atacar o nosso reino? Meu pai e minha mãe... O que foi que a gente fez para merecer isso?

Mileena não deu resposta. Marjorie fazia perguntas simples, o que era natural vindo de uma criança, mas as respostas eram imensuradamente pesadas para serem ditas. Mileena se sentia mal por ter feito a situação chegar a tal ponto.

Marjorie: Eu gostava tanto das Darphai... Eu sonhava em ser como uma Darphai quando eu era pequena... E a Madame Midea sempre me pareceu uma moça tão gentil... Eu ainda não acredito que ela mandou atacar a gente.

Mileena: E não mandou.

Marjorie: Hã?

Mileena: Midea não ordenou ataque algum. Na verdade, ela foi uma das maiores vítimas desse motim.

Mileena resolveu não enrolar Marjorie com esse assunto e abrir logo o jogo para ela. A moça de manopla sentia que era a coisa certa a ser fazer e que a pequena bruxa merecia saber.

Marjorie: Como você sabe disso?

Mileena: Eu fiquei ao lado dela durante os seus últimos anos de vida, até o dia em que ela morreu.

Marjorie: Nossa... Você devia ser alguém muito importante no clã, não?

Mileena: Nem tanto...

Marjorie: Peraí... Você é do clã? Você... Você é uma Darphai?!

Mileena: Sim... Eu sou do clã Darphai. Meu nome é Mileena. Mileena Darphai.

Marjorie olhava para Mileena com os olhos arregalados, emudecida com o que acabou de ouvir. Ela não sabia como reagir àquilo, até porque ela acabou de conhecer Mileena e não tinha uma plena ideia do que esta iria fazer. A moça explosiva aproveitou a quietude da garotinha para continuar falando.

Mileena: Talvez o que eu tenha para te dizer não te convença, mas eu não me envolvi na Rebelião, muito menos a minha mãe. Minhas irmãs jogaram a dignidade do clã inteiro no lixo e acabaram pagando com a vida...

Marjorie: ...

Mileena: Agora, eu sou a última Darphai que existe e cabe a mim carregar o fardo da vergonha que minhas irmãs impuseram sobre o nosso próprio clã. Por isso...

Para a surpresa de Marjorie, Mileena se pôs de joelhos diante dela.

Mileena: Em nome do clã Darphai, eu peço perdão pela morte de seus pais.

Marjorie não conseguiu mais se conter e deixou cair algumas lágrimas, levando seus "filhotes" a se compadecerem dela e um deles, o de chapéu vermelho, se mostrou indignado com a situação e só não atacou Mileena, porque os outros cogumelos o impediram. Marjorie estava com várias emoções misturadas, sendo a mais proeminente a saudade de seus pais, que transbordou diante do pedido de perdão de Mileena. E também, entre estas emoções, pelo menos uma estava ausente: A raiva.

Marjorie: A dona do orfanato... Me ensinou que... "Vingança não vale a pena; te arruína e te depena"...

Mileena: (O que... Ah, melhor não...)

Marjorie: Então... Eu não vou me vingar. Eu não quero ficar depenada... Seja lá o que isso for...

Mileena: Então você me perdoa?

Marjorie: Antes, eu quero uma coisa.

Mileena: Diga.

Marjorie: Quero que me conte tudo o que aconteceu naquele dia! Quero entender por que as Darphai nos atacaram!

Mileena: Justo... Vou fazer melhor. Vou contar a minha história pra você.

Marjorie: Ué, por quê?

Mileena: Porque tem muito a ver com a minha mãe, Midea, e também com tudo o que aconteceu.

Marjorie: Ah... Se é assim, por favor, me conte.

Assim, Mileena se sentou no chão e começou a narrar sua história para a pequena Marjorie.

==//==

Eu originalmente não sou uma Darphai. Eu vim de uma tribo nômade dos desertos, a Tribo Crymysyn. Quando eu completei 15 anos, despertei um poder que eu não conseguia controlar direito, e o povo da minha tribo achou que eu estava possuída por um demônio. Meus companheiros tentaram me matar e, por isso, fui forçada a fugir para o meio do deserto. Passei meses vagando sozinha pelo deserto e vi a morte de perto inúmeras vezes. Por milagre, eu sobrevivi e cheguei às áreas populosas. Mas meu poder saiu de controle de novo e as pessoas se voltaram contra mim. Porém, Argenta ainda não estava a fim de ver a minha cara pessoalmente. Fui salva pela Madame Midea, que ainda por cima conseguiu conter meu poder com sua magia. Ela me acolheu e me levou à Casa de Prata, o quartel general do clã Darphai.

As bruxas do clã Darphai não me deram uma recepção calorosa quando apareci na Casa de Prata. Elas eram cautelosas e desconfiavam de quase tudo; era do feitio delas. Tudo ficou ainda pior para mim depois que cometi o desatino de colocar essa luva. Ela estava sendo estudada sob muita caultela pelas bruxas veteranas, pois diziam as lendas que ela era de origem demoníaca. Mas, num descuido, elas deixaram a luva desguardada e, enquanto eu andava pela casa, eu me deparei com ela. Como eu ainda estava sob efeito da magia supressora da Madame, eu mexia em tudo sem a menor cerimônia e, quando eu vi a luva, não resisti. Assim que eu a coloquei, ela se prendeu tão firmemente na minha mão que parecia na hora que a minha mão seria consumida, mas logo a dor passou. Por causa da má fama da luva, as veteranas ficaram apavoradas e quiseram me matar assim que me viram usando a luva, mas Madame Midea me salvou de novo. Desde aquele dia, ela se responsabilizou por mim e prometeu me vigiar para o caso de algum perigo surgir por causa da luva. Como ela fez isso? Dividindo o quarto dela comigo. É, além de morar na Casa de Prata, eu passei a dormir no mesmo quarto que a minha mãe. Foi assim que eu fui integrada ao clã e logo comecei meu árduo treino para me tornar uma bruxa guerreira... Embora, a princípio, eu não estava muito a fim.

Mas Madame Midea não me deixou dormir no quarto dela apenas pra me vigiar. Ela sabia que eu passaria por maus bocados na Casa de Prata; afinal, não bastava eu ser uma forasteira, ainda por cima usava uma luva dita ser demoníaca. Isso infelizmente não amenizou muito a minha situação. Minha vida na Casa de Prata foi um suplício. As minhas irmãs faziam todo tipo de maldade comigo; me maltratavam, me xingavam, me batiam... Eu só não enlouqueci porque a minha mãe sempre esteve pronta para me apoiar. Madame Midea era amável e paciente, mas também era rígida com todas as bruxas, inclusive comigo. Ela não só foi a mãe que eu nunca tive; foi também uma professora exemplar. É uma pena que as minhas irmãs só consideravam o lado ríspido dela para avaliá-la. E esse talvez foi um dos motivos que ocasionou a rebelião do clã Darphai.

Alguns dias antes da rebelião, minhas irmãs começaram a se comportar de forma estranha. Elas não deixaram de caçoar de mim, mas elas se tornaram mais secas e passaram a me ignorar mais do que me provocar. Eu achei estranho, mas eu estava indo tão bem no meu treinamento e estava tão contente com isso que eu nem me importei. No fim das contas, vi que foi displicência minha. No dia da rebelião, flagrei Rachel reclamando com Barbera e Valeria sobre o veneno que essas duas pegaram do quarto de outra irmã minha, Clepsidra, pois ele não me afetou como afetou Midea. Mamãe costumava deixar um jarro de água para beber perto da cama e tanto eu quanto ela bebíamos daquela água. Eu fiquei arrasada mas, considerando como minhas irmãs estavam agindo até então, deveria ser algo a se esperar. Mas o que realmente me chocou foi saber que elas também envenenaram a madame de propósito. O motivo para isso ficou claro logo depois: Elas planejavam tomar o castelo de Gricai e, assim, todo o reino de Sortiny.


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Notas finais do capítulo

A continuação da triste história de Mileena... E, como a noite é uma criança, ainda temos uma invasora surgindo no recinto.

Próximo capítulo: A Rebelião das Bruxas - Parte 2

Confira!



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