Golpe de Estado escrita por M san


Capítulo 2
Hikari Nana




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Kakashi sentiu Naruto e Sasuke prenderem a respiração às suas costas. Não os culpou. Teve exatamente a mesma reação quando vu Nana pela primeira vez. Ela era, de longe, a mulher mais bonita que já conhecera. E continuava exatamente igual. Os fios de cabelos ruivos que escapavam da trança bem feita às costas emolduravam o rosto de traços delicados da kunoichi. Os olhos amarelos, perigosos, eram hipnotizantes. Para adolescentes como Naruto e Sasuke era impossível escapar uma vez que eles o prendiam. Era impossível escapar de Nana, uma vez que ela lhe prendia.

— Achei que nunca se revelaria, Kakashi – disse a kunoichi, calmamente, encarando o ninja. Kakashi não desviou o olhar. Estava imune ao charme de Nana.

— Tsunade-sama precisa que você vá para a vila – informou Kakashi, achando que quanto mais rápido resolvesse a questão, melhor – É urgente. Nós iremos acompanhá-la.

Nana fitou o Time Sete curiosa por alguns instantes. Seus olhos partiram de Sasuke, passaram lentamente por Sakura e pararam em Naruto, como se ela os lesse atentamente. Kakashi sentiu-se nervoso pela atitude da kunoichi. Ela era imprevisível, instável e poderosa demais para baixar a guarda por sequer um segundo e, para desespero do sensei, seus dois alunos pareciam completamente entregues à shinobi.

— Você tem um grupo interessante te acompanhando, Kakashi – afirmou Nana, voltando a encarar o Hatake.

— Nana, você vem com a gente ou não? – perguntou Kakashi, impaciente.

— Não – respondeu a ruiva, sorrindo quase que bondosamente – Mas vocês têm sorte. Eu estou de bom humor. Podem ir embora. Eu permito.

— Nana-san, este é território do país do fogo – começou Sakura, firmemente – A jurisdição daqui é pertencente a Konoha. Não cabe a senhora, aqui, permitir ou não qualquer...

E então aconteceu. Em um instante. Tão rápido que Sakura sequer gritou. Em um minuto a garota falava e no seguinte fora arremessada contra as pedras da cachoeira. O ataque à Sakura tirou Naruto e Sasuke do transe, fazendo-os correr para impedir o impacto da garota contra o paredão e atacar Nana respectivamente. Kakashi acompanhou o Uchiha no ataque, mas antes que chegassem à kunoichi, Nana estava a mais de trinta metros do chão.

— Ela voa! – gritou Naruto quando ele e Sakura se juntaram ao grupo.

— Eu também – rebateu Sasuke, conjurando a forma perfeita do Susano’o e fazendo-o leva-lo até Nana. Kakashi observou o garoto se aproximar da mulher e apontar sua flecha de chamas negras em direção a ela. E observou um Sasuke perplexo ver as chamas se apagarem completamente metros antes de atingirem o peito da kunoichi. Ela cortou o ar verticalmente com o braço direito estendido e Sasuke foi arremessado de volta ao chão, com Susano’o e tudo.

— Sasuke-kun! – gritou Sakura, sem necessidade. Sasuke não sofreria impacto enquanto estivesse com o Susano’o.

— O que foi isso, Kakashi-sensei? – perguntou Naruto, assustado.

— Eu avisei a vocês que ela manipula energia! – rebateu Kakashi, sentindo-se inútil sem sharingan – Ela transformou a energia presente na flecha do Sasuke e o empurrou pra baixo com ela!

— Ela manipula todo tipo de energia? – perguntou Sakura.

— Todo.

— E como se ganha disso? – indagou Sasuke, ainda dentro do Susano’o e observando a kunoichi voar metros acima de sua cabeça.

— Não se ganha – gritou Nana em resposta, antes que Kakashi pudesse fazê-lo – Diga a eles Kakashi. Quantas vezes eu perdi?

Kakashi não respondeu. Dizer que ela era invencível era exagerado. Mas, de fato, nunca a vira perder.

Nana pousou no alto da cachoeira, o sol às suas costas transformando-a em uma sombra. Kakashi sabia que havia um limite no chakra da kunoichi, e que ela só podia manipular energia externa ao corpo. Ou seja, não podia transformar energia em chakra. O problema é que as lutas contra Nana acabavam muito rapidamente. Nunca chegara perto de ameaçar a quantidade de chakra dela.

— NANA-SAN! – gritou Naruto para a ninja – NÓS SÓ QUEREMOS QUE VOCÊ VÁ A KONOHA POR ALGUNS DIAS! NÃO QUEREMOS LUTAR!

— KAKASHI, EU NÃO MATO CRIANÇAS! – gritou Nana de volta, ignorando Naruto – LEVE-OS DAQUI AGORA E EU NÃO OS ATACAREI! OU VOCÊ PODE MANTÊ-LOS AQUI E CAUSAR A MORTE DE MAIS COMPANHEIROS!

Kakashi também ignorou Nana e sua pressão psicológica e partiu para o ataque. Subindo em velocidade pela cachoeira, o ninja sacou uma kunai enquanto observava a adversária desembainhar a espada rapidamente. Obviamente, ela poderia simplesmente arremessá-lo para longe, mas o shinobi confiava que ela não desperdiçaria chakra à toa. Afinal, eram quatro contra um.

Ele a alcançou e de imediato defendeu-se de um golpe de espada. Usando taijutsu para evitar fornecer a ela uma fonte maior de energia, Kakashi contra atacou, sem sucesso. Direcionou um soco ao rosto da kunoichi, que defendeu e revidou com um chute na barriga do Hatake. O ninja girou e, rapidamente, pulou sobre as costas de Nana, kunai em punho, mas parou na lâmina da espada da mulher. Os dois mediram forças por um momento, cada um empurrando a própria arma contra a do outro, até que saltaram para trás estabelecendo alguns metros de distância. Ela correu novamente de encontro ao ninja, os olhos brilhando em fúria, a espada em punho ansiosa por sangue. A menos de meio metro do adversário, Nana ergueu a katana e, com ela, cortou o ar e metade do corpo do Hatake, que desmanchou-se em água, dando a deixa para a mulher girar, adivinhando corretamente o ataque do ninja pelas costas. Novamente, o aço da arma foi erguido, abaixado e nada cortou. Kakashi, porém, teve mais sorte: agaichando-se para desviar da espada, ele percebeu a guarda aberta de Nana e a atingiu no rosto, fazendo-a tropeçar dois passos para trás. Aproveitando a oportunidade, o ninja avançou com chakra concentrado na mão, tentando em um único golpe nocauteá-la. Entretanto, ela foi mais rápida. Girando o corpo, Nana apoiou-se sobre mão sem espada e prendeu o tronco de Kakashi com seus pés, arremessando-o por cima do próprio corpo. O ninja caiu de costas sobre a água e abriu os olhos a ponto de ver a mulher pulando em sua direção com a espada levantada acima da cabeça preparando um golpe final. Tentou se mover, mas estava preso. Ela usara a energia gerada pela força da água para imobilizar seu corpo. Os braços jaziam distantes um do outro, impossibilitando-o de fazer selos. Não tinha fuga. Kakashi viu, em câmera lenta, a lâmina cortar o ar para levá-lo à morte.

Mas o aço não o atingiu. Dezenas de Narutos chutaram Nana para longe do Hatake, que sentiu a água soltá-lo e levantou-se a tempo de ver a kunoichi explodir os clones todos de uma vez. Sasuke, sem Susano’o, a atacou por trás com sua espada, mas o golpe foi defendido pela ninja com a própria arma. Sakura pulou sobre Nana, os punhos preparados para atacar, mas foi jogada contra Sasuke, fazendo ambos voarem em direção às árvores mais próximas.

— Aqui em cima! – Kakashi ouviu Naruto gritar enquanto, entre dois outros Narutos, saltava sobre a shinobi preparando seu jutsu favorito. O Uzumaki lançou o Rasenshuriken, que cortou o ar e foi certeiramente sobre Nana, a qual simplesmente ergueu o braço e, esperando o jutsu chegar, absorveu todo o chakra.

— Merda... – xingou Naruto, pousando na água, há alguns metros de Nana.

— Ataques frontais não adiantam – constatou Sasuke, pousando juntamente com Sakura ao lado do companheiro – Ela simplesmente os absorverá.

— O chakra dela tem limites – lembrou Kakashi, posicionando-se ao lado dos alunos – Temos que atacá-la juntos. Forçá-la a usar seu chakra até o limite.

— Ela pode simplesmente nós explodir, Kakashi-sensei – disse Sakura – Ela pode manipular energia térmica e nos cozinhar.

Kakashi não respondeu. Obviamente a aluna tinha razão. E ele mesmo já vira Nana “cozinhar” inimigos. Contudo, Kakashi sentia que a kunoichi não estava lutando com tudo. Isso o perturbava. Ela parecia estar com algum pudor em relação a matar Sakura, Sasuke e Naruto, o que era estranho; Nana fora, durante anos, uma das assassinas mais eficientes da Anbu. Mas ela era tão instável quanto mortal. Mudava de humor tão rapidamente, saia do mansa ao feroz, do calma ao perigosa, em segundos. Completamente imprevisível. Poderia naquele instante não querer matar os três, mas quem saberia dizer daqui a um segundo? Outra questão incomodava Kakashi: por que Nana continuava trabalhando para Konoha? Saíra da vila expulsa, desonrada. Renegara sua nação e jurara que jamais voltaria. Por que agora era aliada da vila?

Ele a fitou atenciosamente e notou-a distraída, com o olhar sobre a floresta atrás da casa. Aproveitando a oportunidade, fez sinal para o time se posicionar. Iriam atacá-la por todos os lados. Naruto enfiou-se pelo lado direito da kunoichi, correndo em velocidade acompanhado por mais dois clones. Ele ativara o modo Senin, decidindo que o modo Kyuubi seria apenas uma forma mais rápida de fornecer energia à ninja. Sasuke corria pela esquerda, espada à mão, mangekyu ativado. Estava preparado para colocá-la em um genjutsu, mas ela não o encarava nos olhos: certamente sabia lutar contra um sharingan. Sakura ia por cima, chute preparado. E Kakashi corria cara a cara com Nana, chidori armado, sem preocupação em enxergar a defesa: se não fosse para matá-la, nunca a capturaria. Ele viu a shinobi realizar selos rapidamente, e não conseguiu os distinguir, mas imaginava o que seria. Gritou a seus alunos o aviso para se afastarem, mas não a tempo. Uma rajada de calor os atingiu, queimando e arremessando a todos. Kakashi caiu sobre o rio, afundando, a pele queimada ardendo dolorosamente em contato com a água corrente, confundindo seus sentidos, atordoando-o, negando a seu cérebro o direito de raciocinar. Quando segundos depois ele pensou em nadar de volta a superfície, sentiu sua garganta apertar e algo puxá-lo violentamente para cima.

— Você não morrerá afogado, Kakashi – ouviu uma voz distante dizer, enquanto tentava fazer com que o ar que batia em seu rosto entrasse em seus pulmões – Não é uma morte digna para o Sharingan no Kakashi, é?

A mão de Nana reforçou o aperto em torno do pescoço de Kakashi que, sem ar, não conseguia reagir. Ele tentou chutá-la, mas seu corpo estava imóvel. O sensei sequer saberia dizer se a imobilidade era fruto de um jutsu de Nana ou da fraqueza no próprio corpo. Ela o olhava tão profundamente que Kakashi teve certeza de que o que Nana queria era ver sua vida fugir de seus olhos. E, por isso, quando a shinobi o apertou ainda mais contra o paredão de pedra ao qual estava imprensado, ele nutriu a esperança de que ela deixasse seus alunos vivos.

— Você é patético, Kakashi... – sussurrou ela, rindo – E Konoha ainda mais. Como assim você o próximo Hokage?

— En...tão você saa..be? – tentou perguntar Kakashi, ainda imóvel.

— Se eu sei? Claro que eu sei! – riu Nana, no olhar agora presente a antiga loucura – Todo mundo sabe! Eu tenho dó dessa vila nojenta...

— Então por que trabalha pra ela? – Kakashi ouviu Naruto gritar atrás de Nana. Ela girou o rosto a fim de encarar o garoto, que corria em sua direção com um exército de clones e seus rasenshurikens ao seu redor, e, no segundo seguinte, Kakashi sentiu a rocha contra a qual estava preso se despedaçar. Os dedos de Nana afrouxaram por um instante, mas quando ela percebeu e tentou retomar a força do estrangulamento, já era tarde: Sakura puxou seu sensei para si, tirando-o do alcance das mãos da mulher, enquanto Sasuke brotou com seu Susano’o do local exato onde momentos antes havia um paredão de pedra.

Sakura pousou Kakashi com cuidado há uma centena de metros de distância de onde Naruto e Sasuke atacavam Nana, mas a explosão que se seguiu provocou um pequeno tremor, suficiente para desequilibrar ambos. Kakashi esperou a onda de energia resultante da explosão o atingir, mas nada chegou. Ele levantou o rosto e viu o Susano’o de Sasuke envolver o próprio Uchiha e Naruto, protegendo-os da esfera negra que Nana tentava manipular. Kakashi observou o esforço da ninja perplexo. Ela poderia simplesmente absorver o suficiente para se afastar do fogo do amateratsu e deixar o resto queimar. Por que gastar tanto chakra tentando controlar uma quantidade de energia tão absurda?

Kakashi ainda observava abobado a ninja manipular a esfera de fogo negro quando esta sumiu. Onde ambas estavam, energia e kunoichi, de repente só havia a última, e esta subiu, voando rapidamente até superar, em altura, as montanhas ao redor. Ele via Nana ascender no momento em que um estrondo rápido alcançou seus ouvidos, seguido de uma explosão de luz escarlate. O sensei sentiu Sakura o olhar em busca de respostas mas não a fitou de volta: ele não as tinha.

A luz ainda brilhava no céu quando Naruto e Sasuke se juntaram ao resto do time. Os quatro continuaram observando a vermelhidão no alto até que esta desapareceu, dando lugar a um vulto, tão vermelho quanto, que descia lentamente, num movimento reto e constante. Eles viram a forma pousar na água, delicadamente, como um pássaro, mas permaneceram imóveis.

— Kakashi-sensei... – começou Naruto, lentamente – Aquilo... é a Nana?

O sensei não respondeu de imediato. Mas sim, pensou ele. Era ela. Emoldurada em escarlate, absolutamente luminosa, como poucos viram. E estava lá, a frente deles, imóvel. Não teriam outra chance.

— Ela está momentaneamente fraca, - informou Kakashi, sentindo-se mal por ter essa informação e usar da forma como estava prestes a usar – não teremos outra chance. Vamos!

Os quatro partiram para o ataque à kunoichi, cujo corpo, aos poucos, ia perdendo a luz vermelha e dando lugar às cores normais. Nana voltou à guarda com dificuldade, a espada em mãos, os olhos tão ameaçadores como sempre, mas estranhamente fracos. Os quatro iam em ataque direto contra a ninja, cara a cara, da forma mais fácil para a mulher repeli-los. Contudo, não naquele estado. Enquanto estivesse fraca daquela forma, ela não poderia manipular energia. Disso Kakashi tinha certeza.

Kakashi acelerou o passo e os três o seguiram. Ele viu Nana respirar ofegante e sentiu-se aliviado. Tsunade tinha razão, pensou o ninja. Ele deveria mesmo confiar mais em seus discípulos. Naruto e Sasuke ganharam aquela luta por eles. E Sakura salvara sua vida. Iria recompensá-los depois. O sensei puxou a kunai, caso precisasse fazer frente à katana da mulher. Agora a poucos metros de distância, Kakashi viu os olhos amarelos de Nana faiscarem em sua direção. Loba Escarlate. Era esse o apelido dela. A última coisa que se via eram seus olhos amarelos de loba faiscarem vermelhos. Mas não dessa vez, pensou o Hatake. Seria sua vingança tardia ver aqueles olhos e sobreviver. Seria sua vingança fazer da loba a presa.

Contudo, foi quando Kakashi levantava a kunai em preparação para captura, que algo aconteceu. Um outro par de olhos amarelos, menos perigosos, menos assustadores, colocou-se entre os quatro e Nana. Ele freou de supetão, parando tão próximo da criatura que, se esticasse o braço, tocaria o topo de sua cabeça. Naruto, Sakura e Sasuke ao seu lado também pararam, confusos, olhando para menina à frente que segurava uma espada quase do mesmo tamanho que ela. Kakashi sentiu seu estômago revirar e o coração acelerar. Ele procurou os olhos de Nana e a culpa misturada ao medo neles lhe deu a resposta. Desnecessária. Tivera-a no prateado na cabeça da menina. Assim, quando Naruto perguntou quem era aquela garota, Kakashi evitou fita-lo. Não por que ignorava a resposta. Mas porque a tinha.


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Notas finais do capítulo

Olá galera! Bem, mais um capítulo, esse com um pouco mais de ação. Espero que vocês gostem e se divirtam =). Por favor, continuem lendo e comentando! Se não gostaram de alguma coisa, ou se gostaram especialmente de algo, ou se detestaram tudo, ou amaram tudo (hehe), não se acanhem em dizer! Eu quero saber tudinho o que vocês pensam sobre essa história que roda na minha cabeça já tem tempo, please! Divirtam-se! Ah, e mais uma coisinha: meus capítulos são grandes (eu sei, eu sei...) e talvez possam ficar cansativos de ler. Vocês tem alguma sugestão? Dividí-los em parte I e II? O que vocês acham? Valeu!



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