Golpe de Estado escrita por M san


Capítulo 14
Sogrão




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Naruto já se encontrava quase na frente da casa dos Hyuuga quando se lembrou que acabara de voltar de uma missão e não estava, digamos, apresentável. Ele correu para o próprio apartamento torcendo para não chegar à casa de Hinata muito tarde. Certeza que Hiashi-sama o botaria para correr se ele aparecesse lá após às nove. Tinha meia hora.

Foi o banho mais rápido da história, mesmo para os padrões do Uzumaki. Ele saiu do chuveiro torcendo para ter qualquer roupa limpa no guarda-roupas, que não fosse o pijama. Vestiu a calça de sempre, uma camisa branca qualquer e cheirou seu casaco quase uniforme. Ficaria sem ele dessa vez. Terminou de se arrumar jogando a capa sobre os ombros (congelaria, sem ela) e saiu quase voando. Ainda tinha dez minutos.

Suficientes. Alcançou o portão dos Hyuuga e sentiu um alívio ao ver todas as luzes do lugar acesas. Não estavam dormindo. Parou de correr e controlou a respiração. Não queria parecer mais afobado do que de costume. Caminhou em fingida calma até o shinobi parado à entrada do local e sentiu-o furá-lo com o olhar - mesmo sendo um herói, até mesmo para os Hyuuga, era visto pelo clã com reservas devido o interesse por Hinata. Superprotetores, os Hyuuga.

— Ah… - começou Naruto, tentando manter a calma - Eu posso falar com Hiashi-sama?

— Com o Hiashi-sama? - estranhou o Hyuuga, abrindo espaço para o garoto passar - Não seria com a Hinata-sama?

— Não, hoje é com o sogrão mesmo - brincou Naruto, apressando-se para dentro do local, sem parar para receber o olhar indignado do shinobi.

Naruto já conhecia de cor o interior do território dos Hyuuga. Era importante para caso precisasse entrar escondido a fim de ver Hinata. Ele caminhou até a casa da família principal e, sem hesitação, bateu a porta, ao mesmo tempo que descalçava os sapatos. Teve que esperar apenas um minuto antes que uma jovem senhora, de cabelos berinjela e olhos castanhos abrisse a porta, sorrindo gentilmente a ele:

— Ah, Naruto-kun! - exclamou a Sra. Hyuuga, enquanto o garoto curvava-se em respeito - Imaginei que viesse ver a Hinata assim que chegasse!

— Ah, então a Hinata-chan já chegou mesmo, né? - perguntou Naruto, apenas para confirmar o que já sabia. A mulher acenou positivamente e afastou-se da porta, permitindo a entrada do Uzumaki à casa. Estava tudo extremamente organizado, como sempre. Chega dava a Naruto uma pontada de agonia - Mas eu não vim falar com a Hinata… Quero dizer, não com ela. Eu tenho uma mensagem da Obaa-chan pro Hiashi-sama.

— Ah, entendo… Bem, vou levá-lo até ele, então. Você pode vir comigo?

Naruto confirmou em um aceno e seguiu a mulher. Gostava muito da Sra. Hyuuga. Era tão gentil quanto a Hinata e tinha uma áurea sempre tão calma. Não conseguia imaginar a própria Hinata diferente da mãe daqui há alguns anos.

— Querido? - chamou a Sra. Hyuuga, abrindo a porta do dojo e fazendo sinal para o Uzumaki esperar do lado de fora enquanto ela entrava - O Naruto-kun quer falar com você.

— O Naruto? Comigo? - perguntou uma voz de dentro do cômodo a quem Naruto reconheceu como sendo de Hiashi - Não seria com a Hinata?

— Não, ele disse que é uma mensagem da Godaime.

Houve um minuto de silêncio, no qual Naruto quase dava pulinhos de ansiedade. Era obrigado a confessar: tinha medo do sogrão. Não que ele fosse seu sogrão, claro. Hinata era jogo duro. Ele mal conseguia segurar a mão da menina antes dela ficar rosa, vermelha, roxa e sair correndo. Tenso.

— Naruto-kun? - chamou a senhora Hyuuga, tirando-o de seus devaneios - Pode entrar.

— Ah, obrigado! - agradeceu o garoto, curvando-se educadamente e entrando no dojo. O cômodo de treinamento da família principal dos Hyuuga também não era novidade a Naruto. Ele estivera ali algumas vezes desde o fim da guerra. Sempre pelo mesmo motivo. Levar esporro de Hiashi-sama sobre seu relacionamento com Hinata. O que não fazia sentido algum, já que eles ainda não estavam propriamente se relacionando.

— Boa noite, Hiashi-sama - cumprimentou Naruto com uma reverência. O Hyuuga, por sua vez, apenas inclinou a cabeça levemente, recebendo a saudação do Uzumaki, e indicou com a mão o local a frente de onde ele mesmo estava sentado, convidando Naruto a se acomodar, o que ele fez com o máximo de educação que poderia reunir.

— Qual a mensagem da Godaime-sama, Naruto? - perguntou Hiashi, diretamente. Não havia espaço para rodeios entre os Hyuuga.

— Ah… - começou Naruto, medindo as palavras - É um assunto de extremo sigilo, Hiashi-sama…

— Você não precisa pedir discrição a mim, Naruto - cortou Hiashi. Naruto engoliu em seco, antes de continuar:

— Ah, claro. Bem, na nossa última missão, digo, eu e o time sete, - Naruto estava suando. Era impressionante como o homem a sua frente sugava sua coragem - nós descobrimos que há em Konoha um esquema para tentar dar um Golpe de Estado.

Hiashi suspirou. Não havia surpresa no semblante do homem. Mas sua expressão foi dominada por uma preocupação profunda. Ele era experiente, um shinobi de elite, esteve sempre por dentro das questões políticas de Konoha. Certamente, tinha noção do que tudo aquilo significava.

— Na atual condição da vila, - começou Hiashi - era de se esperar que pensamentos assim surgissem. Sempre há alguém tentando tirar vantagens da fragilidade da situação…

— Somente os Hyuuga estão sendo informados neste primeiro momento - acrescentou Naruto, meio frisando a necessidade do sigilo, meio massageando o ego do futuro, atual… sabe-se lá o que, sogrão.

— Sim, imaginei - confirmou Hiashi - Como vocês descobriram isso? Se você puder me dizer, claro…

— Ah… - começou Naruto, pensando em como falaria sobre tudo sem falar coisa alguma ao mesmo tempo. Não tinha certeza se podia contar a Hiashi sobre Nana. Confiava no homem, mas talvez ele medisse errado o peso da informação e acabasse revelando a identidade da mulher. Kakashi o mataria se ele provocasse algum tipo de caça à shinobi - Bem, um aliado de Konoha teve a identidade exposta e só a cúpula do governo sabia quem ele era… - teve cuidado para indicar tudo no masculino. Não precisava saber que era ela também - Ai o Kakashi-sensei percebeu que tinha alguém dentro do governo vazando informações.

— Isso por si só não caracteriza um golpe...

— Mas indica a possibilidade de um… - contrapôs Naruto, num tom um pouco mais enfático do que o adequado em uma conversa com Hiashi. O homem franziu o cenho e Naruto, compreendendo que estava em cima da linha entre o que o pai de Hinata considerava educado e mal educado, voltou ao tom anterior - Por isso não estamos avisando todos os aliados ainda. Vamos reunir mais provas…

— Entendo… - confirmou Hiashi - Você ainda é muito novo para estar por dentro de tantos assuntos vitais à vila, Naruto.

Naruto não tinha certeza se aquilo era um elogio a ele ou uma crítica ao governo. Tomou como um elogio, sorriu e inclinou a cabeça em agradecimento.

— Não é um elogio - cortou Hiashi, azedando o sorriso do jovem - É só uma observação… Há algo mais a me informar?

— Ah… Não que eu lembre…

— Bem, - começou o homem, levantando-se e sendo imitado pelo jovem - Se é esse o caso, por favor, retire-se. Já lhe disse algumas vezes que sua presença aqui é um incômodo…

Naruto sorriu amarelo e acompanhou o homem até a entrada do dojo. Hiashi abriu a porta e indicou a saída para o jovem que, curvando-se, atravessou a passagem pensando como faria para se encontrar com Hinata. Já estava tentado lembrar qual era a janela do quarto da garota quando percebeu alguém encostado na parede quietamente.

— Hinata-chan! - exclamou o Uzumaki, sorrindo largamente para a garota. Era sempre a melhor parte do dia vê-la. Os olhos perolados da jovem o fitaram e as bochechas ficaram imediatamente vermelhas. Tinha vontade de apertá-la toda vez que ela corava daquele jeito. Hinata era tão fofa! E tão gata!

— Na...Naruto-kun - gaguejou Hinata, retribuindo o sorriso.

— Você já jantou? Quer ir comer um rámen? - convidou Naruto, esquecendo o pai da garota as suas costas.

— Claro! - respondeu Hinata, corando ainda mais, e sorrindo ainda mais.

— Não. - cortou Hiashi, cruzando os braços e substituindo a expressão ates séria por uma assassina - Já está tarde. Hinata tem obrigações amanhã cedo. Despeça-se e vá, Naruto.

Naruto sentiu o sorriso se desmanchar em seu rosto e viu o de Hinata fazer o mesmo. Ela sussurrou um murcho “Sim, papai”, mas ele sequer prestou atenção. Estava furioso. Traria Hinata de volta para casa, ela estava segura. Por que tanta implicância com os dois? Dattebayo! A menina, ainda corada, murmurou um “Boa noite, Naruto-kun” e se retirou. Naruto quis brigar com o homem, mas pensou a longo prazo e desistiu. Hinata já era dele. E ele dela. Só precisava convencer os Hyuuga. E, se eles não amolecessem, a roubaria. Simples.

O jovem se despediu de Hiashi e caminhou tristemente até a entrada da vila dos Hyuuga. Já estava quase no portão quando ouviu um Naruto-san! chamá-lo ao longe com um tom de urgência. Virou-se imediatamente, convencido de que era Hinata, mesmo com o san, e, por isso, foi só decepção ao se deparar com uma Hanabi a toda velocidade indo em sua direção.

— Ah… Oi, Hanabi-chan - cumprimentou o garoto quando a caçula da família principal o alcançou - Tudo bem?

— Ah, sim, sim, claro - confirmou a menina, em uma leve reverência. Naruto gostava de Hanabi com ressalvas. Às vezes, ela era gentil, especialmente com Hinata. Mas na maior parte do tempo, era meio casca grossa como o pai. Em todo caso, era o oposto da irmã mais velha - Tome.

— Ãhn? - assustou-se Naruto quando a garota empurrou em sua mão um papel dobrado em origami. Ele a fitou curioso e ela o respondeu com uma piscadela antes de sair correndo pelo caminho que veio. O garoto ficou um segundo parado, observando o papel meticulosamente dobrado em suas mãos. Mas, qual era o significado daquilo? O abriu lentamente e, na caligrafia delicada de Hinata, entendeu tudo. Amanhã, na ponte, às oito.

Naruto voltava da casa dos Hyuuga aos pulos. Tudo bem, não pudera jantar com Hinata, mas teria um encontro com a garota logo pela manhã! Não havia maneira melhor de começar o dia! Já estava na metade do caminho para o Ichiraku, quando, no alto de um prédio, viu uma silhueta conhecida. Claro, poderia apenas ignorar, algo que, certamente, seu estômago agradeceria. Mas não conseguiu.

— Hey, idiota - cumprimentou Naruto, sentando-se ao lado do amigo.

— Humph… - respondeu Sasuke de volta - Pensei que fosse sair com a Hinata…

— Tentei, mas o pai dela não deixou - informou Naruto, ainda indignado.

— Os Hyuuga sempre foram conhecidos pela sensatez, afinal - provocou Sasuke, rindo de lado.

— Ha, ha… engraçado. E você? Não ia atrás da Sakura-chan?

— Não…

— Não? - repetiu Naruto, sem entender. Sasuke deu de ombros - Como assim não? Você vai ficar esperando até outro cara chegar nela?

— Nenhum cara vai chegar nela sabendo que eu a fim dela…

— Vai sonhando! - rebateu Naruto, incrédulo. Desde quanto Sasuke ficara tão passivo?

— Como assim? - perguntou Sasuke, olhando para Naruto pela primeira vez desde que ele sentara - Tem alguém dando em cima dela?

— Ah, qual é, Sasuke? Você acha mesmo que só tem você a fim da Sakura-chan? - provocou Naruto, dando uma cotovelada no amigo - Vai vacilando e, quando você perceber, perdeu todas as chances!

— Já perdi… - suspirou Sasuke - Ela não dá uma brecha…

— Como assim não dá? Vocês não quase se beijaram outro dia?

— E graças a você, seu otário, ficou só no quase! - zangou-se Sasuke - Você não podia mesmo ficar na sua, né?

— Foi mal… - desculpou-se Naruto - Mal mesmo… Se te serve de consolo, você já chegou mais perto de pegar a Sakura do que eu a Hinata…

— Por que sua incompetência me serviria de consolo? - rebateu Sasuke, bravo. Naruto não respondeu. Realmente, não fazia sentido a desgraça dele servir de consolo à desgraça do amigo… Ele suspirou profundamente e manteve o silêncio por alguns segundos, até que o amigo o interrompeu - Você realmente nem beijar a Hinata beijou?

— Não… - respondeu Naruto, triste.

Sasuke riu. Mais que isso, gargalhou. Naruto o encarou completamente incrédulo. Novamente, desde quando Sasuke gargalhava? E, ainda por cima, gargalhava dele! Naruto quis socar o amigo, mas viu-se imóvel diante da surpresa de ver humor no Uchiha.

— Quando você acha que lascado, - começou Sasuke, ainda rindo - aparece alguém mais lascado que você…

— Por que eu estou mais lascado que você? Ela pelo menos fala direito comigo!

Sasuke parou de rir. Naruto o viu acenar positivamente com a cabeça em concordância com o que o Uzumaki acabara de dizer e, logo em seguida, negativamente.

— Ela não vai me perdoar nunca… - constatou Sasuke, tristemente.

— Você já tentou pedir perdão?

— Só daquela vez, quando ela nos encontrou depois da luta…

— Tenta de novo!

— E você? Já tentou beijar a Hinata?

— Ela saiu correndo… - respondeu Naruto, triste. Sasuke riu de novo.


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Notas finais do capítulo

Olá, galera! Desculpem a demora em postar essa semana! Geralmente, saem capítulos de dois em dois dias. Mas ai meus professores resolveram ferrar todo mundo e, bem... eu to no meio de todo mundo. ='(
De qualquer forma, to quaaaase de férias. Aí os capítulos voltarão a ser postados a cada dois, três dias. Gomen, onegai!
Sobre o capítulo, mais um PoV do Naruto-kun. Um levezinho, para introduzir NaruHina. Espero que gostem! E por favor, comentem! Pleaaase! Digam o que vocês estão gostando, não estão gostando, o que querem ver mais na fic e talz... Muitas reviravoltas a caminho e mais ação também. E romaaance (s2, s2).
Desculpem mesmo a demora! Por favor, não deixem de comentar! Bjoooos!



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