Meu mundo parecia o mais revirado possível. Não sabia se aquilo era real ou era algum truque da minha mente e que a qualquer momento poderia desaparecer .

No entanto nada saiu do lugar. Ela continuava aqui, na minha frente e a qualquer momento poderia toca-la com as minhas mãos. O meu coração me dizia algo que qualquer palavra do mundo não me faria desacreditar.

Ela era minha e o melhor, ela me queria como seu pai. Uma sensação poderosa se apossou de mim, que o medo que sentir a minutos atrás parecia irrelevante. Olho para os olhos verdes me fitando com toda sua atenção esperando uma resposta minha.

Eu podia cuidar dela? Eu poderia amar como ela merecia?

A Mel acreditava que sim.

E inferno, sim, eu faria dela a criança mais amada do mundo. Mesmo não sabendo porra nenhuma de criança, eu me obrigaria a aprender. Vou dar o meu melhor para ser o melhor pai, não posso ser digno, mas vou ama-la com todo o meu ser e vou doar cada minuto da minha vida a ela Com pulso acelerado e com o corpo meio trêmulo tento encontrar meu equilíbrio, mas é tudo tão intenso que estava sentindo, que era difícil encontrar palavras certas, então apenas disse a verdade que vinha do fundo da minha alma.

— Eu te amo mais que a minha vida – conseguir dizer.

Os olhos da minha filha se iluminaram.

Minha filha, meu Deus. Minha!

— Tá vendo, mamãe – Ela voltou a olhar para Bella – Deixa o Edwald ser o meu papai.

A Bella demora um pouco para reagir, ela foi pega de surpresa tanto quanto eu. Ela engoliu em seco e me olha pedindo ajuda.

As palavras da Mel a destabilizou.

Tento regularizar a minha mente, porque nela só passava o quanto que queria abraçar essa pequena e nunca mais soltar, mas não queria assusta-la, sua mente podia ficar tão confusa, que eu tenho que arrumar o melhor jeito de explicar. Luto contra todo o meu nervosismo .

— Mel – a chamo, e ela me olha cansando de esperar alguma reação da Bella – Eu sei que isso vai soar como uma loucura, mas... Eu conheço a sua mãe a muito tempo.

— Eu sei, mamãe me contou.

— Mas a gente não éramos apenas amigos – tomei cuidado com as palavras – A gente namorou – ao dizer isso meus olhos vão rapidamente para a Bella que também me olhava.

— Namorou? – a Mel perguntou confusa.

— Sim, quando duas pessoas se gostam muito elas namoram – a Mel me encara pensativa.

— Você não gosta mais da mamãe? Por isso que não namoram mais?

Como raios ela consegue formular perguntas tão acima da sua idade?

— Não, pelo contrário, ainda gosto muito dela – digo com a voz firme e posso sentir os olhos da Bella – Ouve coisas que aconteceram e a gente se separou.

— Eu gostaria que vocês ficassem juntos quando eu tava na barriga da mamãe, aí eu não precisaria de outro papai. Já teria você- ela fala de uma forma tão fácil e leve que me dói na alma saber o quanto pedir sem está ao seu lado.

— É disso que quero falar – desvio meus olhos dela com certa vergonha. Como eu ia dizer a minha filha que eu fui um verdadeiro babaca e não conseguir confiar na mulher amava. Ela não ia entender nada. A Mel é muito inteligente para a sua idade, mas esse tipo se assunto é demais. Talvez quando ela for mais velha eu poderia contar, com certeza quando ela estivesse mais velha ia fazer perguntas e íamos acabar aqui, e dessa vez estaria pronto para lhe explicar. Tinha fé nisso. Mas a questão agora era esclarecer quem era seu pai, e para mim era uma honra .

Algo fecha na minha garganta e não consigo segurar a emoção.

— Eu sou seu pai, Mel- digo olhando nos fundos dos seus olhos – Antes da gente se separar a sua mãe já estava grávida, então princesa, você é a minha filha.

Seus olhos se arregalam. Ela olha para a sua mãe provavelmente tentando achar nela alguma confirmação de que era verdade.

A Bella sorriu para ela ao mesmo tempo que tenta conter as lágrimas.

— O Edward é o seu pai de verdade, pequena, ele não precisa substituir qualquer outro pai, porque ele é o seu de verdade – disse ela com tom de carinho.

— Jura? – a Mel pergunta com a voz trêmula agora olhando para mim.

— Juro, juro, meu amor. Você é a minha filha – mal acabei de falar e sinto seu corpinho se jogando contra o meu. Ela me abraça com uma força como se estivesse com medo de que eu pudesse sumir a qualquer momento, não podia julga-la pois sentia o mesmo sentimento.

Não sei explicar, mas uma paz se apossou de mim ao sentir aquele ser tão pequeno se encaixando de uma forma perfeita em meus braços.

E foi ali que percebi que nunca mais ia conseguir deixar ela se separar de mim.

Mas foi difícil lembrar que ela ia embora com a Bella. Ela ia se separar de mim e eu não podia fazer nada contra isso.

Esse lembrete só me fez a abraçar mais forte e afunda meu rosto nos seus cabelos memorizado cada cheiro cada pedacinho dela.

Meu coração praticamente se quebrou ao ouvir um soluço e logo em seguida seu corpinho começou a tremer.

— Shii, calma, princesa. Eu estou aqui. Eu estou aqui, não fica assim – sussurro em seu ouvido angustiado por vê-la assim. E o tempo se vai, não sei que quantas horas ficamos ali.

Sussurei varia vezes que não iria solta-la e que nunca mais ia embora. Me pedir naquele sentimento protetor e amoroso, até que percebo que a Mel tinha dormido com os seus dedos fechados em punho na minha camisa.

Ela tinha medo.

Ela pensava que ia desaparecer de novo.

Mas não vai acontecer.

Finalmente olho para cima e a Bella continuava ali.

— Eu não posso me separar dela- sussurro, mas claro o suficiente para ela entender.

— Eu não seria capaz de fazer isso – Ela se aproxima limpando as lágrimas que escorriam no seu rosto.

— Mas você vai embora e.... - Shii- ela coloca a mão sobre minha boca – Vai dar tudo certo. Não se preocupe – Ela disse e não ousei fazer outra coisa a não ser confiar em sua palavra.