Golpe de Estado escrita por M san


Capítulo 20
Traidor




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Ter paciência é um dom. Para poucos, aliás. A maior parte dos gênios, por exemplo, apesar de serem dotados de grande habilidade e talento, são completamente impacientes em relação àquilo que não lhes dizem respeito. No caso dos ninjas, contudo, a falta de paciência pode ser um grande problema. Como um shinobi impaciente esperaria por horas, no mais absoluto silêncio e concentração, durante uma vigília? Ou como aguardaria o momento mais adequado para atacar? Um ninja, simplesmente, não pode ser impaciente.

Mas Sasuke o era. E, apesar de ser razoavelmente competente na arte de manter sua impaciência para si (pelo menos mais que Naruto), depois de horas esperando Kakashi na sala de reuniões do Hokage, o Uchiha já começava a ter vontade de ir embora e tocar o foda-se. Contudo, não o faria. O ataque terrorista de mais cedo virara a vila de cabeça para baixo. O pânico tomou conta de Konoha e, como ele mesmo previra, muitos o apontaram como o causador do incêndio. Quem, além do Uchiha, sabe lançar chamas negras?, ele ouviu dezenas de vezes alguém gritar enquanto tentava ajudar a levar os feridos ao hospital. E, mesmo que alguns pais (em sua maioria os dos alunos presos no primeiro andar) tivessem o defendido, e até mesmo o agradecido, os gritos enfurecidos da maioria fizeram Kakashi mandá-lo para casa, onde, horas depois, recebeu um memo indicando que ele deveria comparecer à sede do governo. E lá estava ele. Há séculos.

Sasuke levantou-se da cadeira em que estava, no centro da mesa oval, e, sentindo cada fibra do corpo reclamar, caminhou lentamente até a janela. Já estava ficando de saco cheio daquela ressaca infinita. Tomara banho, tentara dormir, engolira as pílulas dadas por Sakura na noite anterior e, mesmo assim, ainda sentia os sintomas da bebedeira. Era absolutamente ridículo o quão fraco seu corpo se mostrara diante do álcool. Mesmo sendo imune a centenas de venenos, caíra perante um simples saquê. Ridículo. Ele alcançou a janela e fitou a noite acalmar a vila do lado de fora. As lâmpadas dos postes e das casas iluminavam Konoha, fazendo-a parecer uma malha negra com pontinhos brancos. A Lua fazia um trabalho porco quanto ao fornecimento de luz naquela madrugada. Era preguiçosa, a Lua Nova. Mas a falta de disposição do satélite não tirara a beleza do lugar. É. Ele tinha que confessar que sentira saudades de casa.

— Sasuke? - chamou uma voz atrás de si, mas o jovem não se deu ao trabalho de virar-se. Sabia que o dono iria até ele - Você chegou cedo…

— Kakashi me chamou tem horas… - informou o Uchiha, segundos antes de Naruto alcançá-lo.

— E você ainda não aprendeu que ele só chega atrasado? - riu-se o Uzumaki. Sasuke deu de ombros. Não poderia reclamar que perdera algum compromisso urgente, de qualquer forma - A Sakura-chan tava irada porque você bebeu… Vei, você contou pra ela?

— Ela sentiu o cheiro…

— Mas é idiota mesmo - gargalhou Naruto, socando o ombro de Sasuke.

— A Hinata não te viu de ressaca?

— Não, eu banhei antes… O Hiashi-sama já me odeia o suficiente…

— Humph - concordou Sasuke, enfatizando com um aceno de cabeça - Ninguém morreu?

— Não… - respondeu Naruto, assumindo o tom sério que a situação pedia - Tem duas meninas em coma, parece… As pessoas meio que têm certeza que foi você, Sasuke…

— É, eu sei… - informou Sasuke, respirando fundo. Pela primeira vez, estava preocupado com o que as pessoas pensavam dele. Não por ele mesmo. Mas por Kakashi. O sensei seria atacado por todos os lados se não entregasse sua cabeça. E o Uchiha sabia que ele não o faria. A consequência seria uma drástica diminuição da popularidade do Hokage, facilitando o terreno para um golpe. E a culpa, de certa forma, era dele também. Não investigara o suficiente para prever o ataque contra a academia.

Depois que Naruto chegou, Sasuke só teve que esperar mais alguns minutos até que os outros participantes da reunião aparecessem. Os dois Hokages, Sakura, Shikamaru, Sai e Yamato sentaram-se à mesa juntamente ao Uzumaki e ao Uchiha. Quando todos já estavam acomodados, um ninja da ANBU de máscara e capa uniu-se ao grupo, entregando um relatório à Kakashi e posicionando-se em pé à sombra, num canto da sala.

— Sakura, comecemos com você. Como a situação no hospital? - perguntou Kakashi, iniciando a reunião sem rodeios desnecessários.

— Ah… - começou Sakura, respirando fundo, os olhos demonstrando toda a exaustão da garota - Ainda há vinte e duas crianças internadas, a maioria com ferimentos leves por causa da saída traumática do prédio. Mas tem duas em estado grave, com intoxicação causada pela fumaça.

— Elas vão melhorar? - perguntou Naruto, a voz estridente devido à preocupação.

— Estão evoluindo bem… - respondeu Sakura, esfregando o rosto com as mãos.

— O que vocês descobriram, Yamato? Sai? - perguntou Tsunade, mudando o rumo da conversa. Não podiam perder muito tempo em um assunto específico. Haviam muitos a seres tratados.

— Desculpe, Tsunade-sama, Kakashi-sama… Estávamos confiantes que tínhamos a vantagem… Não previmos os movimentos deles - desculpou-se Yamato, curvando-se bruscamente, a cabeça abaixada, as mãos espalmadas sobre a mesa.

— Dois assassinatos ontem, esse ataque hoje… Confiamos demais - comentou Shikamaru, riscando um papel à sua frente sem realmente prestar atenção no caminho que o lápis fazia - Eles têm a vantagem agora. A população está desconfiada. Dois Hokages não estão conseguindo protegê-la.

— Todo mundo acredita que o Sasuke tacou fogo na Academia - acrescentou Sai, fitando Sasuke debochado - E quem pode culpá-los, não é mesmo?

— Eles não precisariam achar isso se você tivesse feito seu trabalho e descoberto o plano deles - rebateu Sasuke, sentindo a fúria queimar dentro de si. Simplesmente detestava aquele desbotado fresco. Não sabia como não o tinha atravessado com sua katana ainda.

— Mas o Sai tem razão. Se você não tivesse feito tudo o que fez, ninguém teria motivos pra desconfiar de você - provocou Sakura, mal humorada. Sasuke engoliu, porque era ela. Mas não poderia negar que o comentário o atingira. Era difícil ouvir tanta hostilidade vinda da Haruno.

— Não adianta agora a gente ficar colocando se e tentando imaginar o que teria acontecido – interrompeu Kakashi, prevendo uma discussão – Temos que encarar os fatos.

— Obviamente, - começou Tsunade, séria, com os olhos fixos em Sakura – Nós vamos defender o Uchiha dessas acusações. E, felizmente, ele tem você como álibi, Sakura. Facilita bastante.

— E muita gente viu o Sasuke salvar aquelas crianças presas no primeiro andar... – apontou Naruto, sorrindo encorajador.

— Ah, que bom que você tocou no assunto, Naruto. Bem, nós encontramos os chunnis que deveriam estar nas salas com as crianças menores – informou Kakashi, folheando rapidamente o relatório entregue pelo ANBU – eles estavam presos em um genjutsu, no porão da Academia...

— Genjutsu? – exclamou Sasuke, pasmo. Fizeram tudo direitinho para incriminá-lo.

— Essa não é a especialidade dos Uchihas? – ironizou Sai, fitando Sasuke com o mesmo deboche investido antes.

— Não sei – respondeu Sasuke, sarcástico – Talvez eu devesse testar em você. Quer ser cobaia?

— Você não precisa colocar o Sai em um – interrompeu Sakura – É só me perguntar, não é verdade?

Sasuke tentou engolir novamente, mas não conseguiu. Ele sabia que não estava em bons termos com Sakura, mas aquela repentina agressividade da garota com ele era, ao Uchiha, incompreensível. Tinha absoluta certeza que não fizera nada errado. Tudo bem, havia o lance com o Kenji, mas Sakura não seria infantil o suficiente para misturar uma discussão boba com um assunto tão sério quanto o ataque à vila. Ou seria?

— Qual o problema, Sakura? – rebateu Sasuke, reunindo toda paciência que foi capaz a fim de manter um tom calmo na voz – Vai ficar defendendo esse babaca mesmo?

— Bem, eu tenho mais motivos para defender ele do que você, não acha? – provocou Sakura, encarando-o. Entre Sasuke e a companheira havia apenas uma cadeira, onde Naruto estava sentado. O Uchiha manteve o olhar fixo em Sakura e ela devolveu a encarada firmemente. Mas, por mais transparente que a kunoichi pudesse ser, naquele momento Sasuke não fazia ideia do que passava na cabeça dela.

— Vamos parar, vocês dois? – pediu Kakashi, interrompendo a tensão crescente – E você, Sai, não é momento para provocações. Vamos focar nas estratégias contra o inimigo. Shikamaru, você pensou em alguma?

— Bem... – começou Shikamaru após um suspiro profundo – Eu aviso logo que nós devemos esperar outros ataques. E é possível que eles continuem tentando incriminar o Sasuke...

— Sasuke sairá em missão comigo em dois dias – informou Kakashi – Com ele fora da vila, não o usarão como bode expiatório.

— Mas... Bem... – hesitou Shikamaru, antes de continuar – Talvez nós devêssemos usá-lo como um.

— Como assim? – perguntou Tsunade, mas Sasuke já entendera. E, politicamente, talvez Shikamaru estivesse certo.

— Se nós o prendêssemos como suspeito, a população se sentiria mais segura e confiante no Kagenato. E, consequentemente, o plano dos golpistas de aumentar a insatisfação do povo com o governo falharia...

— De jeito nenhum! – interrompeu Naruto, levantando-se e socando a mesa – Ninguém vai jogar nas costas do Sasuke esse ataque, ouviram? Até porque, eu sou o único aqui que pode bater de frente com ele, e não vou fazer isso!

— Se ele concordar em ir de boa vontade, não vai ser preciso que se bata de frente com ele... – argumentou Shikamaru.

Sasuke não tinha a menor intenção de se deixar ser preso. Mas tinha que concordar que o plano de Shikamaru fazia algum sentido. Contudo, jogá-lo na prisão seria o mesmo que julgá-lo culpado para a população. E, mesmo que depois ele fosse apontado como inocente, o que de fato era, o povo não o veria assim. E, possivelmente, se voltaria contra o governo da mesma forma.

— Ninguém vai entregar a cabeça do Sasuke, Shikamaru – afirmou Kakashi, taxativo – Ele é inocente, tem um álibi, e é homem de minha inteira confiança. Além do mais, Konoha tem uma dívida eterna com ele, depois do que fizemos aos Uchihas...

— A gente sabe que ele é inocente, Kakashi-sama – começou Shikamaru – Mas a vila não vai engolir a Sakura como álibi do Sasuke...

— Por que não? – interrompeu Sakura, o tom de voz em uma irritação crescente.

— Bem... É que, ah... você e o Sasuke têm esse rolo de vocês e... – respondeu Shikamaru nervoso diante do olhar mortal da Haruno.

— Que rolo entre o Sasuke-kun e eu, Shikamaru? – perguntou Sakura, desafiante. Sasuke viu Shikamaru congelar, os olhos levemente arregalados num pedido de ajuda e achou um pouco de graça. Sakura tinha um efeito divertido quando ficava nervosa.

—Não há nada entre a Sakura e eu, Shikamaru – respondeu o Uchiha, detestando que aquilo fosse verdade. Preferia que ela não pudesse servir como álibi porque os dois estavam juntos.

— Porque a Sakura-chan não quer, né? – riu-se Naruto, em uma clara tentativa de quebrar a tensão. Falhou. Sakura o fitou com tanta raiva que o garoto empurrou-se para a ponta da cadeira, aumentando a distância entre ele e a companheira.

— E por que eu deveria querer? Já não é suficiente eu passar pelo constrangimento de defender a cabeça de um traidor, preciso ainda aturar piadinhas de...

— Sakura! – chamou Tsunade, fazendo a menina calar-se. Mas ela já havia dito, e só coube a Sasuke encará-la, incrédulo. Não entendia, de forma alguma, o que estava acontecendo ali. Com ela. Sempre agira como uma advogada, defendendo-o de qualquer acusação, mesmo depois que voltara à vila como um traidor. Mas agora, lá estava Sakura, praticamente jogando-o aos leões, comportando-se como uma testemunha de acusação. Por que isso, afinal?

— Sakura-chan... – começou Naruto, fraquinho, que, assim como Sasuke, não entendia o comportamento repentino de Sakura.

— Sakura, o que nós fizemos aos Uchihas nos mantém em dívida eterna com o Sasuke – argumentou Kakashi, pacientemente, mas Sasuke sequer se deu ao trabalho de desviar o olhar da menina e dirigi-lo aos sensei. Continuava encarando-a, vendo a raiva crescer dentro dela, seus olhos verdes o perfurando. Ela podia falar para a mesa toda, mas era uma briga particular que a Haruno queria.

— Achei que tínhamos pagado com centenas de mortes na luta contra o Madara. Mas enganada. Vamos pagar deixando que mais crianças sejam alvos de ataques cujo único objetivo é incriminar o Sasuke, porque ele é o único ponto em que eles podem te atingir, Kakashi-sensei...

— Sakura! – ralhou Kakashi, usando um tom tão brusco que assustou a menina– Chega! Se você quer...

Mas Sasuke não estava muito a fim de impedir a garota de falar o que pensa. Talvez, ouvir de Sakura tudo de uma vez fosse melhor do que ficar alimentando esperanças ridículas de que um dia os dois pudessem se entender. Mas, ao mesmo tempo, não podia permitir que assuntos bem mais importantes fossem tirados da agenda da reunião por causa das picuinhas entre Sakura e ele. Por isso, o Uchiha levantou-se de uma vez, interrompendo a bronca de Kakashi, e foi em direção à garota, parando em pé ao lado dela.

— Vem comigo – ele chamou, sentindo todos os olhares da mesa pousarem sobre os dois. Sakura, por sua vez, franziu as sobrancelhas, voltando à expressão desafiante adotada anteriormente.

— Você não manda em mim.

pedindo – respondeu Sasuke, controlando o tom da voz, mantendo-o calmo. Mas não estava. Seu coração queria saltar do peito. E sua cabeça, explodir.

Sakura o fitou por um segundo, antes de se levantar, ainda carrancuda, e sair da sala, pisando firme. Ele a seguiu, fechando a porta atrás de si quando a cruzou e caminhando até a garota, que o esperava encostada na parede, os braços cruzados, os olhos o encarando como quem chama para briga. Se era o que ela queria...

— Você acha que a culpa do ataque é minha? – perguntou Sasuke, quando alcançou a Haruno – Que eu deveria ser preso?

— Indiretamente, a culpa é sua. A população te odeia. Se Kakashi não tivesse alguém como você como aliado, não teríamos que nos preocupar com esse tipo de ataque. Eles fizeram isso porque sabiam que todos acreditariam que era você, que era uma atitude condizente com as que você tomaria...

— Eu tomaria? Quando foi que eu ataquei crianças, Sakura? – zangou-se Sasuke, impaciente – E se eu não estive aqui, eles atacariam mesmo assim, eles não parariam por isso. Você sabe disso. Não é tão burra assim...

— Burra? Então agora além de inútil eu sou burra? – provocou Sakura. Aumentando a voz.

— Não precisa gritar – cortou Sasuke, não vendo lógica em sair da sala para conversar em particular se ela começasse a gritar – E eu não disse que você é inútil, Sakura... Que merda é essa? O que deu em você?

— Não disse que eu sou inútil, mas me trata assim! Senão, por que você não me falou do seu plano mais cedo? Me deixou achando que você tinha fugido...

— Eu nunca te deixaria para trás, você sabe disso! – respondeu Sasuke, começando a entender o motivo daquele drama. Sakura sempre fora a mais fraca do time. E, por isso, Sasuke e Naruto tendiam a protegê-la, o que a fazia se sentir deixada de lado. Ele só não sabia que isso doía tanto assim no ego dela – Não te contei porque não dava tempo!

— Como assim você não me deixaria para trás? Você me deixou! Me largou jogada na porta da vila, me trocou pelo Orochimaru!

— Arre... isso agora?

— E, depois de dois anos, quando me viu pela primeira vez, apontou essa droga de espada pra mim!

— Sakura...

— Tentou me matar no País do Ferro! – gritou ela, empurrando o Uchiha, o rosto em fúria - Me jogou num genjutsu de morte...

— Desulpa! Desculpa, ok! Eu tava completamente perdido, não sabia direito o que tava fazendo! – gritou Sasuke de volta, finalmente tendo a conversa que deveriam ter tido há meses – Eu vou me arrepender disso pela minha vida toda, Sakura! Se, em meio à loucura em que eu estava, tivesse te matado, eu teria morrido também!

— Do que adianta isso agora, Sasuke? – cuspiu Sakura, depois de alguns segundos em silêncio, encarando Sasuke com a tristeza evidente no olhar – Depois que você fez tudo o que fez? Pedir desculpas não vai mudar nada... O que você fez, continua aí, pra ser jogado na nossa cara toda vez que tentamos te defender! Pra acabar com qualquer argumento ao seu favor que nós tivermos.

— E o que você quer que eu faça? – exasperou-se Sasuke, intimamente desesperado. Ouvir tudo aquilo de Sakura, sem anestesia, sem eufemismo, era absolutamente desesperador. A menina era sua única esperança de ser feliz, sua última fonte de luz, o que o fazia querer ser melhor, esquecer o passado. Agora, ele podia imaginar como ele a fizera sofrer. E isso só fazia doer ainda mais.

— A sua presença em Konoha é um incômodo a todos nós – falou a menina, seca, o tom aumentando a cada sílaba – É impossível te defender, mas ao mesmo tempo não podemos te atacar. Você se tornou um assunto delicado. E, agora, um motivo para ataques... Eu tenho duas crianças que vão precisar fazer tratamento respiratório pro resto da vida por causa daquele fogo negro de mais cedo... Eu não faço ideia do que misturaram ao combustível pra queimar daquele jeito, mas a fumaça acabou com os pulmões delas. Isso pra parecer que foi você... Porque você insistiu em voltar pra Konoha, depois de tudo o que fez, sem pensar nas consequências que isso teria em todos nós! Nas consequências de termos que defender a cabeça de um traidor!

— Então você preferia que eu estivesse longe? - gritou Sasuke de volta, desistindo de manter o controle diante dos gritos descontrolados de Sakura, desesperando-se de vez - Que eu estivesse fora de Konoha, fora da sua vida?

— EU PREFERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE MORTO! - esgoelou-se Sakura, sem lágrimas nos olhos, sem carinho algum na voz. Sem o sentimento que ela costumava demonstrar quando falava com Sasuke. Nada além da raiva - EU PREFERIA QUE A KAGUYA TIVESSE TE MATADO, QUE O NARUTO TIVESSE TE MATADO, QUE QUALQUER UM TIVESSE TE MATADO! SÓ NÃO QUERIA TER QUE DEFENDER O PESCOÇO DE UM TRAIDOR, UM IDIOTA QUE ACABOU COMIGO DE TODAS AS FORMAS QUE PODE! E QUE, AGORA, A SIMPLES PRESENÇA PODE ACABAR COM A VIDA DE QUEM NÃO TEM NADA COM ISSO!

Era como se uma lâmina o tivesse atravessado no peito. A mistura de raiva e dor o consumia, tornando praticamente impossível pensar, decidir o próximo passo. Mas ele o fez. Sacou a kunai e foi em direção à garota, o coração querendo furar o peito, seu estômago queimando. Puxou o braço de Sakura para si, os olhos da garota o fitando meio raivosos, meio confusos, e, sem muita delicadeza, fechou os dedos dela no punho da arma. Se ela o queria morto…

— Faça você - desafiou ele, erguendo a mão armada da garota até o próprio pescoço, tocando a lâmina na própria pele - Se você me quer morto, faça você. Poupe Konoha de tudo de ruim que eu trago. Vingue-se pelo o que eu fiz com você.

Mas ela não o fez. Apertou o punho da arma um pouco mais, moveu-a um milímetro mais perto da garganta do Uchiha, mas não a cortou. Tremeu, vacilante. E abriu os dedos, soltando a kunai, provocando um som agudo de aço tocando chão.

— Não deseje algo que você não consegue fazer por si mesma, Sakura…

— Eu não sou como você - rebateu a garota, a voz tremendo em raiva - Não sou uma assassina.

— Você não é como eu - concordou Sasuke, soltando o braço de Sakura, girando nos calcanhares, caminhando firmemente para o fim do corredor - Você sequer é uma ninja.


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal atrasado, mina-san!

Passando rapidinho só pra postar o capítulo e agradecer do fundo do kokoro por todos os comentários! E por vocês continuarem lendo a fic! Muito obrigada mesmo, galera! E, por favor, não deixem de comentar e me fazerem feliz! uhuuu

Kissus, mina-san!



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