— Ela pode ficar com você – comuniquei ao Edward que tinha acabado de sair do meu quarto onde ele e a Mel não saíram depois de tudo que aconteceu ontem.

Deixei os dois a só e fiquei perambulando pela casa sem conseguir descansar para pegar o voo hoje.

Era uma decisão difícil, mas ela tinha que ser feita, pois não tinha coragem de separar os dois. Pensei na hipótese de chamar o Edward para ir junto comigo, mas não queria correr o risco, não sabia o que ia encontrar.

Esse medo de não saber qual vai ser a reação dos meus pais ajudou muito na minha decisão. De modo algum ia colocar a Mel em uma situação constrangedora. Não sabia o que eles iam falar na frente dela, por fim juntei com a condição do Edward e acho melhor ela ficar aqui.

Eu sabia que ela ia ser cuidada e protegida aqui. Disso não tinha a menor dúvida.

Observo Edward passar a mão pelo rosto cansado. Era notável que ele também não tinha dormido.

— Ela vai enlouquecer sem você.

Sim, sabia disso. A Mel nunca ficou sem mim, a não ser naquele tempo no hospital, mas mesmo assim não era uma grande distância.

— Não vou ficar por muito tempo – disse segurando o meu lado mãe, e tentando ser racional.

Ele fecha os olhos com força antes de abrir e se aproximar de mim.

No mesmo instante meu coração perde uma batida.

— Você está com medo da reação dos seus pais ? – no seu olhar tinha uma preocupação genuína.

Estava tão na cara assim?

— Sim – falei a verdade, não tinha porque mentir – Me sinto mais segura ela aqui com você – ele fica um momento quieto.

— Você vai ficar bem sozinha? –

— Vou ficar bem – menti, e me apressei em mudar o foco da conversa. Não queria falar sobre como encarar meus pais, ia me deixar mais nervosa do que estou – Eu quero logo te avisar que a Mel vai ficar mais manhosa com você, ela não vai querer sair de perto – brinquei.

— Não me incomodo nem um pouco com isso. Eu acho que estou mais sentimental que ela – ele dá um sorriso envergonhado - A Mel que vai ter que me aguentar.

Sorri mais com isso. Como eu queria ver eles grudados.

— Bom, vou começar a arrumar as minhas coisas – aponto para dentro do quarto - Eu saio em duas horas.

— Vou colocar a Mel no meu quarto, pra você ter tempo de arrumar sua coisas.

— Claro, se eu ficar muito perto dela não vou ter coragem de ir – confesso sinto meus olhos encherem de lágrimas .

Vejo o Edward dar mais um passo em minha direção, mas não ligo, assim como não ligo quando seus braços fortes me envolvem em um abraço quente, e era tudo que precisava para arrancar as lágrimas que estava guardando por ter que ficar longe da Mel.

— Eu vou cuidar dela – ele disse no meu ouvido.

Afundo meu rosto no seu peito. É tão bom ouvir a sua voz.

Levanto o rosto para olha-lo.

Sem dizer nada ele beija o cantinho da minha boca. Estremeço e a minha respiração fica pesada. Ele passa uma de suas mãos no meu rosto retirando as lágrimas que estavam ali e me beija mais uma vez só que na testa.

Eu queria que esse momento durasse. Que não tivesse nada para nós separar. Era tão bom ter alguém para abraçar e deixar ser cuida, por tanto tempo aguentei tudo sozinha, que nesse momento só queria estar ali e nem um canto mais.

Mas a minha realidade não era essa. Eu tinha que deixá-lo e sair sozinha.

Isso era tão ridiculamente melancólico, bem deprimente, mas não conseguia lutar contra esse sentimento desesperador de ficar sozinha.

— Eu tenho que ir – me separo. Ele me solta com relutância e no mesmo instante sinto um vazio.

— Eu vou me arrumar, e te levar ao aeroporto – disse ele com certo receio. Esperando que eu fosse negar?

Não dessa vez.

— Obrigada – sussurrou.

.............................@...............................

Arrumo a mala bem rápido colocando só o essencial e saio do quarto.

O Edward tinha levado a Mel, ainda adormecida, para o seu quarto e era para lá que ia agora. Fazer a parte mais difícil, me despedir.

Marcho pelos corredores e pelas escadas sem pensar muito. Chego na frente do quarto e empurrou a porta sem bater.

A primeira coisa que vejo é a Mel deita bem no meio da cama enorme.

Edward estava no banho, o barulho do chuveiro denunciava isso.

Me aproximo da cama deixando a mala perto da porta junto com a minha bolsa. Me sento na cama e passo a mão pelo seus cachos enquanto observo todos os mínimos detalhes do seu rosto.

— Mel, acorda.

Ela pisca várias vezes antes de focar seus olhos em mim.

— Mamãe?!- Ela pergunta meio acordada.

— Sim, meu amor. Está na hora de acordar, e quero te falar uma coisa.

Ela esfrega os olhos por um tempo, e de repente seu corpo endurece. A Mel olha para todos os lados procurando alguém. E eu sabia que era.

A minha menina já me olha com os olhos marejando.

Eu sabia que ela ia ficar assim, conhecia minha filha.

No mesmo instante a pego em meus braços.

— Ele tá no banho, meu amor. Não está ouvindo o barulho do chuveiro? – faço silêncio para que ela tivesse a prova. Ela ouve e assente – Seus papai não vai embora, ele é seu.

A Mel assente mais uma vez, mas lágrimas ainda escorriam no seu rosto.

Meu Deus, ela já estava assim, imagina quando falasse que ia embora por um tempo.

— Eu pensei que você ia ficar super feliz por causa do seu papai, não está feliz? – perguntei tentando distrai-la para tentar arrancar algum sorriso dela.

— Eu estou – disse ela e olha para a porta do banheiro, como se esperasse que qualquer momento o Edward aparecesse – Muito, muito feliz.

— Então, pequena, me da um sorriso. Eu não gosto de te ver assim - faço um rosto triste e quase automaticamente ela sorri – Isso, filha. Ele está doido para ficar com você, então não se preocupe, tá?

Seus olhos brilham e ela assente.

— Eu amo muito ele, o....- ela hesita, mas encorajou com o olhar - Eu amo muito o Papai.

Um sorriso fácil sai da minha boca, pois sabia que eles iam ficar bem. Não tinha como dar errado.

— Eu sei meu amor, e ele também te ama muito, mas eu preciso falar algo para você - Ela me olha atentamente – Eu preciso viajam por um tempo, mas eu volto logo. Tem alguém que preciso visitar.

— Quem? – ela pergunta sem entender.

— A minha mãe, ela tá muito doente – Eu já falei vagamente para ela sobre minha mãe e o meu pai. Assim como a Mel perguntava se tinha pai, ela também já me perguntou se eu tinha pai e mãe. Sempre respondia e falava deles vagamente – Então preciso visitar ela.

— Eu vou?

Meu coração aperta.

— Não, você vai ficar aqui com o Edward- ao modo que vou falando a frase seus olhos começam a ficar triste.

— Por quê? – Ela pergunta com a voz trêmula – Eu quero ir, e Edwald vai junto também.

— Não, Mel. Não pode. Mas não fica assim, você vai ficar com Edward, ele vai cuidar de você.

— Eu quero ficar com você também – ela abaixa os olhos e diz algo que quebra meu coração – Eu ganhei um papai, e vou perder você.

— Não, você não vai me perder, Mel – falo enquanto levanto seu rosto com as mãos – Você é o meu bem mais precioso, te amo tanto que não cabe dentro de mim. Eu vou viajar, mas o meu coração vai ficar com você – digo cada palavra bem de vagar para que não restasse dúvidas em sua cabecinha - Você vai cuidar dele ?

Ela assente e eu a abraço forte.

Dou graças a Deus quando Edward aparece na porta do banheiro já vestido com seu cheiro invadindo todo quarto.

— As duas garotas estão bem? – Ele se aproxima sorrindo ignorando o rosto triste da Mel. Dou graças a isso. Ele era o único com o poder de alegra-la nesse momento.

— A Mamãe vai embora- a Mel começa a chorar e é aí que percebo que realmente ela não ia aceitar isso facilmente.