Roses and Demons EX: Crimson Blast escrita por Boneco de Neve


Capítulo 11
A Rebelião das Bruxas - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Demorou (como sempre), mas tá aí o novo capítulo. Esse veio caprichado. Divirtam-se bancando o Capitão América nesse capítulo.



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Eu não pude acreditar no que ouvi. Elas foram capazes de envenenar a minha mãe, a própria mãe delas, apenas para que não ficasse no caminho delas na partida para Gricai. Assim que a conversa acabou, eu corri para o quarto da Madame. No fundo, eu ainda tinha esperança de que tudo não passava de um mal-entendido. Infelizmente não era. Eu me deparei com minha mãe caída no chão. Para o meu alívio, ela ainda estava viva, mas estava muito mal. Eu não queria tirá-la dali sem primeiro dar um jeito no veneno, então eu corri para o quarto de Clepsidra para ver se achava alguma coisa que podia curar a mamãe. Foi na corrida para o quarto dela que ouvi Rachel fazendo seu discurso de guerra. Esse discurso ressoa na minha cabeça até hoje.

Como as minhas irmãs aumentaram a mobilização dentro da Casa de Prata, eu só tive tempo de pegar alguns ingredientes e fugir de lá com a minha mãe. Logo depois, minhas irmãs se organizaram no pátio de entrada. Elas então discutiram o plano, que era atacar o castelo de Gricai pelos quatro acessos principais: A cidade de Rabiphit, a cidadela de Neroniá, a cidade de Bisquitt e o Pátio Real Direto. Eu não parei pra ouvir o plano inteiro; eu corri pra longe da Casa de Prata pra tentar encontrar um lugar para cuidar da mamãe. Ela me sugeriu ir para a taverna de um ex-namorado dela, e eu fui. O lugar estava fechado e vazio; eu forcei a entrada e cuidei dela ali mesmo.

Horas mais tarde, de manhãzinha, o dono da taverna apareceu; o nome dele era Lobs. E ele havia trazido um menininho de 5 anos, que estava com a cabeça enfaixada e não se lembrava de nada. Ele tomou o maior susto quando me viu e, quando eu falei que eu era uma Darphai, ele tentou fugir da taverna com o menino; ele só não conseguiu porque eu não deixei. Ele só se acalmou depois que viu a mamãe deitada, se recuperando do envenenamento. Estava óbvio que ele sabia da rebelião, até mais do que eu, tanto que ele me contou o resultado do motim: As Darphai foram derrotadas. Quando ouvi isso, achei que fosse piada; afinal, o clã Darphai era praticamente a única força de segurança do reino; não havia mais ninguém no reino que pudesse fazer frente ao nosso clã, ou pelo menos era isso que nós pensávamos. Mas tava na cara que ele estava falando sério; não era mesmo algo para se dizer por brincadeira. Mesmo assim, eu queria tirar isso a limpo; por isso eu saí correndo da taverna e parti a toda velocidade para Gricai, indo por Rabiphit. Eu já sabia usar as seis bênçãos; então não levei nem 2 minutos pra chegar lá.

Na entrada do castelo, eu tive uma visão de Pravus: Os corpos das minhas irmãs estavam amontoados por vários cantos; muitos deles estavam partidos em dois. Ainda havia um grande palanque circular com um madeiro no alto, onde estavam amarradas várias forcas. As bruxas que sobreviveram estavam sendo enforcadas e sendo jogadas a um dos montes de cadáveres assim que morriam. Toda a barbárie foi feita pelos próprios cidadãos do reino, sendo vigiados por dois homens de armaduras negras, que estavam mais próximos dos portões do castelo. A população estava furiosa e não era à toa; a rebelião culminou na morte de inocentes, especialmente na do rei, Lucky Kioros. Ele era muito aclamado e estava se preparando para entregar o trono ao filho; ou seja, a comoção era enorme. Naquela hora em que eu cheguei, restavam poucas bruxas vivas. Entre as últimas bruxas a serem executadas estava Valeria, a dona deste diário que está comigo agora. Ela chorava muito e gritava por piedade. Eu ia ajudar, mas eu fiquei travada de choque. Eu tenho certeza de que ela me viu antes de morrer, mas não teve tempo sequer de dizer algo. Morreu assim que sofreu o tranco da forca junto com todas as outras bruxas que estavam com ela. Eu saí de lá aos prantos. Mas a parte mais difícil foi quando eu tive que contar tudo pra mamãe. Ela ficou destruída. Nunca mais foi a mesma desde então.

Tempos depois, eu soube pelos clientes do Lobs o que aconteceu. O motim estava seguindo sem problemas, mas dois grandes empecilhos surgiram no caminho delas. Primeiro, os homens de preto que estavam nos portões do castelo durante a execução em massa das bruxas: Os Combatentes Reais. Eles eram um grupo de guerreiros habilidosos que serviam a família Kioros em segredo há décadas. Eles são bastante furtivos, tanto que, tirando Madame Midea, as Darphai não sabiam deles enquanto ainda estavam vivas. Até a rebelião, havia 4 deles: Rashu, a Águia, ficou na entrada sul do castelo, logo depois da cidade de Rabiphit; Hasak, o Puro, ficou na cidadela de Neroniá, que era onde você morava; Tong-Hu, o Tigre, estava na cidade de Bisquitt; e Elena, a Ovelha, ficou na entrada principal, após o Pátio Real Direto. Cada um deles iria enfrentar um grupo de mais de 70 bruxas. Obviamente, minhas irmãs acharam que o rei estava de brincadeira; afinal, a vantagem delas era esmagadora. Mas o segundo grande empecilho logo ficou evidente e se mostrou ser ainda mais terrível do que os Combatentes: A Rainha Noemi. A majestade com cara de bicho morto era nada menos que uma poderosíssima feiticeira. Assim que as bruxas ficaram frente a frente com os Combatentes, a rainha lançou uma forte magia supressora. Minhas irmãs dependiam de magia para lutar, enquanto os Combatentes não precisavam dela. Isso virou a briga a favor dos Combatentes. Rashu, com a sua espada dos ventos selvagens, Extereus, fez muitas de minhas irmãs em pedaços. Ele ainda lidou com as bruxas que conseguiram passar por Elena, que morreu em combate. Por outro lado, Hasak e Tong-Hu, exímios manipuladores, pouparam as vidas das bruxas que eles enfrentaram. Hasak ainda salvou as vidas de vários inocentes, incluindo você. Mas essa piedade com as minhas irmãs não adiantou de nada: Ritchie assumiu o reino logo depois da rebelião e sua primeira ordem foi pra que não hoje houvesse prisioneiras. Hasak ficou indignado com a decisão do rei, porque não achava justo tirar a vida das pessoas que ele tinha acabado de salvar, pelo menos não sem um julgamento adequado. O rei não quis saber, e Hasak acabou resignando seu posto de Combatente Real como protesto. Ele desapareceu em seguida e nunca mais foi visto aqui no reino.

Os anos seguintes foram tempos sombrios em Sortiny. Sem a vigilância do clã Darphai, os residentes do reino se tornaram seus próprios juízes, criando uma desordem que só crescia com o passar do tempo. Mas a coisa só começou a ficar realmente feia quando bandidos de fora do reino entraram nele para fazer saques e, vendo que não havia quem os impedisse, mais e mais deles sugiram. Temendo que o reino caísse no caos, o rei abriu as portas para a admissão de mercenários para a segurança do reino, afinal, não precisa ser um Défteri para saber que dois Combatentes Reais não dariam conta de tudo. Enquanto os mercenários guardavam o reino, os Combatentes se encarregavam de formar e treinar soldados para compor uma nova força de segurança. Isso infelizmente não resolveu totalmente o problema. Ironicamente, a medida tomada pelo rei atraiu bandidos ainda mais perigosos; ela deixava evidente a fragilidade econômica do reino. Para estimular a coragem do povo, os Combatentes elaboraram um sistema de recompensas para esses bandidos, onde cada chefe de distrito seria autorizado a dar a recompensa pela captura no ato. Surgiram assim os caçadores de recompensas. E eu acabei me tornando uma também. Precisava de dinheiro e me manter no anonimato, e brigar era a coisa que eu melhor sabia fazer. Era uma oportunidade de ouro e eu aproveitei. Infelizmente, ganhei fama por causa do meu poder, mas como o povo especulava demais, eles fizeram muita confusão com a minha identidade. Sequer sabem que a Mão de Pravus na verdade é uma mulher. Heh... Enfim, fato é que, junto com os mercenários, nós caçadores causamos um grande impacto na economia de Sortiny, mas, em compensação, o sucesso da estratégia fez o reino se recuperar aos poucos.

Eu, porém, não tive uma vida tranquila nesse tempo. Minha mãe ficou muito mal depois da rebelião. Ela ficou curada do veneno da Clepsidra, mas o desgosto que ela teve por causa do fim do clã Darphai teve um efeito ainda mais devastador. Ela ficou muito apática, não comia e não saía da cama. A saúde dela só piorou com o passar do tempo e então, depois de dois longos anos, o corpo dela não suportou mais. Eu fiquei do lado dela até o fim. Foi o dia mais triste que eu já vivi. Eu teria morrido de tristeza se não tivesse o Purkeed ao meu lado. Ah, sim; tô falando do menininho que Lobs trouxe. Como ele tinha amnésia e não lembrava nem do próprio nome, Lobs lhe deu esse nome. Cuidar dele foi a exigência que Lobs me deu para permanecer na taverna dele. Mas isso foi mesmo um enorme privilégio. Ele é um amor de menino. Ele se compadeceu tanto com a minha situação que quis ser meu irmãozinho. E é claro que eu aceitei. Ele hoje é a única família que eu tenho e é tudo para mim.

—-//--

Marjorie: Nossa... Você passou por tanta coisa... Eu nem sei o que dizer...

Marjorie tinha aproveitado a pausa longa que Mileena deu para falar algo, apesar de não saber direito o que falar.

Mileena: Pois é... Isso tudo ainda dói em mim, mas tô progredindo bem. Eu tenho vivido uma vida relativamente normal até aqui. Até agora, tinha caçado bandidos pouco valiosos para não despertar muita atenção, mas esses dias eu peguei um bicho raivoso. Lady Fogaréu...

Marjorie: Não conheço...

Mileena: Ah... Bem, ela passou um bom tempo longe de Sortiny. Consegui pegá-la antes que os Combatentes fizessem algo a respeito. Ah, e falando em Combatentes, esqueci de te falar. Tenho outro parente, que virou Combatente Real no ano passado. Fileo, o Peixe. Ele era irmão da Madame Midea. Ele também foi serviçal do castelo de Gricai e era pupilo de Tong-Hu. Ele não é ruim em combate, mas sua querida Felicidade conseguiu deixá-lo todo travado agora pouco. Vai por mim, não foi feito pequeno.

Marjorie: Puxa... Mas... Haha, esses tais Combatentes... De onde eles tiram esses apelidos? Águia, tigre, peixe... Coisa engraçada.

Mileena: Verdade, é engraçado. Não sei direito, mas acho que tem a ver com o circo que existia aqui nos tempos da construção do reino. Ah, eu falei em Felicidade e me lembrei disso aqui.

Mileena tirou do bolso um cristal azulado e mostrou para Marjorie. A pequena bruxa o reconheceu imediatamente.

Marjorie: A Centelha Anima da Felicidade... Está inteira!

Mileena: Eu só absorvi a magia contida nela. Desculpe, mas eu fui forçada...

Marjorie: Uau... Bom, ao menos não está quebrado; posso refazer a Felicidade depois. Mas, vai levar um tempão; só pra encher esse cristal de magia vai levar uns... Três dias...

Marjorie parou de falar por um momento e ficou olhando para o cristal por um tempo. Mileena ficou preocupada com a pausa.

Mileena: Er... Se você quiser, eu posso te ajudar depois...

Marjorie: Tenho uma dúvida.

Mileena: Sim?

Marjorie: A principal regra da magia é que, quanto mais poderosa ela for, mais tempo se leva para prepará-la. Não é verdade?

Mileena: Sim, é verdade.

Marjorie: Então... A rainha... Noemi, né... Ela usou uma magia... Er... Como se diz mesmo? Supridora?

Mileena: Supressora.

Marjorie: Isso! Er... Bem, pelo o que já estudei, essas magias costumam ser muito poderosas. Devem levar muito, muito tempo pra preparar, não é?

Mileena: Sim, levam...

Marjorie: Então... Se é o caso... Então, a rainha devia saber da rebelião muito tempo antes dela acontecer... Não é?

Mileena: Quinta bênção.

Marjorie: Hã?

Uma barreira luminosa surgiu ao lado direito de Marjorie e, imediatamente depois, um pequeno objeto se chocou contra essa barreira, impedindo que Marjorie fosse atingida por esse objeto. Tanto Marjorie quanto seus cogumelos tomaram um susto. Ao observaram o objeto misterioso no chão, a pequena bruxa constatou que se tratava de um dardo fino.

Marjorie: Que... Que tá havendo?!

Mileena calmamente se levantou e olhou em direção à entrada da sala. Havia uma pessoa ali.

Mileena: Hmph... Você...

???????: Heh... Nada mal, Darphai.

A pessoa que estava na porta era uma mulher que trajava um extravagante vestido de couro dourado fosco, com botas feitas do mesmo material. Em sua mão direita, estava uma maquineta esquisita que parecia ser uma arma de disparo, do qual saía uma ponta do seu cano de saída, idêntica ao dardo que acabara de ser disparado contra Marjorie. Em sua mão esquerda, havia uma luva com garras vermelhas. Em sua cabeça, um diadema dourado que tinha uma grande projeção virada para trás, a qual parecia uma cauda de escorpião, enfeitava sua cabeleira ruiva. Em seu rosto moreno, revelava-se um sorriso maléfico e assassino.

???????: Hoje deve ser mesmo meu dia de sorte. Vim aqui procurar a responsável pelo roubo dos livros e, além dela, encontro a última Darphai. Isso vai ser divertido.

Mileena: Divertido mesmo é ver você dizer que hoje é o seu dia de sorte quando está prestes a virar migalhas.

Marjorie: E-E-E-Espere um pouco aí! O que tá acontecendo?! Quem é você?!

???????: Haha... Acho que não fará mal eu me apresentar a vocês, já que estão prestes a dar adeus a Realia...

Num falso ato de cordialidade, a mulher se inclina levemente em direção a elas para se apresentar.

Jasmine: Sou Jasmine Kam’hir. Vosso algoz desta grande noite.


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Notas finais do capítulo

Será que Jasmine será capaz de meter um tapa na pantera? HAHAHAHA! Tá, parei...

Próximo Capítulo: Mercenária Peçonhenta

Confira!



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